por David Moran – A última terça-feira foi uma verdadeira festa de democracia em Israel. Quando fomos votar, de manhã encontramos nossos vizinhos em meio a uma multidão indo também cumprir com seu dever e direito de votar. O feriado com bom tempo teve clima de festa nas roupas e nos slogans e balões perto das urnas. Muitos já despediam do governo Netanyahu, os últimos censos publicados apontavam crescimento da União Sionista de 2 para 4 cadeiras de diferença. O Premier aí, arregaçou as mangas e foi fazer o que melhor sabe fazer, falar. Falar e amedrontar. O mágico Benjamin Netanyahu que não dá entrevistas aos meios de comunicação israelenses, fez um blitz e em menos de 2 dias teve tempo para dar entrevistas para todas as emissoras de rádio, TV, internete, blogs e para quem pudesse levar a frente sua voz. Ao Canal 10 onde já tinha boicotado o comentarista politico Raviv Drucker, agora novamente boicotou pela presença do jornalista Ben Caspit do Ma’ariv num painel de entrevistadores.
Netanyahu uma raposa politica, entendendo que no atual mapa politico israelense, o Likud não tiraria votos da esquerda e do centro- à qual também chamava de esquerda- foi atacar o eleitorado da direita, mesmo as custas dos possíveis aliados perderem votos, alegando que só um grande partido da direita pode formar um governo. De nada adiantaram as reclamações do seu Ministro da Economia, Naftali Bennett ou dos seus aliados Avigdor Lieberman ou Arie Deri do Shas. Netanyahu deu nos últimos 2 dias mais entrevistas do que deu em 20 anos. Como o Likud não apresentou nenhuma plataforma de ação e se esquivou de debates na TV com outros pretendentes ao cargo, Netanyahu agora também não apresentou ações que fará, foi mexer nos sentimentos e nervos dos eleitores, empregou em horas extras o medo e pavor. Em tom de gozação perguntava o que aconteceria em Israel se o Buji e Tsipi tiverem que enfrentar o Irã e os palestinos, porque “só eu posso enfrentar essas ameaças” concluiu. Um dia antes fez até o impossível, já aceitava admitir que teve algumas falhas como no preço das moradias,que subiram ao céu nos últimos anos, fato que até agora não admitia, preferindo acusar adversários. Desta vez prometia que seu governo resolveria este problema, como se não teve tempo de faze-lo nos últimos 6 anos em que governa.
No dia da eleição (17.3), correu de uma estação de rádio e TV para advertir a população de que os árabes israelenses estão indo votar em massa levados em onibus especiais, querendo incentivar os seus eleitores a fazer o mesmo. Já havia dito que o seu desafeto e dissidente do Likud, Moshe Kachlon seria seu Ministro do Tesouro, independentemente do número de deputados que eleger (foram 10) e que Naftali Bennett também estaria na sua coalizão. Aos ultra-ortodoxos antecipadamente prometeu que a Lei da Igualdade no recrutamento militar e que estariam no seu governo. Enquanto isto a União Sionista dormiu no ponto. Tinha sentido no ar, pelos censos de opinião pública de que haveria mudança e venceria as eleições. Enquanto Netanyahu assustava o povo em cada microfone que achava pelo caminho, Herzog perdeu horas numa convenção. A possível mudança de governo afetou até a Autoridade Palestina em cujos jornais já prepararam manchetes que “A Era do Netanyahu Acabou”, que evidentemente tiveram que ser arquivadas.
Um país inteiro estava aguardando as 22:00hs e as previsões do resultado da eleição geral. Os 3 canais de TV,1,2 e 10, pràticamente deram os mesmos resultados e apontavam uma certa surpresa eliminando a vantagem prévia de 4 deputados da União Sionista sobre o Likud e dando empate de 27 cadeiras para esses partidos. Entretanto, o resultado final já foi uma enorme surpresa e como a definiram muitos comentaristas, “o Yom Kipur das pesquisas de opinião pública”, em referencia a guerra surpresa que eclodiu em 1973. O comentarista politico do Canal 10, Nadav Peri expressou no jornal economico Globes(18.3) a opinião geral: “vamos confessar a verdade, ainda não temos noção do que aconteceu aqui”. A realidade vai ser pesquisada. Talvez é o conservadorismo do eleitorado israelense, a imagem” forte” do Netanyahu comparada a imagem de “bom menino”do Herzog, que não saberá lidar com os perigos que o país enfrenta ou qualquer outra razão, mas bateu na face de todos e do próprio Netanyahu. No final, todos os politicos que já mandaram costurar novos ternos,terão que armazena-los e inclusive alguns líderes do Likud, que já prepararam um complo para destitui-lo do cargo,voltaram a lhe cantar cantigas de amor.
