Resumo: O artigo tem como objetivo ilustrar a importância e o potencial da internet como instrumento de organização e comunicaçao para a extrema-direita. Primeiro mostram-se as diversas vantagens: o fator finaceiro, o fator organizativo e o fator comunicativo. A segunda parte do trabalho trata do potencial da internet e seu limite, seguida da pergunta: a extrema-direita usa o meio ao máximo ou não? Como terceiro ponto se apresentam os diferentes instrumentos de comunicação para mostrar o uso prático delas na organização dos grupos da extrema-direita: o e-mail, o Internet Relay Chat e a radiofonia. A última parte do trabalho demostra diversos grupos de extrema-direita que usam a internet como meio básico da sua propaganda e agitação: Stormfront, IHR (Institut for Historical Review), VHO (Vrij Historisch Onderzoek) e a NSDAP/AO. Palavras chave:Internet, Extrema-direita, Meios de comunicação. Introdução Poucas vezes na história da humanidade houve um invento que mudou a vida humana diária tanto como a internet. De um dia para outro o mundo estava online e várias novas possibilidades surgiram na frente do homem, como, novas formas de comunicação e organização. A sociedade perdeu um atributo fundamental que parecia ser intransponível, a localidade. Antes, somente uma pequena elite, bastante rica, podia viajar livremente pelo mundo e ultrapassar o limite da localidade de certo jeito, mas, depois do aparecimento do WorldWideWeb (WWW) o sentido de espaço, fronteira e limite estava diluindo-se totalmente. A localidade já não tinha que estar ligado à presença humana física, assim, começou de existir um novo espaço global, transcendental e virtual fora dos limites previamente conhecidos. A vantagem dessa nova realidade criada em um mundo paralelo sobrepassou o limite do “tempo”. Hoje em dia, qualquer pessoa pode estar online dentro de um piscar de olhos. Nos anos 50 começou o desenvolvimento do que iria se chamar internet. Era um projeto do militar estadunidense por causa da segurança nacional. Durante vários anos a “internet”, ou seja, a conjunção entre computadores distantes foi restringida ao uso oficial da defesa nacional. Somente no fim dos anos 70 surgiu a idéia da rede livre, que foi elaborada pelo MIT [1]. Em 1990 se iniciou a comercialização da internet com o primeiro provedor World e assim a expansão global desse novo universo. Em 1993 já haviam 1.3 milhões de computadores online, em 2000 quase 360 milhões e em 2010 quase dois bilhões [2]. Desde o surgimento do WWW a internet se desenvolve rápidamente. Começou como lugar de comercialização e tornou-se parte da vida cotidiana da vida da população. A internet foi desde o começo um espaço público, e, a comercialização ajudou para que se tornasse acessível por todo o mundo, e, inclusive, para que se tornasse meio de divulgação dos grupos de extrema-direita. Esse trabalho tem o objetivo de mostrar o papel da internet como instrumento de organização, comercialização e comunicação dos grupos de extrema-direita. Vantagens da Internet para a agitação política O ser humano também é um ser político, a menos que alguém se defina anti-político. Sempre tem valores dos quais geram confiança e estas convicções formam a visão do mundo de cada ser humano. A vida social entre as pessoas se define em grande parte por estes valores e a realização destes se encontra no processo político mediante a ideologia política. A internet, neste caso, serviu como um novo meio de divulgação. O interessante é que, no começo, poucos partidos estabelecidos davam atenção à internet como chance de propagar sua política e ganhar seguidores, pois, notaram que existia algo novo, mas, não pensaram no grande potencial que estava escondido. Ao contrário, os movimentos políticos de ambas extremas, da direita ou da esquerda, focalizaram-se neste setor virtual. Um setor ideal para publicar sua visão de mundo e suas convicções extremas. Este trabalho quer