Perdão, um recomeço humanista? - Paulo Blank

Sem ser coisa piegas o perdão faz parte de um projeto de uma humanidade responsável. A coisa piegas é a religião dos sentimentos frívolos que resumem o judaísmo a uma coisa vaga sobre a qual todos opinam como se fosse um boato que corre o mundo. Judaísmo Humanista é palavra que exclui, limita e também diluí. Dilui porque todos podem opinar e dizer que isto ou aquilo é ou não é humanista. Fica fácil. Exclui porque supõe que existe judaísmo não humanista. Humanismo Judaico pede estudo, mergulho, reflexão, ignorância e vontade de conhecer este projeto humano. Existem outros projetos do humano que não são judaicos. Por isto a declaração universal dos direitos do homem bate de frente com culturas locais que não querem aderir e também sentem que estão certas. Aqueles que incendiaram uma mesquita em Israel são diferentes dos fundamentalistas muçulmanos ou cristãos. Será que eles se sentem não humanistas? O que procuram tantos que aderiram ao site? Conversão judaico humanista que os receba ou humanismo judaico que precisam conhecer para resolver se querem aderir? Aderir e não converter. Ninguém se converte, não somos porções químicas. Muitas vezes percebo pessoas que pensam o judaísmo com referências não judaicas. Compreensível. Alterar a própria cognição requer um esforço que equivale a mudar a ótica do mundo. Diferente de salvar a alma. Judaísmo não é salvacionista, redentor ou coisa que o valha. Nada mais não judaico do que a pressa messiânica que impulsiona tradições que oferecem a salvação da alma. Judaísmo se preocupa com transformações em homens voltados para o mundo. Esta era a conversão a uma prática ao pé da letra. O outro mundo é sempre o outro. Um Olam Há Bá. Um mundo vindouro fora do meu mundo. Este é o outro mundo que o judaísmo sempre pensou. Para ser parte de Israel não basta ser judeu legitimado por algum rabino. Os judeus que queimam uma mesquita são parte de Israel? Lévinas nos ensina que Israel é um conceito que abarca e inclui todos aqueles que se pautam por um humanismo judaico. O que não quer dizer que judaísmo seja uma forma de sentir. Seria um judaísmo para tolos. O perdão é parte de um projeto humanista judaico de responsabilidade por si e pelo outro. Por isto o Talmud ensina que os erros cometidos contra o próximo, deus se existir não perdoa no iom kipur. Só o próximo a quem me dirijo pode fazer este milagre de me libertar de minhas culpas. Deus se existir está fora. Um ensinamento talmúdico transmite que anjos servidores de deus se existir foram e lhe perguntaram: Quando é Rosh Hashaná? “Perguntem aos seres humanos, foi a resposta de deus se existir que ainda completou: O que for lei para Israel é mandamento para Elohim” Deus em seu esplendor silencioso deixa ao humano o destino de marcar o seu tempo sem interferências. Silencioso, obedece ao humano. Um Kipur sem interferências transcendentais é o mesmo que remoçar o tempo encarando as rugas acumuladas de erros e desacertos sem fazer plástica. É recomeçar sem apagar o tempo que houve. É esforço de renunciar ao orgulho de se querer justo e bater cabeça para o meu próximo que me transcende e dizer: des-culpapara que eu possa começar um novo tempo sem estar preso a você dentro de mim. Que seja bom e justo o livro de vida que cada um venha a escrever. Shaná Tová para todos Paulo Blank.

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