O Likud elegeu 30 deputados e é o maior partido (em 2013,obteve 18 cadeiras), a União Sionista obteve 24 assentos(15 em 2013), a Lista Árabe, 13 (+2 das anteriores), Yesh Atid 11(antes 19), o novo partido Kulanu 10 deputados, Habait Hayehudi 8 (12), Shas 7 (11), Yahadut Hatorá 6 (7), Israel Beyteinu 6 (13) e Meretz elegeu 5 deputados, queda de 1 deputado das eleições de 2013. No programa humoristico Eretz Nehederet (País Formidável) do Canal 2, o personagem que representa o Netanyahu grita ao saber o resultado das eleições “reviravolta, reviravolta, reviravolta (esquecendo que ele é o governo). O povo perferiu se decepcionar de quem já o decepcionou e não de um novo que o decepcionaria.” A porcentagem de eleitores que foram as urnas é das maiores no mundo Ocidental- dos países que não há obrigatoriedade para votar-, foi de 72.3% superando a votação de 2013, que foi de 67.8%. Houve conside-rável aumento de votos dos árabe-israelenses, de 56% para cerca de 70%.
As champanhas foram abertas para comemorar a grande vitória do partido governamental, o sorriso e o canto encheu o recinto. Mas essa vitória abre o caminho para um árduo trabalho de reconciliação dentro do Likud, articulação dificil com os partidos que comporão a frágil e chantagista coalizão governamental. Além da tentativa de melhorar as relações pessoais entre Netanyahu e Obama e tentar melhorar a imagem de Israel no mundo. Enquanto governantes do mundo telefonaram para congratular o ex e futuro Premier de Israel, o silencio do lado americano esra estarrecedor. Só um dia depois, Kerry ligou e depois de mais um dia, Obama ligou e durante meia hora de conversa esclareceu a Netanyahu que sua atitude faz com que os EUA fará uma reavaliação da sua politica em relação a Israel. A ameaça estava aí, os EUA não necessariamente vetará uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para o reconhecimento de um Estado Palestino nas fronteiras de 1967, talvez até mesmo a apoiarão. A referencia à atitude do Netanyahu foi a declaração feita logo após a vitória de que durante seu governo não será criado Estado Palestino, contrariando declaração feita em 2008 na Universidade de Bar Ilan de que ele apoia a criação de 2 Estados para os 2 povos. Agora ele teve que voltar à recente declaração e em entrevistas a NBC e Fox americanas tentou amenizar dizendo que continua a favor de 2 Estados, só que as circunstancias atuais mudaram.
Não será nada fácil constituir novo governo com tantas contradições e a única coisa que os une são interesses, muitas vezes antagonicos e que cada partido, mesmo com 6 ou 7 deputados pode chantagear para ser favorecida. Netanyahu já prèviamente havia dito que não constituirá governo de união com a União Sionista, mas na política o não só existe enquanto não contradiz vontades e interesses. Se não conseguir formar um governo com seus aliados “naturais”de partidos da direita e dos ultra ortodoxos, eventualmente o formaria com os “guevalt esquerdistas” do Hamachané Hatsioni. Durante e depois da constituição do novo governo, Netanyahu terá que lidar com seus aliados americanos e da Europa e melhorar suas relações, mesmo fazendo coisas que não gosta, tomando atitudes e movendo o processo com os palestinos. Isto sem falar nas ameaças que circundam o país do Irã, palestinos e de radicais muçulmanos. Não há tempo para descançar, há muito trabalho pela frente.
OS ÁRABES ISRAELENSES E SEUS REPRESENTANTES
Há organizações, países e individuos que acusam e condenam o Estado de Israel por qualquer coisa sabendo muito bem que essas acusações nada tem a ver com a realidade. É uma onda atual na qual muitos entram ,nem sempre conhecendo os fatos. A vesperas da eleição em Israel, o Fundo Konrad Adenauer fez uma pesquisa entre os árabes-israelenses e notou que 70% deles querem integração a sociedade geral e a comunidade israelense, inclusive ter representantes no governo. A grande maioria deles acha que o mais importante é sua condição economica e como melhora-la e não a questaõ palestina, que seus deputados no Knesset mais tratam. Nessas eleições gerais em Israel, os árabes que são 17% da população geral, fizeram forças e uniram 4 partidos formando uma chapa única elegendo 13 deputados e tornando-se o 3º maior partido de Israel. Muitos no mundo geral, árabe e aqui em Israel acusam o Estado de não dar direitos iguais aos cidadãos árabes, fato que eles mesmo sabem que não tem procedimento e de que aqui vivem relativamente em condições melhores do que seus pares em outros países árabes.
