Dois grupos de extrema direita de Israel confirmaram o lançamento de uma polêmica campanha política contra a desocupação dos assentamentos em território palestinos, as quais focam os "castigos divinos", um termo que foi usado para retratar a doença do ex-primeiro-ministro Ariel Sharon.
O lançamento desta radical campanha também coincide com o sexto aniversário, segundo o calendário hebreu, do derrame cerebral que Sharon sofreu no final de 2005, informa nesta quinta-feira o jornal "Ha''aretz".
De acordo com os organizadores - o movimento Eretz Israel Shelanu (A Terra de Israel é Nossa) e o Fórum para a Salvação do Povo Judeu -, Sharon teria sido castigado por deus por conta da retirada de colonos da faixa de Gaza, assim como outras autoridades israelenses.
Pôsteres em sinagogas e centros comunitários, anúncios nos meios de comunicação e outras plataformas digitais servirão para divulgar a "advertência divina" de ambos grupos, que também exaltam um discurso do rabino Ovadia Yosef.
"Deus castigará para que não levantem nunca mais, e aqueles que obedecerem suas ordens também serão castigados", afirmou o líder espiritual, mentor do partido ultra-ortodoxo Shas, durante o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Segundo Shai Gefen, diretor da campanha, a ideia não é desenvolver uma propaganda contra Sharon, mas para que os atuais dirigentes políticos possam "aprender essa lição".
"Desejamos que todos tenham uma boa saúde, mas é nossa obrigação advertir que aqueles que causam dano à Terra de Israel serão castigados", acrescentou.
O ativista lembra que além de Sharon e Jalutz, "todos os líderes que participaram da desocupação (de Gaza) sofreram a maldição da retirada", entre eles vários ministros, o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert (ainda acusado de corrupção) e o ex-presidente Moshé Katsav (em prisão por violação e abuso sexual).
A retirada ou "Plano de Desligamento", que desocupou mais de 8 mil colonos da Faixa de Gaza, aconteceu no verão de 2005, isso depois de mais de 30 anos de ocupação. Com essa retirada, o partido governante que Sharon dirigia se fragmentou em duas formações, o Likud e o Kadima.
Com esta campanha radical, os organizadores esperam advertir os atuais dirigentes políticos de Israel dos perigos que podem ocorrer após a desocupação dos assentamentos judaicos, que, segundo os organizadores da campanha, entregam partes da terra bíblica dos israelitas aos palestinos.
Mais de 180 colônias judaicas estão fixadas na Cisjordânia, sendo que algumas são de pequeno porte e deverão ser desocupadas por terem sido construídas pelos colonos sem a autorização do Governo israelense.
O rabino Shalom Dov Wolpo, chefe do movimento Eretz Yisrael Shelanu, comentou que "a campanha é uma advertência para que os políticos e o primeiro-ministro não faça como Sharon, já que estes vão pagar um preço muito alto".
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