Amós, o profeta da justiça social - Jayme Fucs Bar

O profeta Amós viveu nos reinos de Judá e de Israel há 2750 anos atrás. Originário de Tecoa, um pequeno vilarejo a cerca de 25 quilômetros de Jerusalém, em Judá, Amós pregou ativamente no Reino de Israel, no Norte, onde reinava o rei Jeroboão II.
Amós era um simples pastor de ovelha que cuidava também das árvores de shikma , um tipo de figueira muito comum nessa região. Diferentemente de muitos profetas, Amós era humilde e nunca recebeu qualquer educação junto com outros profetas. Porém, nesse período de grande corrupção, muitas injustiças e profunda desigualdade social, Amós parece ter sido escolhido por Deus para advertir ao Reino de Israel sobre o perigo de sua total destruição futura .
Tudo aconteceu de forma inesperada, em um dia qualquer em que Amós estava junto das suas ovelhas, quando ele de repente teve a primeira visão profética: uma praga de gafanhotos invadia os campos de Israel e destruía tudo, deixando os campos agrícolas totalmente arrasados. Amós entendeu a mensagem: a fome e a miséria iriam devastar as terras de Israel. Então, desesperadamente, o profeta gritou pedindo perdão ao Todo Poderoso. Aos brandos clamou: “Senhor Deus do Universo, perdoe!". E Deus perdoou!
Mas, depois de alguns dias, Amós teve uma outra visão: uma chuva de fogo caiu sobre a terra de Israel, queimando tudo e matando tudo o que era vivo. Mais uma vez, Amós pede perdão ao Todo Poderoso. E Deus perdoou!
Depois desses dois episódios, Amós ficou perturbado, perguntando para si e para o Deus o significado dessas terríveis visões. E, enfim, ele teve a resposta!
Numa noite, quando olhava para o céu, viu as luzes das estrelas se transformarem numa terceira visão, diferente das anteriores, dessa vez Deus não mostrou a Amós uma catástrofe. Na visão, Deus examinava um muro muito torto e inclinado usando um prumo, uma ferramenta utilizada para medir se uma construção foi feita de forma correta.
E a voz de Deus apareceu e perguntou: "O que você vê, Amós?"
Ele respondeu: "Um prumo”.
Deus disse: “Com esse prumo, medirei o comportamento do povo de Israel. Se não for reto, eu não perdoarei mais uma vez”.
E Amós, o nosso profeta, entendeu que dessa vez não adiantava pedir perdão novamente! Amós compreendeu a mensagem do Todo-poderoso: o muro inclinado (isto é, o Reino de Israel) estava torto e se, não soubessem consertar os seus atos, o muro (o Reino de Israel) seria destruído!
O que poderá fazer o nosso Profeta Amós para tentar reverter essa trágica situação de destruição total do Reino de Israel?
Amós toma sua decisão e sai em direção ao Reino de Israel, com a missão de evitar a destruição do reino. Seu único objetivo era tentar consertar o “muro torto”.
O profeta chegará nos vilarejos e nas cidades do Reino de Israel, onde vai observar por si só todas as coisas terríveis a que Deus tanto se referia. Com seus próprios olhos, Amós verá a grande decadência humana, a desigualdade social, a corrupção generalizada, a miséria e a pobreza, os camponeses à mercê dos seus credores, a classe dominante que aumentava sua riqueza e construía grandes palácios diante das casas miseráveis em que vivia a maioria da população. No Reino de Israel, a lei que impera era válida somente em favor dos ricos e os juízes, que deveriam zelar pela ordem e pelo correto, eram subornados facilmente, tudo isso sob o apoio do Rei de Israel.
Amós entendeu as palavras de Deus ao perceber tanta injustiça, tanta imoralidade e uma corrupção sem limites no interior de uma sociedade em franco processo de deterioração. Somente agora sentia a profundidade da mensagem de Deus, quando se referiu a “um muro torto” que tende a desabar sobre si mesmo e a causar sua própria destruição.
O nosso profeta não desiste de sua tarefa e, na sua inocência, tem a esperança de reverter a situação! Ao chegar em cada cidade e vilarejo, Amós procura alertar o povo do Reino de Israel do perigo iminente. O profeta se apresenta nas praças públicas e sobe nos lugares mais altos, onde todos possam vê-lo e ouvi-lo, pronunciando seus sermões, apontando perigos e denunciando os pecados de todo o povo, desde o mais rico até o mais miserável.
Suas palavras saem como fogo e se espalham entre as multidões.
Ele dizia: “Escutem vocês, que cometem tantos crimes! Por que vocês vendem os inocentes por dinheiro, e os pobres por um par de sandálias; vocês que oprimem e humilham os fracos; pervertem os mais humildes; vocês com sua imoralidade, filho e pai vão dormir com a mesma mulher; vocês que tomam o que não é seu; vocês que oram aos ídolos e depois vão ao templo para beber vinho comprado com dinheiro estrangeiro” (Amós, 2, 6-16).
As palavras do Profeta Amós entravam na carne das pessoas como uma faca pontuda cravada no coração! Suas palavras transformavam o silêncio da culpa em tensão e angústia, muitos se irritavam e tentavam rebatê-lo, procurando de alguma forma calar o profeta, mas nada podia impedir Amós de levar a sua mensagem ao povo do Reino de Israel antes que fosse tarde demais.
E na tentativa de ofendê-lo, uma das mulheres ricas da região de Basã o rebateu, tentando calar sua boca, mas Amós reagiu e gritou:
“Ouça isto, mulheres com suas vacas de Basã, que oprimem os pobres, maltratam os necessitados. Deus jura: há dias em que vocês serão levadas juntas com seus filhos com ganchos. Eles terão que se alinhar nos escombros e serão jogados nas fezes. O Senhor o assegura.” (Amós 4,1-3).