explorar a pergunta: Qual potencial possui a internet para os grupos da extrema-direita? Primeiro, deve-se ter em conta que os partidos já establecidos não se importaram muito pela internet, porque achavam seu potencial pequeno. Em 1995, somente uma minoria da população mundial estava online. Os grandes partidos se concentraram nos meios tradicionais da imprensa como jornais ou a televisão, onde encontraram seu público desde sempre. Outro fator importante é o fundamento financeiro. Ao ver os partidos estabelecidos pode-se notar que eles têm dinheiro suficiente para estabelecer-se mediante os meios tradicionais como poderes políticos. Quando se direcionam para os partidos pequenos e os movimentos não partidários, nota-se que eles não têm dinheiro suficente de estabelecer-se no público, e, por isso, encontraram a internet como meio de auto publicação e propaganda com a grande vantagem de não terem que investir muito dinheiro [3]. Segundo Michael Whine, a internet tem várias vantagens, entre elas, a interconectividade, que existe em duas formas, a externa e a interna. Quando se fala da externa, menciona-se uma interconecção entre o grupo e o público, e, quando se fala da interna significa a interação entre os membros do grupo entre se. Um bom exemplo da interconectividade externa é o grupo terrorista da Hizbollah, que, durante o conflito do Lebanon, publicaram pela internet um diário virtual, dedicado ao público como meio de informação [4]. A Hizzbollah já está online desde o ano 1996 com a página hizbollah.org,e, hoje a organização mantém aproximadamente 50 sites que se referem à organização central da Hizbollah, como no setor educativo, como instituição religiosa ou como serviço social. Entre elas só 6 a 8 websites de notícias e informações. Assim, querem dar ao mundo a visão da Hizbollah dos acontecimentos no Próximo Oriente e da própria organização [5]. Uma visão que, por um lado, pode ser bastante atual e real, por ser feito pelos mesmos terroristas, mas, por outro lado, pode ser partidário e duvidoso. Certamente que a Hizbollah não irá querer publicar algo que proporcione desvantagem para a organização. A interconectividade interna se vê no exemplo de Christopher Castle, membro de Combat 18, um grupo terrorista da extrema-direita, que morreu em uma luta entre duas frações de Combat 18. Para esclarecer esta situação danificada pelo grupo, madaram a seus membros uma declaração do que ocorreu [6]. A interconectividade externa e interna podem-se cruzar enquanto estão em uso para o grupo. O potencial enorme da internet é a infinita possibilidade de intercomunicação. Os membros dos grupos e os grupos entre se se podem mandar mensagems pela internet, construindo pontes de coordenação para suas ações. Apesar da polícia e do estado estarem conscientes disso, não podem intervir. A internet é livre, pública, anônima e sem lei global. Os membros dos grupos da extrema-direita quase nunca usam seu próprio nome para coordenar as ações, usam um chat segurado por um password. Normalmente as autoridades não tem modo de interferir neste tráfico de informações. Michael Whine chama esta vantagem de “covert communication and anonymity” [7]. Assim, se vê que a internet é perfeita para o uso de comunicação e desse modo a usam como meio principal de propaganda por vários grupos da extrema-direita. Eles preferem a internet não somente porque é barata, mas também porque alcançam um público que não alcançariam normalmente. Os meios dominates muitas vezes não aceitam a publicação de artigos ou propaganda da extrema-direita, nem mesmo se os grupos da extrema-direita oferecerem uma boa quantia de dinheiro. De algum modo teriam que fugir desta opressão por parte dos meios dominantes. Anteriormente, tentaram propagar seus ideais pela publicação em empresas editoriais, mas, por falta de dinheiro, nunca tiveram um público amplo. Essa situação mudou com o surgimento da internet, onde, conseguiram