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Dispositivo Israelense transforma som em visão - Pletz

Pesquisadores israelenses estão desenvolvendo um dispositivo que permite a deficientes visuais transformarem o “som da paisagem” em visão.

O estudo liderado pelo Dr. Amir Amedi, da Universidade Hebraica de Jerusalém, consiste na utilização do conceito do som que invade o córtex visual do paciente. O conceito foi descoberto há 20 anos pelo pesquisador holandês Peter Meijer, que criou um algoritmo para traduzir a posição e a aparência de um objeto em diferentes sons. O sistema funciona com pessoas que perderam a visão por causa de um acidente ou lesão e, também, com aqueles que possuem a cegueira de forma congênita, ou seja, desde o nascimento. Após um breve treinamento, os usuários aprendem a interpretar a “paisagem sonora” de objetos, pessoas e cenários, podendo localizar facilmente onde cada coisa está, ver seu formato e posição, e até mesmo ler as palavras escritas em um livro.

Segundo o Dr. Amedi, a visão trabalha com duas vias paralelas. A primeira é a responsável pela identificação do objeto, mostrando sua cor e o seu formato, e a segunda indica a localização, coordenando os dados visuais com a função motora da pessoa. Analisando o funcionamento de um dispositivo criado por Peter Meijer, no qual o pesquisador aplicou o algoritmo que traduz a posição e a aparência em som, Dr. Amedi descobriu que as duas vias continuam funcionando mesmo quando a pessoa não possui a visão normal. O que prova isso é a ativação dessas características do cérebro quando os cegos estão lendo um texto em Braile. A partir dessas conclusões, a equipe de pesquisadores desenvolveu um sistema complementar que estimula as funções visuais através do som captado.

http://www.pletz.com/blog/dispositivo-israelense-transforma-som-em-visao/

Saiba mais…

AS FABULOSAS PROFECIAS DO MESSIAS

O Velho Testamento... Contém várias centenas de referências ao Messias. Todas se cumpriram em Cristo e estabelecem uma confirmação sólida das suas credenciais como o Messias.

Josh McDowell (1972), p. 147

Examinei todas as passagens do Novo Testamento que são citações do Velho [Testamento], e as assim chamadas profecias a respeito de Jesus Cristo, e não encontro qualquer profecia a respeito de tal pessoa, e nego que [essas profecias] existam.

Thomas Paine (1925), p. 206

Estas duas citações expressam pontos de vista diametralmente opostos sobre a questão de saber se a vida de Jesus conforme é descrita nos evangelhos do Novo Testamento cumpre profecias do Messias judeu que se encontram nas escrituras hebraicas. O ponto de vista de Josh McDowell é o ponto de vista padrão dos cristãos evangélicos, que encontramos em inúmeras obras apologéticas cristãs. Contudo, o ponto de vista expresso por Thomas Paine é muito menos conhecido. É pena que assim seja, pois Paine está certo. Todo o caso de alegado cumprimento de profecias messiânicas sofre de um dos seguintes defeitos: (1) a alegada profecia do Velho Testamento não é uma profecia messiânica ou nem sequer é uma profecia de todo, (2) a profecia não foi cumprida por Jesus, ou (3) a profecia é tão vaga a ponto de não ser convincente na sua aplicação a Jesus.

O Significado das Profecias Messiânicas

Antes de examinar alegações específicas de profecias messiânicas cumpridas, devem ser feitas algumas observações sobre o seu significado. O cumprimento de profecias bíblicas é um pilar central nos argumentos apologéticos cristãos evangélicos que pretendem provar a verdade e a exatidão da Bíblia.

 A Bíblia contém muitas declarações sobre eventos futuros que pretendem ser proféticos — os livros dos profetas, como os de Isaías e Jeremias, estão cheios desse tipo de declarações. Muitas destas declarações são sobre eventos históricos reais do passado. Tendo em consideração o nosso conhecimento atual da cronologia da escrita da Bíblia, contudo, na maioria dos casos não pode ser demonstrado que as declarações proféticas não são posteriores aos eventos "preditos". No caso das profecias do Velho Testamento a respeito do Messias, porém, temos documentos (por exemplo, os Rolos do Mar Morto) que realmente são anteriores ao tempo em que se acredita que o Jesus histórico tenha vivido. Se encontrássemos no Velho Testamento profecias numerosas e específicas condizentes com a vida do Jesus histórico, isto providenciaria considerável evidência em apoio da fé cristã. É exatamente isto que os apologistas cristãos alegam.

Por outro lado, se descobrirmos que não existem tais profecias específicas cumpridas por Jesus, ou que existem profecias messiânicas específicas que não foram cumpridas por Jesus, isto seria evidência contra a veracidade do Cristianismo. Como o Cristianismo alega exatidão e verdade tanto do Velho como do Novo Testamento, está vinculado aos padrões bíblicos para um profeta verdadeiro de Deus delineado nas escrituras hebraicas. O livro de Deuteronômio apresenta estes padrões quando diz que Moisés, falando em representação de Deus no capítulo 18 versículo 22, proclamou que "Quando um profeta fala no nome do Senhor, se a coisa não suceder nem se realizar, essa é a coisa que o Senhor não falou. O profeta falou-a presunçosamente; não terás medo dele." No versículo 20, ele diz que: "... o profeta que falar presunçosamente em meu nome uma palavra que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá." Por outras palavras, qualquer profecia de Deus é necessariamente exata, e qualquer profecia que não seja de Deus mas dada em seu nome resultará na morte do profeta.

Embora estes padrões requeiram que profecias de Deus sejam exatas, a verdade de uma profecia não garante que vem de Deus. Deuteronômio 13:1-5 indica que falsos profetas também podem ser exatos, mas profetas verdadeiros nunca desencaminharão os judeus da sua religião, sob pena de morte. 1

Se, conforme vou mostrar ,existe profecias messiânicas que não foram cumpridas por Jesus (e que não serão cumpridas no futuro), então estes padrões têm como conseqüência que ou Jesus não foi o Messias, ou as profecias em questão não foram feitas por um verdadeiro profeta de Deus. Ambos os extremos do dilema têm a conseqüência de que é falsa qualquer forma de Cristianismo que mantenha a infalibilidade da Bíblia.

Profecias Relacionadas com o Nascimento

Existem várias alegadas profecias messiânicas sobre o nascimento de Jesus: profecias sobre o local, modo e tempo do seu nascimento, sobre a sua genealogia, e sobre eventos que deviam ocorrer no momento do seu nascimento.

Nascido de uma virgem

Provavelmente a profecia mais famosa de entre estas é aquela que diz que Jesus nasceria de uma virgem. Os evangelhos de Mateus (1:18-25) e Lucas (1:26-35) alegam que Jesus nasceu de uma virgem, mas só Mateus (1:23) apela para as escrituras hebraicas como explicação para a razão por que isto devia acontecer. O versículo invocado é Isaías 7:14, que diz: "Por isso, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a Virgem concebeu e dá à luz um filho, e o chama Emanuel." (Missionários Capuchinhos)

Existem várias dificuldades nesta passagem. Conforme muitos observaram, a palavra hebraica traduzida por "virgem" neste versículo é "almah", que é traduzida de forma mais exata simplesmente como "jovem mulher". A palavra hebraica "bethulah" significa "virgem". No livro de Isaías, "bethulah" aparece quatro vezes (23:12, 37:22, 47:1, 62:5), portanto o autor desse livro conhecia a palavra. Na tradução da Bíblia New American Standard Translation, todas as outras ocorrências de "almah" são traduzidas simplesmente como "rapariga", "menina" ou "donzela" (a saber, Gênesis 24:43, Êxodo 2:8, Salmos 68:25, Provérbios 30:19, Cântico de Salomão 1:3, 6:8). Assim, o alegado cumprimento acrescenta uma condição biologicamente impossível que nem sequer está presente na profecia original.2

Outro problema é que em nenhum lado no Novo Testamento Maria, a mãe de Jesus, se lhe refere como "Emanuel". Portanto não temos evidência de que uma das condições da profecia se tenha alguma vez cumprido.

 Mas o problema mais sério desta alegada profecia messiânica é que foi tirada fora do contexto. Analisando por inteiro o sétimo capítulo de Isaías, torna-se claro que a criança em questão nasceria como um sinal para Acaz, Rei de Judá, garantindo que ele não seria derrotado em batalha por Rezim, Rei da Síria, e Peca, filho do Rei de Israel. O nascimento de Jesus não podia ser esse sinal pois veio com sete séculos de atraso. Em Isaías 8:3-4, uma profetisa dá à luz um filho — Maer-Salal-Hás-Baz — que é claramente descrito como o cumprimento da profecia de Isaías 7:14.3

 

 

 

 

 

J. Edward Barrett (1988, p. 14) apresenta evidência em como os Cristãos primitivos rejeitavam o nascimento virginal. Um elemento da evidência de Barrett é que em 1 Timóteo 1:3-4, o escritor (que pode ou não ter sido o apóstolo Paulo) aconselha a sua audiência a "impedir que certas pessoas ensinassem doutrinas estranhas, e se interessassem por fábulas e genealogias intermináveis que ocasionam disputas em lugar de promoverem a obra de Deus que se baseia na fé." (MC) O evangelho mais antigo, Marcos, não tem um relato do nascimento de Jesus, tal como João, o evangelho mais tardio, também não tem

O nascimento virginal é muito relevante para a genealogia, e tanto Mateus como Lucas apresentam a genealogia de Jesus próxima da história [do nascimento virginal].

Nascimento em Belém

Uma segunda alegada profecia relacionada com o nascimento é que Jesus nasceria na cidade de Belém, citada nos evangelhos de Mateus (2:1-6), Lucas (2:4-7) e João (7:42). Destes, Mateus e João referem-se a uma profecia nas escrituras hebraicas. A passagem mencionada é Miquéias 5:2, que diz: "E tu, Belém Efrata, pequena demais para chegar a estar entre os milhares de Judá, de ti me sairá aquele que há de tornar-se governante em Israel, cuja origem é desde os tempos primitivos, desde os dias do tempo indefinido." (Tradução do Novo Mundo) "Efrata" é o antigo nome de Belém (Gênesis 35:19, Rute 4:11) mas a situação é mais confusa pois "Belém Efrata" também é o nome de uma pessoa: Belém o filho (ou neto) de Efrata (1 Crônicas 4:4, 2:50-51). Portanto esta profecia podia-se referir tanto a um nativo da cidade como a um descendente de uma pessoa. Se for este último caso, Jesus não se qualifica, pois nenhuma das suas alegadas genealogias (informação adicional sobre este assunto será apresentada mais adiante) inclui Belém ou Efrata. Se o primeiro caso for verdadeiro (o que é mais provável, visto que Belém foi o local onde nasceu o Rei Davi, de quem o Messias supostamente descende), então Jesus qualifica-se por local de nascimento4 mas falha a verificação da condição de ser "governante em Israel". Os Cristãos alegam que esta é uma profecia que se cumprirá na Segunda Vinda.

Genealogias

Existem várias alegadas profecias genealógicas sobre os ancestrais do Messias. Alega-se que Gênesis 22:18 e 12:2-3 são profecias que indicam que o Messias seria um descendente de Abraão, mas estes versículos não dizem nada sobre o Messias. Dizem simplesmente que os descendentes de Abraão seriam abençoados. Outras alegadas profecias sobre os ancestrais do Messias dizem que ele seria da tribo de Judá (Gênesis 49:10, Miquéias 5:2), da família de Jessé (Isaías 11:1, 10), e da casa de Davi (Jeremias 23:5, 2 Samuel 7:12-16, Salmos 132:11). Algumas destas parecem ser verdadeiras profecias messiânicas, mas outras parecem simplesmente referir-se a reis futuros. Todos estes versículos se referem a reis — e por isso nenhum deles foi cumprido por Jesus.

Mas os problemas destas profecias são ainda maiores. Será que Jesus é realmente da tribo de Judá, da família de Jessé, e da casa de Davi? A única evidência para isto são os dois conjuntos de genealogias de Jesus, em Mateus 1:1-17 e Lucas 3:23-38. Ambos traçam a linhagem de Jesus através do seu pai, José. Se a história do nascimento virginal for levada a sério, então Jesus não tem os ancestrais próprios. Por outro lado, se a genealogia de Mateus for levada a sério, então Jesus tem um ancestral chamado Jeconias (Mateus 1:12), sobre o qual o profeta Jeremias disse: "Inscrevei este homem como sem filhos, como varão vigoroso que não terá bom êxito nos seus dias; pois, dentre a sua descendência, nem um único será bem sucedido, sentado no trono de Davi e governando ainda em Judá." (Jeremias 22:30, TNM) A genealogia de Lucas sofre do mesmo problema, pois inclui Sealtiel e Zorobabel, que são descendentes de Jeconias.

Por fim, um problema muitas vezes notado é que as genealogias de Mateus e Lucas se contradizem mutuamente e contradizem as escrituras hebraicas. O avô paterno de Jesus foi Jacó (Mateus 1:16) ou Eli (Lucas 3:23)? O pai de Sealtiel foi Jeconias (1 Crônicas 3:17, Mateus 1:12) ou Néri (Lucas 3:27)? Mateus 1:11 omite Jeoiaquim (que em Jeremias 36:29-30 recebe uma maldição similar à do seu filho Jeconias) entre Josias e Jeconias (1 Crônicas 3:15) e Mateus 1:4 omite Admin entre Rão [ou Arni] e Aminadabe (Lucas 3:33, MC). Finalmente, Mateus 1:13 diz que Abiúde é filho de Zorobabel, Lucas 3:27 diz que Resa é filho de Zorobabel, mas 1 Crônicas 3:19-20 não menciona qualquer deles como sendo filhos de Zorobabel.5

A matança das crianças

Outra profecia relacionada com o nascimento de Jesus é a alegação de que o Messias nasceria numa altura em que o Rei Herodes mataria crianças. Só o evangelho de Mateus (2:16-18) alega isso, citando uma profecia de Jeremias (31:15, TNM) que diz que "Ouve-se uma voz em Ramá, lamentação e choro amargo; Raquel chorando por seus filhos. Negou-se a ser consolada por causa dos seus filhos, porque eles já não existem." Existem dois problemas com esta alegada profecia messiânica: não é uma profecia sobre matança de crianças e é duvidoso que alguma vez tenha existido tal matança de inocentes por Herodes. "Raquel chorando por seus filhos" refere-se à mãe de José e Benjamim (e esposa de Jacó) chorando pelos seus filhos levados cativos para o Egito. No contexto, este versículo refere-se ao cativeiro Babilônico, que o seu autor testemunhou. Versículos subseqüentes falam do regresso das crianças, e portanto referem-se ao cativeiro em vez de ao assassinato. A matança feita por Herodes também é duvidosa pois o escritor de Mateus é a única pessoa que menciona esse evento. Flávio Josefo, que relatou cuidadosamente os abusos de Herodes, não o menciona.

Levado para o Egito

Mateus prossegue dizendo que para fugir aos assassinos de Herodes, Jesus foi levado enquanto criança para o Egito. Isto é feito, segundo Mateus 2:15 (TNM), "para que se cumprisse o que fora falado por Jeová por intermédio do seu profeta, dizendo: Do Egito chamei o meu filho." Isto é uma referência a Oséias 11:1, que não é de modo nenhum uma profecia. É uma referência ao Êxodo dos Judeus do Egito.

"Será chamado Nazareno"

No fim do mesmo capítulo de Mateus (2:23, TNM), o seu autor escreve que Maria, José e a criança Jesus estabeleceram-se em Nazaré "para que se cumprisse o que fora falado por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno." Não existe tal profecia nas escrituras Hebraicas, embora alguns aleguem que isto se refere a Juizes 13:5. Este versículo descreve um anjo a falar com a mãe de Sansão, dizendo-lhe que o filho dela "se tornará nazireu". Não só isto não é uma profecia messiânica como também não pode ser aquilo a que Mateus se referia. Um nazireu é muito diferente de um Nazareno. Um Nazareno é um habitante de Nazaré, ao passo que um nazireu é um Judeu que tomou votos especiais para se abster de todo o vinho e uvas, não cortar o cabelo e realizar sacrifícios especiais (veja Levítico 6:1-21). Jesus bebeu vinho (Mateus 26:29, Marcos 14:25, Lucas 22:18), portanto não pode ter sido um nazireu.

 

As Setenta Semanas de Daniel 9:24-27

 

 

 

 

 

Uma profecia relativa à época do Messias que muitos Cristãos evangélicos acham extremamente convincente encontra-se no livro de Daniel. Provavelmente não é exagero dizer que esta profecia, mais do que qualquer outra, convence os Cristãos de que Jesus foi o Messias. Daniel 9:24-27 (TNM) diz:

"Setenta semanas foram determinadas sobre o teu povo e sobre a tua cidade santa, para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro, e para introduzir justiça por tempos indefinidos, e para apor um selo à visão e ao profeta, e para ungir o Santo dos Santos.

"E deves saber e ter a perspicácia [de que] desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém até [o] Messias, [o] Líder, haverá sete semanas, também sessenta e duas semanas. Ela tornará [a ser] e será realmente reconstruída, com praça pública e fosso, mas no aperto dos tempos.

"E depois das sessenta e duas semanas [o] Messias será decepado, sem ter nada para si mesmo. E a cidade e o lugar santo serão arruinados pelo povo de um líder que há de vir. E o fim disso será pela inundação. E até [o] fim haverá guerra; o que foi determinado são desolações.

"E ele terá de manter em vigor [o] pacto para com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferenda. E sobre a asa de coisas repugnantes haverá um causando desolação; e até a exterminação derramar-se-á a coisa determinada também sobre aquele que jaz desolado."

A palavra traduzida nestes versículos como "semanas" é uma forma da palavra hebraica para "setes", e é interpretada por Cristãos como significando sete anos em vez de sete dias. Assim, "setenta semanas" no versículo 24 são interpretadas como significando setenta períodos de sete anos, ou 490 anos, "sete semanas" no versículo 25 são interpretadas como significando 49 anos, "sessenta e duas semanas" nos versículos 25 e 26 são interpretadas como significando 434 anos, e "uma semana" no versículo 27 é interpretada como significando sete anos.

O ponto de partida da profecia é "a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém".Um decreto para reconstruir o templo em Jerusalém é descrito na Bíblia em 2 Crônicas 36:22-23 e Esdras 1:1-4. Estes versículos descrevem o decreto emitido por Ciro, rei da Pérsia e contemporâneo de Daniel, em 538 A.E.C. "Sete semanas... [e] sessenta e duas semanas" ou 483 anos depois deste decreto seria 55 A.E.C., muitos anos demasiado cedo para Jesus. Por isso os cristãos têm de rejeitar a identificação do decreto do versículo 25 com o decreto de Ciro, e é exatamente isso que fazem. Que outros decretos estão disponíveis? Josh McDowell (1972, p. 180) oferece três alternativas: um decreto de Dario descrito no livro de Esdras, um decreto de Artaxerxes descrito em Esdras e um decreto de Artaxerxes descrito em Neemias. O decreto de Dario, descrito em Esdras 6:1-9, ordenava uma procura nos arquivos para encontrar o texto do decreto de Ciro, e depois para continuar a construção do templo em Jerusalém usando dinheiro dos impostos. Isto ocorreu por volta de 522 A.E.C. (veja Esdras 4:24), o que colocaria a vinda do Messias em 39 A.E.C. — ainda muito cedo para Jesus.

 O decreto de Artaxerxes para Esdras, descrito em Esdras 7:11-28, permite ao povo de Israel regressar a Jerusalém, levando consigo vários utensílios do tesouro real. Este decreto foi emitido em 458 A.E.C. (veja Esdras 7:7), o que colocaria a vinda do Messias em 26 E.C. Isto funciona razoavelmente bem se colocarmos o fim das "sessenta e duas semanas" no início do ministério de Jesus, embora a maioria dos cristãos achem que o ponto final é a crucificação, devido a uma referência no versículo 26 da profecia de Daniel, que diz que o Messias seria "decepado". A maioria dos cristãos rejeita este decreto, bem como os de Ciro e de Dario, como sendo o ponto de partida apropriado para a profecia. Uma excepção é Gleason Archer.

 

Archer (1982, pp. 290-291) argumenta que Esdras 9:9 implica que Esdras recebeu permissão de Artaxerxes para reconstruir as muralhas de Jerusalém, apesar do fato de estas não terem sido reconstruídas até ao tempo de Neemias (veja Neemias 1:3). Esdras 9:9 declara que Deus não abandonou os Judeus mas deu-lhes uma hipótese de "erguer a casa de nosso Deus e erguer os seus lugares desolados, e para nos dar um muro de pedras em Judá e em Jerusalém." Em defesa do fim das "sessenta e duas semanas" como sendo o início do ministério de Jesus em vez de ser a sua crucificação, Archer sublinha que o versículo 26 da profecia apenas diz que o 'decepamento' do Messias ocorreria depois desse período de tempo, não necessariamente imediatamente depois.

O decreto de Artaxerxes para Neemias, descrito em Neemias 2:1-6, na realidade não é de maneira nenhuma um decreto. Em vez disso, Artaxerxes dá a Neemias cartas de salvo-conduto para viajar para Judá e para obter madeira para reconstruir os portões do templo e as muralhas de Jerusalém. Isto ocorreu em 445 A.E.C., o que coloca o tempo do Messias em 39 E.C., demasiado tarde para Jesus, que se crê ter sido crucificado algures entre 29 e 33 E.C. Apesar destas falhas, a maioria dos cristãos evangélicos adota este como o decreto apropriado porque Neemias reconstruiu as muralhas de Jerusalém. Para fazer o ponto inicial 445 A.E.C. resultar num ponto final 483 anos mais tarde situado ou no início do ministério de Jesus ou na altura da sua crucificação, tem de se usar um ano diferente do ano de 365 dias.

