As atividades que constituem o “Tag Mechir” podem ir desde grafites de cunho racista (leia-se: antiárabe ou anti-islã) em muros até a depredação de casas e o ataque a civis (Por que não chamar estes atos de pogroms?). Já foram reportados bloqueio de estradas, profanação de mesquitas e igrejas, linchamentos e até mesmo a depredação de bases militares do Tzahal 3 e delegacias de polícia.
Quem as pratica? Apesar de não conhecermos os nomes dos movimentos que as organizam (se é que há algum), sabemos que são atos realizados por segmentos da extrema direita israelense, 4 na maioria das vezes, religiosa. 5 Como sabemos? Simples: os manifestantes fazem questão de deixar claro em seus grafites quem são. Repare nas fotos abaixo:
Além disto, as ações do Tag Mechir são, quase sempre, realizadas em forma de retaliação, ou a um atentado terrorista 6 (ou tentativa), ou a um desmantelamento de uma colônia ilegal (por isso às vezes a polícia e o Tzahal são vítimas de tais atos), ou a qualquer outra ação social que seja considerada por tais elementos como uma afronta à sua forma de ver o mundo.
O movimento, infelizmente, tem crescido nos últimos tempos, provocando uma reação de membros do parlamento de quase todos os partidos. O estopim foram as ofensas anti-cristãs encontradas em igrejas em Jerusalém no dia 20 de abril (“Cristãos Macacos”, “Jesus Filho da P…”, “Jesus Morreu, “Te crucificaremos”, entre outras), provavelmente como reação às declarações do Papa Francisco pedindo o retorno às negociações com os palestinos.
Como reação, a Ministra da Justiça Tzipi Livni (HaTnua), junto ao Ministro da Segurança Civil, Itzhak Aronovitch (Israel Beyteinu), solicitaram que fosse promulgada uma declaração de emergência que considerasse atividades como Tag Mechir como terrorismo. Os dois obtiveram o apoio de outros parlamentares, como o líder da oposição Itzhak Herzog (Avoda) além de importantes membros do judiciário e do Shabak 7. O Primeiro Ministro Bibi Netanyahu afirmou que o movimento Tag Mechir “fere os princípios do Estado”, mas recusou-se a considerá-lo como terrorista. O ex-chefe do Shabak, Carmi Guilon creditou grande perigo ao movimento, ao afirmar que eles serão os responsáveis pelo próximo assassinato político. O Ministro da Economia, Naftali Bennet, publicou em sua página no Facebook que o “Tag Mechir é um ato antiético e antijudaico”. Outros vários políticos manifestaram-se contrariamente às atividades, que realmente parecem preocupá-los.
A declaração mais contundente, no entanto, foi feita pelo escritor Amos Oz, que os categorizou de forma distinta: “Tag Mechir e Juventude das Colinas 8 são doces apelidos para este monstro, e já chegou a hora de chamá-lo pelo nome: grupos de neonazistas hebreus”. Obviamente houve reações, como a do parlamentar Reuven Riblin (Likud), que não concorda que se possa fazer este tipo de comparações. O Tag Mechir ataca minorias, discriminando-as com alcunhas racistas e etnocêntricas. O Tag Mechir ataca a esquerda que as defende, tentando intimidar os defensores de direitos humanos. O Tag Mechir ataca a lei e os órgãos que têm o dever de cumpri-la, recusando-se a aceitar a democracia. É necessário que os discursos da liderança política no país que dizem de modo firme não concordar com tais ações consigam ser traduzidos rapidamente em ações práticas que tenham sucesso em frear este movimento com urgência. Não gostaria que esta “etiqueta de preço” evoluísse para uma tatuagem. Por enquanto, qualquer semelhança é mera coincidência.”
Foto 1: Retirada do site: Mako Foto 2: Retirada do site: hakol hayehudi Foto 3: Retirada do site: NRG
Notes:
- O termo se refere ao preço que se paga por tais atividades. O leitor entenderá por conseguinte ↩
- Nenhuma organização, partido ou movimento social, político ou religioso jamais admitiu ter praticado tal atividade ↩
- Exército de Defesa de Israel ↩
- Por que não dizer fundamentalista? ↩
- À título de esclarecimento, caro leitor: não estou acusando a direita religiosa de tais atos. Estou afirmando que tais atos são efetuados por segmentos da direita religiosa. De forma alguma estou generalizando nem acusando uma corrente inteira por tais ações. ↩
- Todos nós, seres humanos razoáveis, condenamos o ataque de pessoas inocentes em qualquer situação. O revide em povoações árabes, no entanto, é algo muito problemático. Escrevendo este texto não pude deixar de comparar tais atos com a Noite dos Cristais (1938), quando um pogrom gigante foi feito contra a população judaica alemã em retaliação a um assassinato de um diplomata alemão em Paris. ↩
- Serviço de Segurança Interna, conhecido no exterior como Shin Beit ↩
- Noar haGvaot – é um grupo surgido recentemente de jovens nacionalistas religiosos que atuam principalmente nos territórios ocupados, realizando atentados contra árabes-israelense, palestinos e suas propriedades particulares e mesquitas, além de condenar o uso de mão-de-obra palestina – considerada inferior. O nome do movimento advém do fato destes grupos criarem novos assentamentos sem autorização legal no topo de colinas. Acredita-se que estão ligados ao partido HaBait HaYehudi e a alguns de seus deputados, como o ministro da economia e dos serviços religiosos, Naftali Bennet, e o vice-ministro dos serviços religiosos, o rabino Eli ben Dahan. Em recente artigo no jornal HaAretz, a Juventude das Colinas foi comparada à Irmandade Muçulmana. ↩
http://www.conexaoisrael.org/etiqueta-de-preco/2014-05-30/joao
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