KIPÁ O TEMPO TODO.

 

KIPÁ O TEMPO TODO

por Yanki Tauber

Desejo fazer uma confissão: Eu uso kipá. E não somente na sinagoga, mas o tempo todo. Até mesmo em situações sociais. Não costumava fazer isso antes. Na verdade, durante os primeiros 36 anos de minha vida, eu somente a usava na sinagoga. E mesmo assim era uma raridade.

O fenômeno da mudança de "kipá nunca" para "kipá todos os dias" é registrado mais indelevelmente pelas reações que você recebe dos amigos, família e colegas de trabalho. Estas reações variam de "Por que está usando isso? É algum tipo de feriado judaico outra vez?" a "Ele é um fanático!" até "Ele usa isso para esconder a falta de cabelo no alto da cabeça!" (Eu gostaria de ter pensando nisso quando minha careca ficou evidente pela primeira vez há quinze anos!)

Porém minha reação favorita e mais sutil veio de um colega cujos olhos dardejaram entre minha kipá e eu pelo menos umas cinquenta vezes durante uma conversa de cinco minutos.

Um dilema marcante deste recém-descoberto "kipadismo" vem quando se confronta a primeira situação no trabalho usando o "tradicional boné judaico," como um colega de trabalho o descreveu. Isso envolve encontrar-se com alguém fora da sua atual empresa e portanto, fora do grupo que assistiu à sua transição gradual de indivíduo secular para religioso, e que fez todas as perguntas sobre suas novas práticas e parece realmente interessado nas respostas.

Agora você está se aventurando além da zona de segurança, até a fronteira final. Kipá ou não kipá? Esta era a questão.

Para mim, este "primeiro contato" veio por ocasião de uma entrevista para um novo emprego. O que tornou tudo ainda mais difícil é que este era um emprego que eu realmente queria! Em outras palavras, havia muito em jogo, profissionalmente falando. Portanto, agora eu tinha que fazer uma opção. A pessoa não tem de usar uma kipá para trabalhar se isso prejudicará seu cargo de maneira negativa. Então, eu tinha um "álibi" se desejasse. Mas eu deveria aceitá-lo?

E com isso, a decisão estava tomada. Eu usaria a kipá.

Testando o campo

Cheguei à entrevista alguns minutos adiantado e fui até o toalete dos homens para checar minha roupa. Eu parecia o mesmo de minhas outras entrevistas de emprego. Exceto pela adição circular no topo da cabeça. Minha kipá era de bom gosto, mas era também uma declaração. Uma GRANDE declaração. Portanto, de pé ali no toalete, hesitei por um momento e pensei: "Você ainda pode tirá-la."

Mas então percebi que não usar minha kipá seria uma declaração ainda maior. Uma declaração que negava aquele que sou. Um judeu. Um judeu religioso. Portanto, para mim, entrar sem uma kipá seria uma declaração de que sou menos que totalmente comprometido com aqueles ideais sobre os quais baseio minha vida. Portanto, fui - com a kipá de bom gosto e tudo.

O homem que me cumprimentou sorriu e apertou minha mão. Nada de olhares indo da kipá para mim, nenhum queixo caindo até o chão como ocorre nos desenhos animados. Simplesmente um simpático "Como vai?"

Logo no início da entrevista, ele me perguntou: "Quais são suas paixões?" "No trabalho ou na vida em geral?" perguntei. "Na vida em geral" - replicou ele.

Pensei por uma fração de segundo. Eu deveria ser realmente honesto? Deveria contar-lhe o que realmente anima e motiva minha vida? Ou deveria eu dar-lhe a resposta padrão comercial que "um trabalho bem feito e sacrificar-me pela companhia é o que me faz vibrar"?

Optei pela primeira. Achei que, ora bolas, ele já tinha visto a kipá. Eu poderia ser franco. Vamos lá.

"Minhas paixões são D'us, família, comunidade e trabalho. Nesta ordem."

Tentei suavizar o golpe. "Provavelmente, não é bem isso que um gerente deseja ouvir! Mas não me entenda mal. Trabalho muito e levo meu emprego a sério. É apenas uma questão de prioridades."

Esperei sua reação; qualquer sinal de choque ou desapontamento visível. Nada. Ele simplesmente sorriu e continuou a entrevista. "Quais são suas paixões?"

