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Origens judaicas do povo brasileiro - por Rachel Mizrahi

BRASIL
Origens judaicas do povo brasileiro
por Rachel Mizrahi - Revista Morasha

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Foto Ilustrativa

Nenhum país das Américas tem história tão marcada pela presença do povo judeu como o Brasil.

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Ligado à epopéia dos Grandes Descobrimentos Marítimos, em 1500, D. Manoel I, rei de Portugal, conhecido como "O Venturoso", "Rei da Pimenta" e "Rei dos Judeus" (pela formidável presença destes últimos nas frotas descobridoras), determinou a Pedro Álvares Cabral e ao intérprete Gaspar da Gama (judeu, batizado católico) procederem a contatos formais com representantes das terras descobertas por Vasco da Gama, primeiro português a chegar nas Índias, em 1498. O trajeto de Cabral, em frota de 13 navios, incluía deslocamentos para o Ocidente, objetivando possível encontro com novas terras. Cristóvão Colombo, em nome da Espanha, chegara em terras da América Central em 1492, pensando estar nas Índias. O proposital desvio da rota de Cabral levou ao encontro de terra baiana em 22 de abril, segundo informa a carta do escrivão da armada, Pero Vaz de Caminha.

Descendentes de judeus chegaram ao Brasil, a partir de 1503. Fernando de Loronha ou Noronha, convertendo-se ao catolicismo, foi designado pelo rei D. Manoel para donatário da grande ilha do Nordeste brasileiro que hoje leva o seu nome. Noronha foi responsável pela arrematação do primeiro contrato de monopólio do pau-brasil. Com a madeira produziam-se pequenas peças de mobiliário e com sua resina coloriam-se tecidos.

Deve-se a cristãos novos a introdução da cana do açúcar no Brasil, trazida das ilhas portuguesas de Açores e Madeira. Entre os que se dedicavam ao cultivo da cana no Nordeste, citamos o cristão novo, senhor de engenho, Ambrósio Soares Brandão, autor de um importante ensaio econômico intitulado "Diálogos das Grandezas do Brasil". Outro que se distinguiu na Capitania de São Vicente foi o jesuíta José de Anchieta, fundador de um Colégio, em 1554, que deu origem à cidade de São Paulo. José de Anchieta, considerado o "Apóstolo do Brasil", era filho de Mência Dias de Clavijo, cristã nova da ilha de Tenerife.

Ligados aos poder e à vida econômica, os judeus da Península Ibérica, conhecidos como sefaraditas, aprofundaram-se nos estudos religiosos, filosóficos, da medicina e em sistemáticos trabalhos das ciências náuticas, astronomia e matemática, transformando-se, inclusive, em navegadores e intérpretes das expedições portuguesas. As cartas marítimas, o astrolábio e a bússola foram por eles aperfeiçoados. O ponto alto dos estudos náuticos foi realizado pelo astrônomo Abraham Zacuto, autor do "Almanach Perpetuum", no final do século 16. Esses conhecimentos permitiram a Portugal, frente ao Atlântico, preparar-se para a busca das especiarias e dos metais preciosos, especialmente procurados. Politicamente centralizado e contando com o apoio de uma burguesia predominantemente judaica, Portugal pôde desde o início do século 14 desbravar, explorar e colonizar o litoral dos continentes africano, asiático e americano.

Os Grandes Descobrimentos Marítimos, associados a processos transformadores da vida político-econômica européia, ocorreram em período de enorme conturbação social na Península Ibérica. A Espanha, depois da expulsão dos muçulmanos e judeus da Espanha, em maio de 1492, buscava acomodar os 50 mil conversos, que permaneceram no reino centralizado, sob a supervisão do Tribunal da Inquisição instalado em 1480. A formidável entrada de judeus espanhóis em Portugal acarretou, poucos anos depois (1497), ação inesperada e dramática de D. Manoel: a conversão forçada de todos os judeus de Portugal, obedecendo a uma cláusula de seu casamento com a princesa espanhola. Embora o extremo ato tenha sido contrabalançado por legislação protetora aos conversos, o sucessor, D. João III, assentiu em instalar o Tribunal da Inquisição no reino, autorizado pelo papa Paulo III, em 1536.

Discriminados, perseguidos e vendo limitadas as possibilidades de crescimento nos domínios ibéricos, os cristãos novos buscaram emigrar para terras da Itália, França e, no final do século 16, para a Holanda, quando a liberdade de consciência foi instituída na República. Em Amsterdã, judeus e cristãos novos de origem portuguesa estavam ligados à comercialização do açúcar brasileiro pela Europa. A Holanda, tradicional parceira de Portugal, financeiramente se responsabilizara pelo sucesso da empresa açucareira no Brasil.

Apesar das proibições legais, grande número de cristãos novos buscou as possessões americanas. No Brasil, podiam ser encontrados em todas as capitanias, posicionados em diversas ocupações. Conhecidos como "homens de negócios", cristãos novos assumiram contratos reais nas transações comerciais do pau-brasil, do açúcar, do tabaco, de escravos negros e outros monopólios. Dominando a leitura e a escrita, posicionaram-se em cargos públicos administrativos, militares e religiosos, apesar de proibidos pelas leis discriminatórias dos Estatutos de Pureza de Sangue.(1)

A união das coroas ibéricas (1580-1640) determinou o fim das formidáveis relações com a Holanda. Inimiga da política expansionista da Espanha católica, a alta burguesia holandesa da Cia. de Comércio das Índias Ocidentais decidiu, em 1630, com apoio das autoridades políticas, conquistar a Capitania de Pernambuco, maior produtora de açúcar, depois da fracassada invasão na Bahia em 1624. Angola, porto de escravos negros, foi igualmente tomada, revelando o real interesse da Cia. Holandesa em manter funcionando a produção, preservando a atividade das 20 companhias holandesas encarregadas do branqueamento e refino do açúcar, antes de comercializá-lo pela Europa.

A tolerância religiosa foi imposta pelo invasor protestante onde o catolicismo era predominante. Diante da imposição da liberdade de consciência, grupos de famílias judias de Amsterdã, de origem portuguesa, mostraram interesse em se estabelecer no Brasil-Holandês. Dominando o português, o grupo transformou-se em intermediário de todos os negócios que se efetuavam na terra conquistada. Cuidando de suas comunidades, fundando sinagogas e organizações beneficentes, os judeus, apoiados pelo Príncipe Maurício de Nassau, administrador das terras conquistadas, transformaram-se em agentes do crescimento econômico da região, especialmente de Recife, transformada na mais importante cidade de todo o Atlântico de meados do século 17. Esclarecido e homem de seu tempo, Nassau trouxera consigo artistas, pintores, biólogos, naturalistas, cartógrafos e mais cientistas que produziram obras, hoje admiradas e consultadas por especialistas interessados em conhecer as primeiras obras escritas sobre a América e as belas pinturas de silvícolas, negros e de espécies nativas da flora e fauna brasileira.

As conquistas holandesas se ampliaram para o litoral Norte, permitindo o nascimento de pequenas comunidades judaicas, entre as quais a da Paraíba e de Penedo, nas imediações do Rio São Francisco. Isaac Abuhab da Fonseca e Moisés Raphael de Aguillar, eminentes rabinos de Amsterdã, foram convidados a dirigir o culto religioso nas sinagogas "Zur Israel" e "Maguen Abraham", de Pernambuco, e supervisionar o funcionamento beneficente da "Santa Companhia de Dotar Órfãs e Donzelas". A preocupação com os horário dos rituais litúrgicos levou a que esses religiosos consultassem sábios de Salônica, cidade grega, referencial judaico do Império Otomano, esclarecendo-se sobre os horários das cerimônias em hemisfério diferente.

Com a Restauração Portuguesa de 1640, Salvador, então capital da metrópole portuguesa, continuava intensamente vigiada pelo Santo Ofício da Inquisição. No ano de 1647, membros da comunidade judaica holandesa ficaram consternados com a prisão de Isaac de Castro Tartas, sobrinho do rabino Raphael de Aguillar. De origem portuguesa, Isaac de Castro, nascido em terras da França, chegara ao Brasil em 1640. Depois de visitar a Paraíba, buscou a cidade de Salvador, apresentando-se ao bispo como judeu. Pouco depois, acusado de ensinar judaísmo aos cristãos novos, Tartas foi preso e encaminhado a Lisboa para responder processo inquisitorial. Durante os interrogatórios, os juízes tentaram demovê-lo de sua crença e convertê-lo ao catolicismo, chamando eminentes teólogos para tal tarefa. Castro recusou-se a deixar sua fé, continuando a praticar, na prisão, os rituais judaicos diários. Torturado, manteve-se obstinado.

