Jejum de Tammuz
O dia 17 de Tammuz (29 de Junho de 2010) marca o rompimento do muro
de Jerusalém pelos romanos no ano 70 E.C., que ocorreu 3 semanas antes
da destruição do segundo templo em 9 de Av (20 de Julho de 2010).
O Talmud de Jerusalém afirma que o rompimento do muro de Jerusalém
pelos babilónios, que levou à destruição do Primeiro Templo em 586 A.E.C.,
ocorreu também em 17 de Tammuz. Mas por outro o Talmud da Babilónia diz
que este evento ocorreu no dia 9 de Tammuz.
De acordo com a Mishná, ocorreram também outras catástrofes em 17 de
Tammuz:
· Quebra das tábuas da lei por Moisés, devido ao incidente do bezerro
de ouro, quando Moisés desceu do Monte Sinai, depois de lá ter
estado 40 dias e 40 noites.
· Suspensão dos sacrifícios diários no Primeiro Templo.
· Incêndio de um Sefer Torah pelo oficial romano Apóstomo e
colocação de uma figura de idolatria no templo.
O dia 17 de Tammuz é comemorado através de um jejum, desde o
amanhecer até ao escurecer do próprio dia. Somente é proibido comer e
beber.
1 - As Três Semanas
As 3 semanas que se estendem desde 17 de Tammuz (29 de Junho de 2010)
a Tisha b’Av (20 de Julho de 2010) são um período de luto. Em hebraico este
período é conhecido como “bein hametzarim” (entre os dois jejuns) e
comemora o período entre a destruição dos muros de Jerusalém até à
destruição do Primeiro e Segundo Templo em Jerusalém.
As práticas tradicionais de luto durante estas 3 semanas incluem:
· Proibição de casamento e outras celebrações alegres
· Música e entretenimento
· Proibição de compra de roupa, assim como proibição de vestir roupa
nova
· Proibição de comer fruta nova, pois terá que ser recitado a bênção
shehecheyanu (que expressa alegria), o que é proibido
O luto é intensificado a partir do dia 1 de Av. Este período é conhecido
como os Nove Dias. Durante este período é proibido comer carne e vinho,
excepto nas refeições de Shabbat. Também é proibido cortar cabelo, fazer
a barba, tomar banho, nadar, lavar roupa, ou vestir roupa limpa. Judeus
tradicionalistas também costumam evitar qualquer tipo de actividade que
traga alegria, como por exemplo ir a um concerto, ou ao teatro, ao cinema
ou decorar um quarto.
2 - Nos Shabatot das Três Semanas, são lidas haftarot especiais (Jeremias e
Isaías), em que os profetas avisam o povo de que a sua infidelidade para
com D’us levará ao castigo de Israel sob as mãos dos seus inimigos.
O Shabbat que precede Tisha b’Av chama-se Shabbat Chazon (Shabbat da
Visão), nome este que advêm das palavras iniciais da Haftarah. Esta
Haftarah está escrita com uma linguagem áspera, arremessada contra o
povo pelo profeta Jeremias. Em Yiddish esta Haftarah ficou conhecida como
Schwarz Shabbos (Shabbat Negro).
Tisha b’Av
Tisha b’Av, o nono dia do mês de Av. É o dia mais triste do calendário
Judaico. É um dia de Jejum que marca o aniversário da destruição do
Primeiro Templo pelos Babilónios em 586 A.E.C, que historicamente coincide
com a destruição do Segundo Templo pelos Romanos em 70 E.C..
Tisha b’Av acabou por transformar-se num símbolo de todas as catástrofes
que ocorreram ao povo israelita ao longo da história.
A história de Tisha b’Av teve início 18 meses após o êxodo do Egipto. O
quarto livro da Torá relata que imediatamente antes de o povo judeu entrar
e conquistar a Terra Prometida, Moisés enviou doze espiões para examiná-la.
Os espiões viajaram durante quarenta dias, e, ao voltar, disseram ao povo
que os habitantes da Terra eram muito fortes e que os judeus tinham poucas
hipóteses de vencê-los. Tal relato enfraqueceu a fé do povo judeu, que
questionou a capacidade de D’us de levá-los à vitória. Como nos conta a
Torah, "Naquela noite, o povo chorou" (Números 14:1).
D’us puniu o povo por esta falta de fé, decretando que iriam caminhar pelo
deserto durante quarenta anos até morrer. Somente a seus filhos caberia
entrar na Terra Prometida. Para as lágrimas que o povo derramara em vão,
D’us emitiu outro decreto: "Esta noite choraram em vão; Eu proclamarei este
dia como um dia de luto para todas as gerações vindouras". O Talmud conta
que D’us selou esse decreto no nono dia do mês de Av, ou seja, Tisha be’Av.
De acordo com a tradição, Tisha b’Av foi também a data em que os Judeus
foram expulos de Inglaterra em 1290 e de Espanha em 1492.
Os romanos expulsaram os judeus de sua pátria através da destruição do
Segundo Templo, mas os sofrimentos do povo judeu não cessaram com seu
exílio. Em Tishá be’Av de 1290, os judeus foram expulsos de Inglaterra, tendo
seu retorno ao país vetado por quase 400 anos. O monarca inglês, o rei
Eduardo, proferiu a ordem de expulsão em 18 de Julho de 1290. No
calendário hebraico, em Tisha b’Av.
