Renovação e adaptação A criação de Simcha Torá Jayme Fucs Bar
Shemini Atzeret é um feriado descrito na Torá que começa no dia
22 de Tishrei, um dia após o sétimo e último dia de Sucot.
O termo shemini atzeret (assembleia) indica que, no período do
templo, as pessoas se reuniam na sucá no oitavo dia para oração e realização do sacrifício no templo.
Atualmente comemoramos também outro feriado chamado Simcha
Torá, que na verdade é mais uma tradição do que um feriado determinado na Torá. É importante saber que Sheminit Atzeret e Simcha Torá não são o mesmo feriado.
O costume de se comemorar Simcha Torá foi criado pelos judeus
da Babilônia nos séculos VI e VII, quando os nossos sábios sentiram a necessidade de redefinir o fim da leitura da Torá, que aconteceria uma vez por ano, bastante diferente do costume do período bíblico em que se comemorava o fim da leitura da Torá a cada três anos e meio.
A criação desse novo festejo, Simcha Torá, era uma forma prática
e pedagógica de marcar um ciclo de leitura da Torá no mesmo ano do calendário judaico e também o fim de Sucot. Foi uma data escolhida de forma sábia para essa adaptação a fim de fortalecer a identidade judaica.
As mudanças nos costumes e na tradição judaica são constantes, mas é uma pena que as pessoas não tenham consciência disso; muitos acreditam que o judaísmo é algo estático, sem movimento ou que tudo o que fazemos faz parte das leis da Torá. Na verdade, hoje em dia vivemos muito mais o judaísmo do Talmud do que o judaísmo da Torá.
É lamentável que existam certos grupos religiosos que têm uma
grande resistência de dar continuidade ao que os nossos sábios fizeram no passado, pois eles souberam adaptar o judaísmo ao seu tempo, à realidade e às condições do mundo que viviam — graças a eles, o judaísmo continua vivo.
Importante saber que o judaísmo conseguiu uma proeza única na
história: sobreviver durante 2 mil anos na diáspora depois da destruição do Segundo Templo. E isso se deu em razão de dois princípios básicos, a renovação e a adaptação.
Renovação e adaptação sim! Esses são os principais fatores que tornaram a civilização judaica dinâmica, viva e relevante para as futuras gerações.
Se desejarmos preservar o judaísmo, devemos manter, sem temer, o seu dinamismo e a sua forte capacidade de sobrevivência.
Enfim, seja qual for a corrente à qual você pertence ou o tipo de
judaísmo que você prática, ortodoxo, reformista, secular humanista, cabalista, reconstrucionista, conservador etc., todos são manifestações legítimas e desempenham um papel importante para a preservação e a sobrevivência do judaísmo.
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