O mais popular destes cálculos, devido a Sir Robert Anderson e promovido por Josh McDowell, é adaptar um "ano profético de 360 dias" — uma invenção de Anderson baseado na sua leitura de Revelação(Ap: 11:23), onde ele iguala 42 meses a 1260 dias, dando 30 dias por mês. Usando "anos proféticos", o fim do período de 483 anos cai em 32 E.C., que na opinião de muitos é o ano da crucificação. Robert Newman (1990, pp. 112-114) aponta várias falhas neste esquema de cálculo que, tomadas no seu conjunto, lhe são fatais: (1) Revelação 11:23 não justifica a invenção do "ano profético", pois não há qualquer indicação de que 1260 dias sejam exatamente 42 meses (poderiam ser 41,5 arredondados para cima), (2) um ano de 360 dias ficaria fora de sincronia com as estações, e os Judeus acrescentavam um mês lunar adicional a cada dois ou três anos ao seu ano lunar de 354 dias, dando-lhes uma duração média do ano de cerca de 365 dias, e (3) o consenso atual sobre a data da crucificação é 30 E.C. em vez de 32 E.C.

Newman oferece a sua própria alternativa: o uso de anos sabáticos, que têm justificação bíblica (Êxodo 23:10-11 e Levítico 25:3-7, 18-22). Todo sétimo ano é um ano sabático. Newman usa informação do primeiro livro dos Macabeus, que tem uma referência a uma observância de um ano sabático, para calcular que 163-162 A.E.C. foi um ano sabático e portanto 445 A.E.C., o ponto inicial da profecia de Daniel, calha no ciclo sabático de sete anos 449-442 A.E.C. Se este é o primeiro ciclo sabático na contagem, o sexagésimo nono é 28-35 E.C., um período de tempo que abrange a crucificação. Em resposta ao Cristicismo de que a profecia diz que o Messias seria "decepado" depois de sessenta e duas semanas, Newman diz que no idioma Judeu convencional, "depois" significa "depois do início de".

Existem outros problemas para todas as interpretações acima mencionadas, que Gerald Sigal (1981, pp. 109-122) indica. Um dos principais criticismos de Sigal é que a pontuação Massorética da Bíblia hebraica coloca uma divisão entre as "sete semanas e sessenta e duas semanas", significando que em vez de dizer que o Messias virá depois dos períodos de tempo combinados, ele virá depois das "sete semanas" isoladas. Outro criticismo que Sigal faz é que o texto hebraico não coloca um artigo definido antes da palavra "Messias" (ou "ungido"). A Revised Standard Version da Bíblia é traduzida com estes fatos em mente, e apresenta Daniel 9:24-27 como se segue:

Setenta semanas são decretadas a respeito do teu povo e da tua cidade santa, para acabar com a transgressão, para colocar um fim ao pecado, e para expiar a iniqüidade, para trazer justiça duradoura, para selar tanto a visão como o profeta, e para ungir um lugar muito santo. Sabe portanto e compreende que desde a saída da palavra para restaurar e reconstruir Jerusalém até à chegada de um ungido, um príncipe, haverá sete semanas. Depois, durante sessenta e duas semanas será reconstruída com praça pública e fosso, mas num tempo de tribulação. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será decepado, e nada terá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. O seu fim virá com uma inundação, e até ao fim haverá guerra; desolações são decretadas. E ele fará um pacto forte com muitos durante uma semana; e durante metade da semana ele fará cessar o sacrifício e a oferenda; e sobre a asa das abominações virá um que a torna desolada, até que o fim decretado seja derramado sobre o desolador.

Usando a pontuação Massorética, as "sessenta e duas semanas" são gastas na reconstrução da cidade em vez de se aplicarem à vinda do Messias. Esta interpretação explica por que é que "sete semanas e sessenta e duas semanas" são dadas separadamente, em vez de se dizer simplesmente "sessenta e nove semanas". A maioria dos apologistas ou desconhece ou ignora a pontuação Massorética, mas Robert Newman (1990, p. 116) rejeita-a com o argumento de que "a data de tal pontuação pode não ser anterior ao IX ou X séculos AD" e que a estrutura dos versículos como um todo favorece a sua interpretação.

Qual é o resultado de tudo isto? A profecia de Daniel não é tão convincente como poderia parecer inicialmente a alguém a quem fosse apresentada apenas uma das interpretações que "funcionam". Não nos deve surpreender que com quatro escolhas para pontos iniciais (os decretos de Ciro, Dario e Artaxerxes, mais as cartas de Artaxerxes para Neemias), várias escolhas possíveis para pontos terminais (o nascimento, o ministério, e a crucificação de Jesus), e pelo menos três modos de contar (anos normais, "anos proféticos", e ciclos sabáticos), se tenham encontrado cálculos para os quais Jesus se encaixa na profecia. Existem boas razões para se rejeitar cada uma dessas interpretações. As duas primeiras escolhas para pontos iniciais não funcionam para as interpretações oferecidas. O decreto de Artaxerxes funciona para anos normais com o ministério de Jesus como ponto terminal, mas nada diz sobre a reconstrução de Jerusalém. As cartas de Artaxerxes funcionam para ciclos sabáticos com a crucificação como ponto terminal, mas não são um decreto para se reconstruir a cidade de Jerusalém. Em vez disso, dão a Neemias um salvo-conduto para Judá e permissão para usar madeira das florestas reais. Por fim, nenhuma dessas interpretações leva em consideração a pontuação Massorética que, se não estiver ela própria em erro, elimina-as a todas como possíveis interpretações do texto. (massoretas desenvolveram as vogais no alfabeto hebraico,para leitura do hebraico moderno)

Profecias sobre o ministério

Alegadas profecias sobre a vida e o ministério de Jesus dizem que ele seria precedido por um mensageiro (isto é, João Baptista), que ele teria um ministério na Galileia, que ele realizaria milagres, e que teria uma entrada triunfal na cidade de Jerusalém, montado num jumento.

Precedido por um mensageiro

A primeira destas, que ele seria precedido por um mensageiro, refere Isaías 40:3, que reza: "Uma voz grita: Abri no deserto um caminho para o Senhor, aplanai na solidão as veredas para o nosso Deus." (MC) Este versículo não fala de um mensageiro do Messias, fala dos Judeus sendo libertados do cativeiro Babilônico. Outro versículo que se diz apresentar a mesma profecia é Malaquias 3:1, que diz: "Eis que vou mandar o Meu mensageiro, o qual preparará o Meu caminho diante de Mim...." (MC) Esta pode ser tomada plausivelmente como uma profecia messiânica. Mas será que João Baptista realmente 'preparou o caminho' como mensageiro para Jesus? O historiador Flávio Josefo escreve sobre João Baptista mas não relaciona o seu nome com o de Jesus (Antiquities of the Jews 18.5.2; Josefo (1985), p. 382).

 Os escritos cristãos mais antigos, as cartas de Paulo, não fazem qualquer referência a João Baptista. Os evangelhos (e o livro de Atos, escrito pelo autor de Lucas) são a única evidência real de um elo [entre João Baptista e Jesus]. Mas a evidencia dos evangelhos não é consistente. O evangelho de João mostra João Baptista reconhecendo explicitamente Jesus como o Messias (João 1:25-34) antes de ser lançado na prisão por herodes (João 3:23-24). Mas os evangelhos de Mateus (11:2-3) e Lucas (7:18-22) descrevem João Baptista, na prisão, enviando os seus discípulos a Jesus para perguntar se ele alega ser o Messias.

Se a história de João fosse verdadeira, João Baptista não teria razão para fazer aquela pergunta. (Para mais informação sobre João Baptista e a sua relação com Jesus, veja Miosi (1993).)

Ministério na Galileia

Apologistas cristãos alegam que o ministério de Jesus na Galileia é profetizado em Isaías 9:1, que diz: "... no tempo passado humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali, no futuro cobrirá de glória o caminho do mar, a Transjordânia e a Galileia das nações." (MC) A única coisa que este versículo diz é que Deus fará a área "gloriosa" — não diz nada sobre o ministério do Messias. Os versículos seguintes (Isaías 9:6-7) falam de uma criança que nasceria no futuro e que seria rei, "o qual se chamará Conselheiro admirável, Deus forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz." A tradição judaica diz que isto se refere ao Rei Ezequias, não ao Messias (Sigal, 1981, pp. 29-32). Isaías 9:7, se aplicado a Jesus, não se cumpriu, pois fala do seu reino.

Milagres

Profecias sobre as curas milagrosas de Jesus são supostamente encontradas em Isaías 35:5-6 e Isaías 32:3-4. Este texto não menciona curas, mas diz que "Os olhos dos que vêem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem estarão atentos. Os espíritos dos insensatos entenderão a ciência, e a língua dos tartamudos exprimir-se-á com prontidão e clareza." (MC) Diz-se ainda que isto ocorrerá durante o reinado de um rei (Isaías 32:1), o que não ocorreu em Israel durante o ministério de Jesus. O outro texto, por outro lado, descreve pessoas sendo curadas ("Então se abrirão os olhos do cego, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos", MC) mas também, nos versículos 7 e 8, descreve a terra como sendo "curada". Não existe aqui qualquer indicação clara de que estas curas tenham algo que ver com o Messias, em vez disso, é o próprio Deus que faz as curas. Os evangelhos não contêm qualquer relato de Jesus curando a terra.

Entrada triunfal em Jerusalém, montado num jumento

Uma última profecia relacionada com a vida e o ministério de Jesus é Zacarias 9:9, que diz: "Eis que o teu Rei vem a ti... humilde, montado num jumento, no potrinho de uma jumenta." (MC) Novamente, Jesus não era rei, portanto esse aspecto da profecia continua sem cumprimento. O alegado cumprimento desta profecia também é problemático. Segundo Marcos (10:11-19), Lucas (19:28-38) e João (12:12-19), Jesus entrou em Jerusalém montado num jumento. Mas Mateus 21:1-11 apresenta Jesus montado tanto num jumento como num potro, o que indica que ele se equivocou com a profecia.

Profecias sobre a traição

Várias das alegadas profecias estão relacionadas com a traição de Jesus por Judas. Estas incluem profecias de que Jesus seria traído por um amigo por trinta moedas de prata e que este dinheiro seria lançado no templo e usado para comprar um campo de um oleiro. Dois versículos que são tomados como profecias de traição por um amigo são Salmos 41:9 e Salmos 55:12-14, o último dos quais diz: "Mesmo o meu amigo próximo, em quem eu confiava, que comia o meu pão, levantou o seu calcanhar contra mim." Ambos são salmos que falam de sentimentos de dor por ter sido traído por um amigo próximo em quem se confiava. Mas Jesus já tinha presciência da sua traição por Judas (João 13:21-26), e por isso não deve ter confiado nele. Quando o evangelho de João (13:18) cita o Salmo 41:9, admite tacitamente este problema ao omitir a expressão "em quem eu confiava". Nenhum destes versículos das escrituras hebraicas dá qualquer indicação de ter sido originalmente escrito com intenções proféticas.

Mateus 26:14-15 declara que foram pagas a Judas Iscariotes trinta moedas de prata pelos sacerdotes Judeus como pagamento pela sua traição. Mateus 27:9-10 alega que isto é feito para cumprir uma profecia de Jeremias:

"Cumpriu-se, assim, o que fora dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, como o Senhor me havia ordenado."

O problema aqui é que o versículo citado não aparece em nenhuma parte do livro de Jeremias. Existe um versículo que é muito similar no livro de Zacarias, mas ali o profeta Zacarias está a falar de si mesmo e não está envolvida qualquer traição. O apologista cristão Gleason Archer (1982, p. 345) tenta resolver este problema citando vários versículos em Jeremias que se referem ao "profeta comprando um campo em Anatot por um certo número de siclos" (32:6-9), "o profeta vendo um oleiro modelando vasos de barro na sua casa" (18:2), "um oleiro perto do templo" (19:2), e Deus dizendo: "Quebrarei este povo e esta cidade como se parte um vaso de oleiro" (19:11). Porque é que Archer escreve "um certo número de siclos" em vez de dar o número especificado em Jeremias? Porque Jeremias 32:9 diz dezassete siclos, não diz trinta.

 O que Archer fez aqui foi simplesmente procurar as palavras "oleiro", "siclo" e "campo", numa tentativa de argumentar que Mateus estava realmente a referir-se a Jeremias em vez de Zacarias. Mas realmente não há dúvida que Mateus se queria referir a Zacarias em vez de Jeremias. Compare com Zacarias 11:12-13:

"Eu disse-lhes: Se vos parece bem, dai-me o meu salário; se não, guardai-o. Eles pagaram-me pelo meu salário trinta moedas de prata. O Senhor disse-me: Arroja esse dinheiro no tesouro, essa bela soma pela qual avaliaram os teus serviços. Tomei as trinta moedas de prata e lancei-as no tesouro da casa do Senhor."

Novamente, isto é Zacarias falando da sua própria experiência em vez de ser uma profecia messiânica. Mas Mateus 27:5-7 tenta cumprir esta não-profecia contando uma história de Judas Iscariotes lançando o seu pagamento no templo antes de cometer suicídio, depois do que os sacerdotes usam o dinheiro para comprar um campo de um oleiro. Esta história não aparece nos outros evangelhos (embora Atos 1:18-19 diga que foi o próprio Judas, em vez de serem os sacerdotes, quem comprou o campo com o dinheiro (cuja quantidade não é especificada) ganho com a sua traição).

Outro problema com esta alegada profecia é que os manuscritos mais antigos (Siríaco) de Zacarias versículo 13 nem sequer contêm a palavra "oleiro" — em vez disso, têm "tesouro", que faz mais sentido mas prejudica ainda mais a sua credibilidade como profecia. (A Revised Standard Version apresenta o versículo como "Lancei-o no tesouro", com a tradução "para o oleiro" relegada para uma nota de rodapé.)

Profecias sobre a crucificação

Os apologistas cristãos talvez estejam muito impressionados com várias alegadas profecias relacionadas com a crucificação de Jesus. Eles alegam que as escrituras hebraicas contêm profecias de que Jesus seria crucificado, que as suas vestimentas seriam divididas através do lançamento de sortes, que lhe dariam vinho misturado com fel ou mirra, que ele gritaria sobre ser abandonado, e que nenhum dos seus ossos se quebraria.

Seria crucificado

Existem vários versículos que são encarados como referindo-se à crucificação: Salmos 22:16, Zacarias 12:10, e Zacarias 13:6 são exemplos típicos. Salmos 22:16 diz: "Sou rodeado pelos cães; envolvido por um bando de malfeitores; trespassaram as minhas mãos e os meus pés". Este é um salmo de Davi que não dá indicação de ser profético e que se descreve a si mesmo sendo caçado e morto em vez de ser crucificado. Gerald Sigal (1981, p. 98) argumenta que a palavra hebraica traduzida aqui por "trespassaram" é "ariy", que significa "leão", e portanto uma tradução mais exata seria "como um leão [eles estão a morder] as minhas mãos e os meus pés." [N. do T.: a tradução Missionários Capuchinhos (católica) diz, numa nota de rodapé: "O hebraico] diz: «como um leão, as minhas mãos e os meus pés». O targum explica: «eles morderam como um leão»."] Gleason Archer (1982, p. 37), contudo, argumenta que "eles trespassaram" está correto, baseado na tradução Septuaginta e noutras considerações.

Zacarias 12:10 (MC) diz "... eles voltarão os seus olhos para Mim. Quanto àquele que traspassaram, chorá-lo-ão como se chora um filho único; chorá-lo-ão amargamente como se chora um primogénito." O evangelho de João (19:37) encara isto como sendo uma profecia cumprida na crucificação de Jesus, mas não há indicação de que Zacarias fale de crucificação. Além disso, o 'ele' sendo lamentado não é o 'eu' que está sendo traspassado. A interpretação Judaica deste versículo é que Deus está a falar do povo de Israel sendo "traspassado" ou atacado (Sigal 1981, pp. 80-82).

Zacarias 13:6 (MC) diz: "Que ferimentos são esses nas tuas mãos [a RSV diz "entre os teus braços"]?", referindo-se a alguém que afirma não ser profeta e que foi vendido como escravo na sua juventude (Zacarias 13:5). Ferimentos entre os braços não são característicos de crucificação e Jesus nem foi vendido como escravo nem afirmou que não era profeta.

Lançadas sortes sobre as vestimentas

Apenas o evangelho de João fala das vestimentas de Jesus sendo divididas entre os soldados e o lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:23-24), e ele cita Salmos 22:18 como a profecia que é cumprida dessa forma. Este último versículo diz: "repartem entre si as minhas vestes e lançam sortes sobre elas." Este versículo conta um evento — roupas sendo divididas através do lançamento de sortes. Mas João transforma-o em dois eventos: primeiro a divisão da roupa de Jesus sem incluir a túnica (João 19:23) e depois o lançamento de sortes sobre a sua túnica (João 19:24). Parece que João criou uma história numa tentativa de providenciar um cumprimento para a sua compreensão equivocada de um versículo que não dá qualquer indicação de ter sido originalmente uma profecia.

Vinho misturado com fel ou mirra para beber

Mateus (27:34) fala de terem dado a beber a Jesus "vinho misturado com fel" e Marcos (15:23) diz que lhe ofereceram "vinho misturado com mirra". Ambos os versículos são encarados como referências a Salmos 69:21, que diz "Por alimento servem-me veneno, por bebida contra a minha sede, dão-me vinagre." A palavra hebraica traduzida aqui por "veneno" é "rosh", que significa veneno ou fel, e refere-se a alguma planta venenosa. O versículo diz que veneno está sendo colocado na comida, o que não se aplica à crucificação. Mirra, que não é venenosa, é referida pela palavra hebraica "mor", que não aparece em Salmos 69:21. Este salmo, que fala repetidamente de águas de uma inundação, não dá qualquer indicação de ser profético nem de se aplicar a Jesus.

"Por que me abandonaste?"

Os evangelhos de Mateus (27:46) e Marcos (15:34) dizem que as últimas palavras de Jesus foram: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?", uma citação do Salmo 22:1. Lucas (23:46) diz que as últimas palavras de Jesus foram "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito", enquanto João (19:30) apresenta Jesus a dizer: "Acabou-se." Só a primeira destas frases é alegadamente um cumprimento de profecia, no entanto dificilmente se poderá dizer que é miraculoso ter Jesus feito tal declaração. Presumivelmente Jesus estava familiarizado com as escrituras hebraicas. Tal observação, contudo, é inconsistente com a teologia cristã. Por que é que Jesus, que é supostamente Deus encanado, falaria de ser abandonado por si mesmo em qualquer circunstância, quanto mais na culminação do seu plano para a salvação humana? Também não é evidente que Salmos 22 seja quer profético, quer aplicável a Jesus (veja Sigal, 1981, pp. 95-99).

Nenhum dos seus ossos seria quebrado

Uma última profecia que desejo examinar, relacionada com a crucificação de Jesus, é que os ossos dele não seriam quebrados. Só o evangelho de João (19:32-36) afirma isso, dizendo que os soldados quebravam as pernas das vítimas da crucificação para apressar as suas mortes, no entanto pouparam Jesus pois ele já estava morto. João 19:36 cita Salmos 34:20: "Ele guarda cada um dos Seus ossos, nem um só será quebrado", como sendo a profecia que é cumprida dessa forma. Não há qualquer indicação de que Salmos 34 tenha sido escrito com intenções proféticas, nem que se aplique a Jesus. A intenção do evangelho de João é representar Jesus como um sacrifício, correspondendo especificamente ao cordeiro pascal (por exemplo, João 1:29, 36). Um requerimento do cordeiro pascal é que nenhum dos seus ossos seja quebrado (Êxodo 12:46, Números 9:12). Mas esta analogia falha por várias razões: o cordeiro pascal não era para expiação de pecado, e requeria-se que os sacrifícios judeus estivessem completamente sem deformidades físicas, chagas ou ferimentos (Levítico 22:20-25) ao passo que Jesus foi açoitado [chicoteado] e mutilado (João 19:1; Sigal 1981, pp. 265-268).

Conclusões

Vale a pena examinar brevemente algumas conclusões a respeito de profecias messiânicas, que diferem das minhas, apresentadas por Peter Stoner (1952) (e repetidas por McDowell (1972)). Stoner calcula a probabilidade de apenas oito profecias messiânicas6 serem cumpridas como sendo 1 em 10^21 (McDowell (1972), citando uma edição mais recente do livro de Stoner, apresenta a probabilidade como sendo 1 em 10^17. Jeffrey (1990, pp. 17-20) apresenta uma lista de onze profecias messiânicas7 e uma probabilidade de 1 em 10^19.) Existem vários problemas com os cálculos de Stoner. A probabilidade de cada profecia ser cumprida por acaso foi obtida de uma estimativa feita por "uma classe sobre Evidências Cristãs" em Pasadena City College patrocinada pela Inter-Varsity Christian Fellowship (Stoner 1952, p. 71). [N. do T.: ou seja, fundamentalistas!] Estas estimativas não consideraram nenhuma das acima mencionadas objeções a estas profecias, nem consideraram a possibilidade de cumprimento intencional. (Por exemplo, um pretendente a Messias podia contratar um mensageiro do gênero de João Baptista para o preceder, ou poderia montar um jumento intencionalmente e entrar na cidade de Jerusalém.) Outro problema com esse método [de Stoner] é tais estimativas de probabilidades não serem de confiança.8 Destes problemas, o mais grave é o fracasso de Stoner em considerar as objeções que apresentei acima, e este fato por si só é suficiente para invalidar os seus cálculos.

