Kiryat Yovel é o bairro mais recente onde se inicia “uma guerra cultural” entre o conservadorismo judeu e pluralismo.
JERUSALÉM (Reuters) - Centenas de pessoas lotaram um centro comunitário em Jerusalém, para o que muitos consideraram um ato subversivo: Eles assistiram a uma palestra no sábado, no Shabat. O evento aparentemente inofensivo em que o popular jornalista árabe-israelense Sayed Kashua falou sobre pluralismo e tolerância quebrou uma proibição de longa data sobre a realização de atividades em edifícios públicos no dia de descanso judaico.

Isso tornou de Kiryat Yovel, um bairro tranquilo no oeste de Jerusalém, um campo de batalha entre o conservadorismo judeu e o pluralismo. Depois de anos de contratempos a população secular de Jerusalém começou “a empurrar de volta” contra o que muitos acreditam ser táticas de residentes ultra-ortodoxos para impor seus costumes religiosos na população em geral. Um número crescente de restaurantes, agora abre aos sábados e uma série de eventos culturais acontecem. Pela primeira vez em anos, um êxodo de moradores seculares para os subúrbios próximos parece ter parado.

"Nós não somos contra os ultra-ortodoxos, estamos a favor da tolerância, integração e contra a intimidação. Mas se não houver serviços públicos oferecidos aos sábados para promover a segregação de gênero, a comunidade estará minando a própria base do nosso Estado democrático", disse Dina Azriel, líder da " Iniciativa Liberdade para Kiryat Yovel", que patrocinou a palestra de sábado.

Enquanto a maioria dos israelenses são seculares, os “pais fundadores de Israel” deram ao judaísmo um lugar formal em assuntos do país; Rabinos ortodoxos regem estritamente eventos religiosos como casamentos, divórcios e enterros para a população judaica. Os ultra-ortodoxos também são lideres na política de coalizão de Israel, embora eles representam apenas cerca de 10% da população do país.

A influência ultra-ortodoxa é especialmente pronunciada em Jerusalém, onde seus números são proporcionalmente maiores do que a média nacional. Jerusalém é a maior cidade de Israel e está dividida quase que igualmente entre seculares e ortodoxos modernos, palestinos muçulmanos e os judeus ultra-ortodoxos.

Muitos dos chamados ortodoxos modernos vivem e trabalham com a população secular, mantendo um estilo de vida religioso, em contraste com os ultra-ortodoxos, que escolhem viver em enclaves isolados.

O ultra-religioso têm usado sua força política para dar forma moderna de Jerusalém. A cidade sofre uma paralisação virtual no sábado judaico com negócios fechados, com a paralizacao do transporte público e poucas opções de entretenimento. Tentativas de mudar este status tem trazido embates violentos dos ultra-ortodoxos, que não hesitaram em bloquear estradas, promover confrontos com a polícia ou enviar dezenas de milhares de ativistas para as ruas, solicitados por seus rabinos. Em 2009 a cidade experimentou uma guerra, quando um estacionamento rotativo, perto da Cidade Velha de Jerusalém, abriu no sábado para servir a turistas que visitavam a cidade.

Nos últimos anos os ultra-ortodoxos estão mais ousados, pressionando a empresa de ônibus local a Egged, na a tentativa de separar homens e mulheres. Por causa da ameaça de vandalismo, a Egged recentemente, decidiu cessar toda a publicidade de seus ônibus, em Jerusalem até outbro de 2013.

A " Iniciativa Liberdade para Kiryat Yovel" é um movimento que foi formado após os ativistas ultra-ortodoxos serem autorizados a construir um jardim de infância com um que separava as turmas pré-escolares religiosos e não-religiosos: "Estamos em um momento muito crítico agora e eu não estou otimista", disse Sarit Hashkes que dirige outro grupo de direitos seculares chamado "Be Free Israel."

"O que estamos vendo agora é a cooperação de autoridades estaduais e da polícia com os ultra-ortodoxos. As mulheres estão sendo deixadas de lado e tudo está a favor da direita”, completou.

O grupo está por trás de uma série de iniciativas, como a oferta de cartões de desconto para clientes que forem a restaurantes no sábado visando o aumento do "poder de compra secular."

Enquanto as calçadas separadas estão oficialmente banidas, algumas ruas ainda estão proibidas para as mulheres, como foi visto no feriado de Sucot. Na semana passada, uma proeminente ativista feminina foi presa por usar um talit, tradicionalmente masculino, no Muro das Lamentações onde judeus rezam, num ato em que a polícia alegou proibir devido a sensibilidades judaica dos ortodoxos.

Anat Hoffman disse que a polícia a revistou e prendeu durante a noite, soltando-a somente após ela concordar em ficar longe do local por um mês. O incidente ocorreu quando ela conduzia orações para 200 mulheres americanas de Hadassah - um grupo de mulheres judias que comemoravam o aniversário de 100 anos da instituição.

