OS MESTRES E OS PAIS
Quantas vezes durante a correria do dia-a-dia percebemos quanto do nosso tempo, cada vez mais escasso, dedicamos a nós mesmos, às nossas necessidades, a nossa família e aos nossos filhos.
Muitas vezes me sinto uma loja de conveniências, aberta 24 horas por dia, sempre a disposição para resolver qualquer situação ou demandas de última hora. Trabalhamos cada vez mais para proporcionar aos nossos filhos tudo o que há de melhor...
Mas o que é o melhor?
Fico muitas vezes me questionando, e acredito que vocês também o fazem, como podemos dedicar mais tempo e obter mais qualidade no relacionamento junto com as pessoas que mais amamos como programar na prática diária a educação judaica na rotina de nossos filhos; como podemos interagir de forma consistente e coerente dentro da concepção da necessidade de estabelecer vínculos em bases sólidas, sendo uma referência que ajude na elaboração personalidade e da identidade judaica de cada uma de nossas crianças, pré-adolescentes e jovens; como lhes oferecer experiências positivas, favorecer um ambiente de aprendizado contínuo, ensinar e aprender com eles todos os dias...
Quem é Mestre, no judaísmo? De acordo com a Halachá, em Pirkei Avot, é todo aquele que consegue estabelecer um vínculo com outro indivíduo, incluindo nesta inter-relação afetividade, empatia, compreensão, respeito às diferenças, equilíbrio, flexibilidade, consciência, criatividade; Ensina e aprende com o outro, se responsabiliza...
É importante destacar que nesse processo educacional nós, enquanto pais, educadores e mestres, também continuamos aprendendo, interagindo, correndo riscos, doando, e nos aperfeiçoando com humildade.
Somos nós, os pais, querendo ou não, os responsáveis pela primeira socialização de nossos filhos, o parâmetro e a referência deles, durante toda a nossa existência.
Como mãe e educadora, sempre desconfio daquele indivíduo que afirma que sabe, pode e se apodera de tudo e daquele que tudo vê, mas que não toma nenhuma atitude...
Todos nós, enquanto pais, podemos ser mestres, se proporcionarmos ao “educando’’, possibilidades de desenvolver as múltiplas habilidades e potencialidades através da liberdade de ação e pensamento, articulando a análise e crítica nas mais variadas situações, visando a autonomia através do processo de ensino-aprendizado fundamentado na interação, na motivação pela descoberta pelo novo, favorecendo o crescimento individual e grupal, definido padrões éticos, morais e religiosos como conduta à ser adotada e vivida no cotidiano.
Ser judeu hoje em dia é difícil?
Estamos sendo bons seres humanos?Somos bons pais?
Que compromisso eu tenho com os outros a minha volta?
Que responsabilidade sócio-cultural e religiosa eu tenho na formação e na identidade dos meus filhos, já que também educamos pelo exemplo?
Educar muitas vezes dói, é uma tarefa árdua transmitir valores, hábitos, atitudes, padrões de referencia comportamental e ético num mundo em que temos que viver na contra mão do descaso e do abandono.
Como sempre digo os filhos não vem com bula e cada um deles, apesar de termos uma mesma conduta educacional dentro do âmbito familiar, absorve e adapta as informações à sua realidade particular. Não existe receita mágica, nem um ideal educativo, existem sim os parâmetros que a família define e implementa como suporte educacional e de formação para a sua prole, que passam a ser a marca registrada do clã...
....E se tudo o que somos depende de mudanças ,o que estamos esperando?
Betty Dabkiewicz – Julho 2009
Pedagoga Especialista em desenvolvimento de lideranças em Educação Corporativa, Coach de vida, de equipes e executivo, Tutora de processos de preparação para Bar/Bat-mitzvá e de conversão de jovens e adultos na CJB/ RJ.
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