A polícia francesa parece já saber quem é o assassino que matou três crianças judias numa escola de Toulouse. Segundo as informações divulgadas, trata-se de um cidadão francês de origem argelina, que se diz integrante da Al Qaeda e que teria cometido o crime para “vingar” crianças palestinas mortas por Israel. Só na cabeça de dementes pode haver equivalência moral entre a morte de crianças palestinas em meio a combates em Gaza e a morte de crianças judias que estão indo para a escola na França, muito longe de qualquer front.
Mas a questão vai além da simples demência. Se todas as informações se confirmarem, pode-se dizer que esse homem não agiu movido exclusivamente por sua suposta loucura. Ele agiu animado pela certeza moral que embebe o discurso dos radicais árabes e islâmicos segundo o qual tudo é permitido, até matar crianças a sangue frio, quando se trata de enfrentar o “Mal” – encarnado no Ocidente e em uma de suas expressões mais significativas, que é Israel.
Segundo testemunhas, uma das meninas mortas pelo assassino de Toulouse tentou correr para se salvar, mas ele a agarrou pelos cabelos e atirou em sua cabeça. Essa menina, de apenas oito anos, foi despida de sua qualidade humana; tornou-se uma espécie de alvo inanimado, um objeto que traduzia todo o ódio do assassino pelo que o Ocidente representa – o Iluminismo, a modernidade, o capitalismo, o ceticismo, o questionamento dos dogmas religiosos, a irreverência, ou seja, tudo o que desafia o mundo ideal romântico dos que rejeitam como “demoníacos” a democracia e o progresso.
Quando qualquer criança, em qualquer parte do mundo, pode ser assassinada apenas por que é judia, o problema não diz respeito apenas aos judeus, mas a toda a humanidade.
http://blogs.estadao.com.br/marcos-guterman/as-criancas-palestinas-estao-vingadas/

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