O Rabino Sherwin Wine lider do Judaismo Humanista Americano

 Sherwin Wine : Fonte Chazit Hanoar Porto Alegre - http://www.chazit.com/cybersio/chazal/sherwin_wine.html   

 

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    Sherwin Wine era um americano, filho de imigrantes poloneses, que foi educado ao longo de sua vida com base nos preceitos judaicos conservadores. Freqüentou uma sinagoga, observava o shabat, mantinha sua casa Kasher.

    Wine é Mestre em artes e filosofia, pela Universidade de Michigan. Ao longo de sua vida universitária, mostrou-se voltado para a corrente empirística e mais tarde para o positivismo lógico. Por causa de alguns professores se sentiu atraído pelo humanismo.

    Apesar de não se encontrar mais em um ambiente religioso, Sherwin optou por seguir a carreira religiosa, se matriculando no programa rabínico da rabínico Hebrew Union College, uma instituição reformista. Após ser ordenado, em 1957, se voluntariou para ser Rabino nas Forças Armadas dos EUA,   uma nova congregação, conhecida como El Beth. No ano de 1963, após ser contatado por pessoas do templo Beth El, em Detroid, Wine começa a desenvolver, com apenas oito famílias, um trabalho em que elas pudessem encontrar uma linguagem que refletisse sua verdadeira

    Em 1959 foi para o Canadá ajudar na formação de crença. Depois de algum tempo Sherwin Wine resolveu retirar a palavra “D’us” de suas cerimônias, passando a utilizar de uma liturgia nova, repleta de cultura judaica, história e valores éticos. Assim começava a surgir o Judaísmo Humanista.

       Wine se declarou um não-ateu, pois, segundo ele o ateísmo é algo impossível, uma vez que não há como provar ou negar a existência de D’us.

    Em 1971 a congregação se mudou para um prédio recém construído, e os rolos da Tora colocados em uma biblioteca, ao invés do habitual Aron Hakodesh. A sinagoga recebeu uma grande escultura, representando a palavra Adam.

    Em 1982, Wine criou o Comitê Norteamericano para o Humanismo, uma confederação das seis principais instituições Humanistas dos EUA, onde era oferecido um curso de Doutourado para a formação de Lideres Humanistas.

    No ano de 1985 foi criou o Intrenational Institute for Secular Humanistic Judaism, uma instituição educacional onde são graduados Rabinos e Madrichim ( menos treinados do que rabinos, porém certificados para realizar casamentos e outras cerimônias). Até hoje já foram formados Sete rabinos e mais de 50 madrichim nos EUA.   

    Wine trabalhou como Rabino na sinagoga até 2003, quando começou a se dedicar exclusivamente ao International Institute for Secular Humanistic Judaism, arrecadando fundos e dando palestras em prol da divulgação da nova maneira de pensar que criara.

Morreu em 2007, em um acidente de carro.

O Judaísmo Humanista

    A linha criada por Wine é basicamente voltada para a cultura judaica, não seguindo uma maneira de pensar teística. Ele reconheceu que, dessa maneira, atrairia judeus não-religiosos que não estavam associados a nenhuma instituição judaica.

    Assim, sua congregação teria acesso a uma vida em comunidade, com todos os benefícios que ela pode acarretar, sem deixar de lado a coerência com seu discurso não-teísta.

    O judaísmo é uma cultura étnica criada pelo povo Judeu, aberta para que cada individuo crie seu próprio significado, sem imposições de uma autoridade sobrenatural.

    Neste poema escrito pelo próprio Sherwin Wine, pode-se entender um pouco melhor a perspectiva não-teísta do Judaísmo Humanista:

    Onde está a minha luz? A minha luz está em mim.

    Onde está a minha esperança? Minha esperança está em mim.

    Onde está a minha força? Minha força está em mim - e em você.

    No Judaísmo Humanista, acredita-se que o Tanach possui um significado moral e ético, que tem como base a responsabilidade humana. Os seres humanos têm a responsabilidade para resolver problemas humanos, ou seja, não depende de forças divinas, e a própria história judaica deixa isso explícito.

    As festividades judaicas foram mantidas, a interpretação de seus significados, porém, foi alterada de modo que ficasse coerente com as idéias do movimento Humanista. Rosh Hashaná e Yom Kippur, por exemplo, são considerados momentos de renovação e reflexão, onde devemos nos centrar na dignidade humana, nos auto-perdoarmos por nossos erros. Todas as referencias a D’us foram excluídas das cerimônias.

    A Torá e outros textos religiosos judaicos são considerados importantes documentos históricos, que devem ter sua origem e grau de embasamento avaliados cientificamente. Os escritos mais recentes possuem uma validade filosófica maior, pois estão mais propensos a serem infundidos com os valores da Haskalah.

    Para o Judaísmo Humanista, Israel é o Centro da civilização judaica, e a revolução sionista proclamou a soberania espiritual do homem judeu no centro de sua civilização.

    O Judaísmo Humanista não é contra os casamentos mistos, e acredita que Judeu é todo aquele que se identifica como tal, estando vinculado de maneira ativa a sua história, cultura e tradições. A religião judaica é uma manifestação dessa cultura e dessas tradições, e a identidade judaica se preserva através de uma educação onde exista a vivencia dessas praticas, tradições, rituais e tantos outros tipos de manifestações da cultura judaica, em um ambiente pluralista. A liberdade do povo judeu deve ir em conjunto com a liberdade e a dignidade de todo o ser humano.