Nestas últimas semanas, assistimos estarrecidos a mais um massacre neste país que já está esfacelado: A Síria sofreu um ataque de armas químicas.

O Senhor Bashar Al Assad não hesitou em castigar seu próprio povo e atacá-lo com gás sarin, matando mais de 1000 inocentes, entre eles mulheres e crianças. O sarin usado como arma é banido pela Convenção de Armas Químicas, assinada em 1993. Hoje são signatários do documento que proíbe o uso destas armas 188 países – a Síria é uma das cinco nações que não participa do acordo.

Sempre achamos que não chegaríamos a isto. Que um governo estabelecido jamais faria uso de armas químicas para eliminar seu próprio povo no simples intuito de permanecer no poder. Mas parece que mais uma vez o conceito de humanidade se perde em detrimento da má política.

Francamente, a humanidade parece ter se esquecido da Síria nos dois lados do conflito. A violência letal grassa e as torturas, assassinatos e massacres são os instrumentos cotidianos tanto dos rebeldes, uma força multiforme e desunida, de muitos pajés e patrocinadores escusos, quanto do governo facínora, também com seus aliados imorais.

Entretanto, o ineditismo do ataque com armas químicas trouxe o conflito para outro patamar. Exigiu uma postura internacional mais firme e um olhar político que entenda os limites da crueldade.

Não foi para isto que a Organização das Nações Unidas foi criada? Para sobrepujar toda e qualquer postura política e condenar e evitar que ataques desta natureza acontecessem?

Qual é o limite?

Pois bem, sabemos que na seara da ONU, um ataque à Síria não acontecerá. O Presidente Obama até escolheu atacar a Síria, demonstrando que não se calaria diante deste tipo de agressão, mas com o aparentemente sensato suporte da Rússia, parece ter achado um consenso.

A brutalidade do assalto com a utilização do gás sarin nos faz arrepiar os cabelos. Ele costuma causar , perda da consciência, paralisia e insuficiência respiratória, que pode levar à morte.

Mas, é a resposta inadequada a uma ação deste porte que pode levar outros países, sabidamente, o Irã, a pensar que o ataque com armas químicas é uma opção válida.

A comunidade internacional sabe que o regime iraniano é um grande aliado de Assad e sua permanência no poder depende basicamente do apoio da Rússia, China e Irã.

Assim, se o mundo ocidental não mantiver uma postura forte em relação ao uso de armas químicas e à proliferação de energia nuclear, pobres de nós, meros espectadores neste provável palco de horrores.

França, Inglaterra, Turquia, Estados Unidos e todos os países e as Nações Unidas devem se esforçar para que este ataque seja veementemente condenado e que medidas sejam tomadas que possam representar um avanço diante do quadro que hoje vemos na Síria.

Sabemos que a situação no país não é de fácil solução.

Os rebeldes são uma oposição multifacetada com dois principais poderes políticos heterogêneos. Primeiramente, temos os islamitas sunitas de orientação Salafista com laços com a Al-Quaeda, buscando a volta do Islã político. Além disso, a juventude classe media secular é a ponta de lança dos rebeldes, mas a massa são os islamistas. Ainda temos as minorias curdas e turcomenas que desempenham um papel importante nesta rebelião.

Com o Hezbolá e o Irã como protagonistas juntos com Assad, vemos que a Síria passa por um dilema que envolve até um perigo de fragmentação já até verbalizado por muitos.

Para Israel, fica a preocupação de saber, qual é a linha vermelha? Qual é o limite?

Como melhor enviar a mensagem que não toleraremos qualquer ameaça de arma química seja de quem for?

Será que deveremos contar apenas com nossas forças diante da possível tragédia?

Floriano Pesaro é Sociólogo e Vereador

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