A Parashat Vaychi, a Porção final do primeiro livro da Torá, descreve as últimas ações de Yaacov antes de sua morte no Egito. Ele faz Yossef jurar que o enterrará na Terra de Israel. Yaacov então dá aos dois filhos de Yossef, Menashe e Ephraim, uma bênção especial que lhes confere o elevado status de serem duas tribos separadas dentre os filhos de Israel.
Apesar do protesto de Yossef, Yaacov insiste em conceder a Ephraim, o mais jovem, o direito de primazia de ficar à direita durante a bênção, declarando que Ephraim seria mais notável. Yaacov então dá a cada um de seus outros filhos uma bênção individual, apropriada a seus particulares traços de caráter e suas missões. Yaacov morre com a idade de 147 anos, e é levado pelos filhos, acompanhado por um grande séquito da realeza egípcia à Terra de Israel, onde é enterrado em M'arat HaMachpelá, onde já se encontram sua esposa Lea, seus pais Yitschac e Rivca, e os avós Avraham e Sara.
Ao retornarem ao Egito, os irmãos de Yossef temem que ele finalmente buscará vingança, agora que o pai está morto. Yossef lhes assegura que não nutre sentimentos de vingança, declarando que o fato de ter sido vendido como escravo foi parte do plano Divino. A porção conclui com a morte de Yossef, e o povo judeu promete carregar seus ossos com eles para Israel, quando serão finalmente redimidos.
Mensagem da Parashá.
O rei leão
Rabi Chaim Goldberger
Quando Yaacov abençoa cada um de seus filhos na Porção da Torá desta semana, refere-se a Yehudá como um leão. Por que um leão?
Podemos assumir que assim como um leão é o rei dos animais, assim também Yehudá é o rei do povo judeu. Na verdade, o rei David descendia da tribo de Yehudá, assim como Mashiach, que também será rei do povo.
Porém, este é o único significado da metáfora do leão? Nem todos os reis são chamados de leões. Na verdade, Reuven, o irmão mais velho, deveria ter sido rei, até que perdeu o privilégio após um mau julgamento na Parashat Vayishlach. Sua realeza foi descrita com o termo no qual
Pirkê Avot (Ética dos Pais) descreve ser a qualidade do leopardo, não do leão. Então de que maneira Yehudá é como um leão?
Meu mentor, Rabi Yochanan Zweig, gosta de explicar esse ponto referindo-se a uma passagem no Talmud ao final do Tratado Kidushin. Rabi Shimon ben Eleazar disse: "Por toda minha vida, jamais havia visto um cervo trabalhando como fazendeiro, nem uma raposa como comerciante ou um leão trabalhando como porteiro, mesmo assim ganham a vida sem dificuldades, e foram criados apenas para me servir! Eu (homem), que fui criado para servir ao Todo Poderoso, deveria ganhar minha vida com menos dor, exceto pelo fato de que me comprometi ao pecar (i.e., Adam, pecando no Jardim do Éden, tornou o ganho do sustento uma questão de batalhas e labutas)."
Das três ocupações que aparecem nesta passagem, todas menos uma parecem fazer sentido. O trabalho de comerciante aparentemente precisaria de cérebro, o de porteiro precisaria de força muscular e o de fazendeiro, de uma combinação dos dois. Então, se a raposa tiver um emprego, sugere o Talmud, seria o de cuidar de uma loja, pois a raposa é conhecida por sua astúcia. E se o cervo tivesse de trabalhar, faria sentido que fosse um fazendeiro, pois o cervo tem força corporal para trabalhar os campos, e o intelecto para gerir eficazmente sua propriedade. Mas por que o leão seria o porteiro? O urrante e majestoso rei dos animais deveria ser relegado a um simples trabalhador, arrebentando as costas de trabalhar, se tivesse de labutar para ganhar a vida? Como podemos entender isso?
Rabi Zweig enfatiza que o leão não seria um porteiro para os outros animais – permaneceria como rei deles. Ao contrário, seria um porteiro para o homem. O que há de tão nobre em ser um "serviçal" para o homem? Porque o serviço de um porteiro é ser de total e absoluta servidão para seu cliente. As vendas do comerciante e as estruturas de preço do fazendeiro no atacado servem tanto a ele como trazem benefícios para o consumidor. Seu trabalho é simplesmente agradar o freguês.
O rei dos animais é aquele que percebe que sua função mais nobre e notável é permitir-se ser completamente usado pelo homem, seu superior. Este é Yehudá, o homem que seria rei, é aquele que admite sua absoluta inferioridade perante o Rei de todos os reis, e desta maneira sua realeza seria de governo poderoso e forte do povo, e ao mesmo tempo de serviço humilde e devotado ao Todo Poderoso.
Este foi o Rei David, um soberano poderoso e forte, mas também um homem humilde, servo devoto e doce cantor para D'us. Esta será também a qualidade de Mashiach (Messias): tanto um rei majestoso acima do homem, quanto um humilde servo do Criador.