atingir mais pessoas por este meio do que em vários jornais juntos. Ademais, não aumentou somente seu público nacional, mas também internacional. A propaganda se divulga com distintos métodos e formas, entre eles, jornais online, todo tipo de merchandising, fóruns de discussões ou mediante slogans, fotografias, imagens, etc. Nas palavras de Michael Whine, a internet é um “force multiplier”, “enhancing power and enabling extremists to punch above their weight” [8]. Grupos pequenos conseguiram tanto poder e influência que antigamente somente tiveram grupos grandes e bem organizados. A alta quantidade de grupos que interagem com a população utilizando a internet mudou a forma de organização, de grupos estritamente hierárquicos a uma estrutura de cabeças hidra [9]. Via-se que a internet tem muitas vantagens para os grupos de extrema-direita e, certamente, que possui um potencial enorme. Outra pergunta que se pode explorar neste trabalho é: O potencial é tão grande para que os movimentos da extrema-direita possam voltar a ocupar um papel politicamente importante? Potencial esgotado ou limite natural A internet não substituiu os meios tradicionais de comunicação como jornais ou a televisão, mas, a internet está ganhando cada vez mais importância. Hoje em dia, quase dois bilhões de pessoas de todo o mundo estão online e cada dia mais gente se une a esta comunidade virtual. A importância crescerá e as possibilidades oferecidas pela internet também. No passado próximo estabeleceram-se novas formas de comunicação como youtube (2005), facebook (2004) ou twitter (2006). A tendência da internet é que irá converter-se no principal meio de comunicação. No momento o maior uso para a extrema-direita se encontra na distribuição e venda de produtos e materiais racistas, antissemitas, antihomosexuais, nazistas etc. Na visão comercial a internet é um enorme sucesso para o movimento. Os grupos podem distribuir os produtos para seus seguidores e ganham dinheiro para construir e instalar uma rede de comunicação fortificada. A distribuição pela internet é muitas vezes a fonte primária das finanças. Assim, surgiu inspirado pelo término “New Economy”, o término da “New Nazi Economy”, a venda de CDs de música, roupa, fanzines e qualquer outro tipo de merchandising nazista e racista via internet [10]. Só em 2008 o volume de vendas do operador de referência Resistance Records se totalizou em aproximadamente 1.1 milhões de euros, uma venda de cerca de 70.000 CDs de música [11]. Mas a pergunta é se a internet também foi um sucesso para organização entre os grupos da extrema-direita. Neste caso, não há uma opinião única entre os pesquisadores. Bernd Nikolay já escreveu em 1999 que a internet tem um potencial de mobilizar e organizar, e isso podiam notar pelos vários links entre as páginas, segundo ele. Hoje, esta conclusão, que um link já significa uma cooperação, parece ser sobrecarregada, pois, um link não diz muito sobre o grau da cooperação entre os grupos dos sites [12]. Segundo Christoph Busch, a organização e cooperação entre os grupos de extrema-direita no mundo têm seus limites. Primeiro, há a barrera da língua. A maioria dos membros dos grupos de extrema-direita comparte um nível social e educativo baixo. Poucos sabem falar inglês em um nível suficientemente alto para formar conexões firmes entre os grupos. Outro problema é o ultranacionalismo, que quase todos os grupos de extrema-direita têm em comum [13], onde, a própria nação é o máximo e tudo é para o bem da nação. Por este pensamento, uma cooperação com o extrangeiro já está altamente restringida. Deve ser dificil que dois grupos nacionalistas possam encontrar uma cooperação produtiva sem que um dos grupos veja alguma desvantagem para sua nação. Por fim, também há discussões e brigas pela grande diversidade ideológica, que atua contra produtivo pelos grupos não trabalharem juntos. Por exemplo, como se podia imaginar que um