Ao longo dos anos a crescente influência religiosa, juntamente com um alto custo de vida levou dezenas de habitantes de Jerusalém seculares a deixarem a cidade. O prefeito Nir Barkat, um secular empresário de alta tecnologia, tentou reviver a vida secular na cidade sem alienar os ultra-ortodoxos

Prefeito Nir Barak

O escritório de Barkat afirmou que o prefeito tem impulsionado orçamentos para a cultura desde que foi eleito, em 2008, quadruplicando os eventos como shows e festivais de rua para animar a população, além de incentivar novas moradias em áreas seculares para atrair jovens casais e famílias: "Apesar de um pequeno número de pontos de atrito na cidade, Jerusalém tem visto uma redução dramática na tensão entre as comunidades ultra-ortodoxas e seculares nos últimos anos", disse o porta-voz da prefeitura Barak Cohen. Em um sinal de que a vida secular poderia estar fazendo um retorno, o gabinete do prefeito observou que as matrículas em escolas seculares aumentaram no último ano letivo, pela primeira vez em 15 anos.

Naomi Tsur, vice-prefeito de Jerusalém observou que, pela primeira vez em 15 anos, há uma maioria não-ortodoxa no conselho da cidade um outro sinal de renascimento secular. Escolas modernas ortodoxas também aumentaram.

Mais de 60% dos estudantes judeus ultra-ortodoxos frequentam as escolas, de acordo com o Instituto Jerusalém de Estudos. Tsur, um planejador urbano que tem promovido a convivência entre as diversas populações de Jerusalém, afirmou que "muito dependerá sobre se as massas seculares transformarem suas preocupações em questões eleitorais”.

“As pessoas costumam sair para votar se devemos ir à guerra com o Irã, mas temos que trabalhar em conjunto para promover a mistura atraente que irá atrair casais jovens e dinâmicos para viver em Jerusalém ", disse.

Com as eleições parlamentares marcadas para janeiro, o ativista Kiryat Yovel e o historiador de arte Daniel Unger destacam que estas questões vão continuar sendo “empurradas para segundo plano”.

"Este é um problema real que (o primeiro-ministro Benjamin) Netanyahu e outros não querem resolver. Em vez disso ele continua falando sobre a bomba iraniana, na esperança de que seu povo não preste atenção para as questões internas sociais e econômicas que ele está ignorando ."

Fonte: Jornal Rua Judaica.

Obs.: Israel é um país democrático. Então a religião tem que ser democrática no sentido de que: é religioso quem quer. Onde houver um bairro inteiro religioso, nesse bairro há de se respeitar as regras da religião. Agora, se em Tel Aviv não há uma maioria religiosa e o povo quer viver de modo secular, há de ser respeitar a democracia.
Quem não quizer viver numa cidade de maioria secular que vá morar numa cidade com maioria ou totalmente religiosa e vice-versa.
Ninguém deve ser mais religioso do que a religião exige. Na democracia não cabe, não há lugar para fundamentalista religioso. Aliás, esse comportamento o mundo não aceita mais. Esse tipo de comportamento sufoca a liberdade das pessoas de pensarem e de agirem.
A separação de mulheres de homens nos coletivos públicos, deve ser opcional. Aqui no Rio de Janeiro, há esse tipo de opção. Elas porém, preferem viajar nos coletivos onde há homems. O que têm que valer é o respeito. A mulher não pode ser algo excluido. Se não, é melhor colocá-la numa "redoma". A mulher é uma "jóia", mas, não para ficar trancafiada num "cofre" para não ser tocada. O ato de não tocar, deve ser consciente, tanto por parte dela , quanto por parte dos homens. O toque só com seu consentimento ou quando ambos se permitirem.
No tocante a pureza familiar, ambos devem conhecer as regras. E o toque deve ser evitado.
Mas, para os que não sabem das regras, os homens devem ter o hábito de banhar-se e purificar-se. Porque, não sabemos quando alguém está ou não impuro.
Agora, as pessoas que se dizem religiosas, matarem ou agredirem a outra, por conta de uma regra que talvez a pessoa nem conheça, é uma transgressão maior que o ato de cumprir ou não cumprir essa ou aquela regra. Isso é de uma estupidez, de uma iguinorância e de um atentado contra a integridade física e da liberdade de expressão do modo de vida daquela pessoa.
Então, a democracia também tem suas regras.
A regra é a seguinte: Eu sou um religioso dedicado, devoto. Não compartilho com certos costumes da liberdade. Então, todos devem saber que sou assim e ser respeitado.
Sou laico, secular, não me importo com tantas regras. Na verdade, também tenho as minhas. A minha é: não ser religioso ao extremo, ou não ser religioso. Então, todos, principalmente os religiosos, devem saber que sou assim e ser respeitado.
Quem ultrapassar essas "linhas" deve ser punido.
Isso é democracia, isso é liberdade de expressão.
Que haja coletivo para quem quer andar "separado" e haja coletivo para quem quer andar "misturado". Quem não quizer ir no coletivo "misturado" que espere o próximo.
Para locais populosos, os coletivos devem ser intercalados. Um coletico para os "misturados" e um coletivo para os que querem estar "separados". São os coletivos alternados.
Com relação ao Shabat: Em cidade religiosa respeite-se o Shabat. Em cidade secular, o Prefeito e a câmera de vereadores decidam se será feriado no Shabat ou não. E quem quizer fazer do Shabat seu feriado por causa da religião, que não seja punido por isso.

Shavua Tov!
Baruch Shofar.

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