O DESPERTAR DOS BENE ANOUSSITAS - Reginaldo de Souza

“Rabi Elazar disse: O Santíssimo, bendito seja, exilou o povo de Israel entre as nações apenas para que os prosélitos pudessem unir-se a ele”.
Nunca antes na história deste país esteve tão em evidência o termo bnei anussim (filhos dos forçados) que são os descendentes de judeus convertidos à força (anussim) ao cristianismo, no período de 1500 a cerca 1800 pela ‘’santa’’ inquisição. Fato que ocorreu principalmente nos países da Península Ibérica (Portugal e Espanha), onde parte dos judeus que não conseguiram fugir e nem aceitarem a morte imposta pelo tribunal da santa inquisição, optaram por aceitar se converterem ao cristianismo católico, abandonando aparentemente a lei Judaica, mas às escondidas continuavam a observar seus costumes e tradições da fé judaica.

Portanto assim são considerados os Bene Anoussitas, descendentes dos judeus sefarditas portugueses e espanhóis, onde muitos vieram para a América, juntamente com as expedições de Colombo e Pedro Alvares Cabral.

Os tais ficaram conhecidos como ‘’cristãos novos’’, anussim, marranos (que de forma pejorativa em espanhol é porco), cripto-judeu; enfim, são os judeus que por obra do destino estava proposto escreverem uma história diferente. Por um lado o sofrimento de um povo que desde a diáspora de 70 da E.C. (era comum) vive lutando pela sobrevivencia em um mundo cada vez mas antissemita. Mas por outro lado, o novo mundo (a América) seria mais uma terra a ser abençoada pelos descendentes de Abraão (Abraham), os filhos de Israel.

Será que a descoberta da América foi um erro na rota de navegação de Cristóvão Colombo e Pedro Alvares Cabral? Se você estudar a história mais afundo vai se surpreender ao descobrir que tanto Colombo e Cabral, e muitos nas embarcações eram judeus.

Você sabia que em toda a América há muitos descentes de judeus que não sabem que são? Você sabia que os judeus que foram expulsos de Pernambuco foram parar na América do Norte e fundaram Nova York? Você sabia também que parte dos Bandeirantes, o fundador da cidade de São Paulo Padre Anchieta, o mártir da Inconfidência Mineira o Tirandentes, e tantos outros eram judeus?

Falando de Brasil, todo o território nacional foi ocupado por uma grande população judaica no passado, e muitos para preservarem suas vidas, “pois no judaísmo há o princípio que a preservação da vida e a luta pela sobrevivência são um dos mais dignos mandamentos e assim o fizeram, buscando preservar a identidade judaica”.

Mas esta luta, era apenas mais uma, pois outras se seguiram, em 1821 foi decretado em Portugal e no Brasil o fim da Inquisição.

Era o início de reescrever uma nova história, muitos por consequência do destino vieram ao mundo sem saber que eram judeus, mas que por um “motivo inexplicável”, ao decorrer dos anos despertaram uma inquietação em suas almas, onde baseados em costumes de famílias diferente do normal, ou um ardente desejo por algo a mais em suas vidas religiosas, passaram a buscar vestígios e explicações, por meio de investigações e estudos, e despertaram para o judaísmo.

É o despertar dos Bnei Anussim (filhos dos forçados), o fenômeno que tem trazido inquietação a comunidade judaica mais conservadora as famílias que sem entender questionam o abandono de suas religiões de origem familiar. Por que? Será que seus antepassados foram um desses judeus que se tornaram cristãos novos? Ou suas almas são judias? Qual é a explicação para tudo isso?

Onde estão estes descendentes? O que podem fazer? Seria possível a restauração deles à sua identidade judaica vivenciada pelos seus antepassados? E os que sentem um fervor dentro de seus corações pelo judaísmo e não entendem por que e não sabem se seus antepassados foram um desses judeus anussim?

A verdade é que o Brasil é mais judaico do que imaginamos.

Falando de mim, não sei se meus antepassados, bem lá de trás foram judeus, ou um anussim, não tenho provas, mas o que sei é que a cerca de três anos me despertei para o judaísmo, e depois de muito estudo e reflexão, pois nasci em uma família de tradição católica, decidi por livre e espontânea vontade me converter a fé judaica. Procurei meu amigo Eduardo de Sales, que já estava estudando a cerca de dois anos e passei a estudar para uma futura conversão.  Quero ressaltar, que nenhum judeu, e muito menos meu amigo pregou pra mim, pois a religião judaica não faz proselitismo, foi sinceramente por livre e espontânea vontade. E confesso que me encontrei no judaísmo, assim como cada pessoa um dia se encontra em alguma religião e assim passa a praticá-la. O judaísmo me ensinou algo importante, que o livre-arbítrio é sagrado para cada ser humano, e que ninguém deve interferir ou forçar o outro a aderir ao seu conceito, mas que deve haver, mesmo com as diferenças, o amor e respeito.

Hoje contamos com um pequeno grupo de estudos, a Bet Eliahu, onde nos reunimos toda sexta e sábado para rezas e estudos, grupo que futuramente se tornara uma sinagoga em Guaxupé.

Nosso objetivo principal, não é doutrinar, mas trazer mais luz para as pessoas, que sentem este toque na alma, que buscam este caminho e não sabem por onde começar e trazermos luz para toda cidade de Guaxupé.

Estou a disposição para palestras e para maiores explicações.

Caro amigo (a) leitor (a) deixo este artigo, sobre o despertar dos Bene Anoussitas, para que seja de reflexão e questionamento e o mais importante, que nos traga crescimento e elevação de nossa alma. A fim que conheçamos realmente a história de Nossa Nação Brasileira, que de certa forma nos é NEGADA.
 
Reginaldo de Souza.
Cursando Licenciatura em Filosofia pela Unifran.
Membro da Associação Religiosa Israelita Beit Bnei Abraham – Guarujá –SP.
Gabai da Bet Eliahu Guaxupé – MG.
E-mail para contato: reginaldodesouza07@hotmail.com

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