Veja a Coluna do Paulo Rosenbaum no JB

http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2011/10/20/o-fim-dos-partidos-politicos/

 

O fim dos partidos políticos


Jornal do Brasil Paulo Rosenbaum e

“Por favor, não vos doam as verdades que digo; ninguém se pode salvar quando se opõe bravamente a vós ou a outra multidão qualquer para evitar que aconteçam na cidade tantas injustiças e ilegalidades; quem se bate deveras pela justiça deve necessariamente, para estar a salvo, embora por pouco tempo, atuar em particular e não em público” (Platão falando por Sócrates in 'Abstenção da política').

Não é preciso um giro muito profuso para perceber que o papel das pessoas, estruturas e instituições precisa ser repensado. Não que a democracia esteja se esgotando neste melancólico desfecho de pós-modernidade, mas há pelo menos uma coisa clara: suas formas e conteúdos pedem um novo corte filosófico. Sem uma novíssima política não sobrevivem nem o povo nem o Estado. Aquele a causa — senão a única razão — desse. 

Está em curso uma crise mundial, talvez sem precedentes desde o fim da II Guerra, que vai muito além da econômica. Por outro lado, não é insensato afirmar que o capitalismo está muito longe de ser derrotado pelas suas contradições como previu o economista alemão. Ainda é, e por muito tempo será, o sistema dominante. Além disso, há uma crise de representatividade e, sem ela, a governabilidade está ameaçada. Com a violência testemunhada nos protestos globais — que vêm misturando na pólvora fanatismo, exclusão e pulsão destrutiva — vemos a anomia e a barbárie tomar corpo, inclusive em sociedades até há pouco consideradas inquebrantáveis. É claro que este é um daqueles riscos ainda subestimados nos gabinetes políticos e nas planilhas lucrativas de quem faz marketing eleitoral.