A segunda noite de Pessach assinala o início de um período de 7 semanas(49 dias) chamado Sefirat haOmer ou contagem do Omer, que vai até Shavuot (Pentecostes). Este período ocorre nos meses de Nissan e Iyar, isto é, na época da colheita do trigo em Israel. Um omer (medida bíblica de capacidade, correspondendo a um feixe de cevada) era levado ao Templo como oferenda de primícia até Shavuot.
Estes eram dias de alegria pela recompensa do trabalho no campo. Mas, isto mudou desde a revolta de Bar Kochba, que comandando um grupo de jovens judeus, chegou a conseguir libertar Jerusalém do jugo do Imperador Adriano, mas, os romanos acabaram derrotando o líder judeu e seus homens. Os dias de Omer tornaram-se dias de luto, quando também são lembrados Rabi Akiva e Rabi Shimon Bar Iohai.
Lag Ba Omer
- Por que esse nome? Uma praga se instalou entre os discípulos de Rabi Akiva durante os dias de Sefirá e muitos dentre eles morreram. Mas no 33º dia do Omer (18 de yar) a praga se dissipou e então foi considerado um dia de alegria, um dia festivo. A palavra Lag corresponde ao número 33 Lag Ba Omer significa então o 33o. da contagem dos 49 dias entre o segundo dia de Pessach e Shavuot.
Duas razões principais, justificam esta celebração:
1) Lembra-se Rabi Akiva, um dos maiores mestres de Israel, que tinha 24000 discípulos. Como estes não demonstraram honra e respeito adequado um pelo outro, foram dizimados pela terrível epidemia espalhada durante os dias de Sefirá. Esta tragédia terminou em Lag Ba Omer.
2)Lag BaOmer marca o Yortzeit (aniversário da data hebraica de falecimento) de Rabi Shimon Bar Yo'hai, o mais destacado sábio do seu tempo, e a quem se atribui a autoria do Zohar - o texto fundamental da Cabalá. Rabi Shimon antes de falecer rezou a Deus para que o dia de seu passamento fosse de alegria. Ao falecer, um colorido arco-íris despontou no céu. A prece de Rabi Shimon fora atendida. Aquele dia era Lag Ba Omer. (A Torá explica que um arco-íris é uma recordação da promessa de Deus de nunca mais destruir o mundo como fizera à época do dilúvio de Noé. Os sábios explicam que enquanto Rabi Shimon vivia, não aparecia o arco-íris, pois ele possuía suficiente mérito para proteger o mundo todo). Rabi Shimon dizia: "Existem 4 coroas: a coroa da Torá, a coroa do sacerdócio e a coroa da realeza; mas a coroa de um bom nome supera a todas". Um "bom nome" significa o valor adquirido por uma pessoas através de boas ações.
Quando alguém anseia por Deus não apenas para se realizar pessoalmente, mas sim para cumprir a vontade de Deus de tornar este mundo físico em um lugar de morada para Ele, então aquele mesmo desejo é o estímulo para utilizar suas conquistas a fim de ajudar os outros. Rabi Shimon, que atingira a mais estreita ligação com Deus demonstrou que o verdadeiro serviço não é apenas levar a si mesmo para mais perto de D'us, mas sim trazer a divindade ao mundo. Sua tumba se encontra em Meron, perto de Sfat (Safed), na Galiléia. Judeus de todas as regiões de Israel afluem, neste dia, a Meron, para participar de danças, acender velas e fogueiras. Muitas velas são acesas nas sinagogas e costuma-se fazer uma grande fogueira em sua homenagem.
As crianças são levadas a passeios pelos bosques e campos, para brincar com arcos e flechas, lembrando a época em que os alunos de Rabi Akiva, para poder estudar a Torá em paz, longe dos romanos, saíam para os campos, aparentemente para jogos e brincadeiras.
Durante o período do Omer são proibidas atividades alegres, como casamento, cortar cabelos, música, etc, exceto em Lag baOmer quando são permitidas,transformando então, tristeza em alegria, escuridão em claridade, pois interrompe um extenso período de luto, como um raio de sol num dia de chuva.
O sentido da Sefirat Ha Omer
Quando se conta ou se mede algo, é para assegurar que algo cuja quantidade é variável corresponda a um determinado número ou medida exata. Contar os dias de Omer pode parecer incompreensível quando se sabe que o ser humano não tem controle sobre o tempo. O tempo avança simplesmente e não se pode acrescentar nada aos 60 minutos compreendidos em 1 hora. Mas, o homem pode preencher o seu tempo de forma proveitosa ou pode desperdiçá-lo. E a mesma unidade de tempo pode significar muito para uns e ser insignificante para outros. é aí que se encontra o sentido especial da contagem dos dias até o recebimento da Torá, cuja ?medida é mais longa que a terra e mais larga que o oceano? e que contém a infinita sabedoria de D'us. A Torá foi dada a criaturas finitas, cuja expectativa de vida é ± 80 anos. Um ser assim, limitado pelo tempo, pode apreciar um presente tão ilimitado como a Torá? Então, para preparar o homem para receber a Torá, Deus ordenou que se contassem os dias até recebê-la, a fim de entender a excepcional dimensão do tempo.
Assim, mesmo que o tempo seja fixo e tenha uma única medida, se o homem mede o tempo em função das realizações e das boas ações, que são atemporais, se consegue não só esticar o tempo como transformá-lo em algo eterno.
Autor: Jane Bichmacher de Glasman
Fonte: Jane Bichmacher de Glasman - Professora da UERJ, do ISTARJ, escritora
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