Preconceito: por Ronaldo Gomlevsky –

Alô amigos! Para chegar a Israel, lembrando que não há voos diretos do Brasil para cá, onde ainda me encontro, precisei passar pela Itália. Fui obrigado a entrar num táxi e, como passageiro contumaz no Rio de Janeiro, puxei conversa com o motorista.

– Como está a economia aqui no país? Perguntei.

A resposta foi quase um soco bem dado na minha lata.

– 44% de desemprego, custo de vida caríssimo, juventude envolvida com drogas, juros altos, bancos e banqueiros em alta, sempre com mais dinheiro, perspectivas quase zero de melhorias, importações obrigatórias de quase tudo, na medida em que a Itália produz quase nada, poucos ficando muito mais ricos e o povo cada vez mais pobre. E, qualidade de vida: ladeira abaixo.

No fim, aquela pancada na minha face!

– A culpa de tudo isso é “dei hebrei” (dos judeus) que dominam a economia, cada vez estão mais ricos, tiram nossos empregos e são donos dos bancos! – disse o homem.

Fiquei indignado e, como sempre, parti para dentro do cara:

– Meu amigo, eu lhe pedi que me levasse à Praça de Espanha. Quero mudar o nosso itinerário. Me leve ao Vaticano. Vamos entrar na Basílica de São Pedro e eu vou lhe mostrar quem tem o dinheiro quase todo acumulado e um grande tesouro em ouro, obras de arte, joias e relíquias muito bem guardadas. Me dê o nome de um banqueiro judeu italiano. Não sabe? Então aproveite e me diga também quem é o dono do Banco do Espírito Santo? Banqueiro judeu você não sabe, mas banqueiro maior mesmo é o próprio Vaticano, dono do Banco do Espírito Santo, amém! Para finalizar, o papo esdrúxulo, expliquei com o máximo de calma que, ao contrário do que ele imaginava, os judeus não chegavam a 0,05% da população de seu país e não tinham qualquer condição, por não exercerem qualquer tipo de poder na Itália, de acabar com a vida da sociedade italiana como ele estava acreditando. Mostrei-lhe com palavras que ele estava repetindo o que escutara ao longo de sua vida, e que sua ladainha nada mais era do que uma velha invenção da Igreja Católica em vigor na Europa por quase mil anos e cujo resultado havia sido o Holocausto com o assassinato de seis milhões de judeus.

O homem entendeu e se mostrou muito envergonhado. Penso que fiz minha parte. Conversei com tranquilidade, mas, firmemente, com alguém que, por preconceito e falta de informação, continua imaginando poder resolver seus problemas se utilizando da velha estória copiada das ideias da Igreja, consubstanciadas no conhecido Protocolo dos Sábios de Sião, livro cujo teor foi falsificado pelos russos e derramado no mundo cristão, pelo industrial americano de veículos, o reconhecido antijudeu Henry Ford.

Minha conversa com o taxista italiano chegou ao fim quando lhe garanti que em muito pouco tempo o mesmo iria se lembrar de nossa conversa e iria sentir muitas saudades dos judeus. Então, ele me perguntou: por quê?

Respondi assim: os judeus nunca fizeram nada na Europa que não fosse rezar, trabalhar, viver sua vida em guetos e deixar que todos os outros povos vivessem sem nenhuma interferência. Agora, com a invasão muçulmana em todos os países do Velho Continente, vocês no fim ou se converterão ou terão suas cabeças cortadas. Os muçulmanos não são como os judeus que têm sua religião e não se envolvem com a fé alheia. Eles não admitem que outros sejam infiéis a Alá e a seu profeta. E os muçulmanos ultrarradicais estão quase chegando à Europa através da Turquia.

Com muita probabilidade, caro, você irá se lembrar dos judeus, cheio de saudades, lhe disse, desocupando o táxi e deixando no semblante do meu interlocutor um sorriso amarelo de quem começou a pensar que poderia estar equivocado e que eu poderia estar correto.

Para você que me lê, afirmo:

A Europa e os Estados Unidos ainda não se deram conta do perigo que se chama ISIS, o novo califado islâmico.

O futuro muito próximo vai nos mostrar o que significa fundamentalismo e violência religiosa. Para quem ainda está meio adormecido e ainda não entendeu, fuzilamentos em massa, decapitações, apedrejamentos, enforcamentos em praça pública, justiça com as próprias mãos, lavagem de honra, chicotadas, decepamento de mãos e pés como punição para pequenos ou grandes furtos, assassinatos e violência contra homossexuais, ditaduras e tortura em adversários políticos são só alguns pratos de resistência deste cardápio fundamentalista muçulmano, que está levando o planeta de volta à Idade Média. Os sunitas radicais do Estado Islâmico estão chegando!

Quando você menos esperar vai se deparar com membros convertidos ao ISIS na sua vizinhança.

Para muita gente boa, ainda, fica mais fácil e condizente com sua educação cristã, colocar a responsabilidade de todos os problemas do mundo sobre as costas dos judeus.

E, para você?

Ronaldo Gomlevsky é Editor Geral da Revista MENORAH RAPIDINHAS

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