Negando tudo, foi sentenciado à morte pela justiça comum, proferida na cerimônia do Auto de Fé de 1647. Considerado mártir do judaísmo, Isaac de Castro foi conduzido ao patíbulo recitando o "Shemá Israel". Morreu queimado vivo, aos 24 anos de idade. (2)

As comunidades judaicas do Brasil holandês subsistiram por 24 anos, até a expulsão final pelas forças luso-brasileiras, em 1654. Embora a maioria dos judeus tenha retornado a Amsterdã, pequeno número instalou-se nas colônias holandesas de Suriname, Barbados e Curaçao, na América Central. Outro pequeno grupo, com mais de duas dezenas de pessoas, estabeleceu-se em Nova Amsterdã, organizando o núcleo inicial comunitário judaico de Nova York, hoje a maior cidade da diáspora.

Embrenhar-se pelas matas em busca de aldeias para escravizar índios e vendê-los à produção de subsistência, nas capitanias sulinas, foram ocupações dos bandeirantes do século 17 e 18, alguns de origem judaica, como Raposo Tavares e Garcia Rodrigues Paes. Na busca dos índios, os bandeirantes paulistas desbravaram e estabeleceram-se em terras inexploradas, delineando os atuais contornos do território brasileiro.

Em novas áreas - distanciando-se dos agentes da Inquisição - os bandeirantes acabaram por encontrar os primeiros veios do ouro, metal ansiosamente procurado pela Coroa desde o início da colonização. A exploração do ouro na Capitania das Minas Gerais, a partir de 1695, transformou a cidade do Rio de Janeiro, porto de entrada de exploradores portugueses e de mercadorias, fatores que conduziram a uma intensa vigilância sobre a cidade. A primeira metade do século 18 foi o período da maior atuação do Tribunal da Inquisição no Brasil. Denúncias - que não precisavam ser comprovadas - levaram à prisão numerosos mercadores, senhores de Engenho, mineradores, advogados e médicos, todos cristãos novos, que viviam nas capitanias do Rio de Janeiro, Bahia, Minas, São Paulo e São Vicente. O seqüestro dos bens dos "envolvidos pela heresia judaizante" era procedido assim que os suspeitos eram presos e conduzidos pelas embarcações à Lisboa.

No grupo dos envolvidos pela Inquisição de Lisboa estava a família do advogado e procurador da Coroa, João Mendes da Silva, cristão novo, pai do famoso dramaturgo António José da Silva, processado e queimado em 1743. Entre seus denunciantes estava o capitão-mor da Capitania da Conceição de Itanhaém, Miguel Telles da Costa, cristão novo, também preso. Bem posicionada no Rio de Janeiro, a família Mendes da Silva viu-se obrigada a abandonar a cidade, instalando-se em Lisboa para acompanhar processos de seus familiares.

Entre outros cristãos novos envolvidos pela Inquisição, na primeira metade do século 18, citamos os irmãos Alexandre e Bartholomeu Lourenço de Gusmão, originários de Santos, cidade do litoral paulista. Embora de origem judaica, Alexandre e Bartholomeu Lourenço ocuparam significativos cargos na administração pública da metrópole e do Brasil. Alexandre de Gusmão foi secretário de Estado de D. João V e, seu irmão, Bartholomeu Lourenço, o "Padre Voador", pela invenção do aeróstato, ocupou cargos político-religiosos na metrópole.

A miscigenação é fato inconteste na história colonial brasileira, especialmente pela ausência de mulheres brancas, e disso não se furtou o colonizador cristão novo que, comumente, se uniu a negras e índias. Tentando encontrar na cultura brasileira conteúdo herdado dos cristãos novos, o conhecido pesquisador Câmara Cascudo lembra alguns costumes, ainda prevalecentes no meio rural(3). Aponta o abate de aves, sangrando-as, e o resguardo familiar no luto, por exemplo, como práticas de influência judaica. Além de Câmara Cascudo, especialistas de estudos do "mental coletivo brasileiro" afirmam que, a "religião de verniz" ou "ir para a igreja sem convicção interior", expressas por alguns clérigos no país, possam ter-se originado do acomodado comportamento religioso dos cristãos novos no período colonial.

Notas:

(1) Legislação que impedia a negros, índios, mestiços, judeus, cristãos novos e ciganos a ocupação de cargos públicos, militares e religiosos.

(2) Seu processo foi estudado e publicado por Elias Lipiner, sob o título: Izaque de Castro: um mancebo que veio preso do Brasil". Recife: Fundaj-Massangana, 1992.

(3) Luis da Câmara Cascudo. Mouros, Franceses e

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Parashat “Noaj”- Autor: Dra. Débora Waisman

Parashat “Noaj”
Autor: Dra. Débora Waisman*

Interpretación y comentario
Hacia el final de la parashá “Noaj” (Génesis 11:1-9), aparece el relato un tanto misterioso de la construcción de la torre de Babel. A pesar de que los conceptos de “pecado” y “castigo” no están explícitos en el texto, queda claro que Dios no estaba a favor de este emprendimiento. Y con seguridad, una tradición posterior vio este relato como típico ejemplo de pecado. Encontramos en la Mishná, Sanhedrín 10:3, que está escrito: “La generación de la torre de Babel no tiene lugar en el otro mundo...”.
Muchos comentaristas e intérpretes propusieron varias posibilidades sobre cuál podría haber sido el pecado de los constructores de la torre. ¿Acaso era la concentración o la unión? ¿O quizás el intento de parecerse a Dios? ¿O quizás fue el “hybris”, el orgullo humano exagerado? ¿O acaso era un tipo de revolución contra El Santo Bendito Sea?
Un conocido midrash que se encuentra en Pirkei de Rabi Eliezer, capítulo 2, dice: “Y escalones tenía hacia el Este y hacia el Oeste. Los que subían los ladrillos, lo hacían por el lado Este y los que descendían, lo hacían por el lado Oeste. Si caía una persona y moría, no le prestaban atención; pero si caía un ladrillo, se sentaban, lloraban y decían: `¡Ay de nosotros! ¡Cuándo va a subir otro en su lugar!”'
Si volvemos al texto bíblico, vamos a notar que hay una palabra que a veces falta en el análisis. El versículo 4 dice: “Vamos a construir para nosotros una ciudad y una torre...”. En la construcción de la ciudad de Babel, el materialismo tomó el lugar del humanismo. Quien sabe sobre literatura sociológica urbanista de finales del siglo XIX y principios del siglo XX, conoce muy bien el contraste existente entre la vida del campo y la vida de la ciudad. La ciudad era considerada por muchos sociólogos como el lugar de la alienación, de la falta de relaciones sociales entre las personas. Este contraste también es conocido en la literatura americana del siglo XIX, especialmente entre autores como Mark Twain. ¿Será que la Biblia también ve a la ciudad como la raíz de todo mal?
Con seguridad, en la Biblia hay descripciones no muy alentadoras de las ciudades, como por ejemplo Sodoma y Gomorra o Nínive. Esto puede ser consecuencia de que el constructor de la primera ciudad (Génesis 4:17) fue Caín, que también es conocido como el primer asesino. Sin embargo, ésta no es toda la historia. La ciudad de Jerusalem, por ejemplo, es llamada “La alegría de toda la tierra” (Salmo 48). En el Salmo 147, está escrito: “El constructor de Jerusalem es Dios”. Una gran e importante pregunta es cómo construir una ciudad que, al mismo tiempo, sea humana y que refleje la participación de Dios en su construcción.

Estudio y análisis
Rabino Dr. Alexander Even-Jen
Profesor de Pensamiento Judío, Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Jerusalem.
“Porque dentro de siete días más, Yo haré llover sobre la tierra durante cuarenta días y cuarenta noches y borraré a toda la existencia que he creado de sobre la faz de la tierra” (Génesis 7:4).
“Entró Moshé en medio de las nubes y subió a la montaña y permaneció Moshé en la montaña cuarenta días y cuarenta noches” (Éxodo 24:18).
“Y él estuvo allí ante Adonai cuarenta días y cuarenta noches, pan no comió ni agua no bebió. Y escribió Él sobre las tablas las palabras del Pacto, los Diez Mandamientos” (Éxodo 34:28).
1- En todos estos versículos aparece el término “cuarenta días y cuarenta noches”. ¿Por qué? ¿Por qué justo “cuarenta”? ¿Por qué es importante indicar que se trata de “días” y de “noches”?
2- “Cuarenta días y cuarenta noches” “limpiaron” las aguas del Diluvio a la humanidad pecadora.
“Cuarenta días y cuarenta noches” ayunó Moshé antes de recibir la Torá.
¿Acaso el “Recibimiento de la Torá“ es paralelo al “Diluvio”?
¿Acaso el “Recibimiento de la Torá” es la prueba del fracaso del “Diluvio?
El “Diluvio” debía “limpiar” a nuestro mundo, y fracasó. ¿Será que el “recibimiento de la Torá” tiene posibilidades de tener éxito?
¿El Dios de Israel es “optimista”? ¿Por qué después del fracaso del Diluvio se le da una nueva posibilidad al ser humano para corregir sus caminos? ¿No era más lógico terminar con todo?
¿Acaso el ayuno que hizo Moshé es la prueba de la causa del fracaso? ¿Acaso Moshé (la Torá) supone que el hecho de que el ser humano se rinde ante la codicia material es la causa del fracaso? Según vuestra opinión, ¿es esta idea correcta? ¿Será que el ascetismo es el camino?
3- Después del Diluvio, Noaj sale del arca y prepara una ofrenda para Dios.
Dios dice:
“Inhaló Adonai el grato aroma. Dijo Adonai a Sí mismo: No habré de maldecir más a la tierra por causa del ser humano, ya que el impulso del corazón del ser humano es malo desde sus mocedades y no habré de destruir más a todo ser viviente, como hice. Todos los días que la tierra perdure, siembra y siega, frío y calor, verano e invierno, día y noche, no habrán de cesar” (Génesis 8:21-22).
¿Será que aquí Dios reconoce el fracaso?
¿Acaso Dios entiende sólo ahora que sus espectativas eran exageradas?
¿Acaso Dios se equivoca? ¿Él no sabía todo esto desde el principio?
“Todos los días que la tierra perdure, siembra y siega, frío y calor, verano e invierno, día y noche, no habrán de cesar”.
¿Acaso Dios “promete” no cambiar más las leyes de la Naturaleza?
¿Será que los “milagros” son el rompimiento de esa promesa?

