Centenas de manifestantes israelenses depredaram lojas e veículos em Tel Aviv e atacaram imigrantes africanos originários do Sudão e da Eritreia após um comício contra a presença desses imigrantes na cidade.

O comício, organizado por moradores de Tel Aviv contrários à presença dos africanos, contou com a participação de deputados do partido governista Likud, e de outros partido da aliança de governo.

Durante o evento, a deputada do Likud, Miri Regev, chamou os imigrantes africanos de "câncer em nosso corpo" e outros oradores exigiram a "expulsão imediata dos sudaneses".

Os discursos inflamaram a multidão e ao final da manifestação ocorreram ataques a locais identificados com os imigrantes, como uma mercearia que vende produtos da Eritreia.

A policia tentou conter a violência e 12 pessoas foram presas.

Sigal Rozen, diretora do ONG Moked, que defende os direitos humanos dos imigrantes africanos, atribui a responsabilidade pela violência ao governo de Israel.

"Os líderes do governo, que chamam os refugiados de 'infiltradores de trabalho' e incitam os moradores contra eles, são os responsáveis pela violência", disse Rozen à BBC Brasil.

De acordo com as estimativas da prefeitura de Tel Aviv cerca de 10% dos habitantes da cidade são imigrantes ilegais da Eritreia e do Sudão.

Durante os últimos 5 anos, cerca de 60 mil imigrantes africanos entraram no território israelense pela fronteira com o Egito, cruzando o deserto do Sinai. Atualmente, 40 mil deles moram no sul de Tel Aviv, nos bairros mais pobres da cidade.

Sem assistência do Estado, muitos deles dormem em parques ou alugam quartos, sobrecarregando a já precária infraestrutura da região, às vezes com 20 pessoas por quarto.

De acordo com Rozen, o governo "se esquiva" de verificar a situação dos africanos, "para não ser obrigado a conceder-lhes o status e os direitos de refugiados".

O ministro do Interior, Eli Ishai, chamou os imigrantes africanos de "criminosos" e disse que "todos devem ser presos e expulsos".

O primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que a "inundação" do país pelos imigrantes africanos representa uma "ameaça à segurança e ao caráter judaico e democrático de Israel".

Israel é signatário da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados e, segundo as leis internacionais, está impedido de repatriar os imigrantes vindos da Eritreia e do Sudão, pois estes correriam risco de vida ao regressar a seus países.

De acordo com o ministério do Interior, apenas 157 imigrantes são reconhecidos como refugiados.

Até o momento, as autoridades não realizaram uma triagem entre os imigrantes para verificar a situação deles e determinar se têm ou não o direito de receber status de refugiados.

O imigrante da Eritréia, Gabriel Tekle, que já se encontra em Israel há 5 anos, disse à BBC Brasil que "até agora nenhum representante do governo israelense falou comigo. Se ouvissem a minha história saberiam que mereço receber o status de refugiado".

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