Basã era uma região fértil localizada no Nordeste da Galileia, famosa por suas vacas gordas, que só era conseguiam engordar graças à exploração dos camponeses.
Desesperadamente, Amós continuou a fazer as suas advertências sem descanso, denunciando a imoralidade, a injustiça e a corrupção nas cidades do reino de Israel!
Ele vai continuar a caminhar em cada cidade e vilarejo, denunciando a guarda local e seus métodos violentos (3, 9-10), os juízes corruptos (6,12), os advogados desonestos (5,7), as autoridades que aceitam suborno (5,12), os funcionários cúmplices da casa real (6.1), aos usurários (5.11), aos ricos com sua vida luxuosa e superficial (6.4-6), às falsas testemunhas (8.14), os poderosos que se aproveitaram dos fracos (8,4), os comerciantes inescrupulosos (8,5) e os vendedores imorais (8,6).
Ele não deixou de acusar nenhum dos graves erros que identificou em suas viagens. Logicamente, se tornou um homem amado pelo povo humilde, mas odiado pelos ricos corruptos!
Ainda assim, mesmo com todos os seus esforços, nada vai mudar na atitude dos privilegiados, principalmente no comportamento do próprio Rei Jeroboão II e de seus funcionários. Amós, o Profeta, vai ser chamado de baderneiro, rebelde e malfeitor!
Então, um dia, Amós teve uma nova visão. Desta vez, viu uma cesta com figos muito maduros e Deus lhe disse que o povo era como aquela cesta de figos, frutas maduras demais, à beira do apodrecimento, e que o castigo se aproximava e estava prestes a vir! (8,1-3).
Amós, triste, decide, então, voltar às suas terras e ficar ao lado de suas ovelhas. No caminho, passa pela cidade de Betel, onde ficava o santuário do Reino de Israel. Então, Amós ficou em frente ao santuário, na sua última tentativa, já quase perdendo a esperança, tentando fazer com que pudessem compreender e ouvir suas mensagens. Com um tom de voz alto, começou a dizer: "Deus odeia e detesta essas suas celebrações religiosas; tem nojo dessas reuniões cheias de maldade e corrupção.
Não suporta os sacrifícios que vocês oferecem em sua homenagem, nem aceita as suas ofertas; rejeita os seus bezerros gordos que vocês sacrificam. Parem de cantar em seu nome! Deus não quer ouvir o som de suas harpas. O que Deus quer é que simplesmente haja justiça social e que pratiquem a honestidade todos os dias”. (Amós 5, 21-24).
E assim o inevitável aconteceu. Amós foi falsamente denunciado por estar conspirando contra o Rei de Israel e teve que fugir do reino, pois sua vida agora estava em perigo, mas, antes de partir para suas terras, vai responder aos insultos e as ameaças que vai sofrer na sua eterna firmeza!
E assim ele declarou:
“Eu não sou um profeta, nem pretendo ser. Sou pastor de ovelhas; e Deus me tirou do meio dos animais para vir alertar. Agora ouça o que Deus lhe anuncia: suas esposas serão violentadas no meio da cidade; seus filhos e filhas serão esfaqueados; suas terras serão distribuídas a outros; vocês morrerão em terras estrangeiras, e serão levados como prisioneiros.” (7,10-17).
Depois dessa declaração, Amós voltou para o seu vilarejo em Tecoa, junto às suas ovelhas, e sentiu uma imensa dor, muita tristeza e um sentimento de culpa por não ter conseguido fazer o Reino de Israel entender o perigo de sua destruição que se aproximava!
E assim, num final da tarde, no verão de 722 antes da Era Comum, a profecia de Amós se concretiza.
Os assírios invadiram o reino de Israel, destruindo seus campos, suas casas e suas cidades, espalhando morte e sofrimento por todos os lados.
Os que sobreviveram foram deportados, presos aos ganchos como escravos e enviados para longe das terras de Israel.
Sua profecia foi cumprida!
Mas vejam vocês uma curiosidade!
Na última profecia feita por Amós, antes de morrer, ele descreve que, apesar de todas as muitas tragédias que o povo de Israel sofrerá em toda a história, chegará o momento em que ele retornará para a Terra de Israel.
Depois de mais de 2700 anos, a profecia de Amós se tornou realidade!
O povo judeu voltou para a Terra de Israel.
E assim Amós escreveu na sua última profecia:
"Veja, os dias certamente chegarão, diz D’us. Eu retornarei os cativos de meu povo Israel. E eles construirão as cidades destruídas e nelas habitarão. E eles plantarão vinhas, e dali beberão o vinho.
Também plantarão pomares, e comerão seus frutos. E Eu os plantarei na terra, e eles não serão mais arrancados da terra que eu dei para eles. Assim diz o teu D’us”. Amós, 9.
Esperamos que o alerta de Amós seja uma lição viva para todos os povos, para todas as nações, para todos os governantes e para toda a humanidade!
Mas, principalmente, para o novo Estado Judeu, onde os sonhos e as palavras dos profetas foram concretizados e consagrados na Carta de Independência de Israel, em 1948.
E essas palavras são para ser cumpridas!
"O Estado de Israel ...
Terá como base os preceitos de liberdade, justiça e paz ensinados pelos profetas de Israel; defenderá a total igualdade social e política de todos os cidadãos, sem distinção de raça, credo ou sexo; garantirá liberdade total de consciência, culto, educação e cultura; protegerá a santidade e a inviolabilidade de santuários e Lugares Sagrados de todas as religiões; e se manterá fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas ".

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