* Trabaja en Educación Judía y Diálogo Interreligioso a nivel local e internacional.
Editado por el Instituto Schechter de Estudios Judaicos, Asamblea Rabínica de Israel, Movimiento Conservador y la Unión Mundial de Sinagogas Conservadoras.
Traducción: rabina Sandra Kochmann

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500 MEMBROS! E NÃO VAMOS PARAR POR AÍ

Parece que foi ontem e foi mesmo. Tão pouco tempo( 1ano?) e já somos 500 membros. Um grupo singular, um blog diferente, substancial, aberto transparente, acolhedor, libertário...com quase tantos adjetivos quanto o número de seus membros.

Todos estamos de parabéns,mas um de nós em particular,nosso querido Jayme, guia e mentor desta brilhante idéia - hoje uma realidade a deitar frutos mundo a fora, merece nossa maior homenagem e gratidão.

Brindemos, pois num grande LECHAIM - Ad meaah veessrim, - muitos 120 anos ao nosso Blog.

Elias

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Os Kibutzim

Os Kibutzim
kibutz ("reunião" ou "juntos") é uma forma de comunidade comunitária em Israel. Apesar de existirem em outros países empresas comunais (ou cooperativas), em nenhum outro país as comunidades coletivas voluntárias desempenharam um papel tão importante como o papel dos kibutzim em Israel; os kibutzim tiveram um papel essencial na criação de Israel.
Combinando o
socialismo e o sionismo no sionismo trabalhista,operario os kibutzim são uma experiência única no mundo, e parte de um um dos maiores movimentos comunais seculares na história. Os kibutzim foram fundados numa altura em que a lavoura individual não era prática. Forçados pela necessidade de uma vida comunal e inspirados pela sua ideologia socialista, os membros do kibutz desenvolveram um modo de vida comunal que atraiu interesse de todo o mundo. Enquanto que o kibutzim foram durante várias gerações comunidades utópica, hoje, eles são pouco diferentes das empresas capitalistas às quais supostamente seriam uma alternativa a essa estrutura. Hoje, os kibutzim apesar de manter uma comunidade de economia solidaria, adicional contratados trabalhadores que vivem fora da esfera comunitária e que recebem um salário, como em qualquer empresa normal.
Os kibutzim deram a Israel uma parte desproporcionalmente importante dos seus líderes intelectuais, políticos e militares. Apesar de o movimento dos kibutz nunca ter excedido 7% da população de Israel, ele poderá ter contribuido para fundar uma identidade cultural ao pais como poucas instituições em Israel.
Historicamente com a colonização do Estado Israelense, criado pela
ONU em 1948, os kibbutzim também exerceram um importante papel estratégico militar quando dos primeiros conflitos árabes-israelenses, funcionando como verdadeiras bases avançadas, com colonos com treinamento militar e armas combatendo exércitos inimigos até uma intervenção do Tzáhal (Exército israelense).
As condições de vida do
Império Russo na virada do século XIX para o século XX eram ruins para todos os súditos, mas ainda piores para os judeus. Causar a emigração de um terço dos judeus, o batismo de outro terço e a morte por inanição do terço restante era um objetivo oficial do Império. Com a excessão de uma minoria de ricos, os judeus eram obrigados a viver na região fronteiriça chamada de cherta osedlosti (ou região de assentamento); e mesmo dentro desta, não podiam morar em cidades grandes como Kiev, ou tampouco em vilarejos com menos de 500 habitantes. Para aqueles que se aventuravam a chegar à capital Moscou, a polícia local estabeleceu uma recompensa para a captura de um judeu com valor equivalente à da captura de dois ladrões. (Dubrow, Vol III)
O número de judeus convocados para o exército do
tzar era desproporcionalmente alto. Enquanto em outros países todos os militares eram tidos como dignos de honrarias, estes soldados judeus eram vítimas de profunda discriminação. Por exemplo, ainda que o serviço militar os levasse para longe da cherta osedlosti ou até mesmo para o extremo oriente russo, estes soldados eram obrigados a retornar para a região de assentamento quando em dispensa. Além disso, durante a Guerra Russo-Japonesa, vários juízes ucranianos aproveitaram-se da ausência dos soldados judeus para livrar-se de suas famílias, baseando-se em uma lei que permitia a expulsão de famílias judias sem um chefe-homem que lhes garantisse o sustento. Esta última agressão foi de fato tão extremada que o governo russo opôs-se a ela; mas os termos da reprimenda do general Vyacheslav Plehve a seus subordinados eram claramente discriminatórios: "as famílias dos judeus convocados devem ser deixadas onde estão até o fim da guerra."
A ameaça aos judeus cresceu após a posse do tzar Alexandre III. O seu governo não só permitia, como também estimulava as agressões dos lavradores insatisfeitos a seu vizinhos judeus. As chamadas Leis de Maio, promulgadas pelo imperador em maio de
1882, proibiram a moradia de judeus em cidades com menos de 10.000 habitantes expulsando várias famílias que há várias gerações viviam no mesmo lugar e estabeleceram cotas que impediram o acesso de um enorme número de judeus a universidades e profissões. Era portanto especialmente forte a repressão aos judeus na Rússia da virada do século.
As reações dos judeus a estas dificuldades foram variadas. Alguns optaram por envolver-se na luta pelo Socialismo no país; outros decidiram emigrar para o ocidente. Houve judeus que, mantendo-se ortodoxos, ignoraram os problemas à sua volta; enquanto outros buscaram ser assimilados pela sociedade russa. Ainda outros judeus os de maior interesse para o nosso tema -- tornaram-se partidários do
sionismo, cuja idéia central era construir uma nação judaica na terram em que o judaísmo nasceu: a Palestina (ou Eretz Israel).
Até então, os judeus que migravam para a Palestina o faziam ou em idade avançada para lá morrer, ou quando jovens para freqüentar as yeshivás ao redor de
Jerusalém e Heron. Nos dois casos, o motivo da migração era religioso e não político, e estes individuos, que não se sustentavam do próprio trabalho, viviam de doações de judeus de outras paragens.
Já o movimento sionista, não obstante suas profundas raízes na história judaica, só passou a ser uma força significativa por na década de 1880. Nela, 15.000 famílias oriundas principalmente do sul da Rússia mudaram-se para a Palestina com a intenção de lá viver -- e não apenas morrer -- e de trabalhar com a lavoura ao invés de estudar. Esta primeira leva de judeus dispostos a viver uma vida normal na Palestina recebeu o nome de "Primeira Aliá", e a seus membros chamou-se de "Biluim".
Aqui é importante que se observe que o trabalho na terra é uma componente importante do sionismo. É bastante difundida a idéia de que este era um movimento de cunho nacionalista. Deve-se notar, no entanto, que sua componente econômica pregava o retorno ao cultivo da terra como principal ocupação dos judeus, substituindo assim as ocupações típicas dos judeus europeus: possuir
pensões e lojas de penhora, praticar "comércio pequeno", etc.

