Toda sexta-feira, durante o mês de Elul, o rabino de Nemirov desaparecia. Ninguém conhecia o seu destino. Onde o rabino poderia estar? No paraíso, sem dúvida, pedindo a D’us que trouxesse a paz no Ano Novo, acreditava a população da pequena cidade. Onde poderia estar o rabino? Um morador do vilarejo decidiu desvendar o mistério.
Uma noite, escondeu-se embaixo da cama do rabino e esperou. Pouco antes do amanhecer, o rabino acordou e começou a se vestir. Pôs calças de trabalhador, botas de cano alto, um grande chapéu, um casaco e um cinto largo. Colocou, também, uma corda em seu bolso, amarrou um machado no cinto e partiu, seguido pelo morador do vilarejo.
O rabino mergulhou nas sombras, afastando-se da cidade e subitamente parou. Pegou o machado, derrubou uma pequena árvore, transformando seu tronco em toras. Então juntou a madeira, amarrou-a com a corda, colocou-a sobre suas costas e começou a andar, até chegar a uma pequena cabana em cuja janela bateu.
"Quem está aí?" Perguntou assustada uma mulher doente.
"Sou eu, Vassil, o camponês", respondeu o rabino, entrando na cabana. "Tenho madeira para vender".
"Sou uma pobre viúva; onde arranjarei dinheiro?", perguntou.
"Eu lhe emprestarei", respondeu o rabino.
"Mas como vou devolver-lhe o dinheiro?", replicou a mulher.
"Confio em você", disse o rabino.
Colocando a madeira no fogão, acendeu o fogo e partiu em silêncio.
Desde então, sempre que alguém diz que o rabino vai ao paraíso, o morador que o seguira apenas acrescenta: "Paraíso? Se não mais alto".
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