A parashá Terumá inicia uma série de quatro das cinco porções que discutem em detalhes a construção do Mishcan, o Tabernáculo móvel que servia de "local de repouso" para a presença de D'us entre o povo judeu.
A porção completa da semana relata a descrição de D'us a Moshê sobre como construir o Mishcan, começando com uma lista dos vários materiais preciosos a serem coletados pelo povo judeu para este projeto monumental.
D'us descreve a magnífica Arca de madeira e ouro que abrigaria as tábuas com os Dez Mandamentos, completa com sua cobertura deslumbrante representando dois querubins (anjos com rosto de crianças) um de frente para o outro. Em seguida, D'us entrega a Moshê as plantas do Shulchan (mesa sagrada) sobre a qual os Lechem Hapanim (Pães da Proposição) serão colocados a cada semana.
Seguindo-se à descrição da Menorá de ouro puro que deveria ser feita de um único pedaço grande de ouro, D'us descreve a estrutura do próprio Mishcan, detalhando a cobertura esplendidamente tecida e bordada, as cortinas, as divisões e as paredes externas móveis. A Porção da Torá conclui com as instruções para o altar de cobre e o grande pátio externo do Mishcan.
Mensagem da Parashá
A Porção da Torá desta semana nos introduz ao sagrado Mishcan. A maior parte desta Porção contém descrições detalhadas dos muitos utensílios usados. Dessa maneira, D'us dedica vários versículos a cada componente, descrevendo suas medidas exatas e o aspecto, para que Moshê entendesse exatamente como construir cada utensílio. Tal Porção da Torá, que parece conter apenas uma lista dos diversos objetos, poderia ter uma aparência um tanto monótona. Entretanto, logo no início nos defrontamos com uma estranha discrepância.
No início da explicação da Arca Sagrada, D'us ordena a Moshê: "Eles construirão a Arca" (Shemot 25:10), usando a forma plural, como se falando a um grupo de pessoas que participarão na construção das várias partes do Mishcan. Certamente poder-se-ia esperar que a descrição de cada um dos numerosos itens seguisse uma estrutura gramatical semelhante. Entretanto, este não é o caso. Na verdade, a Arca é a única vez onde encontramos o uso da forma plural; todos os outros itens da descrição são precedidos pela ordem no singular "Tu construirás," parecendo indicar que uma única pessoa estaria envolvida na edificação do Mishcan. Como resolver esta contradição? Quem era de fato responsável pela sua real construção?
Antes que tentemos resolver nosso problema, primeiro devemos preceder nossas observações com um importante princípio. Os comentaristas explicam que os muitos utensílios e as vestimentas dos Cohanim do Mishcan não eram escolhidos ao acaso. Ao contrário, cada um dos vários componentes representava uma faceta do Judaísmo e do povo judeu. Dessa maneira, cada utensílio e sua descrição continham numerosas mensagens e temas subjacentes para a nação judaica. A Arca Sagrada, explicaram os comentaristas mais tarde, corresponde à Torá e seu estudo; isso não é surpresa, pois a Arca continha o verdadeiro Rolo da Torá e as Tábuas dos Dez Mandamentos entregues diretamente a Moshê por D'us. Portanto, a descrição da Arca deveria nos fornecer alguma percepção sobre a natureza da Torá e seu estudo.
Neste estilo, o Ramban procura esclarecer a discrepância gramatical acima apresentada. A respeito de qualquer projeto ou empreendimento meritórios assumidos em nome do Judaísmo, a pessoa pode-se considerar um parceiro simplesmente por contribuir com dinheiro e outros recursos para ajudar outras pessoas a completarem o projeto. Por este motivo, a respeito de todos os outros utensílios do Mishcan, a Torá dirige sua ordem somente a Moshê, pois o povo judeu já fizera sua parte ao contribuir com a matéria prima para o fundo de construção. Agora Moshê deve continuar o trabalho realmente construindo os utensílios.
Entretanto, este não é o caso quando se trata do estudo de Torá. Portanto, a ordem de construir a Arca, que como já foi mencionado antes representa a Torá e seu estudo, é dirigida não apenas a Moshê, mas a todo o povo judeu. D'us deseja indicar que embora o povo tenha contribuído com prata e ouro, deve apesar disso participar da real construção da Arca Sagrada - e, por extensão, do estudo de Torá.
É claro que quem doou os recursos pelo mérito do estudo da Torá deve ser grandemente louvado e parabenizado. Entretanto, ao mesmo tempo, deve entender que não pode simplesmente sentar-se de lado e permitir que outros sozinhos estudem a Torá. Todos devemos participar neste empreendimento. Também não devemos pensar que a Torá é um livro fechado, reservado para eruditos e mentes brilhantes. A Torá pode ser estudada em muitos níveis diferentes e de vários ângulos, de forma que cada indivíduo pode abordá-la segundo seu próprio nível. Do amador ao grande erudito, a pessoa só tem a ganhar estudando-a.
A Torá é eterna e lá está para que a estudemos a qualquer tempo - e agora é o tempo de abri-la e vermos os tesouros que contém.
