A Cabalá de Sucot - Revista Morasha

A festa de Sucot, celebrada durante sete dias, é primordialmente cumprida pelo atendimento a dois mandamentos: habitar em uma Sucá e sacudir as Quatro Espécies. Ambos estão relacionados com as sete Sefirot emocionais2. Sucot se inicia na noite de 15 de Tishrei, apenas cinco dias após Yom Kipur. Durante os Dez Dias de Teshuvá (Retorno a D’us), iniciados em Rosh Hashaná e terminados em Yom Kipur, arrependemo-nos de nossos erros e pecados para poder curar nossas almas e chegar mais perto do Criador. Mas o estágio final de nosso arrependimento e a verdadeira retificação de nossos delitos passados envolve mais do que o simples pesar por erros cometidos: requer uma transformação do próprio eu, um genuíno aperfeiçoamento pessoal. Sucot é uma festa de sete dias na qual somos obrigados a aperfeiçoar as sete Sefirot emocionais que cada uma de nossas almas possui. No artigo desta edição, As Sete Sefirot Emocionais, analisamos a forma como cada dia da semana exemplifica cada uma destas Sefirot. O mesmo se aplica a cada um dos sete dias de Sucot: o primeiro dia é associado com a Sefirá de Chessed, o segundo com Guevurá, o terceiro com Tiferet e, assim por diante. Esta manifestação de cada uma das sete Sefirot emocionais durante Sucot corresponde ao ensinamento místico de que, durante a festa, sete Ushpitzin, ilustres visitantes, visitam todas as Sucás. Além de convidar amigos para nossa cabana e fazer refeições festivas durante os sete dias, segundo os ensinamentos cabalísticos, nós também damos as boas vindas a sete convidados místicos: Avraham, Itzhak, Yaacov, Moshé, Aaron, Yossef e David. Como ensina o Zohar, o Livro do Esplendor, obra fundamental da Cabalá: “Quando um homem senta-se na Sucá da sombra da fé, a Shechiná (Presença Explícita de D’us) espalha suas asas sobre ele desde as Alturas – e Avraham e cinco outros justos e David se juntam a eles, fazendo sua morada juntamente com ele. O homem deve rejubilar-se cada um dos dias da festa juntamente com esses convidados que com ele habitam (Zohar, Emor 103a). Esses sete convidados místicos que visitam cada uma das Sucás são conhecidos como “os sete pastores” do Povo Judeu, pois cada um deles personifica uma das sete Sefirot emocionais. Eles vêm à nossa Sucá para nos alimentar com o alimento do espírito. Cada pastor nos transmite a Sefirá que lhe é única. A nós cabe oferecer-lhe nossa “hospitalidade”, tentando emular sua vida inspiradora. E o fazemos aperfeiçoando a maneira como empregamos nossas sete Sefirot emocionais. Avraham é o convidado principal3 no primeiro dia de Sucot porque ele é a personificação da primeira Sefirá emocional, Chessed. Entre os grandes personagens da Torá, Avraham foi quem melhor incorporou o atributo de Bondade. Ele amava os homens e amava D’us, e dedicou sua vida a servir a D’us e disseminar Seu Nome, espalhando o monoteísmo e ajudando as pessoas material e espiritualmente. Avraham sempre esteve envolvido em atos de bondade: oferecia alimento e abrigo aos viajantes e procurava trazê-los mais próximo a D’us. Itzhak, filho de Avraham, visita nossa Sucá no segundo dia de Sucot porque ele personifica a segunda Sefirá emocional, Guevurá. Esta Sefirá é essencialmente a capacidade e a força de controlar e vencer o nosso próprio eu. O evento paradigmático na vida de Itzhak foi quando ele conteve totalmente sua vontade e se deixou amarrar ao altar. Itzhak tinha tanto controle sobre si próprio que queria ser sacrificado por seu próprio pai para cumprir uma ordem de D’us. Na verdade, Avraham servia a D’us com amor, ao passo que Itzhak O servia com respeitoso temor. Nosso segundo Patriarca estava disposto a morrer por D’us sem sequer um suspiro de protesto ou descontentamento. Ele anulou totalmente seu ego perante Seu Criador. Yaacov, filho de Itzhak – terceiro e último Patriarca do Povo Judeu – é o principal visitante na terceira noite de Sucot. Yaacov personifica a terceira Sefirá emocional, Tiferet, porque ele conseguiu mesclar o atributo de Chessed de seu avô com a Guevurá de seu pai. Em certos momentos de sua vida, Yaacov agiu notadamente