De fato, a geração da Primeira Aliá acreditava que a decadência dos judeus da Diáspora era explicada pela aversão destes ao trabalho físico. Eles não só defendiam que do cultivo da terra palestina adviria a redenção física e espiritual do povo hebraico, como chegavam a acreditar que o solo da Palestina tinha o poder mágico de transformar os fracos comerciantes judeus em lavradores nobres e fortes. Uma manifestação desta crença pode ser vista na edição de 1883 de The London Jewish Chronicle, "os pálidos e curvados comerciantes judeus de alguns meses atrás" tornaram-se "lavradores bronzeados, de mãos calejadas e másculos" (Silver-Brody).
Em espírito semelhante ao da "religião do trabalho" exposta acima, o manifesto dos Biluim proclamava orgulhosamente a intenção de "encorajar e fortalecer a imigração e colonização de Eretz Yisrael através da criação de uma colônia agrícola, de base cooperativa social". Afinados com a ideologia sionista (que até então ainda não houvera recebido este nome), os Biluim também exortavam o povo judeu a um renascimento sócio-político, espiritual e nacional na Palestina.
A esperança dos Biluim de sucesso na lavoura era grande, mas seu entusiasmo era maior do que sua habilidade agrícola. Em apenas um ano os Biluim já eram dependentes de caridade como os estudantes que os precederam. Mas os Biluim investiam o dinheiro recebido em terras e equipamentos, e as doações vindas tanto de judeus riquíssimos como o Barão de Rotschild quanto dos "normais" leitores de The London Jewish Chronicle, os permitiram prosperar. Suas cidades, Rishon LeZion e Zichron Yaakov, tornaram-se comunidades saudáveis e atraentes. A vitória, no foi concomitante ao fato de que já virada do século os imigrantes empregavam árabes em suas terras, ao invés de lavourá-las eles mesmos (como inicialmente pretendiam). A revolução econômica sionista ainda estava por vir.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
A Segunda Aliá e a fundação dos primeiros kibutzim
Os
pogroms surgiram novamente na Rússia nos primeiro anos do século XX. Em 1903 em Kishinev as massas campesinas eram incitadas a agir contra os judeus depois de um massacre que ficou conhecido como o primeiro Pogrom de Kishinev. Revoltas aconteceram de novo logo após a derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa e na Revolução de 1905. A ocorrência de novos pogroms inspiraram a emigração de outra leva de judeus russos. Na década de 1880, a maioria dos emigrantes ia para os Estados Unidos, mas a minoria ia para a Palestina. Era a geração que incluiria os fundadores dos kibutzim.
Como os membros da Primeira Aliá que vieram antes deles, a maioria dos membros da Segunda Aliá queria ser fazendeiro na Palestina. Aqueles que viriam a fundar os kibutzim primeiro iam a um vilarejo dos Biluim, Rishon LeZion, para encontrar trabalho lá. Os fundadores dos kibutz ficaram moralmente arrasados pelo que eles viram nos colonos judeus lá "com seus supervisores judeus, trabalhadores camponeses árabes e guardas beduínos." Eles viram as novas vilas e foram lembrados dos lugares que haviam deixado no Leste Europeu. Ao invés de um começo de uma comunidade judaica pura, sentiram que o que eles haviam visto recriava a estrutura sócio-econômica judaica dos Assentamentos, onde os judeus trabalhavam em empregos limpos, enquanto outros grupos faziam o trabalho sujo. (Gavron, 19)
Joseph Baratz, que viria a fundar o primeiro kibutz, escreveu acerca de sua época de trabalho em Zikhron Yaakov:
Estávamos suficientemente felizes trabalhando na terra, mas sabíamos mais certamente que as maneiras dos velhos assentamentos não eram para nós. Essa não era a maneira que esperávamos colonizar o país — essa velha maneira com judeus em cima e árabes trabalhando para eles; enfim, pensávamos que não deveria haver empregadores e empregados de forma alguma. Deve haver um jeito melhor. (Baratz,)
Apesar de Joseph Baratz e outros trabalhadores quererem cuidar da terra eles mesmos, tornar-se fazendeiro independente não era uma opção realista em 1909. Como
Arthur Ruppin, um propositor da colonização agrícola judaica da Palestina diria mais tarde, "A questão não era se o assentamento coletivo era preferencial ao assentamento individual; era uma das formas de assentamento coletivo nenhum assentamento." (Rayman)
A Palestina
Otomana era um ambiente duro, que nada se pareciam com as planícies russas que os imigrantes judeus estavam familiarizados. A Galiléia era pantanosa, os morros rochosos e o sul do país, o Negev, era um deserto. Para tornar as coisas ainda mais desafiadoras, a maioria dos colonos não tinha experiência prévia com agricultura. As condições de saneamento também eram pobres. A malária era mais que um risco, era praticamente uma garantia. Juntamente com a malária, também havia o tifo e a cólera.
Em adição à ter um clima difícil e solo relativamente infértil, a Palestina Otomana era sob alguns pontos de vista um lugar sem leis.
Beduínos nômades atacavam frequentemente fazendas e áreas de assentamento. Sabotagem de canais de irrigação e queima de colheitas também eram comuns. Viver em coletividades era simplesmente a maneira mais lógica para estar seguro em uma terra que não os desejava.
Acima de considerações de segurança, havia também considerações de sobrevivência
econômica. Estabelecer uma nova fazenda na área era um projeto de grande capital; coletivamente os fundadores dos kibutzim tinham os recursos para estabelecer algo que durasse, enquanto independentemente eles não tinham.
Finalmente, a terra que ia ser assentada por Joseph Baratz e seus camaradas foi comprada pela grande
comunidade judaica. De todas as partes do mundo, judeus depositavam moedas em pequenas "caixas azuis" para a compra de terras na Palestina. Uma vez que esses esforços foram em nome de todos os judeus da área, não teria feito sentido a compra de suas terras para interesses individuais.
Em
1909, Joseph Baratz, nove outros homens e duas mulheres se estabeleceram na porção sul do Mar da Galiléia próximo a uma vila árabe chamada "Umm Juni." Esses adolescentes haviam até então trabalhado como diaristas drenando pântanos, como pedreiros, ou braçais nos velhos assentamentos judaicos. Seu sonho agora era de trabalhar pra si mesmos, cuidando da terra. Eles chamaram sua comunidade de "Degania", em homenagem aos cereais que eles cultivavam ali. Sua comunidade se desenvolveria como o primeiro kibutz.
Os fundadores de Degania trabalhavam duramente tentando reconstruir aquilo que eles viram como sua terra ancestral e espalhar a revolução social. Um pioneiro mais tarde disse "o corpo está esgotado, as pernas falham, a cabeça dói, o sol queima e enfraquece." Em alguns momentos metade dos membros do kibutz não podiam se apresentar para trabalhar. Muitos homens e mulheres jovens deixaram o kibutz para vidas mais fáceis nas cidades da Palestina judaica ou na
Diáspora.
Apesar das dificuldades, os kibutzim cresceram e proliferaram. Em 1914, Degania tinha cinquenta membros. Outros kibutzim foram fundados ao redor do Mar da Galiléia e no próximo
Vale Jezreel. Os fundadores de Degania logo deixaram Degania para tornarem-se apóstolos de agricultura e socialismo para novos kibutzim.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
Os kibutzim durante o mandato britânico
O fim do Império Otomano logo após a I Guerra Mundial, e o início do
Governo Britânico da Palestina foi bom para os yishuv e kibutzim. As autoridades otomanas tinham tornado a imigração para a Palestina difícil para os judeus e eles também faziam com que a compra de terras fosse problemática. Isso afetava os muçulmanos, cristãos e judeus igualmente. Os otomanos eram péssimos administradores também.
Apesar da mudança de governo na Palestina, os kibutzim e toda a yishuv cresceu como resultado do aumento do anti-semitismo na Europa. Em contraste com a previsão anti-sionista que os judeus tinham feito antes da I Guerra Mundial, a disseminação de idéias liberais não era irreversível e a posição de judeus em muitas sociedades da Europa Central e do Leste realmente deterioraram.
Os judeus sofreram severamente na
Guerra Polonesa-Soviética e a Guerra Civil Russa. Apesar das mortes serem pouca coisa se comparadas com o derramamento de sangue da recente I Guerra Mundial, os pogroms de 1918-1920 realmente fariam os pogroms dos anos 1880 e 1900 parecerem cócegas.
"Os primeiros grandes pogroms aconteceram em Zhitomir e Berdichev, velhos centros judaicos", Walter LaQueur escreveu em seu A History of Zionismo (Uma História do Sionismo),
de onde eles se espalharam para Proskurov (onde mil e quinhentos judeus foram mortos) e arredores. Ao todo, por volta de quinze mil judeus foram mortos nesses ataques e muitos mais feridos. Muito das propriedades dos judeus foi destruído. O número de mortes foi muito maior do que nos progroms pré-guerra. A vida humana havia se tornado sem valor após 1914, e enquanto que a morte de algumas dúzias de vítimas em Kishinev causou uma onda de protestos no mundo civilizado, o assassinato de milhares 1919–1920 não causou qualquer movimentação. (LaQueur,)
Ao passo que os pogroms após a morte de Alexandre II e os pogroms de Kishinev causaram Aliás em massa, tambémo fizeram os pogromsda guerra civil russa. Dezenas de milharesde judeus russos imigraram para a Palestina no começo dos anos 1920, em uma onda chamada de "Terceira Aliá".
Após a consolidação de poder
Bolchevique, os judeus da Rússia e Ucrância foram assegurados de sua integridade física, apesar que nenhum deles podia emigrar. No resto dos anos 1920 judeus imigrantes para a Palestina viriam de todo o resto da Europa Central e Oriental, a "Quarta Aliá". Esses imigrantes da Terceira e Quarta Aliá de fato fariam mais pelo crescimento do movimento kibutz que os imigrantes de grupos de imigrações prévias.
Os três milhões de judeus da
Polônia sofreram como resultado de boicotes em massa de seus negócios. O número de judeus praticando medicina e direito foi deliberadamente reduzido. Em 1930, antes que a Grande Depressão tivesse sequer chegado, um terço da comunidade judaica da Polônia era incapaz de pagar impostos específicos para a comunidade judaica. O governo polonês geralmente mantinha a justiça e a ordem, mas haviam muitos pogroms menores.
Os
romenos judeus também eram vítimas de intenso anti-semitismo. Os judeus eram retirados de muitas ocupações e grupos formados, como a Liga de Defesa Cristã Nacional e a Guarda de Ferro, cujos objetivos era a expulsão de todos os judeus.
Em outros países, o anti-semitismo institucional não foi tão alijante quanto foi na Polônia ou Romênia, apesar que havia virulento anti-semitismo generalizado.
Parcialmente baseado nos movimentos juvenis alemães e os
Escoteiros, movimentos juvenis sionistas judaicos floresceram nos anos 1920 em virtualmente todas as nações européias. Movimentos juvenis vieram em cada sombra do espectro político. Haviam movimentos direitistas como o Betar e movimentos religiosos como o Bachad, mas a maioria desses movimentos juvenis sionistas eram socialistas como Dror, Brit Haolim, Kadima, Habonim e Wekleute. Dos movimentos juvenis esquerdistas o mais significante na história do kibutz foi o marxista Hashomer Hatzair. Nos anos 1920 os movimentos juvenis com orientação de esquerda se tornariam alimentadores dos kibutzim.
Em contraste a aqueles que vieram como parte da Segunda Aliá, esses membros de grupos juvenis tinham algum treinamento agricultural antes de embarcarem. Membros da Segunda e da Terceira Aliá também tinham menos chance de serem russos, uma vez que a emigração da Rússia estava bloqueada após a
Revolução Russa de 1917. Os judeus europeus que se assentaram em kibutzim entre as Guerras Mundiais eram de outros países na Europa Oriental, incluindo a Alemanha. Finalmente, os membros da Terceira Aliá estavam à esquerda dos fundadores de Degania, e acreditavam que o voluntarismo socialista poderia funcionar para qualquer um. Eles se consideravam um movimento vanguardista que inspiraria o resto do mundo.
Degania nos anos 1910 parece ter confinado suas discussões para assuntos práticos, mas as conversações da próxima geração nos anos 1920 e 30 eram discussões abertas do cosmos. Ao invés de haver reuniões em uma sala de jantar, reuniões aconteciam ao redor de fogueriras. Ao invés de começar uma reunião com uma leitura de minutos, uma reunião começaria com uma dança grupal. Relembrando sua juventude em um kibutz às margens do Mar da Galiléia, uma mulher recordou "Ó, que lindo que era quando todos participávamos das discussões, [eram] noites de busca de um pelo outro - é assim que chamo aquelas noites santificadas. Durante os momentos de silêncio, me parecia que de cada coração uma faísca saltaria, e as faíscas se uniriam em uma grande chama penetrando os céus…. Ao centro de nosso acampamento uma fogueira queima, e sob o peso da Hora a terra geme um gemido rítmico, acompanhado por músicas excitantes." (Gavron,)
Os kibutzim fundados nos anos 1920 tinham a tendência de serem maiores que os kibutzim como Degania que foram fundados antes da I Guerra Mundial. Degania tinha doze membros em sua fundação. Ein Harod, fundado apenas dez anos depois, começou com 215 membros.