Examinei mais de duas dúzias de alegadas profecias messiânicas que os apologistas cristãos dizem terem sido cumpridas em Jesus. Embora existam muitas outras de tais alegadas profecias (por exemplo, McDowell (1972) enumera 61 com algum detalhe e refere-se a numerosos versículos adicionais sem detalhes), estes são os melhores exemplos, segundo o reconhecimento dos próprios apologistas.9 Este exame mostra que nenhuma delas é uma predição específica, detalhada e exata de um evento que tenha ocorrido na vida de Jesus. Em vez disso, as supostas profecias parecem ser o resultado de tentativas deliberadas por parte dos escritores dos evangelhos e dos apologistas cristãos para encontrar similaridades post hoc entre eventos descritos no Novo Testamento e nas escrituras hebraicas.

 As profecias messiânicas, contrariamente ao que os apologistas dizem, não fornecem evidência em apoio da fé Cristã.

***

Site pessoal de Jim Lippard: http://www.discord.org/~lippard

Agradecimentos

Agradeço a Ed Babinski, que me recomendou o livro de Gerald Sigal, a Robert Sheaffer pelos seus comentários úteis sobre uma versão preliminar deste artigo, e a David Wood por ter indicado o modo como a RSV traduz Zacarias 11:13.

Todas as citações da Bíblia, salvo indicação em contrário, são [tradução livre para português] da New American Standard Translation.

Notas

1 - Poderia argumentar-se (e é o que têm feito Judeus desde o terceiro século) que Jesus desencaminhou os Judeus da sua religião e por isso era um falso profeta. Veja Sanhedrin 43a no Talmude Babilônico (Epstein 1935, p. 281).

2 - Deve-se notar que alguns apologistas cristãos alegam que o sentido pretendido é "virgem" porque os tradutores judeus do Velho Testamento para o grego (a Septuaginta) usaram a palavra grega "parthenos" ("virgem") para "almah" ao traduzirem este versículo. Isto provavelmente indica, em vez disso, que Mateus usou a Septuaginta. Gerald Sigal (1981, p. 24) indica um caso (Gênesis 34:3) em que a Septuaginta usa "parthenos" para a palavra hebraica "na'arah" ("rapariga") quando a mulher em questão não é de modo nenhum uma virgem (veja Gênesis 34:2). Nahigian (1993, p. 13) também indica que traduções posteriores de Isaías, por Aquila, Theodocion, Lucian e outros não usaram "parthenos" ao traduzir "almah" em Isaías 7:14.

3 - A resposta cristã usual é invocar a doutrina do "duplo cumprimento" das profecias. Note que isto, combinado com a opinião cristã de que "almah" significa "virgem", implica que o Cristão tem de aceitar dois nascimentos virginais.

4 - O evangelho de João não diz nada sobre Jesus ser de Belém, mas em vez disso diz que ele é de Nazaré, na Galileia. Veja João 1:45-46 e 7:41-42, 52.

5 - Existem duas tentativas que costumam ser feitas para resolver estas contradições. A mais comum entre cristãos evangélicos é alegar que a genealogia de Lucas é a de Maria, não a de José. Isto não explica a repetida convergência seguida de divergência que notamos à medida que analisamos as duas genealogias. Também não explica por que é que a genealogia de Lucas contém quase duas vezes mais ancestrais do que Mateus no mesmo período de tempo. Ainda outro problema é que essa explicação entra em conflito com a tradição católica que diz que os pais de Maria foram Joaquim e Ana. Uma segunda explicação, preferida pelos católicos, é que cada caso de divergência é o resultado de casamento de Levirato. Isto é, os pais discrepantes são irmãos uns dos outros, e quando um deles morreu, o outro casou com a esposa do seu irmão (veja Deuteronómio 25:5). Esta explicação também não explica a diferença no número de ancestrais.

6 - Miquéias 5:2 (nascido em Belém), Malaquias 3:1 (precedido por um mensageiro), Zacarias 9:9 (entra em Jerusalém montado num jumento), Zacarias 13:6 (traído por um amigo, ferido nas mãos), Zacarias 11:12 (traído por trinta moedas de prata), Zacarias 11:13 (prata lançada no templo e usada para comprar campo de oleiro), Isaías 53:7 (fica silencioso perante acusadores) e Salmos 22:16 (mãos e pés traspassados). Todos estes, excepto o versículo de Isaías, foram examinados acima (veja a [nota 9]).

7 - Jeffrey apresenta as mesmas oito de Stoner e McDowell (substituindo Isaías 40:3 por "precedido por um mensageiro" e Salmos 41:9 por "traído por um amigo") e acrescenta Isaías 53:5 (ferido e chicoteado por inimigos), Isaías 50:6 (cuspido e golpeado), e Isaías 53:12 (crucificado com ladrões). Estes últimos três versículos não são abordados neste artigo, veja a [nota 9].

8 - Veja Kahneman, Slovic e Tversky (1982) e Falk (1982).

9 - Profecias que não abordei incluem os escritos de Isaías sobre o "Servo Sofredor", que são tratados por Sigal (1981, pp. 35-68) e no número 30 (Junho de 1985) da revista Biblical Errancy [Erros Bíblicos].

Referências

Saiba mais…

Parte X

 

O que foi observado durante o Estudo dos Evangelhos é que os autores dos mesmos não pretendiam efetuar uma narração histórica de acontecimentos, mas efetuar uma composição de textos em que poderiam ser incluídas passagens das Escrituras Hebraicas, que deveriam ser arranjadas de tal forma a induzir fiéis a acreditar que as mesmas estavam aludindo a pessoa de Iehoshua de Nazaré. Ao que tudo indica a intenção dos evangelistas não foi registrar fatos históricos com precisão, mas transmitir ensinamentos religiosos. Paulo de Tarso, embora não tenha sido um dos apóstolos, foi um dos principais criadores da figura de Iehoshua de Nazaré. No episódio narrado de Atos dos Apóstolos 9,1-9, ele, ao cair do cavalo quando viajava pela estrada que o conduzia até Damasco, julgou estar divinamente inspirado. Após este fato, ele analisou as Escrituras Hebraicas em busca de revelações ocultas e, acreditando que toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era de inspiração divina, acreditou ter encontrado nelas o anúncio da vinda de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, o mundo de Paulo de Tarso ainda era fortemente influenciado pela cultura helênica. Para os gregos, a verdadeira realidade era a realidade mítica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo desta realidade. As Escrituras Hebraicas não continham profecias a respeito do que Paulo de Tarso pensava e ensinava, mas na ótica dele elas revelavam um pouco desta realidade mítica. Para ele, o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré eram fatos já ocorridos nesta realidade espiritual, em um tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, e não algo que ainda estaria para ocorrer no mundo material.  Era desta realidade mítica que falava Paulo de Tarso quando se pôs a escrever as suas epístolas, e não de um Iehoshua de Nazaré humano, ou seja, de carne e osso. E para isto, era necessário procurar nas Escrituras Hebraicas revelações de um Iehoshua de Nazaré espiritual, abstrato. Uma conseqüência imediata disto é a transcendentalização de passagens das Escrituras Hebraicas, o que acarreta pseudo-interpretações e ajuda a distorcer e atropelar fatos históricos, como aqueles identificados nos Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente. Para Paulo de Tarso, era o Eterno quem fazia as revelações e Iehoshua de Nazaré era apenas o seu canal de comunicação. Assim, a Sabedoria Judaica começou a ser interpretada como o Logos Grego. Para concretizar isto, Paulo de Tarso, judeu que absorveu a cultura e filosofia grega,  recorreu às Escrituras Hebraicas e descobriu vestígios de Iehoshua de Nazaré através de suas próprias inspirações divinas, pois os gregos somente entendiam o Criador a partir de si próprio, e não através de experiências como sempre ocorreu com o povo judeu. Para ele, Iehoshua de Nazaré era uma espécie de segredo que esteve escondido durante épocas remotas e que foi revelado para ele pelo Criador. Para isto, era necessário ter fé neste Iehoshua de Nazaré de natureza mítico-espiritual [na realidade, abstrata], como Paulo de Tarso mostra sistematicamente em suas epístolas.  Mas por que seria necessário ter fé em um homem que, ao morrer, ressuscitou? Isto seria um grande fato histórico, e não algo a ser entendido através da fé. Somente mais tarde, através dos concílios, é que se começou a discutir a figura de Iehoshua de Nazaré como homem. Desta forma, foi necessário que passagens do Antigo Testamento fossem incluídas nos Evangelhos para induzir fiéis a acreditar que tais passagens se referiam a sua vinda. Nos escritos de Paulo de Tarso não são mencionadas expressões como: Conforme eu ouvi da boca de Iehoshua de Nazaré, conforme ensinou Fulano, que foi discípulo de Iehoshua de Nazaré, etc. Por que? Vale a pena salientar que Paulo de Tarso só foi à cidade de Jerusalém anos depois do incidente da queda do cavalo e nem sequer mencionou lugares santos ou sua emoção ao visitá-los;  não menciona Pilatos e nem o julgamento de Iehoshua de Nazaré. Por que? Nos escritos de Paulo de Tarso é observado o comportamento de que ele é que é o Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Por isto, em todas as suas discussões com discípulos, ele jamais foi acusado de distorcer palavras de Iehoshua de Nazaré, pois ele é que se fazia Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Não havia o ensinamento das Palavras de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, os Evangelhos e a vida terrena de Iehoshua de Nazaré ainda não tinham sido criados. Porém, é possível que versões primitivas dos Evangelhos já existissem no final do primeiro século, mas talvez não fizessem parte do pensamento Paulinista, naquela época ainda muito predominante. Para entender melhor o que foi escrito acima, convém lembrar que gregos e europeus até os tempos de Nikolaj Kopernik (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) acreditavam que a Terra era o centro do universo e que em volta dela havia esferas de cristal concêntricas, cada uma sustentando um dos sete planetas conhecidos. Na esfera de cristal mais interior, a da Lua, se localizavam os demônios, interpretados como mensageiros entre os homens e os deuses, e além da sétima esfera de cristal se localizavam os deuses. Para Paulo de Tarso e seus correligionários, em vez de vários deuses existe um único deus e os demônios são forças do mal, conforme mencionado em um dos seus discursos:  

 

Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Efésios 6,12)  

 

Segundo Paulo de Tarso, os demônios habitam as regiões celestes, mas somente mais tarde foram expulsos deste lugar e passaram a habitar as profundezas da terra, e que embora não sejam humanos, eles são os dominadores do mundo em que vivemos. Segundo livros apócrifos do fim do primeiro século da era comum, como o livro da Ascenção de Isaías, por exemplo, Iehoshua de Nazaré teria viajado através das esferas de cristal até alcançar a esfera mais interior, nascendo de uma mulher, da mesma forma que a deusa Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara. Mais tarde os demônios mataram Iehoshua de Nazaré sem perceberem quem ele era. No final do século I da era comum, nenhuma menção foi efeuada a um Iehoshua de Nazaré terreno, assim como também não foi efetuada nenhuma menção a qualquer de seus ensinamentos e nem tão pouco foi mencionado o perdão de pecados. Do mesmo modo, também não é mencionado que Pilatos o julgou e que houve calvário. A missão deste Iehoshua de Nazaré, que embora possuísse aparência humana mas que não era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os justos. Por exemplo, em I Coríntios 2,6-8 Paulo de Tarso menciona novamente os dominadores do mundo, mas não menciona Pilatos:

 

Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). (I Coríntios 2,6-8)  

 

Os teólogos Marcião (85-160) e Orígenes de Alexandria (185-254) também interpretavam Paulo de Tarso desta forma. Segundo eles, Iehoshua de Nazaré desceu aos infernos (sheol) e ressuscitou três dias depois. Retornou aos céus levando com ele as almas dos justos e, a partir deste dia, os justos que morressem iriam também para o céu. Este era o segredo da eternidade escondido, no qual era preciso acreditar para se escapar do inferno. Assim, Iehoshua de Nazaré passou a ser visto como o cordeiro imolado desde o início dos tempos, e não a partir do ano 33 d.e.c. Através de estratégias como esta, também tornou-se fácil efetuar conexões entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, como se tornou evidente, por exemplo, através da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.

 

Com o passar dos anos, outras personalidades de Iehoshua de Nazaré começaram a ser encaixadas na pessoa dele para que gregos e romanos pudessem melhor aceitá-lo.  Muitos dos ensinamentos atribuídos a Iehoshua de Nazaré foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos essênios pelo menos cem anos antes da era comum. Os essênios eram conhecidos por esperarem a vinda do Reino de Deus; pelo seu desprezo às coisas materiais; faziam-se batizar para a purificação do corpo e do espírito e iniciavam a vida pública a partir dos trinta anos, após quarenta dias de jejum no deserto. Ensinamentos como amar aos inimigos; se lhe pedem o casaco dá também a camisa e ao lhe baterem em uma das faces, dar a outra, derivam dos Estóicos, que eram pessoas pertencentes a um movimento filosófico de origem grega, e que pregava um modo de viver o mais simples e humilde possível, em oposição ao materialismo da sociedade urbana. Muitos outros ensinamentos foram extraídos do Documento Q, uma coleção de ensinamentos resultantes da mistura da filosofia estóica com o messianismo judaico. Assim, tornou-se possível construir uma biografia para Iehoshua de Nazaré.  Quando os autores dos Evangelhos construíram uma biografia da vida terrena para Iehoshua de Nazaré, cada um expressou os fatos em contextos diferentes. Para mostrar isto, examinemos dois exemplos. Como primeiro exemplo, Iehoshua de Nazaré ensina sobre a força da fé, no Evangelho de Mateus 17,14-20 e no Evangelho de Lucas 17,5-6. Enquanto a passagem mencionada do Evangelho Mateus é proferida por Iehoshua de Nazaré, ao explicar que os discípulos não conseguiram expulsar demônios de um epiléptico por causa da falta de fé deles, na passagem do Evangelho de Lucas a mensagem é proferida pelos apóstolos, os quais pedem para que Iehoshua de Nazaré aumente a fé deles. O engraçado aqui é que até hoje ninguém conseguiu realmente mover uma árvore ou uma montanha de um lugar para outro com a força da fé. Será que a fé é menor do que um grão de mostarda na maioria das pessoas? Como segundo exemplo, a conhecida Oração do Pai Nosso é ensinada por Iehoshua de Nazaré no Evangelho de Mateus 6,9-13 durante o episódio do Sermão da Montanha, o qual foi dirigido a uma multidão, ao passo que no Evangelho de Lucas 11,1-4 são os discípulos que pedem para que Iehoshua de Nazaré os ensine a orar. Então, Iehoshua de Nazaré ensinou a Oração do Pai Nosso. Outras passagens que ensinam sobre a força da fé estão contidas no Evangelho de Mateus 17,14-20, Evangelho de Marcos 9,14-29 e Evangelho de Lucas 9,37-43. 

 

Quanto as narrativas dos milagres realizados por Iehoshua de Nazaré, grande parte delas foram extraídas do Antigo Testamento e incluídas nos Evangelhos. Para mostra isto, examinemos seis exemplos.  

 

Primeiro Exemplo – I Reis 17,7-24 – Elias ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,7-24 com a passagem do Evangelho de Lucas 7,11-17. Vamos examinar mais precisamente  a passagem I Reis 17,19-23. 

 

“Dá-me o teu filho?”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?” Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que alma deste menino volte a ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: “Vê: teu filho vive.” (I Reis 17,19-23) 

 

Segundo Exemplo – I Reis 17,23 – Elias é reconhecido pela viúva de Sarepta como homem de Deus 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,23 com a passagem do Evangelho de João 4,1-42, mais precisamente na passagem do Evangelho de João 4,16-26. 

 

A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios. (I Reis 17,24) 

 

Terceiro Exemplo – II Reis 4,8-37 – Eliseu ressuscita o filho de uma sunamita 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,8-37 com as passagens do Evangelho de Mateus 9,18-19,23-26, Evangelho de Marcos 5,21-24,35-43 e Evangelho de Lucas 8,40-42,49-56. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 4,32-37.  

 

Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu. (II Reis 4,32-37) 

 

Quarto Exemplo – II Reis 4,42-44 – Eliseu realiza uma multiplicação de pães 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,42-44 com as passagens do Evangelho de Mateus 14,13-21, Evangelho de Mateus 15,29-39, Evangelho de Marcos 6,30-44, Evangelho de Marcos 8,1-10, Evangelho de Lucas 9,10-17 e Evangelho de João 6,1-15. Vamos examinar a passagem de II Reis 4,42-44. 

 

Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco. “Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.” Seu servo respondeu: “Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto?” – “Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.” E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito. (II Reis 4,42-44) 

 

Quinto Exemplo – Eliseu cura um leproso 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 5,1-19 com as passagens do Evangelho de Mateus 8,1-4, Evangelho de Marcos 1,40-45 e Evangelho de Lucas 5,12-16. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 5,8-14.  

 

Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.” Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.” Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.” Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. (II Reis 5,8-14) 

 

Sexto Exemplo – Jonas acalma uma tempestade 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de Jonas 1,1-16 e as passagens do Evangelho de Mateus 8,23-27, Evangelho de Marcos 4,35-41 e Evangelho de Lucas 8,22-25. Vamos examinar mais precisamente a passagem de Jonas 1,12,15-16. 

 

“Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio.” E, pegando em Jonas, lançaram-no às ondas, e a fúria do mar se acalmou. Tomada de profundo sentimento de temor para com o Senhor, a tripulação ofereceu-lhe um sacrifício, acompanhado de votos. (Jonas 1,12,15-16) 

 

Uma comparação cuidadosa revela que vários outros trechos do Antigo Testamento foram incluídos no Novo Testamento fora do seu real contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a outros acontecimentos. Para mostra isto, examinemos sete exemplos.  

 

Na passagem do Evangelho de Mateus 1,22 é mencionada a passagem de Isaías 7,14 sobre uma virgem que conceberia e daria a luz a uma criança. Na realidade, o Profeta Isaías fala de uma criança que nascerá na época dele, e não setecentos anos após a época dele. Para isto, basta estudar Isaías 8,3 e se concluirá que não se trata de Iehoshua de Nazaré, mas de alguém que se referirá como Emanuel. Para isto, basta estudar a passagem de Isaías 8,5-8. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 7,14. Nas passagens do Evangelho de Mateus 2,5-6 e Evangelho de João 7,40-43, se discute que o nascimento de Iehoshua de Nazaré em Belém fora profetizado e, para isto, é mencionada a passagem de Miquéias 5,1-2. Esta passagem se refere ao clã de David, Belém Éfrata, e não a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse uma cidade, o Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Iehoshua de Nazaré afirmou que o reino dele não era deste mundo. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 2,5-6 com referência a Miquéias 5,1-2. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1-11, Evangelho de Marcos 11,1-11, Evangelho de Lucas 19,29-44 e Evangelho de João 12,12-36 estão registradas que a entrada de Iehoshua de Nazaré na cidade de Jerusalém montado em um jumento foi prevista em Zacarias 9,9, mas o rei de que fala o Profeta Zacarias seria um rei humano, que reinaria sobre Israel, e no entanto nunca houve o reinado de Iehoshua de Nazaré e, além do mais, após a morte dele Israel continuou sob domínio romano. A aclamação do povo Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor, como registrada no Evangelho de Mateus 21,9, foi extraída do Salmo Hb118,26. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,12-17, Evangelho de Marcos 11,15-19, Evangelho de Lucas 19,45-48 e Evangelho de João 2,13-25 é narrado como Iehoshua de Nazaré expulsou os vendilhões do Templo. Sabe-se que naquela época o comércio de animais era essencial à realização dos sacrifícios pelos fiéis, e, desta forma, tal comércio não era ilegal e o mesmo era apoiado pelas autoridades religiosas. Por outro lado, levando em consideração as dimensões do pátio do Templo e a existência de guardas, parece pouco provável que apenas um único homem com um chicote em mãos conseguisse expulsar todos os vendilhões e ainda ficar impune. Na realidade, as passagens acima citadas foram extraídas de Zacarias 14,21 e Jeremias 7,11:  

 

Todo caldeirão, tanto em Jerusalém como em Judá, será consagrado ao Senhor dos exércitos; todo aquele que vier oferecer sacrifício poderá servir-se deles para cozinhar; e não haverá mais traficantes naqueles dias na casa do Senhor dos exércitos. (Zacarias 14,21) É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo – oráculo do Senhor. (Jeremias 7,11) 

 

Nas passagens do Evangelho de Mateus 26,1-16, Evangelho de Mateus 27,1-10, Evangelho de Marcos 14,1-11 e Evangelho de Lucas 22,1-6 estão registradas a traição de Judas Iscariotes por trinta moedas de prata como tendo sido profetizada no Salmo Hb41,9-10 e em Zacarias 11,4-17. Entretanto, nenhuma das passagens argumenta sobre o messias. No referido salmo, é David, o autor, quem denuncia ao Eterno uma traição e se considera um pecador. E na referida passagem do Profeta Zacarias, este afirma ter recebido trinta moedas de prata, as quais ele as devolve, por um serviço prestado, sem nenhuma traição envolvida. Por outro lado, a passagem do Evangelho de Mateus 27,1-10 menciona também que a compra do campo do oleiro, por uma quantia de trinta moedas de prata, fora profetizada pelo Profeta Jeremias, mas tal profecia não existe. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 16,21-23 sem referência aos livros proféticos. 

