Postado por Jayme Fucs Bar em 10 de Maio de 2011 às 5:21am
Os Essênios e Seus Ensinamentos - Edmond Bordeaux Szekely
Desde as eras mais remotas da Antigüidade existe um ensinamento notável que é universal emsua aplicação e eterno em sua sabedoria. Encontram-se fragmentos dele em hieróglifos sumerianos e nas placas de argila e pedras datadas de oito a dez mil anos atrás. Alguns símbolos, como, por exemplo, os que indicam o sol, a lua, o ar, a água e outras forças naturais procedem de uma era ainda mais remota, que antecedeu ao cataclismo que encerrou o período Plistoceno. Por quantos milhares de anos antes disso existiu o ensinamento não se sabe. Estudar e praticar o dito ensinamento é despertar novamente dentro do coração de todo homem um conhecimento intuitivo que pode resolver seus problemas individuais e os problemas do mundo. Traços do ensinamento aparecem em quase todos os países e religiões. Seus princípios fundamentais foram ensinados na antiga Pérsia,no Egito, na Índia, no Tibete, na China, na Palestina, na Grécia e em muitos outros países. Mas ele foi transmitido na sua forma mais pura pelo essênios, misteriosa irmandade que viveu durante os dois ou três últimos séculos antes de Cristo e no primeiro século da Era Cristã junto ao Mar Morto, na Palestina, e junto ao Lago Marótis, no Egito. Na Palestina e na Síria, os membros da irmandade eram conhecidos como Essênios e, no Egito, como Terapeutas, ou curadores. A parte esotérica do seu ensinamento pode ser encontrada na Árvore da Vida, nas Comunhões e na Paz Sétupla. O ensinamento exotérico, ou externo, aparece no “Evangelho Essênio da Paz”, no “Gênesis, uma interpretação essênia”, em “Moisés, o Profeta da Lei” e no “Sermão da Montanha”. Afirma-se que é desconhecida a origem da irmandade, e incerta a derivação do nome. Acreditam alguns que esse procede de Esnoque, ou Enoque, que seria o fundador da irmandade, tendo sido dada primeiro a ele a sua Comunhão com o mundo angélico. No entender de outros o nome provém de Israel, os eleitos do povos, aos quais Moisés revelou as Comunhões no Monte Sinai, onde lhe tinham sido demonstradas pelo mundo angélico. Seja, porém, qual for a sua origem, o certo é que os essênios viveram por muito tempo como irmandade, talvez debaixo de outros nomes em outros países. O ensinamento aparece no Zend Avesta de Zoroastro, que o traduziu num modo de vida seguido durante milhares de anos. Ele encerra os conceitos fundamentais do Bramanismo, dos Vedas e dos Upanixades; e os sistemas iogues da Índia derivaram da mesma fonte. Mais tarde, Buda tornou conhecidas essencialmente as mesmas idéias básicas e a sua sagrada árvore Bodhi se relaciona com a Árvore da Vida dos essênios. No Tibete, o ensinamento, mais uma vez, encontrou expressão na Roda da Vida tibetana. Os pitagóricos e estóicos, na Grécia antiga, também seguiam os princípios dos essênios e muita coisa do seu modo de vida. O mesmo ensinamento foi um elemento da cultura adônica dos fenícios, da Escola Alexandrina de Filosofia, no Egito, e contribuiu largamente para muitos ramos da cultura ocidental, a Franco-maçonaria, o Gnosticismo, a Cabala e o Cristianismo. Jesus interpretou-o na sua mais sublime e bela forma nas sete Bem-aventuranças do Sermão da Montanha. Os essênios viviam nas margens de lagos e rios, longe das cidades, grandes ou pequenas, e praticavam um estilo de vida comunal, partilhando igualmente de tudo. Eram sobretudo agricultores e arboricultores, donos de vasto conhecimento sobre safras, solo e condições climáticas, que lhes permitia criar uma grande variedade de frutas e vegetais em áreas relativamente desérticas e com um mínimo de trabalho. Eles não tinham criados nem escravos e, pelo que se dizia, foram o primeiro povo a condenar a escravidão, tanto em teoria quanto na prática. Não havia entre eles ricos nem pobres, visto que ambas as condições eram por eles consideradas afastamento da Lei. O sistema econômico dos essênios, estabelecido por eles mesmos, baseava-se inteiramente na Lei, além de mostrar que todos os alimentos