Concomitantemente os kibutzim cresceram e floresceram nos anos 1920. Em 1922 eles eram meros 700 indivíduos vivendo em kibutzim na Palestina. Em 1927 a população do kibutz estava se aproximando dos 4.000. Ao final da
II Guerra Mundial a população de kibutz era de 25.000, 5 por cento de toda a população da yishuv.
O crescimento dos kibutzim permitiu ao movimento diversificar em diferente facções, apesar que as diferenças entre kibutzim eram sempre menores que suas similaridades. Em 1927, alguns novos kibutz que foram fundados pelo
HaShomer Hatzair se uniram para formar uma associação de alcance nacional, Kibutz Artzi. Por décadas, Kibutz Artzi seria a esquerda dos kibutzim. Em 1936, a Federação do Kibutz Artzi fundou seu próprio partido político chamado a Liga Socialista da Palestina mas popularmente conhecida como Hashomer Hatzair. Fundiu-se com outro partido de esquerda para se tornar Mapam uma vez que o Estado de Israel foi estabelecido.
Os kibutzim da Artzi eram mais devotados à
igualdade dos sexos que outros kibutzim. Uma mulher de um kibutz da era dos anos 1920, 1930 chamaria seu marido ishi — "Meu homem" — ao invés da palavra usual hebraica, ba'ali, que literalmente significa "Meu mestre".
Em 1928, o kibutz Degania e outros pequenos kibutzim formaram juntos um grupo chamado "Chever Hakvutzot", a "Associação de Kvutzot". Os kibutzim do Kvutzot deliberadamente ficaram abaixo de 200 em população. Eles acreditavam que para a vida coletiva funcionar, os grupos deveriam ser pequenos e íntimos, ou então a confiança entre os membros seria perdida. Os kibutzim do Kvutzot também abriram mão de afiliações com movimentos juvenis na Europa.
A corrente principal do movimento kibutz ficou conhecida simplesmente como "Kibutz Unido", ou "Kibutz Hameuhad". Kibutz Hameuhad acusou Artzi e os kvutzot de elitismo. Hameuhad criticaram Artzi por pensar em si mesmo como uma elite socialista, e eles criticaram os kvutzot por permanecerem pequenos. Os kibutzim do Hameuhad abrigaram quantos membros eles podiam. Givat Brenner consequentemente chegou a ter mais de 1.500 membros.
Também haviam diferenças na religião. Os kibutz do Kibutz Artzi eram
seculares, mesmo firmemente ateus, orgulhosamente tentando ser "monastérios sem Deus". A maioria dos kibutzim da corrente principal também desdenhavam o Judaísmo Ortodoxo de seus pais, mas eles queriam que suas novas comunidades tivessem características judaicas mesmo assim. As noites de Sexta-feira ainda eram "Shabat" com um pano de mesa branco e comida de qualidade, e trabalho não era feito aos Sábados se pudesse ser evitado. Mais tarde, alguns kibutzim adotaram o Yom Kipur como o dia para discutir receios em relação ao futuro do kibutz. Os kibutzim também tinham bar mitzvás coletivos para suas crianças.
Se os kibutzniks não rezavam diversas vezes ao dia, marcavam festividades como
Shavuot, Sucot e Pessach com danças, banquetes e celebrações. Um feriado judaico, Tu B'shvat, o "aniversário das árvores" era substancialmente revivido por kibutzim. Em todos eles, feriados com algum componente natural, como Pessach e Sucot, eram os mais importantes para os kibutzim.
O movimento kibutz desenvolveu uma facção ultra-religiosa tardiamente em sua história, um grupo hoje chamado
Kibutz Dati. O primeiro kibutz religioso foi Ein Tzurim, fundado em 1946. Ein Tzurim era localizado primeiro próximo a Safad, depois próximo a Hebron no que agora é chamado de Cisjordânia, e por fim no Negev. Kibutzim religiosos são obviamente religiosos, mas eles eram e são igualmente coletivistas que os kibutzim seculares. Alguns kibutzim religiosos agora se identificam com o "Hassidismo hippie" de rabinos como Shlomo Carlebach.
http://es.wikipedia.org/wiki/Kibutzim
Os kibutzim na construção do Estado israelense
Em tempos otomanos os kibutzim se preocupavam com violência criminal, não violência política. A falta de hostilidade árabe se dava devido ao pequeno número de judeus no país naquela época. A oposição árabe aumentou na medida em que a
Declaração de Balfour e a onda de aliás de judeus à Palestina começou a desequilibrar o balanço demográfico da área. Houve sangrentos protestos anti-judaicos em Jerusalém em 1921 e em Hebron em 1929. No final dos anos 1930 a violência árabe-judaica se tornou virtalmente constante, uma época chamada de o "Grande Levante" na historiografia Palestina.
Durante o Grande Levante, os kibutz começaram a assumir um papel militar mais previdente do que eles tinham anteriormente. Rifles foram comprados ou fabricados e mais membros de kibutz executavam manobras e exercícios e praticavam tiro.
Yigal Allon, um soldado israelense e político explicou o papel dos kibutzim nas atividades militares da yishuv.
O planejamento de desenvolvimento de assentamentos sionistas pioneiros foram desde o início pelo menos parcialmente determinados por necessidades político-estratégicas. A escolha da localização do assentamento, por exemplo, era influenciada não apenas por considerações de viabilidade econômica mas também e sobretudo pelas necessidades de defesa local, estratégia de assentamento global, e pelo papel que tais blocos de assentamento poderiam desempenhar em algum futuro, talvez decisivo em qualquer confronto. Dessa forma, terra era comprada, ou muitas vezes melhorada, em partes remotas do país. (citação em Rayman,)
Os kibutzim também ajudaram a definir as fronteiras do futuro estado de Israel. No final dos
anos 30, quando a Palestina estava prestes a ser dividida entre árabes e judeus, foram criados kibutzim em locais remotos para aumentar as chances da terra ser incorporada a Israel, não a um estado palestino. Muitos deles foram feitos, literalmente, da noite pro dia. Em 1946, um dia depois do Yom Kippur, doze novos kibutzim precários foram feitos às pressas no norte do Deserto de Negev para reclamar essa área seca, mas estratégica, para Israel.
Nem todos os habitantes do kibutzim procuraram expandir o território do futuro estado judeu. A facção esquerdista e
marxista do movimento Kibutz, Kibbutz Artzi, foi a última grande força entre os yishuv a favor de um estado binacional, e contra a divisão. O Kibbutz Artzi, entretanto, ainda queria a livre imigração judaica, à qual os árabes se opunham.