 

Na passagem do Evangelho de Lucas 1,26-38 um anjo revela a Maria como nasceria Iehoshua de Nazaré, mas esta passagem trata-se de uma quase cópia da passagem de Sofonias 3,14-18, onde se profetiza o triunfo de Israel sobre as nações que a oprimiram.  

 

Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se –á em Jerusalém: “Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói e salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa.” Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti. (Sofonias 3,14-18) 

 

Diante do final desta passagem, como identificar que durante a pregação de Iehoshua de Nazaré os inimigos do povo judeu foram suprimidos? Naquela época foi removida a vergonha de sobre nós, judeus? Não. Continuamos sob domínio do Império Romano que, após o ano de 476 foi dividido em dez nações e mais tarde veio a se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana. As passagens dos Salmos Hb22,1-19 e 69,22 foram utilizadas durante a crucificação de Iehoshua de Nazaré, mas na realidade as mesmas falam sobre os inimigos de David e da perseguição que o mesmo sofria do rei Saul. Não havendo, portanto, nenhuma ligação com Iehoshua de Nazaré. Em particular, a tradução direta do hebraico para o português do Salmo Hb22 é:

Ao mestre do canto, acompanhado por "Aiélet Hashachar", um salmo de David. Eterno, Eterno, por que me abandonastes? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgatastes. Clamaram a Ti e foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação, porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito. Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu Criador. Não Te afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome a meus irmãos e louvarte-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões; cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não fará viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos. (Salmo Hb22 – Traduzido do Hebraico)

 

Nas bíblias cristãs, o versículo 17 deste salmo [grafado acima de azul] está escrito como:

Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés. (Salmo Hb22,17)

Na realidade, a palavra hebraica ka'ari, que significa como um leão, é gramaticalmente semelhante à expressão ferir muito. Desta maneira, apologistas do Cristianismo traduziram o versículo 17 com o interesse de que o mesmo pudesse ser referido à crucifixão de Iehoshua de Nazaré e, para isto, escreveram traspassaram minhas mãos e meus pés. Torna-se claro agora que muitas das frases do Antigo Testamento foram inseridas nos Evangelhos para dar a entender que se referem às profecias anunciadas pelos profetas de Israel, mas que foram usadas deliberadamente para se fazer alusão à pessoa de Iehoshua de Nazaré. As mesmas encontram-se localizadas estrategicamente para convencer a todos de sua messianidade e, para isto, vêm seguidas insistentemente da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.  

Há uma epístola apócrifa, denominada Primeira Epístola de Clemente, enviada de Roma aos Coríntios no ano de 96 d.e.c., onde pela primeira vez Iehoshua de Nazaré é mencionado como mestre e alguns ensinamentos lhe são atribuídos como sendo de sua autoria [Clement of Alexandria - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Writing of the Fathers Down to AD 325 - Part Four - Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson  - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922788]. No entanto, há algumas passagens desta epístola que lembram o Sermão da Montanha, mas há outras passagens que também lembram os Evangelhos mas não são atribuídas a ninguém ou então citam as Escrituras Hebraicas. Além do mais, não há menções sobre João Batista e nem sequer sobre a vida terrena de Iehoshua de Nazaré e nem sobre os seus milagres. O mais engraçado disto tudo é que, nesta epístola, quando o julgamento e a morte de Iehoshua de Nazaré são mencionados, Clemente faz referências ao Profeta Isaías. Desta forma, este escrito de Clemente indica que acontecimentos ocorridos envolvendo Iehoshua de Nazaré, como narrados nos Evangelhos, foram extraídos de livros do Antigo Testamento e depois transferidos para os Evangelhos.  

Por volta do ano 107 d.e.c. surgiram as sete cartas escritas por Inácio, Bispo de Antioquia (Ignatius, Bishop of the Antioch): Epístola a Policarpo, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirnenses, Epístola aos Filadélfos, Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos e Epístola aos Tralianos. Estas cartas contêm as primeiras menções ao rei Herodes, O Grande, Pôncio Pilatos e Maria, a mãe de Iehoshua de Nazaré [Ignatius of Antioch - A Commentary on the Seven Letters of Ignatius of Antioch - Author: William R. Schoedel, Editor: Helmut Koester - Publisher: Augsburg Fortress – Minneapolis, United States (1985) - ISBN: 0800660161]. Ignatius, também chamado Theophoros, nasceu na Síria por volta do ano 50 d.e.c e morreu em Roma em algum ano entre os anos de 98-117. Na Parte IV da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada Fugir do Judaísmo, está escrito que:  

Meus irmãos, transbordo todo de amor para convosco e em meu júbilo procuro confortar-vos. Não eu, mas Jesus Cristo. Estando preso em Seu Nome, temo tanto mais achar-me ainda imperfeito. No entanto, vossa prece me aperfeiçoará para Deus, com o intuito de conseguir a herança na qual obtive misericórdia, buscando refúgio no Evangelho, como na carne de Jesus, e nos Apóstolos como no presbitério da Igreja. Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado. Foram salvos por Lhe terem dado fé, e, unidos a Jesus Cristo, se tornarem santos dignos do nosso amor e admiração, aprovados pelo testemunho de Jesus Cristo, sendo enumerados no Evangelho da comum esperança.  Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado. Se porém ambos não falarem de Jesus Cristo, tenha-os em conta de colunas sepulcrais e mesmo de sepulcros, sobre os quais estão escritos apenas nomes de homens. Fugi pois das artimanhas e tramóias do príncipe deste século, para que não venhais a esmorecer no amor, atribulados pela sagacidade dele. Todos vós, porém, uni-vos num só coração indiviso. Agradeço a Deus, porque gozo de consciência tranqüila a vosso respeito e porque não há motivo de ninguém gloriar-se, nem oculta nem publicamente, por lhe ter sido eu um peso em coisa pequena ou grande. Faço votos que todos a quem falei assimilem minhas palavras, não porém em testemunho contra si mesmos. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos do Evangelhos realizados anteriormente provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridas por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Outra frase curiosa desta carta é:

Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado.

Como podemos observar, ensinamentos como estes se propagaram durante séculos e que se concretizaram ao longo de todos os concílios da igreja. Desta forma, a igreja cristã produziu a seguinte premissa: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Em uma das cartas de Inácio de Antioquia há um trecho sobre a aparição de Iehoshua de Nazaré ressuscitado aos discípulos, mas não há comentários sobre os Evangelhos ou que Iehoshua de Nazaré tivesse sido um mestre. Entretanto, na Parte VI da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada A Originalidade do Evangelho, está escrito que:  

Embora fossem honrados também os sacerdotes, coisa melhor porém é o Sumo-sacerdote, responsável pelo santo dos santos, pois só a Ele foram confiados os mistérios de Deus. É Ele a porta para o Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os Profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso leva à unidade de Deus. O Evangelho contém porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas. O Evangelho constitui mesmo a consumação da imortalidade. Tudo se reveste de grande importância, se confiardes no Amor. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

O Evangelho contém, porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente mais uma vez provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridos por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Trechos das sete cartas de Inácio de Antioquia estão disponíveis para leitura na página http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/patrist.htm

Na época de Inácio de Antioquia foi escrita a obra intitulada Didaké (Didache), escrita provavelmente entre os anos 60 e 90 d.e.c. Esta obra trata da instrução moral, da liturgia, da disciplina e dos ofícios eclesiásticos, além de uma exortação final sobre o retorno de Iehoshua de Nazaré e a ressurreição dos mortos. Embora a mesma se trate de uma obra de estilo simples, interessada em dar testemunho da vida cristã em face das perseguições a que era submetida a igreja primitiva, com algumas indicações a respeito da estrutura eclesiástica incipiente, ela não faz comentários sobre os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré. Nesta obra a Oração do Pai Nosso é atribuída diretamente ao Criador, e não há comentários sobre a Última Ceia, Crucificação e a suposta Ressurreição de Iehoshua de Nazaré [Didaqué - O Catecismo dos Primeiros Cristãos para as Comunidades de Hoje – Paulus Livraria e Editora, São Paulo (2003) – ISBN: 8534903255]. 

O nascimento de um Iehoshua de Nazaré terreno aparece pela primeira vez em textos que datam do ano de 115 d.e.c., considerados apócrifos pela Igreja Católica Romana. Alguns destes textos foram publicados em uma série de quatro volumes por Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany sob o título Apócrifos – Os Proscritos da Bíblia. Na obra Apócrifos - Os Proscritos  da Bíblia – Volume IV – Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany – Primeira Edição - São Paulo, Editora Mercuryo (2001) – ISBN: 857272171, a narrativa histórica sobre o nascimento de Iehoshua de Nazaré é bem diferente daquela que é narrada nos Evangelhos. No quarto volume desta série é narrado que Iehoshua de Nazaré nasce na cidade de Belém na casa de Maria e José, e não em uma manjedoura durante uma viagem, e que Maria, só mais tarde, descobre que seu filho era especial. Neste apócrifo não há comentários sobre anjos que anunciaram o nascimento de Iehoshua de Nazaré a pastores que guardavam rebanhos ou comentários sobre reis magos, e nenhuma informação é fornecida sobre o rei Herodes, O Grande, e a fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito.

Na realidade, os evangelistas se basearam nesta história, mas cada um a modificou a seu modo, porém, mantendo em comum apenas a referência a cidade de Belém, devido ao fato do Profeta Malaquias anunciar o nascimento de um futuro rei de Israel nesta cidade. Para isto, é necessário retornar ao Estudo de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1 e ao Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a Malachim 3,1.

Quanto a passagem do Evangelho de Mateus 2,1-2 em que três reis magos relatam ao rei Herodes, O Grande, que observaram uma estrela no oriente, tal passagem foi extraída da Torá Bamidbar (Números) 24,17:  

Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. (Números 24,17)  

Enquanto que o episódio da fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito somente é relatado no Evangelho de Mateus 2,13-23, somente no Evangelho de Lucas 2,1-40 ele é apresentado ao Templo após oito dias de seu nascimento. Sobre o episódio da matança de inocentes, como narrado somente no Evangelho de Mateus 2,13-23, a história registra que o rei Herodes, O Grande, ordenou a morte de vários de seus próprios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado o autor do Evangelho de Mateus, mas não há registro histórico de matança indiscriminada de crianças por ordem deste rei. Sobre a participação na morte de Iehoshua de Nazaré por Pilatos, Governador da Judéia em nome do Imperador Romano Tibério, as passagens mencionadas são as do Evangelho de Mateus 27,11-26,57-66, Evangelho de Marcos 15,1-15,42-47, Evangelho de Lucas 23,1-25,50-56 e Evangelho de João 18,28-40;19,1-42. No entanto, a primeira referência a Pilatos em uma epístola está registrada em I Timóteo 6,11-16, a qual deve ter sido escrita provavelmente por volta do ano de 115 d.e.c., mas ela é tão omissa quanto aos acontecimentos sobre a morte de Iehoshua de Nazaré que talvez seja uma inclusão efetuada muito posteriormente. As duas epístolas atribuídas a Pedro, escritas provavelmente por volta do ano de 120 d.e.c., falam da futura vinda de Iehoshua de Nazaré, mas não o seu retorno ou a sua suposta segunda vinda. Além do mais, o/s autores das epístolas cita profecias do Antigo Testamento, e não promessas da autoria de Iehoshua de Nazaré. O mais engraçado é que na passagem de II Pedro 1,16-21, esta epístola menciona algo que lembra o episódio da Transfiguração de Iehoshua de Nazaré narrados no Evangelho de Mateus 17,1-13, Evangelho de Marcos 9,2-13 e Evangelho de Lucas 9,28-36, mas o fato é apresentado nesta epístola como uma amostra do que seria a futura vinda de Iehoshua de Nazaré, e, mais uma vez, o autor da segunda epístola de Pedro faz referências às Escrituras Hebraicas, e não a um Iehoshua de Nazaré terreno.  

A Epístola de Barnabé, escrita provavelmente entre os anos de 134-135 d.e.c., trata-se de uma coleção de tradições orais, sem, no entanto mencionar os Evangelhos ou algo sobre a vida de Iehoshua de Nazaré terreno, embora algumas passagens lembrem os seus ensinamentos, como registrados nos Evangelhos, e também contenha vagas referências sobre acontecimentos históricos. O engraçado nesta epístola é que os acontecimentos sobre o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré, como registrados nos Evangelhos, são descritos utilizando-se passagens das Escrituras Hebraicas. Um fato curioso que chama a atenção está registrado no Capítulo XVI desta epístola: 

No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: "Quem mediu o céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?" Vede como era vã a esperança deles. Por fim, ele diz ainda: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." 

Aqui observamos que a frase: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." parece ter sido inserida na passagem do Evangelho de João 2,18-20:  

Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal apresentas tu, para proceder deste modo?” Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este templo, e eu os reerguerei em três dias.” Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levanta-lo em três dias?!” (João 2,18-20)  

A Epístola de Barnabé e outros escritos apostólicos estão comentados na obra Apostolic Fathers – Translated by J.B. Lightfoot and J.R. Harmer – Edited and Revised by Michael W. Holmes - Kessinger Publishing - Whitefish, Montana, United States (2003) - ISBN: 0766164985.  

A primeira tentativa de canonização dos livros do Novo Testamento foi efetuada pelo gnóstico Marcião (85-160), natural de Sinope, no Ponto (Ásia Menor). Por volta do ano de 140 d.e.c., ele usou trechos de uma versão prévia do que viria a ser o Evangelho de Lucas. Isto é verdade porque a história registra que Quintus Septimius Florens Tertullianus (160-220), Bispo de Cartago, condenou a versão do texto de Marcião anos mais tarde. A versão que Marcião usou era diferente da atual, o que denuncia que os Evangelhos passaram por várias revisões devidamente moldadas aos interesses de alguém. E isto ocorreu porque ainda naquela época os Evangelhos não passavam de textos da autoria de vários fiéis, e ninguém os considerava divinamente inspirados. Em particular, processos de revisão de textos dos Evangelhos podem ser identificados ao longo dos trinta anos que separam o Evangelho de Marcos do Evangelho de João. Uma leitura cuidadosa destes dois evangelhos fornece a conclusão de que um é uma adaptação do anterior moldado à realidade da época. Um exemplo disto, o qual pode ser verificado, é o curioso envolvimento dos judeus na condenação de Iehoshua de Nazaré e a eliminação da culpa dos romanos durante o processo jurídico e morte do mesmo. Não é à toa que a sede da Igreja Católica Apostólica Romana está localizada na cidade Roma. O mais engraçado disto tudo é que Tertuliano, conhecido como O Pai Adiantado da Igreja, admitiu ironicamente conhecer as origens verdadeiras da personalidade de Iehoshua de Nazaré e de todos os deuses-homens. É interessante ainda relatar que Tertuliano, um defensor da fé cristã, renunciou ao Cristianismo por volta do ano de 207 e aderiu ao Montanismo [Gnostic and Historic Christianity - Gerald Massey - Holmes Publishing Group - Edmonds, Washington, United States (1985) - ISBN: 0916411516]. 

Marcião afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, um nome judaico, ou realizasse qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte de Iehoshua de Nazaré juntamente com os judeus. Desta forma, no esforço de eliminar características judaicas dos textos do Novo Testamento, ele elaborou uma depuração de escritos neotestamentários. Assim, ele rejeitou o Evangelho de Marcos, Evangelho de Mateus e o Evangelho de João. Forjou o seu próprio cânone inserindo textos selecionados do Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos havia entendido os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, com exceção de Paulo de Tarso. Por isto, para Marcião, Paulo de Tarso é o apóstolo por excelência, pois, segundo ele, recebeu de Iehoshua de Nazaré, por revelação, o verdadeiro evangelho. Por fim, Marcião fazia distinção entre o deus das Escrituras Hebraicas e o deus do Novo Testamento. Daí, durante os séculos, surgiu a noção de que o deus das Escrituras Hebraicas é um deus mau e, por isto deveria ser esquecido e desprezado, e o deus do Novo Testamento é um deus bom. Pensamentos como este de Marcião reforçaram a premissa do que mais tarde a igreja cristã definiu ao longo dos Concílios Eclesiásticos e em sua Teologia da Substituição: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Marcião possuía conhecimentos da língua grega e de retórica, e também uma excelente formação jurídica. Também era dono de embarcações e tinha um poder econômico que permitia publicação de obras escritas, algo que era precioso na antigüidade. Depois de exercer a jurisprudência em Roma, retornou para sua cidade de origem no ano de 195, como cristão. É provável que ele tenha liderado um movimento missionário na Ásia Menor, pois Tertuliano publicou entre os anos de 207 e 208 d.e.c. a obra intitulada Adversus Marcionem [Tertullianus Against Marcion - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 - Part Seven Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922818]. Nesta obra, Tertuliano condena várias idéias de Marcião, entre elas a de que o deus das Escrituras Hebraicas não é o mesmo que o deus do Novo Testamento e que Iehoshua de Nazaré não é o messias prometido pelas Escrituras Hebraicas. Contra os judeus, Tertulliano escreveu, em torno do ano de 200 d.e.c., a obra intitulada Adversus Iudaeos [An Answer to the Jews – Tertullian – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States (2004) – ISBN: 1419106171; Adversus Judaeos – A Bird’s Eye View of Christian Apologiae to the Jews Until the Renaissance – Arthur Lukyn Williams – Cambridge Uiversity Press – Cambridge, England (1935) – ISBN: B00085B3EO].  

Marcião publicou o chamado Corpus Paulino, uma coleção de dez cartas paulinas e um evangelho que deve ter sido o Evangelho de Lucas, com algumas partes suprimidas, em especial aquelas que permitem uma visão judaica e indicam o nascimento carnal de Iehoshua de Nazaré. O Corpus Paulino de Marcião ou Cânon de Marcião é composto da Epístola aos Romanos, I Epístola aos Coríntios, II Epístola aos Coríntios, Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, I Epístola aos Tessalonicenses, Epístola a Filêmon, e uma carta aos laodicenses, uma carta que parece que se perdeu, pois há referência desta na passagem da Epístola aos Colossenses 4,16 [Revista de Interpretação Latino Americano (RIBLA) – A Canonização dos Escritos Apostólicos – Número 42-43 – Volume 2-3 – Maio-Dezembro (2002) – Marcião e o Surgimento do Cânon, Página 37 – Autor: Ediberto López].  

No início da igreja primitiva, os Evangelhos não possuíam nomes. Justino, O Mártir (100-165), por volta do ano de 150 d.e.c. se refere aos Evangelhos como Memórias dos Apóstolos. Em sua obra intitulada Apologiaes ele cita alguns trechos contendo ensinamentos dos Evangelhos [Justin Martyr and Athenagoras – Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922761]. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e não há menção alguma do Evangelho de João.  

Diante de tudo isto que foi escrito o que eu, Torahlaam, recomendo aos judeus b'nei anussim que estão realizando o Processo de Retorno? O que eu, Torahlaam, recomendo a aqueles judeus b'nei anussim que ainda não conseguem se libertar dos ensinamentos dos agentes do movimento messiânico? 

Caros judeus b’nei anussim, depois de realizado o Estudo dos Evangelhos é um erro e uma idolatria permanecer em sinagogas messiânicas se alimentando de falsos ensinamentos e falsas esperanças.

O Novo Testamento que, segundo ensinam, é um livro de inspiração divina não poderia conter tamanhas fraudes como aquelas identificadas nestes estudos, e o mundo jamais poderia passar por tantas desgraças como ocorreu nestes dois mil anos. O que está errado? Pensamos que os teólogos do passado, por mais sábios que pudessem ser não possuíam uma visão acurada dos fatos? Não. Na realidade eles sempre interpretaram os textos bíblicos sob o seu estreito e exclusivo ponto de vista. E não há como negar que o homem avançou de maneira considerável, principalmente no campo das ciências. Isto vem provocando uma revisão completa nos conhecimentos do passado. A humanidade, hoje, mais questionadora e mais exigente, não deseja aceitar mais nada sem o crivo da razão. E a partir do estudo que foi realizado, começaram a surgir complicações teológicas contundentes, pois agora as denominações cristãs serão obrigadas, frente a Torá, a fechar as portas de suas instituições ou modificar os seus conceitos e aceitar, de fato, a Torá e o Judaísmo fidedigno pois, caso contrário, estarão sob pena de continuarem formando ateus. Eu, Torahlaam, diante do estudo dos Evangelhos que foi realizado, desejo fazer um pedido urgente a vocês, caros judeus b’nei anussim: Enterrem o Novo Testamento e retornem para o Judaísmo

 

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Saibam vocês que é raro que um povo se mantenha por mais de vinte séculos no exílio submetido a punhos de ferro em terra habitada por povos que teve contato, povos pelos quais se espalhou e pelos quais também foi dominado. Sabe-se que não existe estratégia imbatível quando o punho de ferro a que este povo é submetido é contínuo e que as mudanças acíclicas exigidas para que ele se auto-defenda é a automanutenção que exige um trabalho árduo por parte de quem encabeça as várias comunidades espalhadas deste povo, chamadas de comunidades da diáspora.

