O Shabat em Israel.

Por Daniela Kresch
Jornalista
direto de Tel-Aviv

Paradoxos de Israel
Um dos aspectos mais interessantes de Israel é a relação que os israelenses têm com a religião. O país é jovem e ainda tenta encontrar uma identidade concreta, mas enquanto isso acontece, seus habitantes – principalmente os judeus, que representam três quartos da população – parecem estar um pouco confusos com o papel que a religião deve representar no Estado Judeu, que eles também querem que seja democrático.
Essa dicotomia ficou bem clara nos resultados de uma pesquisa divulgada semana passada. De acordo com a enquete, 56% dos judeus israelenses querem que haja transporte público no Shabat (que começa ao anoitecer de sexta-feira e vai até o anoitecer de sábado) e 46% apóiam a abertura do comércio no dia sagrado
Um percentual ainda maior, 64%, defendem a abertura de locais de entretenimento durante o Shabat, incluindo estádios para eventos esportivos. Nada disso acontece hoje: não há transporte público, o comércio fica quase que totalmente fechado (a não ser em poucos centros comerciais) e não há eventos esportivos.
Ao mesmo tempo, 59% dos entrevistados acreditam que é preciso respeitar Shabat, que os trabalhadores têm direito a esse dia de descanso, com exceção dos que se ocupam de serviços de emergência. E mais: 66% acham que é importante respeitar o Shabat de acordo com a tradição judaica.
Quer dizer: os israelenses querem que o Shabat seja respeitado, mas também querem ter a oportunidade e a liberdade de fazer compras e se divertir no dia sagrado, quando, em geral, estão de folga com a família.
Outro paradoxo: 80% dos judeus israelenses acham que a religião tem influência demais na política e 57% acreditam que é preciso separar religião de política. Mas 54% acham que é preciso consultar os líderes religiosos no processo de tomada de decisões. E 53% acham que é preciso reforçar o ensino religioso nos colégios.
Pode parecer conflituoso. E é. Mas trata-se de um país ainda em construção, jovem, que reúne judeus de todos os tipos (laicos, tradicionalistas, religiosos, ortodoxos...), de vários lugares do mundo, unidos justamente pela identidade religiosa, ou nacional-religiosa. Isso sem contar com a minoria não-judaica, que hoje representa um em cada quatro cidadãos. Não é difícil entender que, com um mosaico humano dessa natureza, exista alguma confusão.


Fonte: Jornal Rua Judaica

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