grupo neonazista alemão, altamente racista e antisemita, trabalhe junto com um grupo de carecas [14] do Brasil, que propaga ser contra o racismo, inclusive tendo membros negros, e não terem nada contra os judeos. Ademais, argumenta Busch que uma cooperação só é possível no primeiro mundo, porque aí se concentram a maioria dos usuários da internet. Mas, há dois pontos contra esta argumentação, primeiro, a densidade dos usuários está crescendo incrivelmente rápido e a maioria dos membros da extrema-direita é jovem e, por isso, geralmente são mais adaptáveis com os novos meios. Thomas Grunke possui outra visão. Ele vê uma mudança na extrema-direita no mundo e fala de uma extrema-direita globalizada com uma identidade coletiva. As ideologias e valores compartidos são amplos: antisemitismo, anticomunismo, ultranacionalismo, racismo, antiliberalismo, também são contra homossexuais, contra minorias, contra imigrantes e são antifeministas. A ideologia é altamente compatível, segundo Gurke. Apesar de alguns ideais serem contra produtivo, os grupos da extrema-direita são flexíveis e deixam uma parte de seu fundamento político de lado para possibilitar uma cooperação séria [15]. Mas porque ocorre isso? Possivelmente, os grupos de white pride e neonazistas prometem uma melhor coordenação na guerra pela raça branca. Segundo eles, uma fronteira única contra negros, latinos e outros povos inferiores é necessária para a sobrevivência da raça branca. O melhor exemplo de uma cooperação transnacional é o grupo Blood & Honour (Sangue & Honra). Este grupo existe em vários países diferentes, com seções nos EUA, na Inglaterra, onde o grupo surgiu, e outros países da Europa. Podemos dizer que Blood & Honour é um dos poucos grupos da extrema-direita que conseguiram formar uma rede internacional, mas deve-se notar a diferença entre construir uma rede transnacional pela inicativa de um grupo e construir uma rede entre grupos já existentes. Última opção deve ser mais dificil de concluir por terem diferentes pensamentos ideológicos, organizativos etc. Instrumentos de comunicação e suas vantagens Agora se mostra os diferentes modos de comunicação que existem na Internet. O e-mail é o instrumento mais básico de comunicação na internet. Até hoje em dia é a forma mais importante e mais usada na internet para mandar mensagems e notícias. O e-mail tem muitas vantagens, assim, pode ser utilizado como instrumento de comunicação privada entre pessoas. Outro aspeto é a grande diversidade que se pode ter um e-mail: como mensagem de texto, faixa de imagem, de audio etc., ou uma combinação de vários. Também a velocidade em que estão enviando, está a favor do e-mail, pois, em poucos segundos chega a seu destino, e no caso em que isto não ocorra, o remetente recebe uma notificação dizendo por que não pôde enviar o e-mail. A única desvantagem é a falta de segurança, pois, é possível entrar em uma conta de e-mail por meios ilegais [16]. Para diminuir este risco, tem diferentes programas de encriptação a venda. Outra forma de comunicação tradicional, uma das mais conhecidas, é o “internet relay chat” (IRC), onde várias pessoas se encontram para falar e discutir. Neste meio de comunicação os usuários enviam mensagens uns aos outros em tempo real, e, cada mensagem será publicada dentro da plataforma do chat e pode ser lida por qualquer pessoa no “local”. A mensagem chega a um chat server e este server manda a mensagem a todos os computadores do network, assim, a mensagem pode ser lida instantaneamente pelos usuários do chat [17]. Tem chats públicos e privados. Quando um grupo de extrema-direita abre um chat privado, é relativamente seguro. Primeiro, os participantes do chat serão eleitos pelo administrador do chat, adicionalmente se pode requerir um password para entrar. Também existem fóruns, onde há vários threads (temas de discussão), nos quais podem participar os usuários. Também há a opção onde somente