É certo que a perseguição e o punho de ferro aumentam a união de um povo, assim como é certa que para esta auto-manutenção é necessário a manutenção das tradições, do idioma, da cultura popular e religiosa do mesmo. Houve um povo, em particular, que possuía vantagens sobre muitos outros povos, a saber, foi e ainda é um povo que nasceu sem pátria e desta forma perdura há muitos e muitos séculos. Errantes a maior parte da sua existência a ponto de o desejo de serem independentes se tornar uma gota de água no oceano de suas vidas, tal como beduínos no deserto, este povo calejou seus corpos e espíritos diante de povos estranhos a sua cultura para se manterem como povo. Devido ao seu modo de viver estranho, sofreram terríveis perseguições jamais testemunhadas pela civilização humana. Para se manterem como povo, ultrapassaram os piores obstáculos em todas as gerações pelas quais atravessou, mas o Eterno, Bendito Seja, jamais os rejeitou. Assim, o próprio Eterno forneceu, mais do que eles já possuíam, um enorme conjunto de habilidades não visíveis que oscilaram no tempo garantindo a eles alcançar aquilo que pretendiam e isto teve como base os registros que este povo deixou em seus livros sagrados, os quais contêm todo um desenvolvimento de sistemas de raciocínio que se exteriorizaram durante os séculos pelos quais se dispersou. Sistemas estes que quer oralmente quer através da escrita, mas que só este povo entendia pela crepitação envolvente e pela belíssima música que inebriava os alheios do desconhecido. Este povo é o povo judeu e o seu livro mais sagrado é a Torá.

A palavra teshuvá é muitas vezes traduzida como arrependimento. O radical da palavra, porém, significa simplesmente retorno.

O Judeu de origem ibérica necessita do verdadeiro retorno não um retorno para agradar a comunidade judaica dita oficial mais um “Retorno, a Israel, ao Eterno teu D’us" (Hosea 14:2) é a essência da teshuvá, a chave da expiação. Um retorno a D’us não é apenas um reconhecimento de Sua existência, ou simplesmente dizer "Eu creio n’Ele". O fato de meramente se juntar a uma sinagoga também não constitui um retorno a Ele.

Estes são apenas os primeiros passos naquela direção. Teshuvá significa nada menos que se tornar um servo do Senhor, um eved Hashem. Um servo é aquele que não somente reconhece a existência do amo como também se submete à sua lei e jurisdição, que se sujeita aos comandos e pedidos do amo. E se voltarmos Para a hashem nada nem ninguém pode se o por ao servo Fiel é sincero que deixou as religiões pagãs para servir a Israel espiritual, não estamos falando do Estado de Israel, mais do Ami Israel espiritual (yeshuv).

O estado de Israel atual esta corrompido terá sua redenção com a vinda do Mashiach.

A teshuva só e verdadeira com consciência de responsabilidade de continuidade da comunidade e do judaísmo, com a verdadeira intenção de uma realização de um puro relacionamento com D, us.

Quando nossa teshuva e verdadeira nos primeiramente acontecem em nosso interior nossa maneira de viver, no caso dos bene anussim que tem sua origem judaica, não necessita de provar sua judaicidade, os direitos são iguais, quando os chamados judeus asquenazitas  na segunda guerra não tinha como provar sua origem  pois todos seus documentos foram perdidos ou queimados.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Jr 31:33)

Eis que a sabedoria conclama, e a compreensão eleva sua voz. (Provérbios [Mishlê] 8:1)

O relacionamento de Israel com D’us também é assim. Porém ao nos submeter a D’us, proclamamos nossa liberdade da servidão humana. "Vós sereis Meus servos, disse o Eterno, e não servos de Meus servos."

 Duas vezes ao dia, no Shemá (Ouve, ó Israel) somos lembrados do mandamento "E amarás ao Senhor teu D’us com todo teu coração…"

O relacionamento de Israel com D’us é descrito em termos de um eterno matrimônio também entre amantes: "Eu Te ligarei a Mim para sempre; eu te ligarei a Mim em justiça e integridade, em bondade e misericórdia; eu te ligarei a Mim em fidelidade e tu conhecerás  o Eterno."
(Hosea 2:21-22)(ósseas )

 

"Não é mais religião que é necessária em educação mais elevada, mas educação mais elevada que é necessária em religião." O outro envolve experiências, a experiência de viver como judeu, de comportar-se como judeu.

O conhecimento exige entendimento, e o maior entendimento deriva do envolvimento pessoal e não meramente do estudo de livros.

Conhecer interiormente com certeza é superior a apenas observar do lado de fora. Um reconhecimento intelectual da importância de ser um judeu não pode se comparar com a valorização intuitiva de seu valor, que vem do ato de fazer. Embora o intelecto possa estar lá para reforçá-lo, especialmente em nossa época, a sensação direta daquilo que realmente é vem do fazer, não apenas de saber. Se uma avaliação intuitiva ou emocional dos valores e idéias judaicos em si não é mais suficientemente forte para enfrentar a luz do exame crítico no mercado de idéias e exige um sólido apoio intelectual e acadêmico, este por si mesmo não trará engajamento ao modo de vida judaico.

O primeiro artigo em cada credo é a crença… Mas é difícil ver como uma simples idéia pode ter esta eficácia… Não é suficiente que pensemos nelas (as idéias), é também indispensável que nos coloquemos em sua esfera de ação e que nos coloquemos onde possamos melhor sentir sua influência; numa palavra, é necessário agir…

"Retorna, ó Israel ao Eterno teu D’us" é o grito dos profetas hebreus que tem ecoado através das gerações sempre que nosso povo se afastou d’Ele.

O centro de nossa fé é a noção de que nunca é tarde demais para um retorno. Se a pessoa tem seis ou sessenta anos, dez ou cem, é convocado a purificar seu coração e seus pensamentos e a direcionar-se ou redirecionar-se ao Todo Poderoso.

Que nenhum báal teshuvá imagine que está muito distante do nível dos justos por causa de seus pecados e transgressões passados. Não é assim. Ele é amado e querido perante o Criador como se jamais tivesse pecado… Não somente isso, mas sua recompensa é ainda maior, pois ele experimentou a transgressão e se afastou dela, dominando sua má inclinação. Nossos Sábios disseram: no lugar onde está um báal-teshuvá, nem mesmo o perfeito justo pode ficar. Em outras palavras, seu nível espiritual é ainda mais elevado que o daqueles que nunca pecaram. Todos os Profetas conclamaram ao arrependimento, e a redenção final de Israel somente virá por meio do arrependimento…(Hil. Teshuvá 7:4,5)

Podemos também registrar a conclusão do sábio Cohêlet, que após toda sua procura pelo significado da vida e após toda sua busca por ela, do ascetismo ao hedonismo, concluiu que: "Após todas as coisas terem sido ouvidas… reverencia o Eterno e guarda Seus mandamentos. Pois esta é a íntegra do homem"

(Cohêlet 12:13)Proverbios

Se alguém que salva uma vida recebe, segundo nossa tradição, o mérito de ter salvado o mundo inteiro, então aquele que destrói uma vida é culpado de destruir um mundo. Se aquele que sufoca espiritualmente uma vida judaica, seja a sua ou a de seus próprios filhos, é imputável pela sufocação espiritual de todo um mundo judaico, também aquele que revive espiritualmente uma vida judaica – seja a sua própria – é como se espiritualmente revivesse um mundo judaico.

Fazer Teshuvá, isto é, querer voltar a viver o judaísmo autêntico de acordo com a Torá de verdade e Torá de vida e não de acordo com a política e falsas "boas maneiras".

Fazer Teshuvá não significa dar dinheiro. Fazer Teshuvá é viver de novo.

Não basta doar um Sefer Torá para lavar sua consciência e não estar nem aí para cumprir suas 613 obrigações.

Doar dinheiro, doar Sefer Torá, visitar a sinagoga, tudo isto é muito bonito, mas não isenta nenhum judeu de cumprir suas obrigações, isto é, os 613 Mandamentos da Torá. Um bom rabino orientador deve orientar a pessoa a seguir as Leis da Torá de maneira honesta e não rapinar suas economias acalmando sua consciência.11419590690?profile=original

Saiba mais…

Parte X

 

O que foi observado durante o Estudo dos Evangelhos é que os autores dos mesmos não pretendiam efetuar uma narração histórica de acontecimentos, mas efetuar uma composição de textos em que poderiam ser incluídas passagens das Escrituras Hebraicas, que deveriam ser arranjadas de tal forma a induzir fiéis a acreditar que as mesmas estavam aludindo a pessoa de Iehoshua de Nazaré. Ao que tudo indica a intenção dos evangelistas não foi registrar fatos históricos com precisão, mas transmitir ensinamentos religiosos. Paulo de Tarso, embora não tenha sido um dos apóstolos, foi um dos principais criadores da figura de Iehoshua de Nazaré. No episódio narrado de Atos dos Apóstolos 9,1-9, ele, ao cair do cavalo quando viajava pela estrada que o conduzia até Damasco, julgou estar divinamente inspirado. Após este fato, ele analisou as Escrituras Hebraicas em busca de revelações ocultas e, acreditando que toda e qualquer idéia que lhe ocorria também era de inspiração divina, acreditou ter encontrado nelas o anúncio da vinda de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, o mundo de Paulo de Tarso ainda era fortemente influenciado pela cultura helênica. Para os gregos, a verdadeira realidade era a realidade mítica, onde viviam deuses e anjos. O mundo material era apenas um reflexo desta realidade. As Escrituras Hebraicas não continham profecias a respeito do que Paulo de Tarso pensava e ensinava, mas na ótica dele elas revelavam um pouco desta realidade mítica. Para ele, o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré eram fatos já ocorridos nesta realidade espiritual, em um tempo diferente do nosso, assim como as aventuras dos deuses gregos, e não algo que ainda estaria para ocorrer no mundo material.  Era desta realidade mítica que falava Paulo de Tarso quando se pôs a escrever as suas epístolas, e não de um Iehoshua de Nazaré humano, ou seja, de carne e osso. E para isto, era necessário procurar nas Escrituras Hebraicas revelações de um Iehoshua de Nazaré espiritual, abstrato. Uma conseqüência imediata disto é a transcendentalização de passagens das Escrituras Hebraicas, o que acarreta pseudo-interpretações e ajuda a distorcer e atropelar fatos históricos, como aqueles identificados nos Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente. Para Paulo de Tarso, era o Eterno quem fazia as revelações e Iehoshua de Nazaré era apenas o seu canal de comunicação. Assim, a Sabedoria Judaica começou a ser interpretada como o Logos Grego. Para concretizar isto, Paulo de Tarso, judeu que absorveu a cultura e filosofia grega,  recorreu às Escrituras Hebraicas e descobriu vestígios de Iehoshua de Nazaré através de suas próprias inspirações divinas, pois os gregos somente entendiam o Criador a partir de si próprio, e não através de experiências como sempre ocorreu com o povo judeu. Para ele, Iehoshua de Nazaré era uma espécie de segredo que esteve escondido durante épocas remotas e que foi revelado para ele pelo Criador. Para isto, era necessário ter fé neste Iehoshua de Nazaré de natureza mítico-espiritual [na realidade, abstrata], como Paulo de Tarso mostra sistematicamente em suas epístolas.  Mas por que seria necessário ter fé em um homem que, ao morrer, ressuscitou? Isto seria um grande fato histórico, e não algo a ser entendido através da fé. Somente mais tarde, através dos concílios, é que se começou a discutir a figura de Iehoshua de Nazaré como homem. Desta forma, foi necessário que passagens do Antigo Testamento fossem incluídas nos Evangelhos para induzir fiéis a acreditar que tais passagens se referiam a sua vinda. Nos escritos de Paulo de Tarso não são mencionadas expressões como: Conforme eu ouvi da boca de Iehoshua de Nazaré, conforme ensinou Fulano, que foi discípulo de Iehoshua de Nazaré, etc. Por que? Vale a pena salientar que Paulo de Tarso só foi à cidade de Jerusalém anos depois do incidente da queda do cavalo e nem sequer mencionou lugares santos ou sua emoção ao visitá-los;  não menciona Pilatos e nem o julgamento de Iehoshua de Nazaré. Por que? Nos escritos de Paulo de Tarso é observado o comportamento de que ele é que é o Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Por isto, em todas as suas discussões com discípulos, ele jamais foi acusado de distorcer palavras de Iehoshua de Nazaré, pois ele é que se fazia Mestre, e não Iehoshua de Nazaré. Não havia o ensinamento das Palavras de Iehoshua de Nazaré. Na realidade, os Evangelhos e a vida terrena de Iehoshua de Nazaré ainda não tinham sido criados. Porém, é possível que versões primitivas dos Evangelhos já existissem no final do primeiro século, mas talvez não fizessem parte do pensamento Paulinista, naquela época ainda muito predominante. Para entender melhor o que foi escrito acima, convém lembrar que gregos e europeus até os tempos de Nikolaj Kopernik (1473-1543) e Galileu Galilei (1564-1642) acreditavam que a Terra era o centro do universo e que em volta dela havia esferas de cristal concêntricas, cada uma sustentando um dos sete planetas conhecidos. Na esfera de cristal mais interior, a da Lua, se localizavam os demônios, interpretados como mensageiros entre os homens e os deuses, e além da sétima esfera de cristal se localizavam os deuses. Para Paulo de Tarso e seus correligionários, em vez de vários deuses existe um único deus e os demônios são forças do mal, conforme mencionado em um dos seus discursos:  

 

Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. (Efésios 6,12)  

 

Segundo Paulo de Tarso, os demônios habitam as regiões celestes, mas somente mais tarde foram expulsos deste lugar e passaram a habitar as profundezas da terra, e que embora não sejam humanos, eles são os dominadores do mundo em que vivemos. Segundo livros apócrifos do fim do primeiro século da era comum, como o livro da Ascenção de Isaías, por exemplo, Iehoshua de Nazaré teria viajado através das esferas de cristal até alcançar a esfera mais interior, nascendo de uma mulher, da mesma forma que a deusa Attis nascera de Cibele e depois se sacrificara. Mais tarde os demônios mataram Iehoshua de Nazaré sem perceberem quem ele era. No final do século I da era comum, nenhuma menção foi efeuada a um Iehoshua de Nazaré terreno, assim como também não foi efetuada nenhuma menção a qualquer de seus ensinamentos e nem tão pouco foi mencionado o perdão de pecados. Do mesmo modo, também não é mencionado que Pilatos o julgou e que houve calvário. A missão deste Iehoshua de Nazaré, que embora possuísse aparência humana mas que não era de carne e osso, era derrotar o anjo da morte e resgatar os justos. Por exemplo, em I Coríntios 2,6-8 Paulo de Tarso menciona novamente os dominadores do mundo, mas não menciona Pilatos:

 

Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). (I Coríntios 2,6-8)  

 

Os teólogos Marcião (85-160) e Orígenes de Alexandria (185-254) também interpretavam Paulo de Tarso desta forma. Segundo eles, Iehoshua de Nazaré desceu aos infernos (sheol) e ressuscitou três dias depois. Retornou aos céus levando com ele as almas dos justos e, a partir deste dia, os justos que morressem iriam também para o céu. Este era o segredo da eternidade escondido, no qual era preciso acreditar para se escapar do inferno. Assim, Iehoshua de Nazaré passou a ser visto como o cordeiro imolado desde o início dos tempos, e não a partir do ano 33 d.e.c. Através de estratégias como esta, também tornou-se fácil efetuar conexões entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, como se tornou evidente, por exemplo, através da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.

 

Com o passar dos anos, outras personalidades de Iehoshua de Nazaré começaram a ser encaixadas na pessoa dele para que gregos e romanos pudessem melhor aceitá-lo.  Muitos dos ensinamentos atribuídos a Iehoshua de Nazaré foram encontrados nos manuscritos do Mar Morto, escritos pelos essênios pelo menos cem anos antes da era comum. Os essênios eram conhecidos por esperarem a vinda do Reino de Deus; pelo seu desprezo às coisas materiais; faziam-se batizar para a purificação do corpo e do espírito e iniciavam a vida pública a partir dos trinta anos, após quarenta dias de jejum no deserto. Ensinamentos como amar aos inimigos; se lhe pedem o casaco dá também a camisa e ao lhe baterem em uma das faces, dar a outra, derivam dos Estóicos, que eram pessoas pertencentes a um movimento filosófico de origem grega, e que pregava um modo de viver o mais simples e humilde possível, em oposição ao materialismo da sociedade urbana. Muitos outros ensinamentos foram extraídos do Documento Q, uma coleção de ensinamentos resultantes da mistura da filosofia estóica com o messianismo judaico. Assim, tornou-se possível construir uma biografia para Iehoshua de Nazaré.  Quando os autores dos Evangelhos construíram uma biografia da vida terrena para Iehoshua de Nazaré, cada um expressou os fatos em contextos diferentes. Para mostrar isto, examinemos dois exemplos. Como primeiro exemplo, Iehoshua de Nazaré ensina sobre a força da fé, no Evangelho de Mateus 17,14-20 e no Evangelho de Lucas 17,5-6. Enquanto a passagem mencionada do Evangelho Mateus é proferida por Iehoshua de Nazaré, ao explicar que os discípulos não conseguiram expulsar demônios de um epiléptico por causa da falta de fé deles, na passagem do Evangelho de Lucas a mensagem é proferida pelos apóstolos, os quais pedem para que Iehoshua de Nazaré aumente a fé deles. O engraçado aqui é que até hoje ninguém conseguiu realmente mover uma árvore ou uma montanha de um lugar para outro com a força da fé. Será que a fé é menor do que um grão de mostarda na maioria das pessoas? Como segundo exemplo, a conhecida Oração do Pai Nosso é ensinada por Iehoshua de Nazaré no Evangelho de Mateus 6,9-13 durante o episódio do Sermão da Montanha, o qual foi dirigido a uma multidão, ao passo que no Evangelho de Lucas 11,1-4 são os discípulos que pedem para que Iehoshua de Nazaré os ensine a orar. Então, Iehoshua de Nazaré ensinou a Oração do Pai Nosso. Outras passagens que ensinam sobre a força da fé estão contidas no Evangelho de Mateus 17,14-20, Evangelho de Marcos 9,14-29 e Evangelho de Lucas 9,37-43. 

 

Quanto as narrativas dos milagres realizados por Iehoshua de Nazaré, grande parte delas foram extraídas do Antigo Testamento e incluídas nos Evangelhos. Para mostra isto, examinemos seis exemplos.  

 

Primeiro Exemplo – I Reis 17,7-24 – Elias ressuscita o filho de uma viúva em Sarepta 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,7-24 com a passagem do Evangelho de Lucas 7,11-17. Vamos examinar mais precisamente  a passagem I Reis 17,19-23. 

 

“Dá-me o teu filho?”, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e deitou-o em seu leito. Em seguida, orou ao Senhor, dizendo: “Senhor, meu Deus, até a uma viúva, que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho?” Estendeu-se em seguida sobre o menino por três vezes, invocando de novo o Senhor: “Senhor, meu Deus, rogo-vos que alma deste menino volte a ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o à mãe, dizendo: “Vê: teu filho vive.” (I Reis 17,19-23) 

 

Segundo Exemplo – I Reis 17,23 – Elias é reconhecido pela viúva de Sarepta como homem de Deus 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de I Reis 17,23 com a passagem do Evangelho de João 4,1-42, mais precisamente na passagem do Evangelho de João 4,16-26. 

 

A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios. (I Reis 17,24) 

 

Terceiro Exemplo – II Reis 4,8-37 – Eliseu ressuscita o filho de uma sunamita 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,8-37 com as passagens do Evangelho de Mateus 9,18-19,23-26, Evangelho de Marcos 5,21-24,35-43 e Evangelho de Lucas 8,40-42,49-56. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 4,32-37.  

 

Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.” Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu. (II Reis 4,32-37) 

 

Quarto Exemplo – II Reis 4,42-44 – Eliseu realiza uma multiplicação de pães 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 4,42-44 com as passagens do Evangelho de Mateus 14,13-21, Evangelho de Mateus 15,29-39, Evangelho de Marcos 6,30-44, Evangelho de Marcos 8,1-10, Evangelho de Lucas 9,10-17 e Evangelho de João 6,1-15. Vamos examinar a passagem de II Reis 4,42-44. 

 

Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco. “Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.” Seu servo respondeu: “Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto?” – “Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.” E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito. (II Reis 4,42-44) 

 

Quinto Exemplo – Eliseu cura um leproso 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de II Reis 5,1-19 com as passagens do Evangelho de Mateus 8,1-4, Evangelho de Marcos 1,40-45 e Evangelho de Lucas 5,12-16. Vamos examinar mais precisamente  a passagem II Reis 5,8-14.  

 

Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.” Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.” Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.” Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. (II Reis 5,8-14) 

 

Sexto Exemplo – Jonas acalma uma tempestade 

 

Neste exemplo, observe-se a semelhança entre a passagem de Jonas 1,1-16 e as passagens do Evangelho de Mateus 8,23-27, Evangelho de Marcos 4,35-41 e Evangelho de Lucas 8,22-25. Vamos examinar mais precisamente a passagem de Jonas 1,12,15-16. 

 

“Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio.” E, pegando em Jonas, lançaram-no às ondas, e a fúria do mar se acalmou. Tomada de profundo sentimento de temor para com o Senhor, a tripulação ofereceu-lhe um sacrifício, acompanhado de votos. (Jonas 1,12,15-16) 

 

Uma comparação cuidadosa revela que vários outros trechos do Antigo Testamento foram incluídos no Novo Testamento fora do seu real contexto ou tomados como profecia, quando na verdade se referiam a outros acontecimentos. Para mostra isto, examinemos sete exemplos.  