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A ciência da paixão? - Marcelo Gleiser

sábado, 2 de outubro de 2010

A ciência da paixão?

Marcelo Gleiser

Testes podem conectar a paixão às suas raízes evolutivas primitivas, mas não roubam a sua mágica

O que a ciência tem a dizer sobre a misteriosa emoção que faz com que pessoas razoáveis façam coisas completamente loucas, tanto boas quanto más?
Na última década, vários estudos buscaram desvendar o que ocorre no cérebro quando se está apaixonado. Um dos mais conhecidos, encabeçado pela antropóloga Helen Fisher, da Universidade Rutgers (EUA), examinou mais de 3 mil imagens das atividades neuronais de 18 jovens apaixonados.

As imagens mapeiam o fluxo de sangue no cérebro: quanto maior a atividade neuronal, maior a necessidade de oxigênio e, portanto, mais sangue. Juntando essa informação ao conhecimento acumulado dos compostos químicos das ligações neuronais nas diversas partes do cérebro, cientistas podem isolar aqueles que participam em maior concentração quando certas emoções ocorrem. Incluindo, claro, a paixão.

Como Fisher escreveu na revista "Time", "muitas partes do cérebro são ativadas quando pessoas apaixonadas pensam em seus amores...

Nossa descoberta mais importante foi o papel do núcleo caudado, uma região em forma de C que fica perto do centro do cérebro. É muito primitiva, parte do que chamamos de cérebro reptiliano, pois evoluiu ainda antes dos mamíferos proliferarem há 65 milhões de anos."

No calor da paixão, o núcleo caudado é inundado por dopamina vinda da área tegmentar ventral , a grande fábrica de dopamina no cérebro. Ela induz sensação de euforia e de hiperatividade, marcas registradas da paixão. Atividades semelhantes também foram encontradas quando pessoas comem chocolate.

Portanto, como já suspeitávamos, a paixão age como uma droga.

As descobertas indicam que a atração romântica é um imperativo biológico antigo, como a fome e o sexo. Mesmo assim, sua manifestação em humanos é particularmente complexa, com alto nível de sofisticação e diversidade. Hipopótamos não escrevem poemas de amor.

Seu papel parece ser fixar o foco em apenas um companheiro. Isso pode explicar, por exemplo, porque mulheres são tradicionalmente mais "românticas", no sentido de que biologicamente devem escolher seu parceiro com mais cuidado, pois só podem se reproduzir algumas vezes em suas vidas. Já os homens podem ser menos seletivos.

Segundo este prisma, nossos cérebros sofisticados criam um sofisticado coquetel de emoções para garantir a sobrevivência da espécie.

Mas ao menos hoje, prefiro não entrar nesse terreno complexo da psicologia evolutiva.
Parece também que a secreção de serotonina dos que estão loucamente apaixonados é equivalente àquela das pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

Mais uma vez, como suspeitávamos, a paixão é uma obsessão.

Claro, nada disso explica por que, quando chegamos a uma festa lotada, fixamos logo a atenção "naquela" pessoa. Os experimentos podem conectar a paixão às suas raízes evolutivas primitivas, mas não roubam a sua mágica. Não sabemos por que, quando nossos olhos caem "naquela" pessoa, as glândulas cerebrais começam a bombear como loucas. O amor torna alguém em alguém especial. E é este alguém que faz toda a diferença, seja por muito ou por pouco tempo.
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Fundamentalismo: Uma perspectiva judaica - Uma perspectiva islâmica - Uma perspectiva cristã

Fundamentalismo Uma perspectiva judaica

Norman Solomon

Na conferência de Niagara em 1895, protestantes conservativos responderam às novas idéias liberais sobre evolução, criticismo bíblico e coisas semelhantes, insistindo que certas doutrinas, inclusive a inerrância da escritura, a divindade de Cristo e a segunda vinda, eram “fundamentais”, quer dizer não-negociáveis; os termos fundamentalismo e fundamentalista foram cunhados em 1920 pelo batista Curtis L. Laws.

Como alguns judeus e moslins o expõem, o termo de fundamentalista, no seu sentido mais estreito, é só aplicável a protestantes conservativos. Doutro lado, no seu sentido de considerar certas doutrinas como não-negociáveis ou não sujeitas a refutação por meios racionais, o termo é perfeitamente apropriado a grupos conservativos em muitas fés e denominações. “Fundamentais” é, de fato, uma precisa tradução do hebraico `iqarim [literalmente: raízes]. A procura por `iqarim ou princípios de fé, por filósofos medievais como Maimônides e Albo, é a procura por aquilo que não é negociável na fé religiosa; inclui certamente a fé em Deus e na inerrância da escritura.

“Fundamentalistas” é por vezes usado justamente como um termo de abuso para teólogos conservativos, especialmente de outras religiões. Mas essa imprecisão terminológica não deveria permitir escurecer o fato de que teólogos conservativos, entre eles judeus ortodoxos em particular, consideram certas doutrinas, inclusive a inerrância da escritura, como não-negociável, ou não sujeitas à refutação por meios racionais.

A própria Bíblia não dá uma definição sistemática de fé, embora exija claramente fé em Deus (indefinido) e obediência a Seus leis (mais precisamente definidas). Semelhantemente, fontes rabínicas, como o Talmude e o Midrash têm muito como certo sobre Deus e Sua revelação, definindo certas classes de infiéis, mas não têm listas sistemáticas de artigos de fé nas linhas daqueles dos Padres da Igreja e dos concílios, a cujos tentativas de definir precisamente a natureza de Deus podiam estar reagindo.

Judeus medievais formulavam princípios de fé, talvez porque queriam fazer clara diferença entre Judaísmo e Cristandade, ou entre Judaísmo e Islame. Maimônides (1138-1204) formulou treze princípios:

  • O Criador é autor e guia de tudo o que existe.
  • O Criador é uma Unidade.
  • O Criador não é corporal.
  • O Criador é o primeiro e o último.
  • É certo orar ao Criador, mas não a outro ente.
  • Todas as palavras dos profetas são verdadeiras.
  • A profecia de Moisés é verdadeira e ele era o pai (critério) para toda a profecia.
  • A Toráh que temos agora na nossa posse é aquela que foi dada a Moisés.
  • A Toráh não será mudada, nem o Criador dará outra Toráh.
  • O Criador conhece os fatos e pensamentos das pessoas.
  • Ele remunera aqueles que guardam os seus mandamentos e pune aqueles que desobedecem.
  • Embora o Messíah demore, precisamos constantemente esperar a sua vinda.
  • Os mortos serão ressuscitados.

Outros, como Joseph Albo (1308-1435), sentiam que Maimônides era doutrinário demais. Albo reduziu as “raízes” de fé para três: fé em Deus, fé na revelação e fé na remuneração e punição. Ao contrário de Maimônides, além disso, negou enfaticamente que um crente ingênuo que crer que Deus tenha alguma forma corporal possa ser considerado como um herético ou “negador”; uma pessoa tal está em erro, Albo admite, mas não é um não-crente. Pensadores judaicos modernos, como Menachem Kellner, consideram a aproximação menos doutrinária de Albo como mais perto da norma judaica.

Nos tempos recentes, os debates antigos irromperam no conflito entre Reforma e Ortodoxia. Primeiro, debatiam a extensão até qual a interpretação dos rábis da escritura era definitiva e obrigatória; os ortodoxos mantinham que era, mas os reformadores a rejeitavam. Então, sob o impacto do criticismo histórico do século 19, a própria autenticidade da escritura foi posta em questão. A doutrina especificamente sob ataque aqui era aquela da Toráh min haShamayim (Toráh dos Céus), ou a origem divina da Toráh, contida nos números 7-9 dos princípios de Maimônides.

Claro, essa matéria era, não justamente de fé abstrata, mas sim de autoridade. É a escritura, como interpretada pelos rábis, a autoridade final para o comportamento humano, ou devemos permitir oscilação maior à consciência individual? As conseqüências desses diferenças alcancem todos os aspetos da vida, da atividade sexual privada ao domínio público da política internacional.

