Nasci no sertão nordestino, de uma família tradicional católica. Caicó é a cidade, festeira em todas as comemorações catolicas e mundanas. Criado com muita regidez, as crianças tinham que batizar para não virar pagão. A mãe racional, ia a Igreja católica como toda mulher mãe de família e direita. O pai mais esquivo, nem porisso não religioso. Na adolescência surge ideías novas. A família não deve mexer com a igreja, que todos tem o juizo fraco, vão ficar doidos. Surge o interesse de ler o velho testamento. Religião um assunto tabu. Os padres, bispos inspira medo, escondido, inexplicável.
Na fase adulta, a busca religiosa, católicos, protestantes, messianicos, judeus,... A descoberta, o assunto velado e escondido veio a tona. Sou descendente de judeu, e agora. Tantos discursos, tantas opções, que confusão. Deve-se fazer a conversão ou o retorno Deve-se crer que Jesus é o Messias ou não. Deve-se retornar a Israel ou não. Quantas indagações, profundas, sérias. Quantas respostas, opiniões, pressões.
Como fica a alma. As marcas da inquisição ainda doem. A invasão da privacidade da alma religiosa ainda doem. Feridas seculares. Não houve o respeito no sentir. Séculos de distanciamento de judaísmo da idade média que não existe mais. Séculos de isolamento, privações de toda espécie. Visitas nas fazendas pelos padres. Pressões para se romper com o passado. Reações reprimidas.
Agora como está a alma do marrano? Ele anseia por Eretz, contudo, é obrigado novamente a aceitar uma religião que ele não conhece, que é forçada. Seu coração novamente é dividido. Para voltar sobreviver em Sião, ele tem que se converter ao Judaísmo. A sua alma anseia por liberdade, não quer se prender a formas, dogmas, prisão, imposição. Sua alma é marrana, judaica, brasileira com todas as formas do caldo cultural e religioso. Vale o que aprendeu do seu Pai "na minha religião é assim..." É minha religião, quero crer com liberdade, tendo meus conceitos, minhas idéias, minhas emoções.
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