 

Na passagem do Evangelho de Mateus 1,22 é mencionada a passagem de Isaías 7,14 sobre uma virgem que conceberia e daria a luz a uma criança. Na realidade, o Profeta Isaías fala de uma criança que nascerá na época dele, e não setecentos anos após a época dele. Para isto, basta estudar Isaías 8,3 e se concluirá que não se trata de Iehoshua de Nazaré, mas de alguém que se referirá como Emanuel. Para isto, basta estudar a passagem de Isaías 8,5-8. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 1,22-23 com referência a Yeshayáhu 7,14. Nas passagens do Evangelho de Mateus 2,5-6 e Evangelho de João 7,40-43, se discute que o nascimento de Iehoshua de Nazaré em Belém fora profetizado e, para isto, é mencionada a passagem de Miquéias 5,1-2. Esta passagem se refere ao clã de David, Belém Éfrata, e não a uma cidade. Além disto, mesmo que fosse uma cidade, o Messias profetizado viria para espalhar o terror e a morte entre os inimigos de Israel e torná-la poderosa, enquanto que Iehoshua de Nazaré afirmou que o reino dele não era deste mundo. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 2,5-6 com referência a Miquéias 5,1-2. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,1-11, Evangelho de Marcos 11,1-11, Evangelho de Lucas 19,29-44 e Evangelho de João 12,12-36 estão registradas que a entrada de Iehoshua de Nazaré na cidade de Jerusalém montado em um jumento foi prevista em Zacarias 9,9, mas o rei de que fala o Profeta Zacarias seria um rei humano, que reinaria sobre Israel, e no entanto nunca houve o reinado de Iehoshua de Nazaré e, além do mais, após a morte dele Israel continuou sob domínio romano. A aclamação do povo Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor, como registrada no Evangelho de Mateus 21,9, foi extraída do Salmo Hb118,26. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 21,1-5 com referência a Zecharyah 9,9. Nas passagens do Evangelho de Mateus 21,12-17, Evangelho de Marcos 11,15-19, Evangelho de Lucas 19,45-48 e Evangelho de João 2,13-25 é narrado como Iehoshua de Nazaré expulsou os vendilhões do Templo. Sabe-se que naquela época o comércio de animais era essencial à realização dos sacrifícios pelos fiéis, e, desta forma, tal comércio não era ilegal e o mesmo era apoiado pelas autoridades religiosas. Por outro lado, levando em consideração as dimensões do pátio do Templo e a existência de guardas, parece pouco provável que apenas um único homem com um chicote em mãos conseguisse expulsar todos os vendilhões e ainda ficar impune. Na realidade, as passagens acima citadas foram extraídas de Zacarias 14,21 e Jeremias 7,11:  

 

Todo caldeirão, tanto em Jerusalém como em Judá, será consagrado ao Senhor dos exércitos; todo aquele que vier oferecer sacrifício poderá servir-se deles para cozinhar; e não haverá mais traficantes naqueles dias na casa do Senhor dos exércitos. (Zacarias 14,21) É, por acaso, a vossos olhos uma caverna de bandidos esta casa em que meu nome foi invocado? Também eu o vejo – oráculo do Senhor. (Jeremias 7,11) 

 

Nas passagens do Evangelho de Mateus 26,1-16, Evangelho de Mateus 27,1-10, Evangelho de Marcos 14,1-11 e Evangelho de Lucas 22,1-6 estão registradas a traição de Judas Iscariotes por trinta moedas de prata como tendo sido profetizada no Salmo Hb41,9-10 e em Zacarias 11,4-17. Entretanto, nenhuma das passagens argumenta sobre o messias. No referido salmo, é David, o autor, quem denuncia ao Eterno uma traição e se considera um pecador. E na referida passagem do Profeta Zacarias, este afirma ter recebido trinta moedas de prata, as quais ele as devolve, por um serviço prestado, sem nenhuma traição envolvida. Por outro lado, a passagem do Evangelho de Mateus 27,1-10 menciona também que a compra do campo do oleiro, por uma quantia de trinta moedas de prata, fora profetizada pelo Profeta Jeremias, mas tal profecia não existe. Por outro lado, seria interessante retornar ao Estudo de Mateus 16,21-23 sem referência aos livros proféticos. 

 

Na passagem do Evangelho de Lucas 1,26-38 um anjo revela a Maria como nasceria Iehoshua de Nazaré, mas esta passagem trata-se de uma quase cópia da passagem de Sofonias 3,14-18, onde se profetiza o triunfo de Israel sobre as nações que a oprimiram.  

 

Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se –á em Jerusalém: “Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói e salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa.” Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti. (Sofonias 3,14-18) 

 

Diante do final desta passagem, como identificar que durante a pregação de Iehoshua de Nazaré os inimigos do povo judeu foram suprimidos? Naquela época foi removida a vergonha de sobre nós, judeus? Não. Continuamos sob domínio do Império Romano que, após o ano de 476 foi dividido em dez nações e mais tarde veio a se transformar na Igreja Católica Apostólica Romana. As passagens dos Salmos Hb22,1-19 e 69,22 foram utilizadas durante a crucificação de Iehoshua de Nazaré, mas na realidade as mesmas falam sobre os inimigos de David e da perseguição que o mesmo sofria do rei Saul. Não havendo, portanto, nenhuma ligação com Iehoshua de Nazaré. Em particular, a tradução direta do hebraico para o português do Salmo Hb22 é:

Ao mestre do canto, acompanhado por "Aiélet Hashachar", um salmo de David. Eterno, Eterno, por que me abandonastes? Por que deixaste tão distante minha salvação e ignoraste meu gemido angustiado? De dia clamo e à noite não silencio, e Tu não me escutas. Mas Tu és o Santo, e a Ti se dirigem os louvores de Israel! Em Ti confiaram nossos patriarcas, confiaram plenamente e Tu os resgatastes. Clamaram a Ti e foram salvos; em Ti acreditaram e não foram desiludidos. Quanto a mim, sou como um verme e não homem, opróbrio da plebe, vergonha do povo. Zombam de mim os que me fitam, riem e meneiam ironicamente suas cabeças. Dizem-me, porém, confia no Eterno! Ele o redimirá, Ele lhe trará salvação, porque nele se compraz. Tu me tiraste do ventre materno e me fizeste sentir seguro, contra seu peito. Desde meu nascimento, em Teus braços fui entregue; mesmo antes de nascer, já eras meu Criador. Não Te afastes de mim, porque muito próxima está a aflição e não há quem me proteja, senão Tu. Touros furiosos me cercaram, touros do Bashan me rodearam. Abriram contra mim suas bocas como um leão que estraçalha e ruge. Sinto-me como água derramada que não pode voltar a seu recipiente, meus ossos fraquejam; meu coração parece ser de cera, de tal forma se derrete dentro de mim. Minha força secou como a argila, minha língua está colada ao paladar e me deitaste no pó da morte. Cães me cercam, uma turba de perversos me rodeia, atacam meus pés e minhas mãos como se fora um leão. Verifico como estão meus ossos enquanto eles me observam e tripudiam. Minhas roupas, entre si repartem, minhas vestimentas sorteiam. Mas Tu, ó Eterno, eu te peço, não Te afastes de mim; ó minha Força, apressa-Te e vem em meu auxílio! Salva minha alma da espada, minha vida das presas dos sabujos. Livra-me da boca do leão, resgata-me dos chifres dos touros selvagens. Então, a salvo, proclamarei Teu Nome a meus irmãos e louvarte-ei do seio da multidão! Vós que sois a semente de Jacob, honrai-O! Reverenciai-O todos vós, descendentes de Israel. Porquanto não desprezou nem ignorou a angústia do aflito e dele não escondeu Sua face e atendeu a sua prece. Graças a Ti poderei proclamar meu louvor às multidões; cumprirei minhas promessas na presença daqueles que O temem. Os humildes hão de comer e se fartar; os que buscam o Eterno hão de louvá-lo e vida perene terão seus corações. Dos confins da terra, todos a Ti se voltarão com compreensão e ante Ti se curvarão todas as famílias das nações. Pois só do Eterno é a realeza e Seu é o domínio sobre todos os povos. Comerão todos os povos a fartura da terra e ante Ele se prostrarão; reverenciá-lo-ão os que retornam do pó, mas então já será tarde porque suas almas não fará viver. Da descendência dos que O servem, de geração em geração, será relatada a magnificência de Sua glória. Anunciarão às gerações vindouras a bondade de seus feitos. (Salmo Hb22 – Traduzido do Hebraico)

 

Nas bíblias cristãs, o versículo 17 deste salmo [grafado acima de azul] está escrito como:

Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés. (Salmo Hb22,17)

Na realidade, a palavra hebraica ka'ari, que significa como um leão, é gramaticalmente semelhante à expressão ferir muito. Desta maneira, apologistas do Cristianismo traduziram o versículo 17 com o interesse de que o mesmo pudesse ser referido à crucifixão de Iehoshua de Nazaré e, para isto, escreveram traspassaram minhas mãos e meus pés. Torna-se claro agora que muitas das frases do Antigo Testamento foram inseridas nos Evangelhos para dar a entender que se referem às profecias anunciadas pelos profetas de Israel, mas que foram usadas deliberadamente para se fazer alusão à pessoa de Iehoshua de Nazaré. As mesmas encontram-se localizadas estrategicamente para convencer a todos de sua messianidade e, para isto, vêm seguidas insistentemente da frase: Isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s.  

Há uma epístola apócrifa, denominada Primeira Epístola de Clemente, enviada de Roma aos Coríntios no ano de 96 d.e.c., onde pela primeira vez Iehoshua de Nazaré é mencionado como mestre e alguns ensinamentos lhe são atribuídos como sendo de sua autoria [Clement of Alexandria - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Writing of the Fathers Down to AD 325 - Part Four - Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson  - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922788]. No entanto, há algumas passagens desta epístola que lembram o Sermão da Montanha, mas há outras passagens que também lembram os Evangelhos mas não são atribuídas a ninguém ou então citam as Escrituras Hebraicas. Além do mais, não há menções sobre João Batista e nem sequer sobre a vida terrena de Iehoshua de Nazaré e nem sobre os seus milagres. O mais engraçado disto tudo é que, nesta epístola, quando o julgamento e a morte de Iehoshua de Nazaré são mencionados, Clemente faz referências ao Profeta Isaías. Desta forma, este escrito de Clemente indica que acontecimentos ocorridos envolvendo Iehoshua de Nazaré, como narrados nos Evangelhos, foram extraídos de livros do Antigo Testamento e depois transferidos para os Evangelhos.  

Por volta do ano 107 d.e.c. surgiram as sete cartas escritas por Inácio, Bispo de Antioquia (Ignatius, Bishop of the Antioch): Epístola a Policarpo, Epístola aos Efésios, Epístola aos Esmirnenses, Epístola aos Filadélfos, Epístola aos Magnésios, Epístola aos Romanos e Epístola aos Tralianos. Estas cartas contêm as primeiras menções ao rei Herodes, O Grande, Pôncio Pilatos e Maria, a mãe de Iehoshua de Nazaré [Ignatius of Antioch - A Commentary on the Seven Letters of Ignatius of Antioch - Author: William R. Schoedel, Editor: Helmut Koester - Publisher: Augsburg Fortress – Minneapolis, United States (1985) - ISBN: 0800660161]. Ignatius, também chamado Theophoros, nasceu na Síria por volta do ano 50 d.e.c e morreu em Roma em algum ano entre os anos de 98-117. Na Parte IV da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada Fugir do Judaísmo, está escrito que:  

Meus irmãos, transbordo todo de amor para convosco e em meu júbilo procuro confortar-vos. Não eu, mas Jesus Cristo. Estando preso em Seu Nome, temo tanto mais achar-me ainda imperfeito. No entanto, vossa prece me aperfeiçoará para Deus, com o intuito de conseguir a herança na qual obtive misericórdia, buscando refúgio no Evangelho, como na carne de Jesus, e nos Apóstolos como no presbitério da Igreja. Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado. Foram salvos por Lhe terem dado fé, e, unidos a Jesus Cristo, se tornarem santos dignos do nosso amor e admiração, aprovados pelo testemunho de Jesus Cristo, sendo enumerados no Evangelho da comum esperança.  Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado. Se porém ambos não falarem de Jesus Cristo, tenha-os em conta de colunas sepulcrais e mesmo de sepulcros, sobre os quais estão escritos apenas nomes de homens. Fugi pois das artimanhas e tramóias do príncipe deste século, para que não venhais a esmorecer no amor, atribulados pela sagacidade dele. Todos vós, porém, uni-vos num só coração indiviso. Agradeço a Deus, porque gozo de consciência tranqüila a vosso respeito e porque não há motivo de ninguém gloriar-se, nem oculta nem publicamente, por lhe ter sido eu um peso em coisa pequena ou grande. Faço votos que todos a quem falei assimilem minhas palavras, não porém em testemunho contra si mesmos. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

Amemos igualmente os Profetas, por terem também eles anunciado o Evangelho, terem esperado n'Ele e O terem aguardado.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos do Evangelhos realizados anteriormente provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridas por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Outra frase curiosa desta carta é:

Se, no entanto, alguém vier com interpretações judaizantes, não lhe deis ouvido. É melhor ouvir doutrina cristã dos lábios de um homem não-circuncidado do que a judaica de um circuncidado.

Como podemos observar, ensinamentos como estes se propagaram durante séculos e que se concretizaram ao longo de todos os concílios da igreja. Desta forma, a igreja cristã produziu a seguinte premissa: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Em uma das cartas de Inácio de Antioquia há um trecho sobre a aparição de Iehoshua de Nazaré ressuscitado aos discípulos, mas não há comentários sobre os Evangelhos ou que Iehoshua de Nazaré tivesse sido um mestre. Entretanto, na Parte VI da Epístola de Inácio de Antioquia aos Filadélfos, intitulada A Originalidade do Evangelho, está escrito que:  

Embora fossem honrados também os sacerdotes, coisa melhor porém é o Sumo-sacerdote, responsável pelo santo dos santos, pois só a Ele foram confiados os mistérios de Deus. É Ele a porta para o Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e Jacó, os Profetas, os Apóstolos e a Igreja. Tudo isso leva à unidade de Deus. O Evangelho contém porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas. O Evangelho constitui mesmo a consumação da imortalidade. Tudo se reveste de grande importância, se confiardes no Amor. 

Devemos observar nesta parte da carta uma frase curiosa:

O Evangelho contém, porém algo de mais sublime, a saber, a vinda do Salvador e Senhor nosso Jesus Cristo, a Sua Paixão e Ressurreição. A respeito d'Ele vaticinaram os queridos Profetas.

Como podemos observar mais uma vez, já naquela época se afirmava que as Escrituras Hebraicas continham profecias sobre a vinda de Iehoshua de Nazaré, mas a série de Estudos dos Evangelhos realizados anteriormente mais uma vez provou que isto não é verdade. Portanto, as passagens contidas nos Evangelhos que mencionam profecias anunciadas pelos Profetas de Israel como cumpridos por Iehoshua de Nazaré já constituíam, naquela época, fraudes que se propagavam de longa data. Trechos das sete cartas de Inácio de Antioquia estão disponíveis para leitura na página http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/patrist.htm

Na época de Inácio de Antioquia foi escrita a obra intitulada Didaké (Didache), escrita provavelmente entre os anos 60 e 90 d.e.c. Esta obra trata da instrução moral, da liturgia, da disciplina e dos ofícios eclesiásticos, além de uma exortação final sobre o retorno de Iehoshua de Nazaré e a ressurreição dos mortos. Embora a mesma se trate de uma obra de estilo simples, interessada em dar testemunho da vida cristã em face das perseguições a que era submetida a igreja primitiva, com algumas indicações a respeito da estrutura eclesiástica incipiente, ela não faz comentários sobre os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré. Nesta obra a Oração do Pai Nosso é atribuída diretamente ao Criador, e não há comentários sobre a Última Ceia, Crucificação e a suposta Ressurreição de Iehoshua de Nazaré [Didaqué - O Catecismo dos Primeiros Cristãos para as Comunidades de Hoje – Paulus Livraria e Editora, São Paulo (2003) – ISBN: 8534903255]. 

O nascimento de um Iehoshua de Nazaré terreno aparece pela primeira vez em textos que datam do ano de 115 d.e.c., considerados apócrifos pela Igreja Católica Romana. Alguns destes textos foram publicados em uma série de quatro volumes por Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany sob o título Apócrifos – Os Proscritos da Bíblia. Na obra Apócrifos - Os Proscritos  da Bíblia – Volume IV – Maria Helena de Oliveira Tricca e Julia Barany – Primeira Edição - São Paulo, Editora Mercuryo (2001) – ISBN: 857272171, a narrativa histórica sobre o nascimento de Iehoshua de Nazaré é bem diferente daquela que é narrada nos Evangelhos. No quarto volume desta série é narrado que Iehoshua de Nazaré nasce na cidade de Belém na casa de Maria e José, e não em uma manjedoura durante uma viagem, e que Maria, só mais tarde, descobre que seu filho era especial. Neste apócrifo não há comentários sobre anjos que anunciaram o nascimento de Iehoshua de Nazaré a pastores que guardavam rebanhos ou comentários sobre reis magos, e nenhuma informação é fornecida sobre o rei Herodes, O Grande, e a fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito.

Na realidade, os evangelistas se basearam nesta história, mas cada um a modificou a seu modo, porém, mantendo em comum apenas a referência a cidade de Belém, devido ao fato do Profeta Malaquias anunciar o nascimento de um futuro rei de Israel nesta cidade. Para isto, é necessário retornar ao Estudo de Mateus 11,7-10 com referência a Malachim 3,1 e ao Estudo de Lucas 7,24-27 com referência a Malachim 3,1.

Quanto a passagem do Evangelho de Mateus 2,1-2 em que três reis magos relatam ao rei Herodes, O Grande, que observaram uma estrela no oriente, tal passagem foi extraída da Torá Bamidbar (Números) 24,17:  

Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira. (Números 24,17)  

Enquanto que o episódio da fuga da família de Iehoshua de Nazaré para o Egito somente é relatado no Evangelho de Mateus 2,13-23, somente no Evangelho de Lucas 2,1-40 ele é apresentado ao Templo após oito dias de seu nascimento. Sobre o episódio da matança de inocentes, como narrado somente no Evangelho de Mateus 2,13-23, a história registra que o rei Herodes, O Grande, ordenou a morte de vários de seus próprios parentes com medo que lhe tomassem o poder, o que pode ter inspirado o autor do Evangelho de Mateus, mas não há registro histórico de matança indiscriminada de crianças por ordem deste rei. Sobre a participação na morte de Iehoshua de Nazaré por Pilatos, Governador da Judéia em nome do Imperador Romano Tibério, as passagens mencionadas são as do Evangelho de Mateus 27,11-26,57-66, Evangelho de Marcos 15,1-15,42-47, Evangelho de Lucas 23,1-25,50-56 e Evangelho de João 18,28-40;19,1-42. No entanto, a primeira referência a Pilatos em uma epístola está registrada em I Timóteo 6,11-16, a qual deve ter sido escrita provavelmente por volta do ano de 115 d.e.c., mas ela é tão omissa quanto aos acontecimentos sobre a morte de Iehoshua de Nazaré que talvez seja uma inclusão efetuada muito posteriormente. As duas epístolas atribuídas a Pedro, escritas provavelmente por volta do ano de 120 d.e.c., falam da futura vinda de Iehoshua de Nazaré, mas não o seu retorno ou a sua suposta segunda vinda. Além do mais, o/s autores das epístolas cita profecias do Antigo Testamento, e não promessas da autoria de Iehoshua de Nazaré. O mais engraçado é que na passagem de II Pedro 1,16-21, esta epístola menciona algo que lembra o episódio da Transfiguração de Iehoshua de Nazaré narrados no Evangelho de Mateus 17,1-13, Evangelho de Marcos 9,2-13 e Evangelho de Lucas 9,28-36, mas o fato é apresentado nesta epístola como uma amostra do que seria a futura vinda de Iehoshua de Nazaré, e, mais uma vez, o autor da segunda epístola de Pedro faz referências às Escrituras Hebraicas, e não a um Iehoshua de Nazaré terreno.  

A Epístola de Barnabé, escrita provavelmente entre os anos de 134-135 d.e.c., trata-se de uma coleção de tradições orais, sem, no entanto mencionar os Evangelhos ou algo sobre a vida de Iehoshua de Nazaré terreno, embora algumas passagens lembrem os seus ensinamentos, como registrados nos Evangelhos, e também contenha vagas referências sobre acontecimentos históricos. O engraçado nesta epístola é que os acontecimentos sobre o sofrimento e morte de Iehoshua de Nazaré, como registrados nos Evangelhos, são descritos utilizando-se passagens das Escrituras Hebraicas. Um fato curioso que chama a atenção está registrado no Capítulo XVI desta epístola: 

No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: "Quem mediu o céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?" Vede como era vã a esperança deles. Por fim, ele diz ainda: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." 

Aqui observamos que a frase: "Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão." parece ter sido inserida na passagem do Evangelho de João 2,18-20:  

Perguntaram-lhe os judeus: “Que sinal apresentas tu, para proceder deste modo?” Respondeu-lhes Jesus: “Destruí vós este templo, e eu os reerguerei em três dias.” Os judeus replicaram: “Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu hás de levanta-lo em três dias?!” (João 2,18-20)  

A Epístola de Barnabé e outros escritos apostólicos estão comentados na obra Apostolic Fathers – Translated by J.B. Lightfoot and J.R. Harmer – Edited and Revised by Michael W. Holmes - Kessinger Publishing - Whitefish, Montana, United States (2003) - ISBN: 0766164985.  

