Curador da Flip compara Lanzmann a nazista e depois faz mea culpa. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/941591-curador-da-flip-compara-lanzmann-a-nazista-e-depois-faz-mea-culpa.shtml O curador da Flip, Manuel da Costa Pinto, atacou neste domingo (10), durante a entrevista de balanço da festa literária de Paraty, o documentarista e intelectual francês Claude Lanzmann, um dos convidados do encontro. Costa Pinto --que antes da Flip classificou Lanzmann como o convidado mais significativo para ele-- criticou a rispidez com que Lanzmann tratou o mediador de sua conferência, o professor e crítico Márcio Seligmann-Silva, equiparando a atitude a práticas nazistas. Na visão do curador, o destempero de Lanzmann (que é judeu) refletiria um preconceito contra acadêmicos. O editor de Lanzmann no Brasil, Luiz Schwarcz, dono da Companhia das Letras, queixou-se a Costa Pinto, que então admitiu ter se excedido e fez um mea culpa. "Houve dois equívocos neste fato. Primeiro, uma confusão de papéis por parte do Manuel [da Costa Pinto]. Ele é um excelente crítico, mas está aqui como curador do evento que convidou Lanzmann para vir a Paraty. O segundo equívoco foi a escolha dos termos usados, que representam uma injustiça com o autor", avaliou Schwarcz. Para ele, no lugar de prejudicar o curador, a gafe deveria promover uma reflexão por parte da Flip. Associação Casa Azul, organizadora da Flip, divulgou nota no início da noite do domingo afirmando que "gostaria de esclarecer que a opinião expressa por Manuel da Costa Pinto representa uma posição pessoal. A Associação lamenta o uso de uma palavra inadequada em relação a um convidado cuja presença engrandeceu a Flip em 2011. A organização da Flip destaca seu habitual respeito aos escritores convidados, que representam o sucesso deste evento de celebração da literatura". No debate da sexta-feira à noite, Lanzmann rejeitou perguntas de Seligmann-Silva que não abordassem o livro de memórias que o francês está lançando no Brasil, "A Lebre da Patagônia". O autor convidado dirigiu "Shoah", um importante documentário sobre o Holocausto, tema do qual o mediador é estudioso e sobre o qual tentou fazer perguntas de cunho mais complexo e filosófico. “É decepcionante que um autor do porte e da estatura intelectual do Claude Lanzmann rejeite perguntas dessa natureza. Rejeitar a complexidade do debate literário e filosófico é ser um perpetrador da intelectualidade. Esse preconceito que há contra o intelectual, contra o acadêmico, é uma coisa nazista. Infelizmente uma pessoa que trabalhou tanto com essa matéria-prima acaba reproduzindo uma atitude dessas, soube ser contra a discussão intelectual e filosófica. É grave isso, é grave. A atitude dele foi cancelar o debate em nome de uma espetacularização de si mesmo. Foi lamentável o que aconteceu", disse Costa Pinto. O curador defendeu a "estatura intelectual" de Seligmann-Silva e as perguntas feitas pelo mediador, considerado por Costa Pinto "com certeza absoluta o maior crítico literário da minha geração". "O Lanzmann talvez tenha uma vaidade intelectual que gera uma certa impaciência com perguntas. Às vezes as pessoas reagem a perguntas mais complexas --eu defendo as perguntas mais complexas. Acho absolutamente terrível quando alguém fala que houve uma mediação acadêmica, acho isso uma banalidade, uma vulgaridade. Literatura é complexa, não é fácil. As pessoas estão aqui para ver a figura do autor em cena e terem interação com autor, terem uma tarde agradável? Sim. Mas a obra vem à frente do autor, e a obra não é fácil." Depois das queixas de Schwarcz, Costa Pinto, que é amigo de Seligmann-Silva, afirmou. "Não quis dizer que a atitude dele é nazista nem equiparei a atitude nazistas. Apenas disse que me decepciona muito ele recusar o debate intelectual."
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