alguns threads são públicos e outros restritos aos membros inscritos do fórum. Com o e-mail, o fórum não funciona em tempo real. Também existe a radiofonia pela internet. O software mais usado é skype, mas, também existem otras ofertas como Zfone e PGPfone, mas, qual é a diferença entre fazer uma ligação pela internet e pelo sistema normal? Tecnicamente, a chamada está sendo transferida pela internet e não por redes telefónicas públicas e o lucro real é que são geralmente gratuitos, onde, dois usuários, usando o mesmo software, podem chamar-se de qualquer lado do mundo pela internet sem pagar um centavo. Por desenvolvimento técnico hoje também é possível fazer chamadas pela rede telefônica pública, com a diferença de que neste caso o cliente tem que pagar [18]. Assim, como na radiofonia usual, também é possível fazer conferências pelo telefone. A vantagem para os grupos de extrema-direita se encontra no fator econômico tão como no setor organizativo, porque oferece uma alternativa barata para comunicações internacionais. No caso de grupos da extrema-direita já estiverem em contato avançado, a radiofonia pela internet serve como opção complementar de organização. Ainda mais quando temem que a ligação telefônica seja grampeada. Grupos, organizações e instituições da extrema-direita na Internet – exemplos de cooperação e coordenação internacional. Por último, sites transnacionais que tinham que ter certo nível de coordenação para conseguir se concretizar. Estima-se que praticamente todo o mundo conheça a enciclopédia online wikipedia, um imenso conjunto da sabedoria mundial, a qual contém mais artigos que qualquer enciclopédia tradicional em papel. Além da wikipedia, surgiram múltiplos outros projetos enciclopédicos, como por exemplo, a jedipedia [19], uma wiki [20] dedicada ao mundo dos filmes star wars. Também existem enciclopédias universais alternativas à conhecida wikipedia, entre elas a chamada Metapedia. A diferença é que a wikipedia tem como máxima a objetividade, a Metapedia não. A Metapedia é ideologicamente situada na extrema-direita e tenta, sobretudo, reescrever a visão histórica a favor da ideologia da extrema-direita. Sua compreensão é de ser uma enciclopédia de cultura, filosofia, ciência e política, que também se concentra em aspetos que estejam transfigurados pelos meios. A Metapedia se parece bastante a seu padrão a Wikipedia, mas, tem o objetivo de transmitir uma influência permanente ao “sistema” para quebrar a parede de mentiras que existe no mundo, por isso a flexão grega “meta-“ que pode significar ‘por trás’ em um sentido “A verdade por trás da mentira”. Em 2007 a Metapedia estava disponível em 11 línguas, atualmente, em 14 línguas [21]. Desde sua fundação em 2006 podia-se observar um crescimento perpétuo, mas depois do ano 2007 o interesse se estabilizou e somente três novas línguas foram adicionadas [22]. Outra organização internacional que se encontra na internet é o Institut for Historical Review (IHR), uma organização revesionista que foi fundada por Willi Carto [23]. Esta instituição, situada na Califórnia, foi construída em 1979 para ser uma plataforma internacional de publicações revesionistas. A ideologia desta instituição é reescrever a história, primariamente, do Terceiro Reich dizendo que Hitler foi obrigado a começar a guerra e que nunca existiram câmaras de gás nos campos de concentração [24]. Esta organização conseguiu evocar reuniões e congressos internacionais, sendo o último em 2004 [25]. Com a internet podiam publicar seus artigos e suas obras revisionistas online e alcançar um maior público, e, assim também manteve entre 1980 e 2002 uma revista eletrônica chamada “Journal of Historical Review”. Os revesionista mais famosos, dos quais se identificam com o instituto, são David Irving e Robert Faurisson. Além do Institut for Historical Review existe outra instituição revisionista localizada e establecida na Bélgica, a