MENAHEM KAHANA / AFP / Getty Images
O Governo de Netanyahu votou este domingo a favor da criação de um novo espaço junto ao Muro das Lamentações, onde homens e mulheres podem rezar em conjunto. Decisão histórica vem ao encontro de duas décadas de reivindicações por parte dos grupos progressistas judeus, para que fosse reconhecido o direito a rezarem de acordo com os seus rituais
“Hoje trouxemos ao nosso povo uma proposta sobre o lugar que deve unir todo o povo judeu.” A frase do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu brinda a votação histórica do seu Executivo, este domingo, de criar um espaço no Muro das Lamentações onde homens e mulheres podem rezar em conjunto. “Trata-se de um assunto delicado, mas penso que é uma solução criativa e justa.”
Localizado a sul da esplanada principal utilizada por homens e mulheres para visitar e rezar, em separado, o local mais sagrado do judaísmo, o novo espaço vem ao encontro de duas décadas de reivindicações dos grupos progressistas judeus para que fosse reconhecido o seu direito a rezar de acordo com os seus rituais. Os turistas terão assim três espaços diferentes para rezar - um só para homens, outro só para mulheres e outro misto.
“É uma mudança sem precedentes que culmina numa luta de 27 anos. O Kotel [Muro das Lamentações] não pertence só aos ortodoxos, mas a todos os judeus, incluindo as correntes reformistas e conservadoras”, assegurou ao “El Mundo” Shira Pruce, representante das Mulheres do Muro, um grupo de ativistas da corrente reformista e feminista judia, que luta há mais de 20 anos pela liberdade de culto nesse espaço sagrado.
O muro tem estado sob controlo da corrente ultraortodoxa, obrigando a que as orações fossem realizadas de forma separada. “Até agora [o muro] estava sob controlo de uma extrema-direita com uma mentalidade limitada e de ultraortodoxos idólatras que têm uma visão limitada de Deus e do judaísmo”, explicou à EFE a rabina Susan Silverman, também membro das Mulheres do Muro.
A coligação do Governo votou a favor da criação deste novo espaço comum (com um investimento no valor de 35 milhões de shekels, ou seja, 8 milhões de euros), apesar da oposição dos membros dos partidos ultraortodoxos Shas e Judaísmo Unido da Bíblia e dos ministros do conservador Likud. Mas o ministro ultranacionalista Uri Ariel já demonstrou o seu desagrado em relação a este passo: “Esta decisão prejudica a tradição. Os reformistas desejam provocar divisão e discussão. Kotel é um local para a unidade.”
Respostas