com Chessed. Por exemplo, ele honesta e fielmente serviu seu sogro, Laban, apesar de este repetidamente tê-lo trapaceado. Em outras ocasiões, ele exibiu muita Guevurá, como quando lutou e derrotou o anjo que o atacara. O distinto visitante que vem durante o quarto dia de Sucot é Moshé, que personifica a quarta Sefirá emocional, Netzach. Moshé incorpora este atributo porque, apesar de ser o mais humilde dos seres que já existiu, ele, como agente de D’us, recebeu a ordem Divina de impor a Vontade do Altíssimo sobre os homens. Foi Moshé quem fez caírem a seus pés o poderoso Faraó e o Egito; foi ele quem liderou o Povo Judeu, saídos da escravidão, durante seus 40 anos de permanência pelo deserto; e foi ele, também, quem impôs a Torá sobre o Povo de Israel. A Sefirá de Netzach é também definida como Eternidade, e tudo o que Moshé fez em vida teve efeitos duradouros: a Torá que ele trouxe das Alturas e que ostenta seu nome, é eterna; o Tabernáculo, que foi construído sob sua supervisão, é eterno – e diferentemente dos dois Templos, nunca foi destruído, mas ocultado em lugar desconhecido; e o “casamento” entre D’us e o Povo Judeu que ele ajudou a realizar, é eterno. O quinto honroso visitante, no quinto dia de Sucot, é Aaron, irmão de Moshé, que personifica a quinta Sefirá emocional, Hod. Aaron, em vários aspectos, foi o oposto de seu irmão. Ele ficou conhecido por ter feito a paz entre todos – e esta sua capacidade adveio de sua disposição em ceder a essas pessoas. Enquanto Moshé fazia valer sobre os demais sua vontade – que, de fato, era a Vontade de D’us – Aaron sempre se preocupava com as necessidades e desejos dos outros. Por essa razão, em contraste a seu irmão, era amado por todos. Yossef, filho de Yaacov, é o sexto visitante ilustre. Se os Ushpitzin viessem em ordem cronológica, Yossef viria após Yaacov e antes de Moshé. Mas a ordem dos distintos visitantes segue a das sete Sefirot emocionais e Yossef personifica a sexta delas, Yessod. Entre os homens da Torá, apenas Yossef é conhecido como HaTzadik – “o Justo”. Ele recebeu esse título não apenas por ter-se recusado a intimidades com a mulher de Potifar, mas também por ter sido o canal através do qual as bênçãos de D’us vieram ao mundo. Está escrito que “o Tzadik é o fundamento (Yessod) do mundo”4. O fato de Yossef ser a base do mundo, a incorporação da Sefirá de Yessod, ficou comprovado quando ele salvou toda a sua família, o Egito e as terras vizinhas da terrível escassez que assolou a região. O sétimo visitante ilustre é o Rei David, que personifica a sétima Sefirá emocional, Malchut. O Rei David, o maior monarca de toda a história judaica, representa a perfeição de Malchut, Realeza. Esta Sefirá exemplifica a capacidade de receber e de retribuir em medida ainda maior. Este conceito foi exemplificado à perfeição por David Ha-Melech: ele recebeu a liderança de um frágil reino judeu, que acabara de ser derrotado por seus inimigos, e ele o levou através de um período de gestação, devolvendo-o a seu povo e legando-o a seu filho, Shlomó, como um reino maduro, unido e poderoso. O Rei David também personifica Malchut por ser considerado a “boca de Israel”. Segundo o Talmud, suas noites eram divididas em dois: primeiro ele estudava Torá até a meia-noite; depois, até a aurora, ele compunha Salmos e os recitava. Como uma materialização de Malchut, que absorve as outras seis Sefirot emocionais (Ze’ir Anpin), David integrava todas as Sefirot. Foi ele quem conseguiu louvar a D’us como sendo a Fonte suprema de todo o poder do Universo. Portanto, não é mero acaso o fato de que o único versículo da Torá que contém menção explícita a todas as sete Sefirot emocionais tenha sido proferido pelo Rei David: “A Ti, ó Eterno, pertencem a grandeza (Chessed), o poder (Guevurá), a glória (Tiferet), a eternidade (Netzach), e a majestade (Hod), e tudo o que existe nos céus e na terra (Yessod); a Ti, Eterno, pertence a realeza (Malchut) e Tu és exaltado acima de tudo … (Crônicas I, 29:11-12). Estas foram algumas das últimas palavras que David pronunciou antes de morrer. Assim, ensinou-nos que a maior