chamada VHO (Vrij Historisch Onderzoek). Esta organização tem o mesmo objetivo como o IHR e proclama ser a maior organização mundial de revesionistas. Foi fundada em 1985 pelos irmãos Verbeke, se concentra na venda e distribuição de livros revisionistas e se oferecem reimpressões de livros dos anos 50 e 60. A página da web é multilíngue, as línguas disponíveis são alemão, inglês, francês, italiano e português [26]. Nisso se diferencia do IHR, que é monolíngue em inglês. A website do VHO está mantida principalmente por Germar Rudolf, revisionista alemão conhecido pelo Rudolf-Gutachten (“julgamento de Rudolf”), onde ele certifica, por ser ter a profissão de químico, que foi impossível que as câmeras em Auschwitz tenham sido usadas para matar pessoas [27]. Uma das websites mais antigas criadas pela extrema-direita se chama Stormfront e foi formada por Don Black, ex-membro do Ku Klux Klan. A estrutura é tipo fórum com diversas seções como Ideology and Philosoph, Revisionism ou Science, Technology and Race etc [28]. Agora tem mais de seis milhões de posts e aproximadamente 160 mil usuários registrados, que torna este fórum o maior entre os grupos da extrema-direita. Também dispõe de uma wiki e vários blogs. Desde os primeiros anos Don Black pôs online múltiplas publicações de conhecidos e famosos autores da extrema-direita, como William Pierce da neo-Nazi National Alliance ou David Duke, representativo do Institut for Historical Review. O fórum é multilíngue e quer unir racistas do todo mundo, por exemplo, tem seções em russo, espanhol & português ou francês, também existe uma seção européia, onde a língua primária é inglês [29]. Como uns dos iniciantes da extrema-direita na internet, ganhou muito valor na comunidade de extrema-direita e deu exemplo para muitos agitadores em todo mundo, ensinando, que é possível construir uma comunidade virtual viva e crescente. Finalmente, é necessário mencionar o site da organização NSDAP/AO (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei / Auslandsorganisation) [30], fundado por Gerhard Lauck, anteriormente chamado Gary Lauck. A website é conhecida como um dos maiores portais do mundo de venda de produtos relacionados ao Socialismo Nacional. Gerhard Lauck instaurou a organização NSDAP/A no ano 1973 e se dedicou a vender produtos de propaganda, maioritariamente para os EUA ou para países europeus [31]. Assim, conseguiu se tornar um dos maiores distribuidores de todo o mundo e, foi um dos primeiros que descobriu a internet como portal de venda de produtos de extrema-direita. No ano 2001, ele distribuiu provavelmente 90% de todos os produtos da internet mundialmente [32]. A página web é disponível em 26 línguas, entre elas, o inglês e alemão são as línguas principais. O conteúdo diferencia-se das outras línguas, mas, a base da página sempre está igual, que é a da distribuição de produtos nacional-socialistas. Assim, a página oferta jornais-NS em 12 línguas e vários outros produtos de venda, como bandeiras, adesivos, militarias, filmes do Terceiro Reich de propaganda e da guerra, livros e música etc. Vários produtos audio-visuais são disponíveis livremente, como Mein Kampf de Adolf Hitler ou música militar tradicional da Alemanha (Marschmusik, ‘música de marcha’). Também há uma seção de download de jogos como Der SA-Mann (‘o homem da AS’), KZ-Rattenjagd [‘caça de ratos no KZ (Campo de concentração)’], Die Säuberung2/Ghetto blaster/NS-CSTKA [tcheco](‘a limpeza2’) e um jogo de língua francesa chamado ÉPURATION EM FRANCE. Outros conteúdos da página são a oferta de “host server” por 240 dólares ou 240 euros por ano, explicações como chegar a uma página bloqueada e uma instrução para o uso da internet como arma de propaganda. O site revela um pensamento altamente influenciado pela adoração ao socialismo nacional histórico e contém poucas informações do neonazismo no presente. Gerhard Lauck se concentra totalmente no socialismo