e necessidades materiais do homem podem ser conseguidos sem lutas, por meio do conhecimento da Lei. Passavam muito tempo entregues ao estudo não só dos escritos antigos mas também dos ramos especiais do saber, como a educação, a arte de curar e a astronomia. Dizia-se que eles eram os herdeiros da astronomia caldaica e persa e da arte de curar dos egípcios. Conhecedores profundos da profecia, preparavam-se para exercê-la por meio de um jejum prolongado. E mostravam-se igualmente eficiente no uso de plantas e ervas para a cura de homens e animais. Levavam uma existência simples e regular, levantando-se todos os dias antes do nascer do sol, a fim de estudar e comungar com as forças da natureza, banhando-se em água fria como se fosse um ritual e envergando roupas brancas. Depois do labor cotidiano nos campos e vinhedos, compartiam das refeições em silêncio, precedendo-as e encerrando-as por uma oração. Inteiramente vegetarianos no comer, nunca tocavam em alimentos de carne e em líquidos fermentados. Suas noites eram devotadas ao estudo e à comunhão com as forças celestiais. O anoitecer era o princípio do dia deles e o Sábado, ou dia santo, principiava no anoitecer de sexta-feira, início da sua semana. Esse dia era consagrado ao estudo, à discussão, ao entretenimento de visitantes e à execução de certos instrumentos, réplicas dos quais foram encontradas. O modo de vida dos essênios lhes permitia viver até a idade avançada de 120 anos, ou mais, e comentava-se que eles possuíam uma força e uma resistência maravilhosas. Em todas as suas atividades expressavam um amor criativo. Eles enviavam para fora curadores e mestres, escolhidos entre os membros da irmandade, entre os quais figuraram Elias, João Batista, João, o Bem-amado, e o grande Mestre essênio, Jesus. Só se obtia a qualidade de membro da irmandade após um período probatório de um ano e após três anos de trabalho iniciatório, seguido de mais sete, em que se recebia o pleno ensinamento interior. Crônicas a respeito do modo de vida essênio chegaram até nós através de escritos dos contemporâneos. Plínio, naturalista romano, Filo, filósofo alexandrino, Josefo, historiador e soldado judeu, Solano e outros falaram deles variadamente, chamando-lhes “linhagem que se formou por si mesma, mais notável do que qualquer outra no mundo”, “os mais antigos dos iniciados, que recebem ensinamentos diretamente da Ásia Central”, “ensinamentos perpetuados durante um espaço imenso de séculos”, “santidade constante e inalterável”.
Parte dos ensinamentos externos, redigida em aramaico, conserva-se no Vaticano, em Roma. Parte, redigida em língua eslava, foi encontrada nas mãos dos Habsburgos, na Áustria, e, segundo se informa, trazida da Ásia no século XIII por padres adeptos do nestorianismo, os chamados nestórios, quando fugiam das hordas de Gêngis-Cã. Ecos da doutrina essênia subsistem hoje em dia em muitas formas, assim nos rituais dos maçons, como no castiçal de sete braços e na saudação “A paz esteja contigo”, usada desde o tempo de Moisés. Em vista da sua antigüidade, da sua persistência através dos séculos, é evidente que o ensinamento não poderia ter sido concebido por uma única pessoa nem por um único povo, mas é a interpretação, levada a cabo por uma sucessão de grandes mestres, da Lei do universo, a Lei básica, eterna e imutável como as estrelas em seus cursos, a mesma agora que há dois ou dez mil anos, e tão aplicável hoje quanto então. O ensinamento explica a Lei, mostra que os afastamentos dela por parte do homem são a causa de todas as dificuldades deste último e ensinam o método pelo qual ele se encontra a saída desse seu dilema.
"Fizeste conhecidas de mim Tuas coisas misteriosas e profundas Todas as coisas existem feitas por Ti E não há ninguém que ombreie contigo Por meio da Tua Lei Dirigiste o meucoração A fim de eu dar meus passos diretamente para a frente Em sendas direitas E caminhas onde está a Tua presença"
Extraído do Livro dos Hinos VII dos Manuscritos do Mar Morto
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