conquista humana em vida é o reconhecimento de que D’us, Todo Poderoso, é a fonte de todos esses poderes. Ciente disto, o homem incorpora as Sefirot e verdadeiramente se assemelha a seu Criador. Esses sete Ushpitzin vêm-nos visitar em Sucot para nos ordenar a viver como eles viveram. Como eles são os sete pastores do Povo Judeu, todos nós, judeus, somos afetados por seu legado e influência espiritual. Somos desafiados a tentar viver como eles viveram: sendo generosos como Avraham, reverentes como Itzhak, equilibrados como Yaacov, vitoriosos como Moshé, humildes como Aaron, justos como Yossef e reais como David. As quatro espécies e as Sefirot Há apenas duas festividades que são celebradas durante sete dias em Eretz Israel: Sucot e Pessach. A diferença entre ambas é que em Pessach, um mandamento Divino – comer Matzá – “entra” na pessoa. Já durante Sucot, é a pessoa que “entra” no mandamento Divino – ou seja, na Sucá. Pessach é, portanto, a retificação de nosso espaço interior, ao passo que Sucot é a retificação de nosso espaço exterior. Enquanto estamos na Sucá, esta nos rodeia por todos os seis lados (representando Ze’ir Anpin – as primeiras seis Sefirot emocionais), enquanto sempre permanecemos dentro da mesma (representando Nukvá – Malchut – a sétima Sefirá emocional). Os sete dias nos quais habitamos na Sucá são associados à idéia de aperfeiçoar o mundo – nosso espaço exterior. Isto também se reflete nas 70 Korbanot (Oferendas) – um número que é um múltiplo de sete – que eram oferecidas no Templo de Jerusalém durante a festa de Sucot para levar bênçãos às 70 nações do mundo. A retificação de nosso espaço exterior que ocorre ao longo da semana de Sucot reflete-se, também, através do outro importante mandamento da festa – o sacudir das Quatro Espécies: Lulav (folha de palmeira), Hadás (mirta), Aravá (folha de salgueiro) e Etrog (cidra). Tomamos estas quatro espécies e as sacudimos em seis direções, a dizer, as seis direções do universo físico tridimensional: Norte-Sul, Leste-Oeste, para cima-para baixo. Eles representam os modos fundamentais de se atingir as seis direções da Criação. Essas seis direções constituem nosso espaço exterior, enquanto que a permanência no centro é a nossa Malchut, nosso espaço interior. Como vimos no artigo As Sete Sefirot Emocionais, Malchut é o eixo ou ponto focal que reside no centro das seis direções, onde ao invés de olhar para fora, nosso olhar se fixa para dentro, integrando a luz espiritual em nosso íntimo. Como nosso espaço externo tende a ser difuso e desconexo, o propósito de brandirmos as Quatro Espécies é atrair as seis Sefirot, Ze’ir Anpin, para a Malchut, que é Nukvá. Por esta razão, segundo Rabi Yitzhak Luria (o Ari), o maior Cabalista de todos os tempos, o sacudir das espécies segue a seguinte ordem: Sul-direita (Chessed), Norte-esquerda (Guevurá), Leste-para frente (Tiferet), Para cima (Netzach), Para baixo (Hod), Oeste-para trás (Yessod). Em Malchut, ao ficarmos parados enquanto brandimos as Quatro Espécies, estamos integrando as seis direções em nosso espaço interior. Uma pergunta nos ocorre: se o mandamento das Quatro Espécies é relacionado às sete Sefirot emocionais, por que são quatro – e não sete – espécies? A resposta é que as Quatro Espécies são compostas por sete componentes, que aludem às seis Sefirot masculinas de Ze’ir Anpin e à Sefirá feminina de Nukvá: são três Hadassim, que representam Chessed, Guevurá e Tiferet; são dois Aravot, que representam Netzach e Hod; há um Lulav, representando Yessod; e um Etrog, que representa Malchut. Ao atarmos os três Hadassim com os dois Aravot ao Lulav, estamos indicando a necessidade de aperfeiçoar nossa capacidade de doar através de Yessod. E então, ao unirmos essas espécies com o Etrog, estamos representando a união suprema entre Céus e Terra, e D’us e Sua Criação, Ze’ir Anpin e Malchut. Aperfeiçoando nossas sete Sefirot emocionais Acabamos de ver que os mandamentos Divinos de Sucot estão associados às sete Sefirot emocionais. Mas é preciso entender de que maneira esses conceitos cabalísticos nos dizem respeito e como se aplicam a nosso