nacional do Terceiro Reich e não menciona nada particular da cultura skin [33]. Gerhard Lauck é um dos maiores distribuidores de produtos de cunho nazista e não teria realizado sem a ajuda de outros ‘camaradas’ da escena de extrema-direita. Deve ter existido certo nível de organização entre ele e nazistas europeus para ter conseguido alcançar o mercado europeu. Além disso, também não poderia ter criado a página, como está de momento, sozinho. Sabe-se que fala fluentemente inglês e alemão, estas versões, as duas mais amplas no aspeto de conteúdo, foram provavelmente feitas por ele, e, as outras versões, certamente, por simpatizantes e colaboradores. Verossímil que podia usar esses contatos, que existiram, com certeza, para dar acesso à página em outros idiomas e fortalecer sua posição de propagandista e vendedor. Conclusão Desde o surgimento da internet houve a participação dos grupos de extrema-direita, onde, vieram os ganhos que puderam utilizar para seu interesse de propagar e recrutar novos seguidores e se aproveitaram agradecidos. A internet é barata, pode ser utilizada como meio de comunicação, organização e como meio de propaganda; a comunicação pode ser pública e privada, pode ser anônima e segura, isso devido ao fato de que a internet é um espaço sem localidade e leis fixas. A internet também pode fortalecer a posição de um grupo acima do nível real por pura ilusão, mas, a função como espaço de comércio se tornou o fator mais importante, porque podem vender seus produtos para aumentar a substância financeira. Assim, a internet foi um sucesso enorme do ponto de vista econômico. Em contrapartida, a situação não se vê tão clara na visão organizativa. Por um lado pode-se ver que há várias organizações ou comunidades virtuais como a IHR, VHO, Blood & Honour, Stormfront e a NSDAP/AO com um nível relativamente alto de cooperação e coordenação, sem ter graves problemas de ideologia ou de língua e por isso se pode dizer que a internet possui um potencial alto de organização. Atualmente, a internet é a plataforma principal para a extrema-direita. Por outro lado o potencial teórico não está sendo esgotado. A comunicação entre os grupos e os indivíduos praticamente só está realizada pela internet e raramente desembocam em ações reais no mundo. Por exemplo, a IHR não conseguiu organizar uma conferência desde o ano 2004. No futuro vamos observar se a extrema-direita poderá usar o potencial da internet enternamente para a vida real ou se limita a ser uma comunidade virtual de ódio. Notas: *Graduando em História Contemporânea pela UniversitätAugsburg, integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (UFS). Orientador: Dilton Cândido Santos Maynard. E-mail: Gabriel.Sachs@gmx.de [1] Massachusetts Institute of Technology. [2] Compara http://www.internetworldstats.com/stats.htm; 11.04.2011. [3] Michael Whine: Cyberspace – A new Medium for Communication, Command, and Control by Extremists, in: Studies in Conflict & Terrorism. Volume 22, Issue 3, 2001, p. 236. [4] Ibidem, p. 233. [5] Weimann, Gabriel. "Hezbollah Dot Com: Hezbollah's online campaign", in D. Caspi and T. Azran (Eds): New Media and Innovative Technologies Ben-Gurion University des Negev 2008, p. 9-12. [6] Martha, L. Cottam, Beth, Dietz-Uhler, Elena, Mastors, Thomas, Preston: Introduction to political psychology , New York 2009, p. 192. [7] Whine, p. 234. [8] Ibidem, p. 237. [9] Monstro da mitologia grega, onde você pode cortar uma cabeça, mas aparecem outras duas por essa. [10] Christoph Busch: Rechtsradikale Vernetzung im Internet, in: WeltTrends. Zeitschrift für internationale Politik und vergleichende Studien, H. 3/2005, p.76. [11] Rainer Fromm, Schwarze Geister, neue Nazis: Jugendliche im Visier totalitärer Bewegungen, Olzog, 2008, p. 242. [12] Ibidem, p. 296. [13] Ibidem, p. 297 e Busch, p. 72. [14] Grupo de skinheads do Brasil. [15] Pfeiffer, p. 297. [16] James, K. L.: The Internet: a User's Guide, New