Perdão: uma reflexão sobre Yom Kipúr por Paulo Rosenbaum

Perdão não faz sentido.

Por que perdoaríamos os desafetos, os inimigos, os injustos e os caluniadores? Os políticos e os agressores? Os egoístas e os censores? Os críticos e os traidores?

Mesmo assim este é o dia. Esse é o dia para fazer isso.

Não se trata de uma superestimulação intelectual, nem de uma adesão acritica ao dogma religioso. Perdão faz parte de uma longa viagem que termina nesta janela aberta.

Atravessemo-la ou recusemo-la. Não importa sua decisão, ela continua real e se recusa a desaparecer.

A janela do perdão fica sobre um espelho muito maior. O tal quadro que nos viabiliza como sujeitos.

Perdoar não é um aceno à ingenuidade mas um passo forçado para a integração. A maturidade real e não aquela que se exige de adultos, que disfarçam as neuroses com a seriedade. Despistamos as angustias com trabalho e carreiras.

Perdoar é dar passo em falso. É cair no terreno das coisas não respondidas e das correspondencias extraviadas.

Perdoar é como brincar sem (nenhuma) razão.

Perdoe e pronto. O sentido, pode, talvez, ser redescoberto depois ou nunca.

Faça-o ou não, mas tente esquecer que a vida adulta nos traz responsabilidades e crescimento como torturas necessárias.

Desculpem-se

Dobrem-se ao postulado infantil, desçam ao transbordante poço das incoerencias que está para bem além de perdoar: a vontade e a necessidade de ser perdoado.

– Mas e se não fiz nada para ter que ser perdoado?

– Desculpe, melhor ainda, non sense é o que vale.

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