O termo “fundamentalista” dirige-se particularmente àqueles cujas firmes crenças estão sendo instrumentalizadas para posições extremas, por exemplo contra homossexualidade ou no apoio de colonos da beira ocidental do Jordão; outros, que são igualmente cometidos na origem divina da Toráh e da autoridade da Toráh, mas que interpretam a Toráh num modo que não proporcione apoio a visões extremas, não são castigados como “fundamentalistas”. Isso demonstra que o termo é antes um insulto do que uma categoria definida.

Hoje em dia alguns, mesmo entre os ortodoxos, reformulam a doutrina da Tor assim que retenham os aspetos teológicos das definições anteriores, enquanto abandonam as estritas reivindicações históricas que chegaram a se entrelaçar com aqueles. Tor funciona como um “mito”, um conceito organizador que junta muitos aspetos do modo como interpretamos o mundo ao redor de nós, em continuidade com as nossas tradições sagradas. O conservativo A. J. Heschel evitou a estrita reivindicação histórica enfatizando que o conceito de Toráh Oral é um como progressivamente hermenêutico que revela significado infinito no texto divino.

Doutro lado, muitos teólogos não-ortodoxos abandonam o conceito como desorientador e perigoso, vendo o Pentateuco um como imperfeito, embora sagrado, recado do encontro de Israel com Deus, não como uma peça de ditado divino.


Rábi Dr. Norman Solomon ensina no Oxford Center for Hebrew and Jewish Studies, Oxford Inglaterra.


Fundamentalismo
Uma perspectiva islâmica

Asaf Hussain

O fundamentalismo islâmico tem sido percebido uma como ameaça ao mundo ocidental e aos interesses investidos deste. Porque o ocidente não entendeu o fundamentalismo islâmico, essa mal-interpretação persiste. Um moslim tem de seguir os fundamentos do Islame, mas o fundamentalismo islâmico é uma construção artificial que foi criada pelo ocidente. Quanto mais cedo o ocidente começar a entender o fundamentalismo islâmico, tanto melhor as perspectivas para coexistência pacífica entre o mundo ocidente e o islâmico. Tem de ser desenvolvido uma aproximação islâmica que considere o fundamentalismo islâmico antes como ‘resistência’ do que um movimento ‘terrorista’. Isso levanta muitas questões importantes: o quê e quais são fundamentalistas resistentes? Porquê estão resistindo? Sobretudo, porquê surgem em primeiro lugar?

O fundamentalismo islâmico é a procura pela autenticidade islâmica numa época de pós-modernismo. Justamente como os pós-modernistas questionam a autenticidade do modernismo e da modernidade, assim também os fundamentalistas questionam a contradição do Islame que encontrarem no mundo islâmico Porquê não há estados islâmicos? Onde estão as práticas admonições do Qur’an (Corão) sendo vividas na vida diária? Onde países moslins estão juntando religião e estado?

A procura pela autenticidade é, portanto, a procura por um entendimento conceptual do Islame. Não é invenção de conceitos novos. No Islame não há monarquia, mas ela era o modelo da liderança moslêmica desde os antigos tempos, quando a capital foi mudada para Damasco sob a dinastia Umayad. Não havia sacerdócio no Islame, mas este desenvolveu-se para legitimar a monarquia. Conceitos islâmicos foram redefinidos para adaptar-se a interesses investidos. Mais recentemente, pensadores islâmicos poderosos como Hassan al-Bana, Syed Outb, Ali Shariati, Ayatollah Khomeini, Ayatollah Muttahari, e agora Hassan Turabi e Shakyh Fadlallah, desenvolveram novas percepções do Islame, inspirando novas gerações de moslins. Dos seus pensamentos, podemos colher cinco conceitos essenciais que formam o coração do pensamento fundamentalista islâmico.

A estrutura do paradigma islâmico do fundamentalismo é formado por Imam (Fé) e Amal (Ação). O entendimento comum de Imam era equivalente a ‘cinco pilares’ (fé em Deus, orações, jejuar, dar esmolas e peregrinação), um assunto pessoal privado. A nova redefinição do Islame é que não pode haver Imam sem Amal. Fé deve conduzir à ação.

Dentro dessa estrutura, então, surge a questão: o quê deve ser o modelo da ação islâmica e a reconstrução da existência islâmica? Isso leva a dois importantes conceitos do Islame: Ummah (Comunidade do Islame) e Adl (Justiça). O Islame não se trata justamente de orar cinco vezes por dia, mas também da conduta do moslim na vida prática e da união dos moslins nos níveis locais, nacionais e internacionais. No Qur’an, todos os moslins fazem parte da Ummah, por causa da sua fé em Allah, mas a realidade social que prevalece no mundo moslêmico divide a Ummah na base de classe, etnia, nacionalidade e até seita.

Muitas injustiças existem nas sociedades moslêmicas nos diferentes países: social (referente a mulheres, minorias, etc.); política (poder absoluto das elites e impotência das massas); econômica (os ricos tornavam-se mais ricos e os pobres mais pobres); educacional (educação para os poucos e falta de instrução para os muitos); e legal (diferentes padrões de justiça para os ricos e os pobres). Essas estruturas injustas chegaram a ser consideradas como normais. Mudar estruturas não é fácil, mas o pensamento dos fundamentalistas islâmicos tomou Adl como a sua primeira prioridade depois do estabelecimento da Ummah.

Os fundamentalistas islâmicos eram muito críticos do pensamento e teologia islâmicos tradicionais que criavam um Iman privado de Amal, assim a estratégia da resistência islâmica era para desconstruir as estruturas tradicionais de coloniais que dominavam as culturas moslêmicas, criando sociedades pseudo-islâmicas. O instrumento da mudança social é o Jihad (luta). O mundo ocidental estava familiar com este desde as cruzadas, quando era entendido para significar ‘guerra santa’, os que ainda significa em alguns quartéis. Mas Jihad pode ranger da luta para a erradicação da pobreza, falta de instrução, etc. até à declaração de guerra (Jihad al-Kittal). O Jihad que os movimentos fundamentalistas islâmicos estão empreendendo, é a transformação dos seus estados em estados islâmicos. Jihad é o instrumento, através de que o Adl é operado pela Ummah na arena do Amal inspirada pelo Iman. Desde que os poderes entrincheirados nos estados dentro dos estados moslins e seus aliados ocidentais não se inclinarem a mudar quando perceberem uma ameaça aos seus interesses investidos, os conflitos não só tomavam lugar, mas sim terão lugar também no futuro.

Hoje, muitos movimentos fundamentalistas islâmicos declararam guerra ao seu próprio povo, tentando transformar os seus estados conforme o modelo do primeiro estado islâmico. Mas as condições do século 7 não existem mais hoje. Um modelo novo do estado islâmico tem de ser projetado. A civilização dominante do dia presente é ocidental, e os seus modelos controlam o Terceiro Mundo, inclusivo o mundo moslêmico. Movimentos islâmicos revoltaram-se contra isso, mas as suas estratégias não foram bem elaboradas. Não precisam dominar a civilização ocidental, mas sim criar uma paralela que a excede. Isso será uma longa e árdua tarefa, mas a luta justamente só começou ainda.

Os fundamentalistas islâmicos, portanto, precisam ser julgados pelos critérios do paradigma islâmico: tiveram sucesso no estabelecer a Ummah, transcendendo fronteiras sectárias, étnicas, nacionais? Se não, porque falharam? Quais são as injustiças que alvejam? Quais são os meios táticos e estratégicos que estão aplicando no Jihad? Estão tentando estabelecer um estado islâmico ou uma cultura islâmica ou uma civilização islâmica - e se sim, como? Quão perto é que seguem a Sunnah do profeta, que procurava trazer justiça ao seu povo pela erradicação das injustiças do seu tempo?

Uma nova avaliação de todos os valores está tomando lugar para a reconstrução de estruturas e culturas islâmicas. Em alguns casos, moslins a receberam mal, em outros a receberam certa, enquanto alguns não têm idéia, estando na marcha reacionária. Esse distúrbio vai continuar até for posto em ordem, demorando isso algum tempo. A transformação do mundo islâmico é parecida aos períodos do Iluminismo e da Renascença que o mundo ocidental experimentou na sua transição da época medieval à moderna. A diferença é que o ocidente, durante essa transição perdeu a sua religião, substituindo o secularismo. No mundo moslim, esse iluminismo está tomando lugar através do Islame, este que não será marginalizado.

A necessidade destes tempos é que as civilizações entendam-se uma a outra, antes de se confrontem.


Asaf Hussain é Visiting Fellow no Centre for the Study of History of Religion and Political Pluralism, Leicester University, Reino Unido.


