Tribunal Russell para a Palestina

 

É importante conhecermos o Tribunal Russell para a Palestina. O Tribunal Russell foi constituído pela primeira vez durante a Guerra do Vietnã, sob a liderança de Sir Bertrand Russell, e teve papel chave na divulgação de atrocidades norte-americanas e na reversão da imagem negativa que a mídia construía do Vietnã do Norte e dos vietcongs, encobrindo o morticínio e a violação da legislação internacional para a guerra (Convenção de Genebra). O mundo veio a saber do uso de napalm, do agente laranja, e do sacrifício da juventude norte-americana numa guerra desnecessária e injusta. O Tribunal Russell criou condições para que a juventude norte-americana se revoltasse contra a guerra  (época dos hippies e "paz e amor", das canções de protesto, etc.). O governo norte-americano foi forçado por seu próprio povo a deixar o Vietnã, humilhado.

 

Agora temos o Tribunal Russell para a Palestina. Enquanto o governo míope de Israel desafia com arrogância seus principais aliados (EUA e União Europeia) e insiste na construção de mais habitações em territórios que não pertencem a Israel, as forças ligadas a direitos humanos em nível mundial se organizam para julgar delitos cometidos por israelenses, que em Israel são absolvidos. Aqueles que criticarem esses crimes serão (já são) taxados de antissemitas. A lavagem cerebral que se faz na juventude judaica consiste em reforçar a ideia (doente) de que Israel só tem inimigos, e que só pode contar com sua própria força. Maluca e suicida, para um país que vive em meio a 1 bilhão de muçulmanos.

 

Para que não fique dúvida sobre a seriedade do Tribunal Russell, vejam que uma de suas principais líderes   é  Nurit Peled El-hanan, professora da Universidade Hebraica de Jerusalém, filha do general israelense e militante pacifista Matitiahu Peled, e dirigente (ela) da ONG "Bereaved Families for Peace, que reúne famílias israelenses E palestinas que perderam membros em ações terroristas ou ataques militares. Faz parte do Tribunal o nosso Francisco Whitaker Ferreira,da Comissão Justiça e Paz da CNBB, que foi autor dos dispositivos na Constituição de 88 que permitiram conseguirmos o Ficha Limpa neste ano. Chico é nosso amigo e poderá vir falar conosco sobre o Tribunal Russell num Cabalat Shabat nos próximos meses.

 

Vejam aqui as organizações que apóiam o Tribunal Russell para a Palestina.

Para quem acompanhou a dinâmica dos acontecimentos no Egito e nos demais países do Oriente Médio no último mês, faço a pergunta: quanto tempo levará para Israel ser deslegitimado, se o seu governo continuar insensível ao fato de que a paz precisa ser justa, e requer estadistas à altura deste momento?

 

O Tribunal Russell, ao constituir um freio externo (pois influenciará os que enviam dinheiro para Israel sem saber como o dinheiro é aplicado) para os abusos da arrogância dos atuais dirigentes de Israel,  é uma força que contribuirá para que Israel chegue ao seu centenário como um país democrático, em paz e reconhecido internacionalmente. A essa altura, em que a correlação de forças políticas em Israel é a cada dia mais favorável à escolha de dirigentes vindos da coalizão dos religiosos fundamentalistas com a direita nacionalista, a pressão para que Israel não caminhe para o abismo só pode vir de fora.

 

E nós, judeus humanistas, temos um papel nisso, recusando a lavagem cerebral que se faz de modo míope em nossas comunidades.



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