Era um Deus ateu. Só cria em si depois da terceira dose. Um dia, bebeu além da conta e considerou, criteriosamente, o dedão do pé direito. Começou, então, a matutar que, se o Universo era o corpo inteiro de Deus, os astros, os planetas, os satélites e os asteróides eram suas partes constitutivas.
Chamou, pois, ao dedão, de Terra. E ao prurido micótico que o infestava deu o nome de humanidade.
Entendendo, no entanto, que era chegada a hora do Juízo Final, entrou numa farmácia e comprou uma pomada que era tiro e queda. Nos cinco dias seguintes bebeu mais, muito mais, e entregou-se de corpo e alma à erradicação da humanidade de sobre o dedão.
E viu que isso era bom.
Também leu e releu O Dia da Criação, de Vinicius de Moraes, e houve tarde e manhã, o quinto dia.
E viu que isso era bom.
E abençoou o dia sexto, e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, desfizera.
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