Fundamentalismo
Uma perspectiva cristã

Marcus Braybrook

A palavra fundamentalismo era originalmente usada para descrever um desenvolvimento no protestantismo americano que tomou lugar pelo fim do século passado (=19). Um número de conferências foram realizadas para exprimir oposição ao estudo crítico da Bíblia e à teoria da evolução. Uma declaração foi despachada na conferência de Niagara em 1895, contendo o que chegou a ser conhecido como ‘os cinco pontos do fundamentalismo’:

  • Inerrância verbal da Escritura
  • Divindade Jesus Cristo
  • Nascimento virginal
  • A teoria substitutionária da expiação (quer dizer que Jesus assumiu sobre si a punição que o reto Deus inflige sobre os pecadores)
  • A ressurreição física e a volta corporal de Jesus Cristo

Até o século 19, a maioria dos cristãos, crendo a Bíblia sendo ‘verdadeira’ ou ‘a palavra de Deus’, assumiam que isso incluísse precisão histórica. Samuel Taylor Coleridge escreveu que, para a maioria do povo inglês, a Bíblia era ‘um livro texto teológico e regra de fé composto pelo Todo-Poderoso Deus e ditado por Ele verbalmente a escritores inspirados’. Penso, porém, que seja importante contrastar a visão tradicional da escritura com a visão dos fundamentalistas, em parte porque a Igreja Cristã tem tradições de interpretação que permitem flexibilidade considerável, mas também porque, como Martin Marty argumenta, uma caraterística do fundamentalismo é o ‘oposicionismo’ - isso quer dizer que o fundamentalismo é uma posição mantida em cônscia oposição a outras visões, enquanto uma posição tradicional ou conservativa pode ser mantida, ou porque não foi desafiada, ou porque os questionamentos são ignorados.

O fundamentalismo cristão é primeiro uma rejeição duma visão crítica da Bíblia. Tomando a Bíblia literalmente, os fundamentalistas, como por exemplo a Moral Mayority nos EUA, usam-na para manter aquilo que está reivindicado de ser o ensino moral cristão tradicional.

Num nível mais fundo, penso que o fundamentalismo é a rejeição dos modernos entendimentos da ciência. Leonard Swindler escreve que o nosso entendimento de verdade foi ‘desabsolutizado’. Com isso quer dizer que todas as declarações sobre realidade são condicionadas pelo colocação, intenção, cultura, classe, sexo, etc. históricos do seu autor. Além disso, entendimento é entendimento interpretado. A realidade fala a cada pessoa com a linguagem que ela lhe atribui. Não estamos, portanto, numa posição para fazer declarações últimas, não condicionadas. Não há, portanto, nenhum sentido correto dum texto. Um ou uma fundamentalista parece reivindicar que há, e que acontece que o sentido verdadeiro sentido do texto coincida com a sua interpretação! Ainda, os fundamentalistas adotam uma atitude ahistórica referente às verdades centrais da religião, e muitos cristão parecem esquecer que os próprios credos da Igreja são declarações historicamente condicionadas.

Para os fundamentalistas, portanto, não há senão uma só verdade - a qual eles possuem. Não podem, por princípio. aceitar uma sociedade pluralista, na qual status igual estiver dado a uma variedade de reivindicações de verdade. São cometidos, pela lógica da sua crença, para trabalhar pela vitória das suas visões.

Penso que é importante ver a lógica que sustenta o fundamentalismo, como sinto que muitos cristãos, que não são fundamentalistas, antes andam com assunções não questionadas que pertencem a uma época anterior, p. ex. o uso dos credos e a relutância de tomar a crítica bíblica como séria - mas até isso está sendo feito, não nos vamos mover para além da posição ainda comum de que ‘porque penso que a Cristandade é verdadeira, estou obrigado a pensar que outras religiões são falsas’.

Contudo, não penso que seja o melhor enfrentar o fundamentalismo por oposição. Geiko Muller-Fahrenholz descreve o fundamentalismo um como fenômeno patológico surgindo de perturbações profundas. Como disse: “Se o fundamentalismo é uma expressão de perturbação e endurecimento coletivos, qualquer tentativa para o superar deve começar com empatia e sensibilidade. O fundamentalismo não pode ser combatido.” Isso requer que levemos a sério a injustiça social e o medo de que a ‘globalização’ é - na sucessão das cruzadas, imperialismo e movimento missionário - um novo modo de impor valores ocidentais a outras sociedades.

Sugiro que muitos de nós possam participar da preocupação dos fundamentalistas sobre o crescimento da violência e o declínio dos valores morais. Por meu ver, porém, tais valores não deveriam, numa sociedade étnica e religiosamente pluralista, ser impostos por um único grupo étnica ou religiosamente dominante. Igualmente porém, não penso que uma sociedade vai ser sadia que não tenha valores participados. Isso é porque a procura por valores participados, como por exemplo na ‘Declaração para um Ética Global’ é tão importante para a sociedade. Posso também ajudar aos fundamentalistas a verem que há outros, e menos divisores, modos de atender às suas legítimas preocupações.


Rev. Markus Braybrook é um anterior Diretor Executivo do Council of Christians and Jews, Reino Unido.

Tradução: Pedro von Werden SJNesta página acima

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O pesadelo da conversão - É mais fácil quando há por trás a política

Autor: Samuel Auerbach, Netanya

Nos países democráticos, todas as pessoas são livres para praticar sua religião, ou para mudar sua crença, se sentem o contrário. Sérios problemas surgem quando essas conversões não são fáceis, como na religião judaica ortodoxa.
Ela afirma que um judeu é quem nasceu de mãe judia, de acordo com a lei do ventre, ou que se converte ao judaísmo. Aquele que nasceu de mãe judia é judeu, mas não professam a religião, é judeu mesmo se você mudar para outra religião. Este será um renegado judeu, mas vai ser judeu.

Religiosos ortodoxos israelenses , cuja autoridade é muito respeitado pela ortodoxia judaica no mundo, todos somos obrigados a cumprir a lei do ventre, um fato que tem causado inúmeros problemas em Israel e muito mais ainda no exterior, onde os casamentos mistos são freqüente.

Em Israel, a ortodoxia não reconhecer como válido os ritos e as conversões realizadas sob a orientação dos rabinos do judaismo reformista ou conservadores, principalmente porque eles não respeitam ao pe da letra a lei do ventre.
O judeu convertido, na maioria dos casos, é um judeu que não tem uma vivencia aos costumes, as tradições e a cultura judaica desde a infância. Tem pouco em comum com aqueles judeu natos e é muitas vezes rejeitado nas comunidades judaica.


A grande influência que exercem a crença bíblica de pertencermos ao povo escolhido, isso faz subestimar o gentio, o "goy", os rabinos com a tarefa de converter tem o poder de não simpatizar com o convertido, e na maioria das vezes, o processo de conversão é difícil, pesada, e às vezes impossível.
Existem casos que mostram essas exigencias dos rabinos ortodoxos,onde exigem das pessoas a ter que passar por obstáculos inexplicável, para ser convertido em Israel ou no exterior .

Depois de estar a cinco longos e duros anos de papelada, burocracias e cansado e desiludido muitos abandonam o seu objetivo de se tornar judeu, Se exige dinheiro para se comprar livros religiosos,dinheiro para abrir "pasta" e se obriga a se vestir de acordo com a lei ortodoxa e se tiver filho ele tera que estudar em uma escola religiosa, exige que o marido ou a mulher deva regularmente observar as práticas religiosas, quando o interessado apenas em conversão é um dos casais.

Não é assim quando as razões são conversão política. No passado, uma delegações israelense nacionalista ortodoxa viajou para norte do Peru e demorou apenas duas semanas para converter 90 índios. Uma razão muito importante para acelerar esse processo de conversão foi então, sob o pretexto de falta de "kosher" alimento no local de origem dos indios do Peru,e que a comunidade judaica de Lima não os aceitava pelo seu baixo estatus social, assim foram levados para Israel como colonos para povoar os territórios ocupados (*).
Os Indios Peruanos convertidos não tinha nada a ver com o judaísmo. Os judeus anussim (marranos) não foram ainda convidados a ser convertido e os Indios peruanos sim.


Os rabinos ortodoxos ofereceram em troca casa e boa comida, nos território ocupados, neste caso não foi necessario nem pedir pedir dinheiro para livros ou para abrir "pastas". O importante neste caso foi fortalecer as colonias nos territorios ocupado por Israel e criar uma situação para que jamais seja devolvido.


Conclusão: Embora, a lei do ventre que domina a alma dos nossos rabinos ortodoxos seja muito importante, a mudança de sua conduta, sera sempre modificada quando a política possa intervir logicamente para o seu interesse, como no caso dos Indios do Peru.


(*) "Como 90 peruanos se tornaram judeus?", publicado no "The Guardian", 07 agosto de 2002. Neri Chronicle Livneh.
"Territórios do Peru", publicado em "O mundo.es" 11 de agosto de 2002. Neri Chronicle Livneh
"Índios peruanos tornaram-se novos colonos judeus ortodoxos em territorios ocupados", publicado no "on-line da América Latina", 13 abril de 2004. Isaac Bigio artigo, analista internacional da London School of Economics.
Notas: Neri Livneh escreve para o jornal Haaretz.
"The Guardian" é um jornal

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