Mau Hábito
Benyamin Cohen
Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária,
mas uma chance de comunicação com o Divino.
O ser humano muitas vezes enxerga a vida através dos olhos do hábito. Muitas de nossas transgressões não brotam de um desejo consciente de errar, mas sim de uma falta de apreciação interna por uma ação em particular.
Rabi Chaim Shmulevitz descreve esta monotonia espiritual como "tardeimat hahergel". Esta inabilidade no homem de mudar sua perspectiva pode ter trágicas conseqüências, como fica evidente no Midrash da porção desta semana da Torá, que descreve com detalhes a história do funeral de Yaacov.
Chegando ao M'arat Hamachpelah, Esaú abordou os filhos de Yaacov e reivindicou o direito ao túmulo que estava sendo usado para Yaacov. Seguiu-se uma discussão e os irmãos enviaram Naphtali, que era famoso por sua fala, correr ao Egito para conseguir os documentos apropriados. Durante a confusão, Chushim, o filho surdo de Dan, exclamou: "Ficaremos aqui esperando até Naphtali voltar, enquanto meu avô jaz num estado de desgraça?" Imediatamente, Chushim tomou da espada e cortou fora a cabeça de Esaú.
Rabi Shmulewitz considera por que os outros descendentes de Yaacov, seus próprios filhos, não se sentiram tão incomodados pelos acontecimentos como Chushim. Ele explica que os filhos de Yaacov ficaram tão hipnotizados pela discussão com Esaú que no ínterim acabaram se esquecendo da desgraça que eram os restos mortais insepultos de Yaacov. Os filhos de Yaacov foram importunados com tédio espiritual, "tardeimat hahergel", que os deixou insensíveis aos assuntos mais urgentes que estavam bem à vista – o funeral do pai. Apenas Chushim, cuja incapacidade de ouvir o impedia de participar ativamente na discussão, pôde conservar a clareza de mente e uma renovada perspectiva que precipitou sua reação.
A habilidade de mudar nossa perspectiva pode remediar muito de nossa indisposição. O jugo das mitsvot pode ser visto como um fardo, uma carga de pedras a ser arrastada durante a vida, ou uma bolsa de diamantes, que quando carregada até seu destino trará enorme recompensa. Um bem conhecido motivacionista contemporâneo comenta que um despertador é, na verdade, um relógio de oportunidades, alertando-nos a respeito das muitas horas potencialmente construtivas do dia. Da mesma forma, rezar para D’us não é uma tarefa diária, mas uma chance de comunicação com o Divino.
Fonte: Chabad.
Obs.: O que mais me chamou atenção nessa Parashá, foi o fato do enterro do nosso pai Yaakov. Ora, Esaú já sabia que não tinha direito na gruta. Por que atreveu-se a impedir o enterro do pai? Não podia agora mostrar honra para com o seu pai? E aí ficou aquela discussão. E ficaram todos envolvidos e, hipnotizados, como diz a Parashá, que esqueceram do corpo do pai. Mas, Chushim que era surdo, vui apenas Naftalí saindo e deduziu ter ido buscar os comprovantes de compra da gruta que ficaram no Egito. Então indignou-se com aquela discussão e com o fato de o pai está ali à espera de seu "descanso" no lugar apropriado. Então Chushim tomou a decisão instantânea de acabar com aquela situação, tirando do caminho o opositor. Aconteceu um episódio desse também no deserto, quando o povo se misturou com os midianitas e desceu uma praga no acampamento. E um surdo, deu fim a praga com um gesto repentino de indignação com o que estava acontecendo.
As vezes o falatório, é uma distração para nos fazer pecar. Nos fazer errar. Isso acontece muito no nosso trabalho e as vezes nas nossas reuniões de assembleias. Discutimos coisas sem "pé e sem cabeça". Vagamos pela imensidão do mar, pelo espaço sideral, à procura de coisas ou respostas que estão bem debaixo do nosso nariz, ou seja, coisas simples, de se resolver. Muita vezes representada pelo sussurro de uma briza, ou mesmo da voz total do silêncio. Então, nada melhor nessa hora, que ser surdo. O falatório confunde o raciocínio. Por que são muitas informações para o cérebro processar em milésimos de segundos. Ao passo que, o surdo não responde a palavras, mas, ao raciocínio da situação. E por isso, tem mais clareza para decidir. As vezes ser surdo ou fazer-se de surdo, é um dom. Por que, pode salvar muitas vidas e muitas situações.
Que Hashem nos dê o controle, o domínio, sobre nossos pensamentos, sobre nossa fala e sobre nossos olhos, para não ficarmos hipnotizados com os falatórios e discussões tolas e possamos ser surdos ou fazermos de surdos para decidir sobre questões inusitadas, para o bem da paz, da harmonia e do bom viver.
Shabat Shalom.
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