“O homem não passa de um junco, o mais fraco da natureza, mas é um junco pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo. Um vapor, uma gota de água, é o bastante para matá-lo. Mas, conquanto o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem que o universo tem sobre ele, o universo a ignora. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento”. (“Pensamentos”, XVIII, 8) - Blaise Pascal.
É norteador a tese de Blaise Pascal na exaltação ao homem como o centro do Mundo. Talvez, para a maior parte dos crentes (refiro-me à semântica do adjetivo "crente" consoante a definição do Aurélio) seja uma heresia resignificar o Homem Universal com essas novas propostas - de ver o Homem e não o Eterno - como a principal personagem na Terra, em Tehilim 115.116, está defendia a proposição de que os "Céus são do Eterno, mas a Terra, D-us deu aos filhos dos homens". Logo, se a Terra é do homem e, não de D-us, então; o homem deve ser o centro do Mundo e, procurar resolução de seus próprios dilemas nos caminhos da Torá na revelação da Cabalá; assumindo o legado que Moshe recebeu no cume do monte Sinai. Faz-se necessário pontuar que Kenneth Phife define sua visão de Deus de modo muito contundente: "O humanismo nos ensina que é imoral esperar que Deus aja por nós. Devemos agir para acabar com as guerras, os crimes e a brutalidade desta e das futuras eras. Temos poderes notáveis. Termos um alto grau de liberdade para escolher o que havemos de fazer. O humanismo nos diz que, não importa qual seja a nossa filosofia a respeito do universo, a responsabilidade pelo tipo de mundo em que vivemos em última análise, cabe a nós mesmos." Portanto, o Junco Pensante é a principal personagem capaz de desconstruir o discurso imposto que definiu, fragmentou e rotulou a forma de adoração a D-us, do que é Judaísmo e do que vem a ser Judeu na alta modernidade.
Enquanto Junco Pensante, não se pode abjurar o realismo efêmero da centelha humana – cujo ápice humano não é o nascimento e, sim, a “maldita” morte – com semânticas infinitas que há mais de 5 mil anos têm batido à porta dos Juncos Pensantes. Entretanto, não é essa edaz morte que cerceia a essência humana, visto que, ela não coisifica ou anula o que o homem é por natureza e, sim, ideologias ávidas que anulam a glória da vida – “o pensamento consciente” – a transcendia do cosmo. O homem é a centelha divina – a luz que transcende a majestade do universo. Nessa fragata questionadora, não é o niilismo da morte pela transcendência da consciência que nulificará a centelha humana, dado que, sem memória – o postergamento envolve o homem no silêncio da morte. Entretanto, a própria morte é usufruída pelo homem e faz parte de sua própria vivência, e por isso, o torna ainda mais um junco pensante – já que ele é o centro do Mundo, tem a função de desconstruir o discurso a ele posto. Tudo que há no planeta e no universo, pode matá-lo, contudo, não pode nulificar o pensamento. Assim, ser um Junco Pensante faz dele, indestrutível e invejável pelo próprio universo. Então, enquanto junco pensante, não se pode mais pensar Judaísmo com um dogma anacrônico, pois que, Judaísmo na visão sincrônica, perpassa a própria existência (vida e morte). Judaísmo se insere na educação étnico-racial no mundo multicultural. Logo, ser judeu é ser e ter identidades plurais que irá se mesclando ao ciclo da vida, e os marcos antigos da vida judaica não serão nulificados e, sim transformados para a sustentabilidade da civilização judaica. Emily Dickinson concebia que “não há melhor fragata que um livro para nos levar a terras distantes”. Por fim, já que a dignidade e glória do homem estar no pensamento, urge que esse Junco Pensante Judeu – não pense mais o Judaísmo com as práticas anacrônicas e retrógadas, mas sim, como uma fragata pensante que resignifique que “JUDEU é todo aquele que se identifica como judeu e está vinculado de forma ativa à sua historia, cultura e tradições” na alta modernidade.
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