Israel faz simulação sob premissa de arma atômica no Irã

Uma simulação militar envolvendo ex-generais e diplomatas de Israel, realizada no último domingo, concluiu que um Irã com armas nucleares seria um golpe para a autonomia militar israelense, embora alguns participantes tenham previsto também que Teerã demonstraria comedimento.

O evento de domingo, em um campus ao norte de Tel Aviv, segue-se a outras simulações relevantes nos últimos meses em Israel e Estados Unidos. Mas o exercício inovou ao pressupor a existência de armas nucleares no Irã - algo que Teerã nega a intenção de desenvolver, a despeito da desconfiança que gera nos EUA e seus aliados.

"A dissuasão iraniana se mostrou vertiginosamente efetiva", disse o brigadeiro da reserva Eitan Ben-Eliahu, que "interpretou" o ministro israelense da Defesa, em seu sumário do evento, que reuniu 20 especialistas.

O exercício supôs que o Irã irá se declarar uma potência nuclear já em 2011, e que os confrontos seguintes serão "por procuração", no Líbano.

Num deles, a guerrilha Hezbollah, animada com o avanço de seus aliados iranianos, dispararia mísseis contra a sede do Ministério da Defesa israelense, em Tel Aviv. Em seguida, conforme a simulação, agentes dos EUA e de Israel descobririam que o Irã estava contrabandeando material para que seus aliados no Líbano montassem uma bomba radiativa semiartesanal.

Rivais árabes do Irã então dariam - sempre segundo a simulação - um discreto incentivo a uma retaliação do Irã, mas ainda não seria desta vez que o Estado judeu atacaria. Israel prefere então confabular com os EUA, que manifestam publicamente apoio ao "direito à autodefesa" de Israel, além de mobilizarem reforços militares na região. Por outro lado, Washington insiste discretamente para que Israel recue e dê uma chance às negociações.

"No que dizia respeito aos Estados Unidos, Israel estava feliz (demais) em apertar o gatilho. (Israel) buscaria usar o ataque do Hezbollah (com mísseis) como justificativa para aquilo que os EUA seriam informados de que seria uma guerra total", disse Dan Kurtzer, ex-embaixador dos EUA em Tel Aviv, que "interpretou" o presidente dos EUA.

Kurtzer manifestou satisfação com a reação da sua equipe à "bomba suja" (bomba radiativa), que consistiu em pressionar outras potências da ONU a aceitarem uma intervenção armada contra o Hezbollah.

"Países como China e Rússia têm seus próprios terroristas e não querem vê-los obtendo armas nucleares", disse o ex-diplomata.

"Sob certas circunstâncias, a ágil diplomacia dos EUA pode realmente funcionar nesta região, e (Washington) acaba não só controlando Israel como também liderando uma coalizão internacional com disposição."
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