Nós realmente nos demos bem, e o restante da entrevista foi ótimo. Mas eu não conseguia deixar de perguntar-me o que ele achara de minha resposta àquela primeira pergunta. Ao final da entrevista, ele indagou se eu tinha quaisquer perguntas a fazer.

"Somente uma" - disse eu. "Quais são suas paixões na vida?"

(Quando mais tarde contei a meus amigos que lhe perguntara isso, eles ficaram tão chocados como se eu tivesse perguntado se ele usava ceroulas ou shorts.)

"Bem"- disse ele sorrindo. "É engraçado. Quando ouvi você responder àquela pergunta, senti como se estivesse ouvindo eu mesmo responder."

Consegui o emprego pouco depois.

Tomar uma posição

No fim, ir à entrevista com uma kipá e responder as perguntas de maneira honesta mas não politicamente correta não foi um ato heróico. Meus sogros, que sobreviveram aos campos de concentração nazistas, meu pai que voou em mais de cinquenta missões de combate durante a Segunda Guerra - estes foram os verdadeiros heróis.

Porém, minha declaração fora corajosa. Defendi algo em que acreditava. Tornou-se claro para mim que, se sou um judeu religioso apenas em particular, então, o que sou, na verdade? Se jamais defendo algo, não represento nada.

De fato, talvez tenha sido justamente pela minha kipá e pelas minhas palavras nas quais eu defendia alguma coisa, que eu tenha me destacado dos outros candidatos e conseguido o emprego.

Do site: chabad.org.br

Fonte:  Shaarei Bina          

Obs.: Também gosto de usar  Kipá o tempo tudo. Mas, porque não  tenho usado ultimamente?      Primeiro, porque há um pensamento na cabeça dos não-judeus que todo judeu é rico. E aí quando me vê de kipá pensam: esse aí é um judeu "cheio" da grana. E querem me "furar os olhos". Super - faturando o valor do produto.

A maioria dos judeus não usam kipá na rua por medo de anti-semitismo, a não ser que estejam num reduto da comunidade,  nesse caso,  o uso é comum.

 

Em segundo, porque alguns judeus não vê com bons olhos um que antes era um não-judeu, ser e estar judeu. Professando a mesma fé israelita ou mosaica. Pelo simples fato de não ter nascido  do ventre de uma judia.

Ouvir o relato de uma judia dizer: "não concordo com aquele que quer se converter ou se converte ao judaísmo, porque não  pode ter o mesmo sentimento".   Ora, o que seria da mãe que por não poder gerar filhos, se também não pudesse adotar uma criança? Já que por não ter gerado não pode ter o mesmo sentimento? Existe filhos nascidos que são uma decepção e há filhos adotivos que são a alegria daquela que exerce o sentimento de ser mãe. O que é um sentimento, senão o compromisso de amar alguém?

Se nós prosélitos verdadeiros, assumimos o compromisso de amar ao D'us de ISRAEL e de cumprir os preceitos dados ao seu povo, o que nos impede?  Formalidades? Que se cumpra as formalidades. Mas que nos deixem livres para fazer parte do povo nascidos não  no Sinai, mas no Egito, ainda como  goym kadosh. No Sinai foi  o casamento desse povo com a TORÁH  do Eterno nosso D'us.

Então, já que não nascemos do ventre de uma judia, estamos sendo adotados como filhos de Abraão, de Isaque e de Jacó, Sara, Hivica, Léa e Raquel.

 É difícil ser judeu dentro e fora do povo. De dentro, porque não somos abraçados, envolvidos, amplamente, acabando com a dúvida dos de fora.   De fora, porque não  somos aceitos e nem entendidos por aqueles que nos conhecem e nos veem querendo estar do lado de dentro do povo de ISRAEL. E assim, somos puxados e emprurrados pelas ondas do "grande mar".  Vem as ondas do mar e nos puxa da areia. Outra vez, vem o mar (o mundo) e não nos  contendo, empurra-nos  de volta para a areia.  Porque não  temos  lugar no Egito (o mundo), porque não professamos a sua fé.  Meu mundo são os  graozinhos da areia, tão inumeráveis na praia do mar. E eu  sou apenas mais um grãozinho se juntando aos demais estabeleidos pelo Eterno nosso D'us de ISRAEL.

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