Conta-se que em certa região da Europa já não chovia há meses. Os agricultores estavam desesperados. Como é de costume na tradição judaica em períodos de seca, institui-se um dia de jejuns e orações. Desde tempos bíblicos, o jejum está associado à contrição e à concentração, ingredientes tidos como fundamentais para orações e rituais petitivos.
A dita cidade resolveu decretar um dia de orações e jejum para pedir chuva. Todos ocorreram à sinagoga, mas o rabino não apareceu.
Resolveram procurá-lo em sua casa e, para surpresa geral, ele estava tranquilamente almoçando.
Perguntaram:
‘”Desculpe-nos pela intromissão, ilustríssimo rabino, mas acaso o senhor não sabe que hoje foi decretado um jejum?”
O rabino, sem se abalar, respondeu:
- “Jejum? Por quê?”, - reagiu, ironicamente.
- Porque estamos atravessando uma seca muito intensa. Por isso estamos nos congregando na sinagoga com muita fé à espera de milagres.
O rabino foi, então, até a janela e, observando a multidão que ocorria à sinagoga, disse:
-Fé? Então todos estão rezando por chuva, mas não há um único indivíduo carregando um guarda-chuva.
O judaísmo não é simplesmente uma questão de fé, também é um modo de vida condicionado à fé.
Dentre os textos judaicos populares temos argumentos contraditórios abordando tanto a fé quanto a dúvida.
A intenção da fé, muitas vezes, mantém uma distância em relação à conduta, aceitando que milagres sejam possíveis, mas desconfiando deles. Muitas vezes o milagre parece acontecer mais pela vontade e pelo esforço, lembrando os dizeres do Talmude “ESPERE O MILAGRE COM FÉ, PORÉM AJA COMO SE ELE FOSSE IMPOSSÍVEL”. Contradizendo dessa forma as palavras de um mestre chassídico que, em sua sabedoria, legou a nossa cultura os dizeres “UM HOMEM DEVERIA ACREDITAR EM DEUS PELA SUA FÉ E NÃO PORQUE VÊ MILAGRES”.
O imaginário é o lugar onde habitamos e a escolha cabe a nós, dependendo de nossas intenções encontraremos o verdadeiro caminho para o que acreditarmos.
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