Michael Focault e a desconstrução do discurso imposto!

Encetando essa pauta, urge que, para se ter uma sociedade mais igualitária é fundamental que instituições tais como: Escola, Estado e Religião - revejam suas artes de conferirem semânticas aos sujeitos
das sociedades plurais e de gênero, em especial, àquelas que espelham
manifestação identitária heterogênica ao redor do globo terrestre. A
mundividência do conceito de discurso conforme Foucault, ou seja, para ele
discurso é “o próprio campo de constituição do significado em que se estabelece
a rede de relações semânticas com a visão de mundo que pressupõe” (JAPIASSU
& MARCONDES, 1990, p.74). Desta forma, nas sociedades diversas, o leque
social torna-se quase que infinito no que tange às práticas humanas, pois se
têm vozes e discursos plurais majestáticos, tais como: Pedagógico, Médico,
Midiático, Machista, Demográfico, Homofóbico, Governamental, Racista, Jurídico,
Feminista e, não sei, se seria ousado postular que o mais acirrado de todos é o
- Religioso que cerceia até os da mesma crença; nesse caso - os que praticam o
Judaísmo. O filósofo francês Foucault concebe que “[...] discursos são sempre,
eles próprios, categorias reflexivas, princípios de classificação, regras
normativas, tipos institucionalizados [...]” (FOUCAULT, 2000, p.25). Destarte,
a análise cartesiana discursiva que ancora reflexões diversas alterca com outro
conceito pós-estruturalista, por exemplo - a desconstrução foucaultiana aos
plurais discursos arquitetados na história humana que têm posto no ostracismo
as minorias. Para Jacques Derrida (1930-2004) “o significado de um texto é
sempre mutável” (FURLANI, 2005, p.33). Quando se repensa as práticas epistêmicas
na história e se apreende o caráter construído de determinado saber, beira-se a
um possível efeito político da desconstrução, ou seja, “a possibilidade de
descobrir partes do texto que estão dissimuladas e que interditam e regulam
certas condutas e identidades” (p.34) - que se podem estender ao pragmatismo
histórico. Desconstruir é caracterizar o modo pelo qual um texto pode ser lido
e explicitado em suas contradições, desfazendo as fronteiras entre suas
oposições, “subvertendo a ordem e os valores hierárquicos tradicionais contidos
nelas” (YAMASHIRO, 2004). Partindo dessa proposição, é que o Judaísmo Humanista
concebe a fé judaica como praticidade e liberdade do SER na Nau do retorno ao
Éden de desconstruir a ortodoxia judaica que não concebe que ser judeu "é
todo aquele que se define como parte integral da história, cultura e tradição
judaica, independentemente dos dogmas exigidos pelas correntes religiosas, que
definem que para ser judeu é preciso ser filho de mãe judia". Nessa desconstrução
foucaultiana - "ser judeu" está totalmente relacionado com a
identidade cultural judaica, e uma relação profunda com a história e tradição
milenar do povo judeu pertencente às Diásporas Judaicas. Assim, os discursos
existentes no pragmatismo social e fé judaico são possíveis de  serem
desconstruídos nos caminhos do mito da Caverna de Platão nas fragatas do
Judaísmo Humanista. Por isso, o farol hercúleo do Judaísmo Humanista já fora
aceito há 40 anos - e não será a tese ortodoxa do legalismo judaico que freará a
concepção do que é realmente "ser judeu" - visto que, segundo Focault
- tudo pode ser questionado e desconstruído. Nessa navegação filosófica, é que
Emily Dickinson precisamente advoga que: "Não há melhor fragata que um
livro para nos levar a terras distantes" - que norteia a necessidade de se
questionar o caráter sólido, eterno e incontestável de algumas “verdades”, de
alguns discursos, de algumas instituições postas pelo atual Judaísmo que
cerceia as demais comunidades provenientes das Diásporas Judaicas.


 

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