Delhi 2010, p. 80. [17] Ibidem, p. 265. [18] Ibidem, p. 280-282. [19] Acessivél em 20 linguas, http://www.jedipedia.de/wiki/index.php/Jedipedia:Hauptseite, 27.04.11. [20] Forma corta para mencionar um sistema aberto onde os usarios podem mudar o conteúdo no Browser, compara Anja Ebersbach,Markus Glaser,Richard Heigl: Wiki-Tools: Kooperation im Web, Berlin 2005, p. 9. [21] Compara http://de.metapedia.org/wiki/Hauptseite, 27.04.11. [22] Martin, Gerster: Virtuelle Gegenöffentlichkeit und Ausweg aus dem „rechten Ghetto“, in Stephan, Braun, Alexander Geisler (Eds.): Strategien der extremen Rechten: Hintergründe-Analysen-Antworten, Wiesbaden 2009 , p. 302. [23] Martin, J. Manning, Herbert Romerstein: Historical dictionary of American propaganda, Westport 2004, p. 140. [24] Bundesamt für Verfassungsschutz (Ed.): Rechtsextremistischer Revisionismus: Ein Thema von heute, Köln 2001, p. 9-13. [25] http://www.ihr.org/main/conferences.shtml, 26.04.11. [26] http://www.vho.org/, 26.04.11 [27] Bundesamt für Verfassungsschutz: Verfassungsschutzbericht 2004, S. 111-113. [28] http://www.stormfront.org/forum/, 26.04.11. [29] Don Black: White Pride World Wide. In: ADL (Anti Defamation League), disponível online em htt p://www.adl.org/poisoning_web/black.asp, 26.04.11. [30] Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores / Organização do Exterior. [31] http://www.splcenter.org/get-informed/intelligence-files/profiles/gary-gerhard-lauck#, 27.04.2011. [32] Torsten, Wenzler: Jugendlicher Rechtsextremismus in politischer und pädagogischer Übersicht, Münster 2001, p. 110. [33] Compara http://www.nazi-lauck-nsdapao.com/, 27.04.11. Referências Bibliográficas - http://www.jedipedia.de/wiki/index.php/Jedipedia:Hauptseite, 27.04.11. - http://www.jugendschutz.net/rechtsextremismus/index.html, 27.04.11. - http://de.metapedia.org/wiki/Hauptseite, 27.04.11. - http://www.nazi-lauck-nsdapao.com/, 27.04.11. - http://www.splcenter.org/get-informed/intelligence-files/profiles/gary-gerhard-lauck#, 27.04.2011. - http://www.stormfront.org/forum/, 26.04.11. - Anja Ebersbach, Markus Glaser, Richard Heigl: Wiki-Tools: Kooperation im Web, Berlin 2005. - Bundesamt für Verfassungsschutz: Verfassungsschutzbericht 2004. - Bundesamt für Verfassungsschutz: Verfassungsschutzbericht 2009. - Christoph Busch: Rechtsradikale Vernetzung im Internet, in: WeltTrends. Zeitschrift für internationale Politik und vergleichende Studien, H. 3/2005. - Don Black: White Pride World Wide. In: ADL (Anti Defamation League), disponível online em htt p://www.adl.org/poisoning_web/black.asp, 26.04.11. - James, K. L.: The Internet: a User's Guide, New Delhi 2010. - Martha, L. Cottam, Beth, Dietz-Uhler, Elena, Mastors, Thomas, Preston: Introduction to political psychology , New York 2009. - Martin, Gerster: Virtuelle Gegenöffentlichkeit und Ausweg aus dem „rechten Ghetto“, in Stephan, Braun, Alexander Geisler (Eds.): Strategien der extremen Rechten: Hintergründe-Analysen-Antworten, Wiesbaden 2009. - Martin, J. Manning, Herbert Romerstein: Historical dictionary of American propaganda, Westport 2004. - Michael Whine: Cyberspace – A new Medium for Communication, Command, and Control by Extremists, in: Studies in Conflict & Terrorism. Volume 22, Issue 3, 2001. - Rainer Fromm, Schwarze Geister, neue Nazis: Jugendliche im Visier totalitärer Bewegungen, Olzog, 2008. - Thomas, Pfeiffer: Virtuelle Gegenöffentlichkeit und Ausweg aus dem “rechten Ghetto”, in: Stephan, Braun, Alexander, Geisler ,Martin, Gerster (Hrsg.): Strategien der extremen Rechten: Hintergründe-Analysen-Antworten, Wiesbaden 2009. - Torsten, Wenzler: Jugendlicher Rechtsextremismus in politischer und pädagogischer Übersicht, Münster 2001. - Weimann, Gabriel. "Hezbollah Dot Com: Hezbollah's online campaign", in D. Caspi and T. Azran (Eds): New Media and Innovative Technologies Ben-Gurion University des Negev 2008.

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