Fonte: Chabad.org.br
Obs.: O Mishcan - Tabernáculo foi autorizado por Hashem para ser construído com o intuito da manifestação da Presença Divina no Deserto do Sinai, enquanto o povo estava decidido em fazer e ouvir. A Presença Divina era o presente por ter o povo recebido a Torá. Por que que a Presença Divina afastou-se do nosso povo Israel? Porque o povo parou de fazer e ouvir, invertendo a ordem da prática. O nosso povo passou a ouvir para depois fazer. E com isso começou a ouvir muitas coisas ao redor e, permitir a entrada da idolatria. Por que ouvindo primeiro, ouve-se o que todo mundo fala. E cada um fala conforme o que ouve. E o que ouve é distorcido do original. E aí começa a haver muitas interpretações, até o ponto de achar que D'us deve ter o representante que possamos dirigir-se como intermediário. Como o Eterno é UM e não pode ser comparado a outro, a Presença Divina se afasta.
Hoje, devemos nos conscientizar que há muitos "deuses", muitos intermediários, colocando-se como barreiras entre Hashem e o Seu povo. Na verdade a Presença Divina está em todo lugar; como o sol que não oculta sua luz, apenas é envolvido por uma camada espessa de nuvens, ou, uma cortina ofuscando sua manifestação. Essa camada espessa, nada mais é que, a idolatria feita pelos homens, formando uma barreira impedindo a manifestação da Luz Divina. Retiremos a idolatria, essa poluição ofuscante que impede de Hashem manifestar-se por inteiro.
Por que que, o Tabernáculo era móvel? Por que o povo estava à caminho da terra prometida. Quando chegasse na terra da promessa, a Presença Divina iria "descansar" entre o nosso povo.
Por que que, o Israel de hoje não tem a Presença Divina em seu território por inteiro? E sim, como o sol entre espessa nuvens? Por causa da idolatria em seu território. Israel, por circunstâncias, escolheu um modelo político, que abriga muitas religiões politeístas, e isso impede a Presença Divina manifestar-se. É preciso uma conscientização da população de que só haverá PAZ em Israel e entre os outros povos, quando Hashem for o centro do monoteísmo em Israel e no mundo. Por que Hashem é Shalom. Filosofias humanas, diálogos humanos, alianças humanas, bandeiras humanas; não serão capazes de trazer a tão sonhada PAZ, sem a plenitude da Presença Divina. Não adianta querermos darmos uma "festa" num ambiente sujo e bagunçado. Temos que "limpar" o ambiente. Com guerras? Com espadas? Com facas? Com bombas? Não. Mil vezes não. Mas, com a conscientização e o clamor pela PAZ. Pela conscientização de que só existe um Único D'us. E que tal qual fez-se Presente no Deserto do Sinai ao nosso povo, fará também em nossos dias, quando mudarmos o discurso e nossas atitudes para com a limpeza da nossa casa. E ái sim, receberemos a Ilustre visita que ficará conosco para sempre.
Qual então deve ser a nossa oferta? Nossa Terumá? A oferta de limpeza, a oferta de atitudes. Um dona de casa diz: Tenho que limpar essa casa. Por onde começar? Deve-se começar pela "vassoura", não? Se não tivermos a atitude de movimentar a "vassoura", a limpeza nunca começará.
Deve ser com inteligência, dedicação e vontade de tornar a casa limpa. Como se fosse a entrada do Shabat. O mundo deve tornar-se um Shabat. Começando por ISRAEL.
"Também não devemos pensar que a Torá é um livro fechado, reservado para eruditos e mentes brilhantes. A Torá pode ser estudada em muitos níveis diferentes e de vários ângulos, de forma que cada indivíduo pode abordá-la segundo seu próprio nível. Do amador ao grande erudito, a pessoa só tem a ganhar estudando-a." (Grifos meus).
A Torá deve ser lida e estudada na sua inteireza e plenitude sem os acréscimos e envólucros que se percebe nos meios messiânicos. Quando se usa a Torá para justificar outros fins. A Torá diz: "Não farás outros deuses diante de mim". E certos grupos estão dedicando sua Terumá a um "deus" que não é o D'us de Israel. Então, essa Terumá é vã. A Presença Divina não se manifesta. Você acha que se as religiões fossem a "ponte" que ligasse a Hashem, o mundo estaria do jeito que está? Por que o mundo não tem PAZ? Por que não encontram a PAZ? Por causa da mistura. Mistura de gente, mistura de coisas, mistura de "deuses", mistura de religiões. Quem não sabe onde vai; não vai a lugar nenhum. O modelo para chegar até aos céus ou, para ligar a terra ao céu, não é uma TORRE, e sim, uma escada. Que escada? A escada do crescimento, do conhecimento, onde "anjos" descem e sobem, levando a verdadeira Terumá de Jacó. Ou seja, uma devoção sincera e a crença num Único D'us verdadeiro que pode nos trazer não só Sua presença como também Sua PAZ. Aliás, a presença de Hashem já nos trás a PAZ.
Shabat Shalom.
Akiva bem Avraham.
Respostas