Vejamos só quem são os representantes árabes eleitos no Knesset que clamam ter tanta discriminização:
1. Deputado Aiman Uda do P.C.I, de 40 anos de Haifa onde estudou Direito. 2. Masud Ganaim do Movimento Islamico, tem 50 anos e é Bacharel em estudos do Oriente Medio pela Universidade de Haifa. 3. Jamal Zhalka, de Qafar Qara tem 60 anos da Aliança Nacionalista Democratica e é Doutor em Farmaceutica pela Universidade Hebraica de Jerusalém. 4. Ahmed Tibi de Tayibe, tem 56 anos e é Ginecologista formado também pela U.H.de Jerusalém. 5. Aida Touma Suliman de 51 anos, do P.C. formada em Psicologia e Literatura Árabe pela U. De Haifa 6. Abd al Hakim Haj Yahye do Movimento Ilamico é de Tayibe tem 50 anos e é formado em Engenharia Civil pelo Technion 7. Haneen Zoabi de 46 anos, nasceu em Nazaré, formada em Filosofia e Psicologia em Haifa e Master em Comunicação pela U.H. de Jerusalém, ativa na Aliança Nacionalista. 8. Dov Khenin, judeu atua no P.C.I. 9. TalebAbu Arar, beduino de Arara de 46 anos, do Movimento Islamico,é formado em Direito. 10. Youssef Jabareen de Umm el Fahem, do P.C.I, formado Doutor em Direito pela U. De Haifa , onde leciona. 11. Basel Ghattas de Nazaré tem 56 anos, formado Doutor em Engenharia Ambiental pelo Technion de Haifa. 12. Osama Saadi, de Arabe, tem 52 anos formado em Direito pela U. H. De Jerusalém 13. Abdullah Abu Maaruf de Yarka, é do P.C.I , Urologista e médico geral.
É natural que os deputados árabes do Knesset, todos formados por universidades em Israel reclamem de preconceito no Estado Judeu? Em que país, uma pessoa como o árabe israelense Dr. Ahmed Tibi poderia ser conselheiro de Yasser Arafat, na época chefe da OLP, organização considerada terrorista e proibido qualquer cidadão israelense de ter contato com ele. O deputado Tibi continua nessa função até hoje, sendo o principal conselheiro de Mahmud Abbas para assuntos israelenses. Essa dúbia atuação é também da deputada árabe Haneen Zoabi, que provoca onde possa as autoridades israelenses, participou da flotilha a bordo do navio turco Mavi Marmara, confronta soldados israelenses e tem um duplo prazer de confrontar soldados árabes do Exercito Israelense para chama-los de traidores. Segue os passos do seu companheiro de partido,o ex deputado Azmi Bishara que foi julgado por traição e fugiu de Israel para Qatar de onde atua contra o país. O deputado Masud Ganaim, numero 2 da Lista Árabe, já se proclamou inúmeras vezes com a Irmandade Muçulmana e o E.I. chamando para criar um califado islamico e identifica-se mais com o Hamas do que com o país que lhe enviou ao seu parlamento. No Egito ele estaria na prisão, aqui é livre para agir contra o país.
CURTAS
A PROCURADORIA FRANCESA CONFIRMOU OFICIALMENTE (17.3) que Arafat morreu de causa natural e não foi envenenado, como os palestinos insinuaram para acusar Israel. Na época de sua morte, há pouco mais de 10 anos e mesmo depois os palestinos difundiram e muitos foram atrás das teorias de conspiração de que Israel causou sua morte, por envenenamento ou de outra forma. Esqueceram que a viuva acusou Abbas e a cúpula da OLP de fazer desaparecer bilhões de dolares e que houve briga na cúpula da OLP. Agora, a verdade saiu ao ar, o líder palestino que foi levado a hospital frances, onde veio a falecer,segundo a autopsia francesa morreu de causa natural.
YEMEN. Este país estratégico que também sofre da violencia de extremistas islamicos ligados ao Irã não tem trégua. Nesta sexta-feira (o domingo dos muçulmanos) 2 mesquitas foram sacudidas por 3 atentados suicidas causando a morte de mais de 170 pessoas e centenas de feridos. O presidente do país, ante a ocupação da capital, Sanaa, pela tribo rebelde dos Houthi ligada ao Irã, já fugiu para Aden, tentar controlar a rebelião que divide o país e ameaça a navegação internacional e a Arabia Saudita.
TUNISIA. O extremismo islamico assola mais o mundo muçulmano e mata mais fiéis de sua própria religião. Mas um dos meios de combater a estabilidade do governo, ele ataca turistas para combater a cultura Ocidental e causar prejuizo economico em países turisticos como a Tunisia e o Egito, entre outros. Dois terroristas massacraram 22 pessoas no Museo Nacional em Tunis, principalmente turistas estrangeiros. HORÁRIO DE VERÃO. Na próxima sexta feira,27 de março, entrará em vigor o horário de verão em Israel. Os relógios serão adiantados em 1 hora e o fuso horário com o Brasil será de 6 horas, até 25.10.15.
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