A primeira tentativa de canonização dos livros do Novo Testamento foi efetuada pelo gnóstico Marcião (85-160), natural de Sinope, no Ponto (Ásia Menor). Por volta do ano de 140 d.e.c., ele usou trechos de uma versão prévia do que viria a ser o Evangelho de Lucas. Isto é verdade porque a história registra que Quintus Septimius Florens Tertullianus (160-220), Bispo de Cartago, condenou a versão do texto de Marcião anos mais tarde. A versão que Marcião usou era diferente da atual, o que denuncia que os Evangelhos passaram por várias revisões devidamente moldadas aos interesses de alguém. E isto ocorreu porque ainda naquela época os Evangelhos não passavam de textos da autoria de vários fiéis, e ninguém os considerava divinamente inspirados. Em particular, processos de revisão de textos dos Evangelhos podem ser identificados ao longo dos trinta anos que separam o Evangelho de Marcos do Evangelho de João. Uma leitura cuidadosa destes dois evangelhos fornece a conclusão de que um é uma adaptação do anterior moldado à realidade da época. Um exemplo disto, o qual pode ser verificado, é o curioso envolvimento dos judeus na condenação de Iehoshua de Nazaré e a eliminação da culpa dos romanos durante o processo jurídico e morte do mesmo. Não é à toa que a sede da Igreja Católica Apostólica Romana está localizada na cidade Roma. O mais engraçado disto tudo é que Tertuliano, conhecido como O Pai Adiantado da Igreja, admitiu ironicamente conhecer as origens verdadeiras da personalidade de Iehoshua de Nazaré e de todos os deuses-homens. É interessante ainda relatar que Tertuliano, um defensor da fé cristã, renunciou ao Cristianismo por volta do ano de 207 e aderiu ao Montanismo [Gnostic and Historic Christianity - Gerald Massey - Holmes Publishing Group - Edmonds, Washington, United States (1985) - ISBN: 0916411516]. 

Marcião afirmava que qualquer cristão que utilizasse um símbolo judaico, um nome judaico, ou realizasse qualquer celebração judaica, seria considerado cúmplice da morte de Iehoshua de Nazaré juntamente com os judeus. Desta forma, no esforço de eliminar características judaicas dos textos do Novo Testamento, ele elaborou uma depuração de escritos neotestamentários. Assim, ele rejeitou o Evangelho de Marcos, Evangelho de Mateus e o Evangelho de João. Forjou o seu próprio cânone inserindo textos selecionados do Evangelho de Lucas e das epístolas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos havia entendido os ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, com exceção de Paulo de Tarso. Por isto, para Marcião, Paulo de Tarso é o apóstolo por excelência, pois, segundo ele, recebeu de Iehoshua de Nazaré, por revelação, o verdadeiro evangelho. Por fim, Marcião fazia distinção entre o deus das Escrituras Hebraicas e o deus do Novo Testamento. Daí, durante os séculos, surgiu a noção de que o deus das Escrituras Hebraicas é um deus mau e, por isto deveria ser esquecido e desprezado, e o deus do Novo Testamento é um deus bom. Pensamentos como este de Marcião reforçaram a premissa do que mais tarde a igreja cristã definiu ao longo dos Concílios Eclesiásticos e em sua Teologia da Substituição: Tudo o que for judaico deve ser enterrado. 

Marcião possuía conhecimentos da língua grega e de retórica, e também uma excelente formação jurídica. Também era dono de embarcações e tinha um poder econômico que permitia publicação de obras escritas, algo que era precioso na antigüidade. Depois de exercer a jurisprudência em Roma, retornou para sua cidade de origem no ano de 195, como cristão. É provável que ele tenha liderado um movimento missionário na Ásia Menor, pois Tertuliano publicou entre os anos de 207 e 208 d.e.c. a obra intitulada Adversus Marcionem [Tertullianus Against Marcion - Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 - Part Seven Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson - Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922818]. Nesta obra, Tertuliano condena várias idéias de Marcião, entre elas a de que o deus das Escrituras Hebraicas não é o mesmo que o deus do Novo Testamento e que Iehoshua de Nazaré não é o messias prometido pelas Escrituras Hebraicas. Contra os judeus, Tertulliano escreveu, em torno do ano de 200 d.e.c., a obra intitulada Adversus Iudaeos [An Answer to the Jews – Tertullian – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States (2004) – ISBN: 1419106171; Adversus Judaeos – A Bird’s Eye View of Christian Apologiae to the Jews Until the Renaissance – Arthur Lukyn Williams – Cambridge Uiversity Press – Cambridge, England (1935) – ISBN: B00085B3EO].  

Marcião publicou o chamado Corpus Paulino, uma coleção de dez cartas paulinas e um evangelho que deve ter sido o Evangelho de Lucas, com algumas partes suprimidas, em especial aquelas que permitem uma visão judaica e indicam o nascimento carnal de Iehoshua de Nazaré. O Corpus Paulino de Marcião ou Cânon de Marcião é composto da Epístola aos Romanos, I Epístola aos Coríntios, II Epístola aos Coríntios, Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, I Epístola aos Tessalonicenses, Epístola a Filêmon, e uma carta aos laodicenses, uma carta que parece que se perdeu, pois há referência desta na passagem da Epístola aos Colossenses 4,16 [Revista de Interpretação Latino Americano (RIBLA) – A Canonização dos Escritos Apostólicos – Número 42-43 – Volume 2-3 – Maio-Dezembro (2002) – Marcião e o Surgimento do Cânon, Página 37 – Autor: Ediberto López].  

No início da igreja primitiva, os Evangelhos não possuíam nomes. Justino, O Mártir (100-165), por volta do ano de 150 d.e.c. se refere aos Evangelhos como Memórias dos Apóstolos. Em sua obra intitulada Apologiaes ele cita alguns trechos contendo ensinamentos dos Evangelhos [Justin Martyr and Athenagoras – Ante Nicene Christian Library Translations of the Writings of the Fathers Down to AD 325 Edited by Reverend Alexander Roberts and James Donaldson – Kessinger Publishing – Whitefish, Montana, United States  (2004) - ISBN: 1417922761]. Tais trechos divergem dos evangelhos atuais e não há menção alguma do Evangelho de João.  

Diante de tudo isto que foi escrito o que eu, Torahlaam, recomendo aos judeus b'nei anussim que estão realizando o Processo de Retorno? O que eu, Torahlaam, recomendo a aqueles judeus b'nei anussim que ainda não conseguem se libertar dos ensinamentos dos agentes do movimento messiânico? 

Caros judeus b’nei anussim, depois de realizado o Estudo dos Evangelhos é um erro e uma idolatria permanecer em sinagogas messiânicas se alimentando de falsos ensinamentos e falsas esperanças.

O Novo Testamento que, segundo ensinam, é um livro de inspiração divina não poderia conter tamanhas fraudes como aquelas identificadas nestes estudos, e o mundo jamais poderia passar por tantas desgraças como ocorreu nestes dois mil anos. O que está errado? Pensamos que os teólogos do passado, por mais sábios que pudessem ser não possuíam uma visão acurada dos fatos? Não. Na realidade eles sempre interpretaram os textos bíblicos sob o seu estreito e exclusivo ponto de vista. E não há como negar que o homem avançou de maneira considerável, principalmente no campo das ciências. Isto vem provocando uma revisão completa nos conhecimentos do passado. A humanidade, hoje, mais questionadora e mais exigente, não deseja aceitar mais nada sem o crivo da razão. E a partir do estudo que foi realizado, começaram a surgir complicações teológicas contundentes, pois agora as denominações cristãs serão obrigadas, frente a Torá, a fechar as portas de suas instituições ou modificar os seus conceitos e aceitar, de fato, a Torá e o Judaísmo fidedigno pois, caso contrário, estarão sob pena de continuarem formando ateus. Eu, Torahlaam, diante do estudo dos Evangelhos que foi realizado, desejo fazer um pedido urgente a vocês, caros judeus b’nei anussim: Enterrem o Novo Testamento e retornem para o Judaísmo

 

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Saibam vocês que é raro que um povo se mantenha por mais de vinte séculos no exílio submetido a punhos de ferro em terra habitada por povos que teve contato, povos pelos quais se espalhou e pelos quais também foi dominado. Sabe-se que não existe estratégia imbatível quando o punho de ferro a que este povo é submetido é contínuo e que as mudanças acíclicas exigidas para que ele se auto-defenda é a automanutenção que exige um trabalho árduo por parte de quem encabeça as várias comunidades espalhadas deste povo, chamadas de comunidades da diáspora.

É certo que a perseguição e o punho de ferro aumentam a união de um povo, assim como é certa que para esta auto-manutenção é necessário a manutenção das tradições, do idioma, da cultura popular e religiosa do mesmo. Houve um povo, em particular, que possuía vantagens sobre muitos outros povos, a saber, foi e ainda é um povo que nasceu sem pátria e desta forma perdura há muitos e muitos séculos. Errantes a maior parte da sua existência a ponto de o desejo de serem independentes se tornar uma gota de água no oceano de suas vidas, tal como beduínos no deserto, este povo calejou seus corpos e espíritos diante de povos estranhos a sua cultura para se manterem como povo. Devido ao seu modo de viver estranho, sofreram terríveis perseguições jamais testemunhadas pela civilização humana. Para se manterem como povo, ultrapassaram os piores obstáculos em todas as gerações pelas quais atravessou, mas o Eterno, Bendito Seja, jamais os rejeitou. Assim, o próprio Eterno forneceu, mais do que eles já possuíam, um enorme conjunto de habilidades não visíveis que oscilaram no tempo garantindo a eles alcançar aquilo que pretendiam e isto teve como base os registros que este povo deixou em seus livros sagrados, os quais contêm todo um desenvolvimento de sistemas de raciocínio que se exteriorizaram durante os séculos pelos quais se dispersou. Sistemas estes que quer oralmente quer através da escrita, mas que só este povo entendia pela crepitação envolvente e pela belíssima música que inebriava os alheios do desconhecido. Este povo é o povo judeu e o seu livro mais sagrado é a Torá.

A palavra teshuvá é muitas vezes traduzida como arrependimento. O radical da palavra, porém, significa simplesmente retorno.

O Judeu de origem ibérica necessita do verdadeiro retorno não um retorno para agradar a comunidade judaica dita oficial mais um “Retorno, a Israel, ao Eterno teu D’us" (Hosea 14:2) é a essência da teshuvá, a chave da expiação. Um retorno a D’us não é apenas um reconhecimento de Sua existência, ou simplesmente dizer "Eu creio n’Ele". O fato de meramente se juntar a uma sinagoga também não constitui um retorno a Ele.

Estes são apenas os primeiros passos naquela direção. Teshuvá significa nada menos que se tornar um servo do Senhor, um eved Hashem. Um servo é aquele que não somente reconhece a existência do amo como também se submete à sua lei e jurisdição, que se sujeita aos comandos e pedidos do amo. E se voltarmos Para a hashem nada nem ninguém pode se o por ao servo Fiel é sincero que deixou as religiões pagãs para servir a Israel espiritual, não estamos falando do Estado de Israel, mais do Ami Israel espiritual (yeshuv).

O estado de Israel atual esta corrompido terá sua redenção com a vinda do Mashiach.

A teshuva só e verdadeira com consciência de responsabilidade de continuidade da comunidade e do judaísmo, com a verdadeira intenção de uma realização de um puro relacionamento com D, us.

Quando nossa teshuva e verdadeira nos primeiramente acontecem em nosso interior nossa maneira de viver, no caso dos bene anussim que tem sua origem judaica, não necessita de provar sua judaicidade, os direitos são iguais, quando os chamados judeus asquenazitas  na segunda guerra não tinha como provar sua origem  pois todos seus documentos foram perdidos ou queimados.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Jr 31:33)

Eis que a sabedoria conclama, e a compreensão eleva sua voz. (Provérbios [Mishlê] 8:1)

O relacionamento de Israel com D’us também é assim. Porém ao nos submeter a D’us, proclamamos nossa liberdade da servidão humana. "Vós sereis Meus servos, disse o Eterno, e não servos de Meus servos."

 Duas vezes ao dia, no Shemá (Ouve, ó Israel) somos lembrados do mandamento "E amarás ao Senhor teu D’us com todo teu coração…"

O relacionamento de Israel com D’us é descrito em termos de um eterno matrimônio também entre amantes: "Eu Te ligarei a Mim para sempre; eu te ligarei a Mim em justiça e integridade, em bondade e misericórdia; eu te ligarei a Mim em fidelidade e tu conhecerás  o Eterno."
(Hosea 2:21-22)(ósseas )

 

"Não é mais religião que é necessária em educação mais elevada, mas educação mais elevada que é necessária em religião." O outro envolve experiências, a experiência de viver como judeu, de comportar-se como judeu.

O conhecimento exige entendimento, e o maior entendimento deriva do envolvimento pessoal e não meramente do estudo de livros.

Conhecer interiormente com certeza é superior a apenas observar do lado de fora. Um reconhecimento intelectual da importância de ser um judeu não pode se comparar com a valorização intuitiva de seu valor, que vem do ato de fazer. Embora o intelecto possa estar lá para reforçá-lo, especialmente em nossa época, a sensação direta daquilo que realmente é vem do fazer, não apenas de saber. Se uma avaliação intuitiva ou emocional dos valores e idéias judaicos em si não é mais suficientemente forte para enfrentar a luz do exame crítico no mercado de idéias e exige um sólido apoio intelectual e acadêmico, este por si mesmo não trará engajamento ao modo de vida judaico.

O primeiro artigo em cada credo é a crença… Mas é difícil ver como uma simples idéia pode ter esta eficácia… Não é suficiente que pensemos nelas (as idéias), é também indispensável que nos coloquemos em sua esfera de ação e que nos coloquemos onde possamos melhor sentir sua influência; numa palavra, é necessário agir…

"Retorna, ó Israel ao Eterno teu D’us" é o grito dos profetas hebreus que tem ecoado através das gerações sempre que nosso povo se afastou d’Ele.

O centro de nossa fé é a noção de que nunca é tarde demais para um retorno. Se a pessoa tem seis ou sessenta anos, dez ou cem, é convocado a purificar seu coração e seus pensamentos e a direcionar-se ou redirecionar-se ao Todo Poderoso.

Que nenhum báal teshuvá imagine que está muito distante do nível dos justos por causa de seus pecados e transgressões passados. Não é assim. Ele é amado e querido perante o Criador como se jamais tivesse pecado… Não somente isso, mas sua recompensa é ainda maior, pois ele experimentou a transgressão e se afastou dela, dominando sua má inclinação. Nossos Sábios disseram: no lugar onde está um báal-teshuvá, nem mesmo o perfeito justo pode ficar. Em outras palavras, seu nível espiritual é ainda mais elevado que o daqueles que nunca pecaram. Todos os Profetas conclamaram ao arrependimento, e a redenção final de Israel somente virá por meio do arrependimento…(Hil. Teshuvá 7:4,5)

Podemos também registrar a conclusão do sábio Cohêlet, que após toda sua procura pelo significado da vida e após toda sua busca por ela, do ascetismo ao hedonismo, concluiu que: "Após todas as coisas terem sido ouvidas… reverencia o Eterno e guarda Seus mandamentos. Pois esta é a íntegra do homem"

(Cohêlet 12:13)Proverbios

Se alguém que salva uma vida recebe, segundo nossa tradição, o mérito de ter salvado o mundo inteiro, então aquele que destrói uma vida é culpado de destruir um mundo. Se aquele que sufoca espiritualmente uma vida judaica, seja a sua ou a de seus próprios filhos, é imputável pela sufocação espiritual de todo um mundo judaico, também aquele que revive espiritualmente uma vida judaica – seja a sua própria – é como se espiritualmente revivesse um mundo judaico.

Fazer Teshuvá, isto é, querer voltar a viver o judaísmo autêntico de acordo com a Torá de verdade e Torá de vida e não de acordo com a política e falsas "boas maneiras".

Fazer Teshuvá não significa dar dinheiro. Fazer Teshuvá é viver de novo.

Não basta doar um Sefer Torá para lavar sua consciência e não estar nem aí para cumprir suas 613 obrigações.

Doar dinheiro, doar Sefer Torá, visitar a sinagoga, tudo isto é muito bonito, mas não isenta nenhum judeu de cumprir suas obrigações, isto é, os 613 Mandamentos da Torá. Um bom rabino orientador deve orientar a pessoa a seguir as Leis da Torá de maneira honesta e não rapinar suas economias acalmando sua consciência.11419590690?profile=original

Saiba mais…

Parte IX

O que foi observado no estudo realizado é que o povo judeu, após a experiência da libertação da escravidão no Egito, passou a viver tanto na presença como da proteção do Eterno, Bendito Seja, que os protegia de todas as aflições, pois em todas as ocasiões em que ele se encontrava subjugado por outros povos, o Eterno os libertou como aconteceu no Egito através de Moshê. Assim, devido à experiência da libertação, sempre que os judeus eram dominados por outros povos, eles, através de profetas, esperavam um libertador para realizar o mesmo que Moshê, pois, segundo a Torá, o Eterno promete fazer surgir do meio do povo judeu, profetas como ele:

“ O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir.” (Deuteronômio 18,15)


Mas esta promessa não se refere a um profeta em específico, mas a todos os profetas judeus que serão enviados pelo Eterno e que falarão em nome dele. Apesar disto, os apologistas cristãos atribuíram falsamente a passagem de Deuteronômio 18,15 a Iehoshua de Nazaré. Assim, segundo o Judaísmo, para estabelecer e governar o seu reino na terra, o Eterno se encarregará de enviar um representante, cuja unção o fará um vassalo seu, e ele será mashiach, que, em hebraico significa ungido. Foi o Profeta Natã, que, ao prometer ao rei Davi a permanência da sua dinastia (II Samuel 7,1-17), apresentou a primeira expressão deste messianismo, que também é encontrado em alguns salmos. Entretanto, os fracassos e a má conduta da maioria dos sucessores de Davi pareciam pôr em dúvida este messianismo, mas mesmo assim, a esperança concentrou-se na linhagem deste rei particular, cuja vinda passou a ser esperada, para um futuro próximo ou longínquo, pelos profetas, sobretudo Isaías, Miquéias e Jeremias. De fato, em cada geração o Eterno sempre suscitou um mashiach para salvar o povo judeu. Segundo o Tanach, o mashiach deverá ser sempre da estirpe de Davi, como relatado em Isaías 11,1-16; Jeremias 23,1-6 e 33,1-17 e Miquéias 5,1-7. Ele receberá os títulos mais magníficos, como relatado em Isaías 9,5, e o Espírito do Eterno repousará sobre ele com todo os seus dons, como relatado em Isaías 11,1-5. Um dos mashiach enviado pelo Eterno, segundo o Profeta Isaías, foi o Emmanuel, que em hebraico significa Deus Conosco, como relatado em Isaías 7,14. Para o Profeta Jeremias ele será Adonai Tsidkênu, que em hebraico significa O Eterno é Nossa Justiça, como relatado em Jeremias 23,6. Estes dois nomes resumem a esperança messiânica. Esta esperança sobreviveu durante todas as dominações estrangeiras e aos exílios, mas as perspectivas mudaram. Apesar das esperanças, que por um momento os profetas Ageu e Zacarias confiaram a Zorobabel (também da estirpe de Davi), o messianismo davídico sofreu uma interrupção, pois nenhum descente de Davi passou mais a ocupar o trono de Israel, e os judeus, em muitas ocasiões, estiveram submetidos à dominação estrangeira. O Profeta Ezequiel passou a esperar na vinda de um novo Davi, o qual o chamou de Pastor, Príncipe e Rei, como relatado em Ezequiel 34,23-24 e 37,24-25. O Profeta Zacarias anunciou a vinda de um Rei, como relatado em Zacarias 9,9-10. O Profeta Daniel recebe a visão de um ser semelhante ao filho do homem (que tem forma humana) chegando através das nuvens do céu, o qual recebe do Eterno, Bendito Seja, a incumbência de dominar sobre todos os povos, e afirma que o seu reino será eterno e jamais será destruído (Daniel 7,13-14). No início da era comum, a espectativa de vários grupos judaicos no aparecimento de outro mashiach estava largamente difundida. Alguns grupos esperavam um messias como Moshê, outros esperavam um messias sacerdotal e outros um messias transcendente e espiritual. Isto reafirma o que mencionamos anteriormente a respeito do que esperavam os judeus a respeito de um messias que sempre viria para libertá-los. No estudo realizado, verificamos que a grande maioria das profecias encontrada nos Evangelhos, que parecem fazer alusão a Iehoshua de Nazaré, foi extraída do Livro de Isaías, pelo grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e espiritual. Em muitas passagens deste livro fala-se do próprio Isaías, e não de Iehoshua de Nazaré. Para isto, o grupo de judeus que esperavam um messias transcendente e espiritual (e mais tarde os apologistas cristãos) transferiu muito dos acontecimentos ocorridos na vida do Profeta Isaías para Iehoshua de Nazaré. Por ironia, em Mateus 10,26-27 e Lucas 12,1-3 é ensinado que nada há de escondido que não venha à luz e nada de secreto que não venha a ser conhecido. Como exemplo, observem na seguinte passagem a expressão o leitor entenda, o esforço do autor de Marcos tentando convencer futuros leitores a respeito do seu livro:


“ Quando virdes a abominação da desolação no lugar onde não deve estar – o leitor entenda -, então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; o que estiver sobre o terraço não desça nem entre em casa para dela levar alguma coisa; e o que se achar no campo não volte a buscar o seu manto.” (Marcos 13,14-17)