Outra comunidade judaica de grande importância foi a da Espanha. Houve
uma época em que os judeus da Espanha tinham os mesmos direitos legais
que os cristãos, tendo assim ascendido aos mais altos postos sociais,
financeiros e académicos. E então, por ordem da Igreja Católica, os judeus
foram subitamente considerados hereges, sendo perseguidos e executados
pela Inquisição espanhola. Por fim, o Rei Fernando e a Rainha Isabel
decretaram a expulsão dos judeus da Espanha ou a morte. A data final para
a partida da Espanha foi 30 de Julho de 1492. No calendário hebraico, Tisha
b’Av.
Também em Tisha be’Av, 150 anos mais tarde, outra desgraça se iria abater
sobre os judeus. Em 1648, os cossacos atacaram a comunidade judaica de
Constantinopla, matando três mil homens, mulheres e crianças.
Séculos depois, ocorreu uma catástrofe ainda maior: a erupção da Primeira
Guerra Mundial, que custou a vida de milhões de pessoas e devastou a
Europa. A Primeira Guerra Mundial começou em 1º de Agosto de 1914. Tisha
B’Av no calendário judaico.
Décadas mais tarde errompe o maior de todos os genocídios. Em 1939, a
Alemanha nazi invadiu a Polónia, deflagrando a Segunda Guerra Mundial.
Em 1941, os nazis resolveram criar o gueto de Varsóvia, onde meio milhão de
judeus foram arrebanhados antes de seguirem para os campos de morte. Foi
no dia de Tisha B’Av que foi decretada a Lei que criava o gueto de Varsóvia.
Em Tisha B’Av do ano seguinte, os alemães iniciaram a deportação dos
residentes do gueto para os campos de concentração.
O mais famoso campo de concentração foi Auschwitz, onde cerca de dois
milhões de judeus foram assassinados. As câmaras de gás de Auschwitz
foram inauguradas a 23 de Julho de 1942. Na data judaica, nove de Av.
Nem mesmo o Estado de Israel foi poupado de sua própria tragédia de Tisha
b’Av. Até 1955, a empresa aérea de Israel, El Al, nunca havia perdido sequer
um avião. Até que determinado dia, abateram um de seus aviões que
sobrevoava o espaço aéreo da Bulgária. Quando ocorreu isto? Em Tisha
b’Av.
A última refeição é feita no fim da tarde de 8 de Av. Muitas vezes consiste de
ovos cozidos e lentilhas, a mesma refeição dada aos enlutados após o
enterro de familiares próximos. O ovo possui dois significados: a sua forma
redonda lembra o ciclo da vida. E o ovo é o único alimento que endurece
quanto mais é cozinhado, o que simboliza a habilidade do povo judeu de
resistir às perseguições. Algumas pessoas costumam também colocar cinzas
na comida.
Tal como em Yom Kippur, é proibido comer ou beber desde o pôr-de-sol de
8 de Av até ao anoitecer do dia seguinte.
3- As práticas de Tisha b’Av são:
· Não usar calçado feito de pele.
· Abster-se de lavar ou tomar banho. Isto refere-se unicamente ao tomar
banho por prazer.
· Não fazer a barba (e as mulheres não usar maquilhagem).
· Abstenção de relações sexuais.
· Não estudar a Torah. É o único dia em que o estudo da Torah é
proibido, pois esta é uma fonte de alegria. A única coisa permitida
estudar é o livro de Jó e as secções de Jeremias e do Talmud
relacionadas com a destruição, especialmente de Jerusalém.
· Trabalho não está proibido em Tisha b’Av, mas é minimizado o máximo
possível, de acordo com a observação do Rabino Akiva que disse:
”qualquer pessoa que trabalhe no dia 9 de Av não verá nunca um
sinal de bênção no seu trabalho”.
· Sempre que possível, sentar-se em sítios mais baixos que as cadeiras
onde normalmente nos sentamos, ou mesmo no chão, tal e qual como
praticam os enlutados na primeira semana de luto.
· A leitura é feita à luz de velas, ou então em luz enfraquecida, como
símbolo da escuridão que caiu sobre Israel nesse dia. As parochet são
removidas e em caso de não existirem parochet, substitui-se por um
cortinado negro. Os panos da Sefer Torah são também substituídos por
panos negros. Algumas sinagogas também colocam as Sefer Torah no
chão, espalhando cinzas por cima delas, recitando as palavras “a
coroa caiu da nossa cabeça) (Lam. 5:16).
A megilá das lamentações (Eichah), escrita por Jeremias enquanto via a
destruição do Primeiro Templo, é recitada com uma melodia melancólica e
monótona. Não se coloca tallit nem tefilin, pois toda a congregação está
enlutada, tendo em conta que os enlutados não usam tallit nem tefilin no
período entre a morte e o funeral de um familiar próximo. As pessoas não se
cumprimentam ao entrar ou sair da sinagoga.
Há uma tradição que diz que o Messias nascerá em Tishá Be’Av, e que este
dia de luto se transformará em dia de júbilo. Acredita-se que com a
chegada do Messias todos os judeus retornarão à sua pátria e o Terceiro
Templo será erguido. O infinito amor de D’us pelo povo judeu será então
abertamente revelado e perdurará para sempre.
À medida que o dia de Tisha b’Av passa, a observância do dia torna-se
cada vez menos rígida, devido à eventual chegada do Messias. E há
portanto também o costume de limpar e arrumar a casa a partir do início da
tarde de 9 de Av, caso o Messias chegue. Há mulheres também que se
vestem elegantemente e que colocam perfume a partir do início da tarde.
Fonte: Nossos sábios (internete)
Obs. : Devemos ter cuidado redobrado nessa última semana de luto e especialmente de 08 para 09 de Av. Que as desgraças se tiver de acontecer (que D'us não permita) não seja por falta de aviso. E nem seja conosco.
Shalom.
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