No Brasil, celebrando dez anos de governo, o PT trava a sua luta contra o capitalismo, numa economia e numa sociedade onde é impossível se transformar o estado brasileiro numa ditadura do proletariado. Os sintomas petistas da luta contra o capitalismo estão, principalmente, na expansão do emprego público e no aparelhamento do estado, incluindo o Banco Central; e na resistência à privatização dos setores de infraestrutura, em situação falencial.
Aí, o petismo pode resistir ao capitalismo, arrastando consigo um monte de legendinhas partidárias adesistas, endoparasitas e não programáticas. E assim, o PT nem faz a revolução socialista nem deixa que o capitalismo avance no Brasil.
Tal qual essa situação, que não permite ao PT a estatização total da economia brasileira, Lenin - marxista ardente, mas pouco ortodoxo -, já nos primeiros cinco anos da revolução russa, diante de um quadro de centenas de milhares de pessoas dizimadas pela fome, reviu o seu programa, no X Congresso do Partido Bolchevique.
Daí, resultou a Nova Política Econômica (NPE), um plano de tipo reformista, no qual, em 1921, os camponeses ficaram livres para voltar à iniciativa privada - contratar assalariados e comercializar livremente. Eles pagaram impostos e venceram a fome.
Na brochura Cinco Anos da Revolução e as Perspectivas da Revolução Mundial, Lenin relaciona a Nova Política Econômica ao capitalismo de estado, o que para ele poderia ser uma fase transicional ao socialismo, pois tinha sido um erro a destruição imediata e completa do antigo sistema sócio econômico.
Em seu artigo de 02 de março de 1923, Lenin já era um homem desiludido com a estruturação socialista da máquina estatal, reconhecendo, com loquacidade, a situação deplorável em que se encontrava o novo modelo de organização do estado russo e os méritos da cultura burguesa. Lenin queria obedecer aos seguintes preceitos: pouco, mas bom; fazer mais, com menos.
Com a morte de Lenin, o domínio stalinista adotou o culto da personalidade; se apropriou da teoria do socialismo em um só país; instituiu o trabalho forçado, os expurgos e assassinatos; implantou a coletivização forçada da agricultura, com deportação e execução em massa de milhões de vidas; e estabeleceu o pacto de não agressão com Hitler.
Após a morte de Stalin, vieram Kruschev, com o seu relatório e instabilidade; Brejnev, com a decadência e ilusão de eternidade; os relampejantes Andropov e Chernenko; e Gorbachev, com a Glasnost e a Perestroika. Aqui, nesses 10 anos de governo, o PT luta pelo capitalismo de estado, numa economia altamente estatizada, supondo que o urso roubando a colmeia passe a executar o trabalho da abelha.
Na impossibilidade de se apoderarem das companhias telefônicas, como os guardas vermelhos o fizerem em outubro de 1917, sobrou o menino Lulinha: mais um jovem sem qualquer instrução, que saiu do subemprego num jardim zoológico, para se tornar bilionário - fenomenológico, para o pai, por se tratar de um empresário schumpeteriano, que aguarda a revolução, para devolver os frutos do seu entesouramento ao proletariado, assim como não o fez a casta burocrática paralítica stalinista, anunciada por Trotsky.
Fidel Castro, outro larápio, de quem Lula é fã, já exibido na Forbes, morre, mas não devolve o seu pecúlio. Curiosamente, Ceauşescu teve o seu primeiro contato com o Partido Comunista Romeno, ao roubar uma mala, que por acaso continha panfleto.
(*) Carlos Cruz, historiador econômico, cruzconsulting@terra.com.br.
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