A crescente tensão entre Irã e Israel vem alimentando discussões na imprensa israelense sobre um possível ataque ao país vizinho. Para alguns analistas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Ehud Barak, já decidiram bombardear as instalações nucleares iranianas, a fim de impedir que o país persa produza bombas atômicas. Outros consideram que trata-se de um blefe, cujo objetivo seria pressionar a comunidade internacional a endurecer as sanções econômicas impostas ao Irã.
Segundo o editor-chefe do jornal Haaretz, Aluf Benn, "Netanyahu está preparando a opinião publica para a guerra com o Irã". Em um artigo no Haaretz, Benn afirma que o primeiro ministro visa convencer o público de que o Irã representa uma ameaça à própria existência de Israel e que a única maneira eficaz de impedir um "segundo Holocausto" seria um ataque israelense contra a infraestrutura nuclear iraniana.
Diante da oposição explicita do governo americano a um ataque israelense contra o Irã, o analista militar Reuven Pedhatzur afirma que "existem 115 bilhões de razões para não atacar", em referencia aos US$ 115 bilhões que Israel recebeu dos Estados Unidos ao longo dos anos. "Israel depende tanto dos Estados Unidos que qualquer decisão de atacar (o Irã), que possa ameaçar a continuação do apoio americano, significaria uma irresponsabilidade gritante", afirma Pedhatzur.
Já o premiê israelense, em discurso perante o Parlamento, mencionou precedentes nos quais Israel não consultou os Estados Unidos antes de realizar operações militares, entre eles o ataque à instalação nuclear do Iraque em 1981, ordenado pelo ex-primeiro ministro Menahem Begin. O discurso foi interpretado como um sinal de que Netanyahu estaria disposto a atacar o Irã sem coordenar a ação com seu principal aliado. Ronen Bergman, analista militar do jornal Yediot Ahronot, adverte que um ataque ao Irã pode ocorrer nos próximos meses. "Ehud Barak ordenou extensos preparativos militares para um ataque ao Irã, que tornaram-se mais frequentes nos últimos meses", afirma Bergman.
O analista se baseia nos pronunciamentos do ministro da Defesa sobre a ossibilidade de que o Irã construa uma "zona de imunidade" para suas instalações nucleares. De acordo com Barak, dentro de alguns meses o Irã irá transferir as principais instalações nucleares para locais subterrâneos que poderão ser "imunes" a bombardeios aéreos. Segundo esse raciocínio, para impedir a continuação do projeto nuclear iraniano, um ataque teria que ser realizado em breve.
Em uma entrevista coletiva na última quarta-feira, Barak afirmou que Israel está disposto a esperar os resultados das negociações das grandes potências com o Irã "antes de decidir agir" e acrescentou que "não se trata de semanas nem de meses". O ministro da Defesa se referiu à reunião prevista para 13 de abril, na Turquia, na qual representantes das grandes potências deverão discutir a questão nuclear com emissários iranianos.
Segundo Amir Oren, analista politico do Haaretz, durante sua última visita aos Estados Unidos no fim de março, Ehud Barak concordou em "adiar o ataque para depois das eleições americanas". Para Oren, um ataque israelense antes das eleições nos Estados Unidos, poderia prejudicar a reeleição do presidente Barack Obama, que está fazendo todos os sforços para dissuadir Israel desses planos, inclusive aumentando o apoio militar aos sistemas de misseis antimísseis de Israel.
Já o jornalista Uri Avnery está entre os analistas que defendem a tese do "blefe". Para Avnery, não haverá ataque algum contra o Irã, nem por parte de Israel nem por parte dos Estados Unidos. Ele afirma que as consequências de tal ataque seriam tão desastrosas que os Estados Unidos irão proibir Israel de realizá-lo. O principal argumento de Avnery é econômico.
Para ele, logo depois de um ataque a suas instalações nucleares, o Irã fecharia o estreito de Ormuz, pelo qual passam os navios que transportam o petróleo do mundo árabe para o Ocidente. Segundo ele, o bloqueio do estreito causaria um aumento drástico dos preços do petróleo, que por sua vez levaria a um colapso da economia dos Estados Unidos e do resto do mundo
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