cotidiano. A festa de Sucot se inicia apenas duas semanas após Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico. A Cabalá de Sucot nos ensina que se queremos ter um ano positivo, produtivo e pleno precisamos nos empenhar para aperfeiçoar nossas sete Sefirot emocionais. Como já vimos, estas não são nem boas nem ruins. Dependendo de como são utilizadas, podem servir a propósitos positivos e sagrados, ou negativos e profanos. Os sete Ushpitzin visitam nossa Sucá para nos dar o poder de usar positivamente a respectiva Sefirá que cada um deles personifica. Pois, na vida, não bastam as boas intenções. Para realizar um ato benéfico e sagrado, é preciso ter-se sabedoria e discernimento para saber qual Sefirá utilizar e em que medida fazê-lo. A Sefirá de Chessed, por exemplo, é bem empregada quando somos atraídos e perseguimos aquilo que é realmente positivo e benéfico, e não meramente desejável. Chessed pode ser o maior de todos os atributos quando nos leva a sermos mais amorosos e generosos, forçando-nos a dar de nós mesmos, a contribuir para o mundo e a ajudar àqueles que estão necessitados. Chessed é empregado de maneira santificada quando nos impele a servir a D’us com amor e entusiasmo. Contudo, esta Sefirá pode ser utilizada de inúmeras maneiras profanas e destrutivas. Um marido infiel à esposa porque não consegue restringir seu “amor” a uma única mulher está pervertendo sua Sefirá de Chessed. Outro exemplo de Chessed usada incorretamente é o pai que dá ao filho tudo o que este quer sem jamais discipliná-lo. O pai pode se julgar o melhor pai do mundo, mas, na realidade, está mimando e estragando seu filho, talvez até criando uma pessoa problemática, pois esse filho não aprenderá que precisa trabalhar para conquistar o que quer da vida, nem estará imbuído do senso de disciplina e responsabilidade. Dar sem considerar a quem nem o que, sem limites, é um exemplo de utilização imprópria de Chessed; como diz o dito popular, o caminho para o inferno está cheio de boas intenções. A Sefirá de Chessed pode até ser mal utilizada no relacionamento da pessoa com D’us. A atitude de quem diz “Amo D’us e D’us tem que me amar em troca e, portanto, posso fazer o que quiser e D’us me entenderá” é uma expressão profana de Chessed. Todo relacionamento, e certamente o que existe entre o homem e D’us, requer não apenas amor, mas especialmente limites, fronteiras e um fortíssimo senso de respeito, que são manifestações não de Chessed, mas de seu oposto – Guevurá. A Sefirá de Guevurá é essencial à vida: é o que nos dá um sentido de auto-preservação. Por exemplo, é Guevurá, a emoção do comedimento e medo, o que nos impede de colocar a mão no fogo. É também Guevurá o que nos permite agir de maneira mais centrada, organizada e disciplinada. Mas Guevurá pode, também, ser empregada de forma destrutiva, profana e até maligna. Pode manifestar-se através de atos de egoísmo, hostilidade e violência. Um pai que não provê a subsistência de seus filhos porque acredita que “eles têm que aprender a cuidar de si próprios” está empregando Guevurá de modo truncado. Guevurá se torna maligna quando leva à violência, especialmente contra crianças. Há uma grande diferença entre disciplinar nossos filhos e abusar deles. Guevurá é força e poder: se não for cuidadosamente manipulada, pode resultar em atos monstruosos. Mesmo a Sefirá de Tiferet, que é sinônima de grandes virtudes – harmonia, paz, verdade, beleza e justiça –, tem um lado positivo e outro negativo. Tiferet é bem empregada quando leva os pais a educarem seus filhos com equilíbrio, sem mimá-los nem feri-los. Tiferet é compaixão: significa agir de forma equilibrada e fazer o que for melhor para o outro. Mas Tiferet também pode ser usada de forma errada. Tiferet é muito mal empregada em situação onde é necessária a Guevurá – quando, por exemplo, lidamos com compaixão com a maldade, tentando entendê-la ou eximir seus perpetradores. Tolerar o mal é permitir que seja fomentado. Às vezes, temos que ser severos e não ceder, não abrindo espaço para a compaixão. A quarta Sefirá, Netzach, é um ingrediente imprescindível para o