O sociólogo Max Weber, em suas obras, analisava a realidade social a partir de um recorte, ou seja, de todo o cenário possível de ser analisado, de todos os fatores que implicam nesse cenário e de todas as consequências que sao resultados dele, só podemos estudar um recorte ,que não explica tudo. A partir dessa teoria, como exemplificarmos o valor simbólico da troca do soldado Guilad Shalit por 1027 prisioneiros árabes? Quais as consequências práticas, desse entendimento de que somos superiores? Há varias maneiras de explicar como e porque o governo de Israel finalmente aceitou a liberação de presos com o objetivo de retornar Guilad para casa.Demétrio Magnoli, num artigo escrito para o jornal O Globo, fez um breve comentário sobre como as atitudes de Bibi (Netanyahu, primeiro Ministro de Israel) estão levando a decisão de criar um Estado palestino para um campo ideológico já existente, e preconizado por Jabotinsky. Segundo Magnóli, a crença de que a única maneira de manter a existência de um Estado judaico e democrático é a partir da criação de um Estado palestino . Não com objetivo de garantir um Estado para uma nação, como um dia já foi votado para nós numa assembléia da ONU ,e sim como mais um passo em direção ao revisionismo de Zeev Jabotinsky.O Hashomer Hatzair por sua vez, em algum momento da sua luta ideológica, já defendeu a criação de um Estado binacional, para os judeus bem como para os árabes palestinos. "No sexto encontro do Kibutz Artzi, em 1942 realizado no Kibutz Mishmar Ha'Emek, o Hashomer pleiteava um sistema governamental de paridade sem levar em conta a disparidade numérica existente entre ambas nações. O Estado estaria fundado numa cooperação mutua entre os trabalhadores judeus e palestinos."*Naquela época, essa posição frente a criação de um Estado Judaico era pioneira e os participantes do movimento acreditavam que era a única que se encaixava dentro dos padrões ideológicos. Hoje em dia, após algumas decepções quanto a organizações políticas palestinas que pudessem sustentar essa mesma posição, não nos colocamos do mesmo modo a cerca da mesma idéia, acreditamos numa necessidade do estabelecimento de um Estado Palestino pois somos todos iguais e temos os mesmos direitos, perante a ONU, os EUA, e sobre tudo perante nós mesmos.O Estado de Israel se responsabilizar pelo Guilad Shalit e se preocupar em trazê-lo para casa é uma obrigação. Devemos nos alegrar pela boa hora em que as negociações acontecem, nos solidarizando com a família que esperou durante mais de 5 anos. Porém como membros do Hashomer Hatzair, agentes de transformação da sociedade, e pioneiros por uma comunidade que consiga defender a igualdade entre os seres humanos, sejam eles palestinos, iranianos ou filipinos e a fim de mantermos coerência com esse pensamento, não podemos defender que a vida de um judeu vale mais que 1000 prisioneiros.*Morris, Benny, One state, two states: resolving The Israel/Palestine conflict. Yale University Press, 2009.
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