Günter Grass, Prêmio Nobel de Literatura, publicou um poema nos jornais alemães nesta quarta-feira no qual diz que “o poderio nuclear de Israel é uma ameaça a uma já frágil paz mundial”.
O título do poema é “Was gesagt werden muss”, ou “O que deve ser dito” – uma expressão alemã que significa “Não há lei contra dizer isso” e que em geral inicia conversas informais contra os imigrantes ou contra Israel. Normalmente essa expressão vem acompanhada de uma ressalva importante – quem a enuncia costuma dizer que tem “amigos” imigrantes ou judeus, para escapar da acusação de xenofobia ou de antissemitismo. Grass faz exatamente isso, ao se dizer “alinhado a Israel”.
No entanto, Grass revela seu antissemitismo por inteiro quando escreve que se manteve em silêncio sobre o assunto até agora porque se sentiu “constrangido” ante a “promessa de punição” caso fizesse críticas a Israel na Alemanha. Com isso, ele reforça o mito do poder judaico onipresente, como se os críticos de Israel não pudessem se expressar graças à força incontornável dos conspiradores de Sião.
Günter Grass sabe perfeitamente que as críticas a Israel não só são permitidas na Alemanha como são constantes. Mas parece que, volta e meia, o pequeno nazista que ele foi, vestido com uniforme da Waffen SS, torna a emergir – e agora, ironicamente, em nome da “paz mundial”.
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