sucesso. É o que nos impele a realizar algo com nossa vida. Para concretizar nossas intenções, precisamos ter ambição e força de vontade. Como disse certo homem sábio: “Uma vontade férrea não garante o sucesso, mas a falta dela garante o fracasso”. Para ter sucesso em nossas empreitadas, precisamos empregar Netzach para vencer os obstáculos e qualquer oposição que possa surgir. No entanto, esta Sefirá é usada perniciosamente quando leva a pessoa a fazer qualquer coisa, a valer-se de qualquer meio para justificar seus fins. Há muitas pessoas que, ao tentarem alcançar seus objetivos e satisfazer seus desejos, pisam nos outros e destroem a vida deles, sem qualquer consideração. A ambição e a determinação podem levar-nos a realizar coisas extraordinárias, mas também podem tornar-nos seres desprezíveis, egoístas e predadores. A quinta Sefirá, Hod, é uma qualidade que, infelizmente, não é facilmente encontrada nas pessoas, como as demais Sefirot. Nesta nossa era de egos inflados, é raro encontrar alguém que aceite a autoridade de terceiros. Todos querem ser líderes; poucos querem ser liderados. Mas assim como Netzach, Hod é um instrumento necessário para o sucesso. Aquele que apenas utiliza Netzach – que sempre precisa ter sua vontade realizada, que não consegue trabalhar em equipe – não é tão eficaz quanto aquele que faz uso da quarta e da quinta Sefirot emocionais, combinadas. Usar apenas Netzach ou apenas Hod é tentar correr com uma perna só. Como ensina o famoso bestseller, “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, é melhor ser independente do que dependente, mas o ideal é ser interdependente. As pessoas que acreditam que podem fazer tudo sozinhas não são tão produtivas e eficazes quanto as que sabem trabalhar em grupo. E para ter condições de trabalhar bem em grupo, é preciso empregar Hod – a pessoa tem que ser humilde e, às vezes, até mesmo submissa. Isso é válido tanto para as relações profissionais quanto pessoais. Tantos casamentos se desfazem não por falta de amor entre os cônjuges, mas porque nenhum dos dois deseja aquiescer. Marido e mulher querem que sua vontade sempre prevaleça, e isso acaba resultando em conflitos contínuos e muito ressentimento. No entanto, Hod, como todas as demais Sefirot, pode ser empregado de forma muito errônea. Exercer este atributo não significa ser capacho – permitir que sua pessoa seja usada e abusada, abdicar de sua própria vontade, tornar-se um ser totalmente passivo. Uma pessoa que sempre se submete aos outros não apenas abre mão de sua liberdade, mas permite que tiranos – pessoas que usam de modo inadequado o atributo de Netzach – exerçam poder indevido e impróprio. Quem aquiesce perante o mal, está-se tornando parceiro silente desse mal. A sexta Sefirá, Yessod, é a ferramenta metafísica através da qual nos relacionamos com os outros. Quando adequadamente utilizada, pode fornecer-nos o que de melhor a vida tem a oferecer: relacionamentos enriquecedores, que nos satisfazem e são mutuamente benéficos. É através de Yessod que nos ligamos a outros e a D’us. Aqueles que se relacionam facilmente e atraem os demais, que têm carisma e um talento especial para formar relacionamentos, possuem uma grande medida de Yessod. Esta Sefirá, quando usada de forma boa e santificada, aproxima mais ainda os cônjuges; une os membros de uma família e forma sólidas amizades; ajuda a desenvolver um forte vínculo entre professores e alunos. Mas Yessod pode ser usada de maneira profana quando, por exemplo, é empregada para constituir relacionamentos proibidos e pecaminosos. A face negativa de Yessod também se faz ver quando a pessoa usa seu carisma e charme para enganar, tirar vantagem e manipular os demais. A sétima Sefirá, Malchut, é uma qualidade geralmente encontrada em grandes líderes e comunicadores. Como vimos no artigo As Sete Sefirot Emocionais, Malchut, Realeza, é uma Sefirá que não tem nada de exclusivamente seu. Esta é, de fato, de acordo com o judaísmo, a definição de um rei verdadeiro e justo. Como o define o Talmud, um líder é um servo de seus liderados. Como um genuíno rei de Israel, ele não possui nada de seu. Tudo o que possui pertence a seu povo e deve ser usado em benefício de seus súditos. A Sefirá de Malchut é, pois, bem utilizada quando produz líderes abnegados, que lideram por amor e pelo desejo de servir àqueles a quem representam. Malchut é usada de forma perniciosa quando produz líderes corruptos e egoístas, interessados em promover a si próprios, adquirindo poder e riqueza e usando sua posição de liderança apenas em benefício próprio. Malchut é também relacionada à capacidade de comunicação. O Rei David simboliza esta Sefirá por ter composto os Salmos, que são palavras sagradas e que transmitem fé, força e conforto a quem os lê. O lado negativo de Malchut é manifesto por comunicadores que empregam suas habilidades de oratória em propósitos egoístas, manipulativos e maldosos. A Torá nos ensina que D’us criou o Universo através da fala, e isso sinaliza que também nós, que fomos criados à Sua “imagem”, temos, através de nossas palavras, o poder de modelar o mundo. Atraindo bênçãos Divinas para o ano Neste artigo, discutimos de que forma as sete Sefirot emocionais podem ser usadas positiva ou negativamente. O livre arbítrio do ser humano significa que ele pode usar esses atributos como quiser. Todos nós podemos escolher viver uma vida pontuada pela bondade, santidade, produtividade e efetividade. Mas somos, também, livres para escolher exatamente o oposto, e depois agüentar as conseqüências de nossas escolhas.Todo ser humano possui as sete Sefirot emocionais, mas geralmente uma delas exerce maior influência na pessoa do que as demais. Para desenvolver todas as facetas de nossa vida, precisamos melhorar todos os sete atributos, especialmente aqueles que não são o nosso forte. Mas, também temos que ter certeza de utilizar de modo adequado e pleno a Sefirá emocional que pulsa mais fortemente dentro de nós. Nós, judeus, temos até Hoshaná Rabá, o sétimo e último dia de Sucot, para mudar qualquer decreto Celestial que tenha sido selado em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A semana de Sucot, que culmina e conclui no final de Hoshaná Rabá, é uma festa alegre, mas também uma época auspiciosa para a auto-reflexão e o auto-aperfeiçoamento. Aprendendo as lições fornecidas pelos mandamentos Divinos de Sucot, e iniciando a grande tarefa de consertar e melhorar nossas sete Sefirot emocionais, nós compelimos D’us a nos retribuir, canalizando, através de Suas Sefirot, abundantes bênçãos espirituais e materiais, provendo-nos individualmente, ao Povo Judeu como um todo, e a toda a humanidade, um ano de paz, prosperidade e grandes realizações. Referências: 1 O oitavo dia de Sucot é, na realidade, uma festa diferente, Shemini Atseret, e é a razão para que a berachá de Shehecheyianu seja recitada durante o Kidush. 2 Recomendamos aos que não estejam familiarizados com o assunto das Sefirot, bem como com os termos da Cabalá, Ze’ir Anpin e Nukvá, que leiam primeiro o artigo As Sete Sefirot Emocionais. Isto facilitará a compreensão do presente artigo. 3 Todos os sete pastores nos visitam a cada dia de Sucot. Mas são conduzidos por um convidado principal, que personifica a Sefirá do dia. O fato de que os sete sempre vêm juntos é um exemplo do ensinamento de que apesar de que uma Sefirá pode predominar em uma pessoa ou situação, ela continua entrelaçada com as demais. Por exemplo: a Sefirá de Chessed contém dentro de si Chessed de Chessed, Guevurá de Chessed, Tiferet de Chessed etc. 4 Provérbios, 10:25 Bibliografia: Rabbi Aryeh Kaplan – Inner Space: Introduction to Kabbalah, Meditation and Prophecy. Moznaim Pub. Corp. Rabbi Simon Jacobson – 60 Days – A Spiritual Guide to the High Holidays – Kiyum Press Rabbi Simon Jacobson – Counting the Omer. Meaningful Life Center Rabbi Adin Steinsaltz - Opening the Tanya: Discovering the Moral and Mystical Teachings of a Classic Work of Kabbalah - Jossey-Bass Peck, M. Scott – The Road Less Traveled and Beyond: Spiritual Growth in an Age of Anxiety. Touchstone. Covey, Stephen R. The 7 Habits of Highly Effective People. Free Press.

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