Assim, nesta obra o que há mais de dois mil anos estava muito bem escondido, agora vem a ser conhecido, e com muita clareza, principalmente pelos judeus que estão retornando ao Judaísmo. Portanto, quando esta obra for publicada, os que advogam teses contrárias serão obrigados a permanecerem escondidos, pois não terão nada em que se apoiar e ruirão por falta de base sólida. Nós, judeus, possuímos como base sólida a Torá e o Tanach e, quando precisamos discutir sobre um tema difícil das Escrituras Hebraicas utilizamos o Talmud. Assim, aos que ainda insistem em manter a humanidade na ignorância e também em enganar judeus através do movimento messiânico, pois que aguardem. No dia em que esta obra for publicada a advocacia de cada um deles ruirá. Alguém pode contestar lembrando que Iehoshua de Nazaré em algumas passagens dos Evangelhos afirmou que estava cumprindo as profecias analisadas neste estudo. Mas, no entanto, ao final do mesmo, por não ter encontrado referências à pessoa dele na Torá e no Tanach, concluímos, nas passagens dos Evangelhos que foram estudadas, que o autor das mesmas efetua fraudes, por exemplo, diante da expressão: isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s, que os autores dos Evangelhos tentaram fazer Iehoshua de Nazaré se passar por algum dos profetas de Israel, e, desta forma, precisaram pôr palavras na boca dele, ou que ele se fez passar, em muitas ocasiões, por um destes profetas, sobretudo o Profeta Isaías. Porém, acreditamos que o valor dos seus ensinamentos, se é que ele ensinou o que consta nos Evangelhos, foi profundamente marcante para os seguidores dele. Estes seguidores, na maioria das vezes constituída pela massa ignorante da época, não possuíam conhecimento algum das Escrituras Hebraicas e, por isto, foi muito fácil manipulá-los. Não é à toa que em muitos versículos dos Evangelhos ele se apresenta distorcendo a Torá. Para verificar melhor isto convém ao leitor estudar a obra intitulada Um Rabino Conversa com Jesus – Um Diálogo entre Milênios e Confissões – Coleção Bereshit – Editora Imago LTDA – Rio de Janeiro (1994) ISBN: 8531203341, da autoria do Rabino Jacob Neusner. Nesta obra o autor demonstra que caso tivesse vivido na época de Iehoshua de Nazaré jamais teria se tornado um de seus discípulos. Como sabemos, base de toda a fé cristã reside nos escritos do Novo Testamento, coletânea de livros adotados pelos cristãos como sendo a última revelação do Eterno. Enquanto a comprovação da existência do Criador para os judeus se verificou mais fortemente através da experiência da atravessia do deserto, a existência do Criador para os cristãos é comprovada mediante interpretações distorcidas das Escrituras Hebraicas e que não possuem consistência alguma com as profecias contidas no Tanach, as quais foram utilizadas nos Evangelhos para se fazer alusão a Iehoshua de Nazaré. Estas comprovações residem na arbitrariedade dos argumentos utilizados para sustentá-las, e selecionados, sobretudo com o apoio de filosofias gregas, de tal modo que favoreceu a posição dos seguidores de Iehoshua de Nazaré ao longo dos séculos. Por outro lado, o desenvolvimento do Cristianismo e a construção das características de Iehoshua de Nazaré, ao longo dos séculos, encontraram vários paralelos em cultos religiosos efetuados por povos mais antigos do que o Cristianismo. Muitos cristãos, em sua ignorância, consideram espantoso o fato de que muitas das profecias do Tanach foram cumpridas na vida de Iehoshua de Nazaré, porém não enxergam, não querem enxergar ou simplesmente ignoram o real contexto destas profecias, pois elas foram utilizadas fora de seu tempo real. Desta forma, se comprova, como foi comprovado através dos estudos realizados anteriormente, que os Evangelhos são uma coletânea de fraudes e distorções, intencionais ou não, cuja origem foi o a utilização de profecias do Tanach que não possuem ligação alguma com Iehoshua de Nazaré. Muitos cristãos assumem, consideram e têm fé que estas profecias foram realizadas e cumpridas na pessoa de Iehoshua de Nazaré, mas ao mesmo tempo não possuem e nem sustentam evidências reais para apoiar esta fé. Porém, quando estas profecias são estudadas em seus contextos originais, identificamos, como aconteceu nos estudos dos Evangelhos realizados anteriormente, que nenhuma delas pode ser aplicada a Iehoshua de Nazaré. Um exemplo disto é o suposto cumprimento da profecia sobre a matança das crianças inocentes promovidas por Herodes, narrado no Evangelho de Mateus:


Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Rama se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos, não quer consolação, porque já não existem! (Jer 31,15) (Mateus 2,16-17)

Assim, enquanto que para um cristão, esta é apenas mais uma das profecias cumpridas a respeito de Iehoshua de Nazaré, para nós, judeus, afirmamos que qualquer texto das Escrituras Hebraicas, utilizado fora de seu real contexto transforma-se em um pretexto para esconder algo. De fato, quando isto ocorre, aqueles que advogam o contrário do que ensinam os apologistas cristãos são chamados de sem fé, hereges, ateus e, assim, estes apologistas removem, diante da sociedade, a bendita razão daquelas pessoas. Na realidade, a profecia que Mateus afirma ter se cumprido está relatada no livro do Profeta Jeremias:


Eis o que diz o Senhor: ouvem-se em Rama uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem. (Jeremias 31,15)


No entanto, esta passagem do livro de Jeremias é uma declaração que, no contexto original, se refere aos judeus que foram espalhados pelo estrangeiro durante a Diáspora. O Profeta Jeremias se referiu a este fato como se fosse, de forma figurada, Raquel chorando pelos seus filhos, já que Raquel, esposa de Yacov, é a mãe de todos os filhos de Israel. Porém, no mesmo contexto, há uma promessa no versículo 16, segundo a qual estes filhos, ou seja, Israel, regressariam da terra do inimigo.

16                   Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, pois eles voltarão da terra do inimigo.

 Portanto, torna-se claro que Jeremias não estava de forma alguma fazendo referência a um massacre de crianças judias. Desta forma, a atitude de transferir o fato narrado para séculos depois, na época em que Iehoshua de Nazaré surgiu é distorcer o real contexto da passagem e dar-lhe a aplicação desejada, como efetuou o autor de Mateus. Daí, mais uma vez, torna-se claro a insistência dos autores dos Evangelhos, ao fazerem menção de passagens dos livros proféticos, em utilizar a expressão corriqueira isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s. Se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. O que importa é que as passagens ditas serem relativas a cumprimentos proféticos não possuem de fato qualquer evidência real que comprove que Iehoshua de Nazaré cumpriu as profecias sobre a vinda do Mashiach. As profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré, além de estarem apoiadas em profecias que não possuem nenhuma ligação com ele, estão baseadas também em histórias de religiões mais antigas do que o Cristianismo. Entre elas, citamos a versão indiana de Krishna. De fato, é espantoso como esta história é semelhante à história do nascimento de Iehoshua de Nazaré como narrada em Mateus. Segundo a literatura indiana, quando Krishna, a oitava encarnação do deus Vishnu, nasceu da virgem Devaki, ele foi visitado por homens sábios que foram guiados até ele por uma estrela. Anjos também anunciaram o nascimento de Krishna a pastores nos campos próximos do local de seu nascimento. Quando o Rei Kansa soube do nascimento da criança, enviou homens para matar todas as crianças nas localidades vizinhas, mas uma voz celestial chegou aos ouvidos do pai adotivo de Krishna avisando-o para que tomasse a criança e fugisse através do rio Jumna. Estudos sobre religiões antigas estabelecem paralelos semelhantes à história de Zoroastro (Pérsia), Tammuz (Babilônia), Perseus e Adônis (Grécia), Hórus (Egito), Rômulo e Remo (Império Romano), Gautama (o fundador do Budismo), pois vários elementos da criança perigosa que deveria morrer podem ser observados nas histórias de todas estas religiões. Todas estas características são muitos séculos anteriores ao relato de Mateus sobre o massacre das crianças em Belém. Krishna, por exemplo, foi um salvador indiano que viveu no século VI a.e.c. Portanto, quando um estudo de religiões do mundo antigo mostra que um evento como a matança de crianças ou de inocentes parece ter ocorrido em outros lugares, percebe-se que este evento não ocorreu em lugar algum, ou na melhor das hipóteses, ocorreu apenas uma única vez e em seguida passou a ser copiado por apologistas de outras religiões. Como a história do massacre de crianças ocorreu muitas vezes muito antes da versão de Mateus, podemos concluir que tal evento não ocorreu em Belém como Mateus, e somente Mateus narrou, mas deve se tratar de uma cópia extraída de uma outra fonte. Segundo os apologistas cristãos, o sofrimento de Iehoshua de Nazaré, como narrado nos Evangelhos, pode ser encontrado em Isaías 53,1-12; a alusão à sua crucificação é encontrada no Salmo Hb 22,17; a alusão à sua ressurreição pode ser encontrada no Salmo Hb 16,10, e a alusão à sua ascensão pode ser encontrada no Salmo Hb 68,19. Contudo, o exame destas passagens em todo o seu contexto revela o mesmo problema como aquele do caso de Jeremias 31,15, ou seja, não possui conexão alguma com Iehoshua de Nazaré. Mesmo assim, vamos supor que seja possível provar o cumprimento da profecia da matança de crianças inocentes. Desta forma, quem desejar provar que esta matança ocorreu e foi realmente profetizada pelo Profeta Jeremias deve demonstrar que ele pretendia que a declaração fosse uma profecia da matança destes inocentes efetuada a mando de Herodes. Além disto, vamos supor que alguém conseguisse provar que Jeremias pretendia que a profecia fosse ocorrer em uma época bem longínqua. Esta pessoa seria obrigada a provar de forma bastante convincente que o massacre daquelas crianças em Belém pode ser comprovada como fato histórico. A ausência total de quaisquer referências a este fato da parte dos autores que comporão o Novo Testamento ou por qualquer historiador secular contemporâneo àquela época torna impossível esta tarefa. Contudo, se um fato que alegadamente é um cumprimento profético não pode ser comprovado historicamente, como é possível afirmar que se realizou profeticamente? As passagens dos Evangelhos que contêm a expressão isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo/s profeta/s somente se tornam profecias através de argumentos arbitrários dos autores dos Evangelhos, que os removeram do seu real contexto e os aplicaram em situações que julgaram ser convenientes. Se quem os removeu foram os primeiros autores ou autores tardios dos Evangelhos, não se sabe. Se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém aqui questionar. Tudo o que se concluiu com o estudo realizado dos Evangelhos é que os mesmos registram fatos que não podem ser confirmados quando confrontados com os registros do Tanach. O Cristianismo não é a única religião que alega que o seu salvador realizou milagres, foi crucificado, foi ressuscitado dos mortos e ascendeu ao céu. Escritos indianos atribuíram todas estas ocorrências a Krishna, muito antes do primeiro século da era comum. De fato, as narrativas das vidas de Iehoshua de Nazaré e Krishna, conforme relatadas nas literaturas de seus seguidores, são tão semelhantes que a conclusão que se chega é que os autores dos Evangelhos muito se inspiraram na religião de Krishna, a qual também possui, em sua teologia, características de um avatar, ou seja, de um salvador. De fato, salvadores nascidos de virgens, pessoas crucificadas e ressuscitadas são características muito comuns que estão presentes em religiões antigas. Mesmo assim, se isto não destruir os argumentos dos Evangelhos na mente dos cristãos e de judeus que se deixam levar pelos engodos do movimento messiânico, quando se referem a cumprimento de profecias por parte de Iehoshua de Nazaré, então infelizmente eles, muitos por comodidade, conveniência e outros por ignorância, estarão obviamente determinados a permanecer desta forma, independentemente do quão convincente possa ser as evidências apresentadas por aqueles que advogam o contrário. Se não foi possível provar que uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré se cumpriu, o que dizer de uma série delas, como ocorreu durante este estudo dos Evangelhos? Imagine o que dizer das profecias sobre o nascimento virginal de Iehoshua de Nazaré, os seus milagres, a sua entrada triunfal em Jerusalém, a traição de Judas Iscariotes, a sua crucificação, a sua ressurreição, a sua ascensão aos céus e o que dizer de centenas de outros supostos cumprimentos proféticos? É bem mais provável que alguém tivesse estudado as Escrituras Hebraicas e, ao interpretar algumas passagens como profecias, as tivessem aplicado a Iehoshua de Nazaré, de modo a fazer parecer que elas se cumpriram na pessoa dele. De acordo com o estudo dos Evangelhos realizados anteriormente isto foi possível. Portanto, a conclusão que nós, judeus, chegamos frente às profecias a respeito da vinda de Iehoshua de Nazaré é que os cumprimentos proféticos relativos à sua vinda, como narrados nos Evangelhos, nunca ocorreram, mas que os autores dos mesmos limitaram-se a verificar ou procurar no Tanach passagens que pudessem ser interpretadas como profecias e depois as transcreveram para os seus escritos particulares, de modo a fazer parecer que todas elas foram literalmente cumpridas. Mesmo que os alegados cumprimentos proféticos tivessem ocorrido, poderiam também ter sido efetuados deliberadamente com o objetivo de conceder a Iehoshua de Nazaré a oportunidade de alegar que ele cumpriu as mesmas e, a partir daí, elevá-lo a categoria de Mashiach. E se esta atitude foi um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, mais uma vez não convém aqui questionar.


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Parte VIII

A história da humanidade tem muitas desgraças e uma delas foi a Inquisição, na qual em nome de Iehoshua, a igreja romana e os reis da Espanha, Fernando e Isabel de Castela puseram em prática um terrível esquema de perseguição e morte aos judeus de Portugal e Espanha, cujo objetivo direto foi o enriquecimento dos reis e da igreja romana. A definição de heresia dependia da vontade da igreja romana e chacinar o inimigo foi a solução final encontrada por ela para lidar com aqueles que discordassem de suas doutrinas espúrias, fossem eles judeus, filósofos ou os reformadores protestantes. Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? Estudando a passagem dos Evangelhos de Marcos 9,33-42 e Lucas 9,46-50, observamos que em um determinado momento em que Iehoshua ensinava João, um dos seus discípulos, o interrompe narrando que tinha observado um homem expelir demônios em nome dele, Iehoshua, e que ele juntamente com os seus companheiros proibiram tal homem de exorcizar porque simplesmente não os acompanhavam em suas caminhadas. Então, Iehoshua de Nazaré advertiu a João respondendo que este tipo de proibição não se deveria fazer, pois quem não fosse contra eles era a favor deles. Estas passagens dos Evangelhos de Lucas e Marcos são incríveis, pois, em particular afirmam que mesmo que uma pessoa não acompanhe Iehoshua de Nazaré e os seus discípulos, mas ensine e expulse demônios em nome dele, Iehoshua, não deveria ser molestada. O mais incrível ainda é que na Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª a passagem referida do Evangelho de Marcos está intitulada de Humildade. Inveja.

Escândalo
, e no Evangelho de Lucas esta passagem está intitulada Lição de Humildade e Tolerância. No entanto, aqueles que discordavam das doutrinas da igreja romana sofriam as terríveis punições da Inquisição. Estudando outra passagem do Evangelho de Lucas 9,51-56, observamos que certa vez, Iehoshua de Nazaré enviou mensageiros os quais entraram em uma povoação de samaritanos para que eles pudessem conseguir uma pousada. Os samaritanos resolveram negar tal pedido, pois eles observaram que os discípulos de Iehoshua estavam a caminho de Jerusalém. Os discípulos Tiago e João, aborrecidos pelo fato dos samaritanos terem negado estadia para eles, perguntaram a Iehoshua de Nazaré se ele desejaria que eles mandassem descer fogo do céu e consumissem os samaritanos. Neste momento, Iehoshua ficou horrorizado e repreendeu-os severamente dizendo que Tiago e João não sabiam de que espírito eles eram animados.

Em seguida, afirmou que ele não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. Esta passagem do Evangelho de Lucas também é incrível, pois afirma que Iehoshua não pede que ninguém seja morto pelo fato de alguém negar uma simples hospedagem a ele e aos seus discípulos. Porém, algumas contradições nos ensinamentos de Iehoshua podem ser observadas nas passagens do Evangelho de Mateus 25,1-30, mais especificamente no versículo 30 e no Evangelho de Lucas 19,11-28. Na passagem de Mateus 25,1-30 Iehoshua de Nazaré ensina, através de algumas parábolas, a que será semelhante o reino dos céus. Em particular, na passagem que relata a Parábola dos Talentos, Iehoshua ensina que o reino dos céus será semelhante a um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. Nesta parábola, Iehoshua prossegue ensinando que tal homem ao confiar seus bens aos seus servos confiou-lhes determinada quantidade de talentos segundo a capacidade de cada servo, e que muito tempo depois, o senhor daqueles servos retornou para pedir-lhes contas. Quando os servos daquele senhor começaram a prestar contas ao seu senhor, cada um deles, segundo a sua capacidade, foi recompensado. Porém, o último dos servos se desculpou devolvendo ao seu senhor a moeda de um talento que tinha recebido. O senhor, então, julgou este servo como sendo mal preguiçoso e inútil, e que o mesmo deveria ser jogado nas trevas exteriores, afirmando que neste lugar haverá choro e ranger de dentes. Nesta parábola, podemos observar que o senhor mencionado trata-se do Eterno e os servos somos cada um nós e toda a humanidade. Os talentos são os bens, os recursos, os dons e as qualidades que o Eterno outorgou a cada um de nós desde o dia em que nascemos para serem empregados em benefício próprio e de nossos semelhantes. O tempo concedido para pôr em prática todas estas qualidades é o tempo da existência terrena. A distribuição dos talentos em quantidades desiguais, ao contrário do que possa parecer, nada tem de arbitrária e nem de injusta, pois os que recebem cinco talentos são os que têm mais experiência, os que recebem dois, são destinados a tarefas mais restritas, de âmbito familiar; e os que apenas recebem um talento não têm outra responsabilidade senão a de promoverem o progresso espiritual de si mesmos, mediante a aquisição de virtudes que lhes faltam. A exigência para o servo que recebeu cinco talentos foi de outros cinco talentos, a exigência para o servo que recebeu dois talentos foi de mais dois talentos e a exigência para o servo que recebeu apenas um talento foi de apenas um talento. Os servos que fizeram com que os talentos se multiplicassem representam os homens que sabem cumprir a Torá, empregando bem a fortuna, a cultura, o poder, a saúde e os dons recebidos. O servo que deixou improdutivo o talento, desprezando a incumbência do que lhe fora exigido, simboliza os homens que perdem as oportunidades oferecidas pelo Eterno para a sua elevação espiritual e dos demais, oportunidades estas que lhes chegam através de uma enfermidade suportada com paciência, de um grande aborrecimento sofrido sem desespero, de um filho rebelde que precisou ser tratado com especial atenção e carinho, de uma injustiça que foi sabiamente tolerada sem revolta, de um inimigo gratuito cuja traição foi suportada com ânimo, de uma condição adversa a ser superada com esforço e perseverança, etc. O terceiro servo é aplicado aos homens, que, para encobrirem suas faltas ou justificarem suas fraquezas, não hesitam em atribuir aos outros os seus fracassos. Este é o caso do servo que não se esforça para acrescentar algo ao que recebeu da misericórdia divina.

Devemos aproveitar nossos dons e talentos, pois se o Eterno nos deu algum talento é para aproveitarmos ao máximo. Não devemos esperar que o Eterno venha a nos cobrar a falta de uso de nossos talentos que deveriam ser aplicados em benefício nosso e do nosso próximo. Na realidade, o ensinamento contido na Parábola dos Talentos, narrada nos Evangelhos de Mateus 25,14-30 e de Lucas 19,11-28 não é da autoria de Iehoshua, pois este ensinamento está contido no Talmud muito antes do aparecimento dele, e também aparece repetidas vezes no Talmud sob diversas formas. Uma das variantes deste ensinamento talmúdico é que se alguém tem a oportunidade de saborear uma simples fruta e recusa-se a fazê-lo, deverá prestar contas por isto no Mundo Vindouro. Outra variante deste ensinamento está contido em um dos tratados mais conhecidos do Talmud, o Pirkê Avot do Rabi Eliezer. Nesta obra consta um ensinamento do Rabi Iaacóv, no Capítulo 4 - Mishná 16, o qual afirma que este mundo é como uma preparação para o Mundo Vindouroe que, portanto, devemos nos preparar para sermos participantes dele. Portanto, devemos refletir sobre os nossos talentos e não deixemos nenhum deles de lado. Assim, uma das preparações que o judeu que está retornando deve fazer para o Mundo Vindouro é retornar ao Judaísmo. Uma variante da parábola citada acima está contida no Evangelho de Lucas 19,11-28, a qual está intitulada Parábola do dinheiro emprestado. Porém, nesta parábola, mais especificamente no versículo 27, Iehoshua afirma que quem o odiasse e não desejasse reconhecê-lo como rei deveria ser posto em sua presença e massacrado. Nesta passagem está afirmada a maior intimidação e ameaça proferida por Iehoshua de Nazaré em todo o Evangelho. Ao que parece os decretos, anátemas, perseguições e assassinatos executados pela igreja romana foram baseados neste maldito versículo. Talvez tenha sido também através deste maldito versículo que nós, judeus, agora conseguimos responder a pergunta acima: Onde podemos encontrar indícios para tentar compreender a Inquisição, esta tamanha monstruosidade da igreja romana? O Mashiach que estamos esperando, segundo as Escrituras Hebraicas, não vem para nos ameaçar e nem para nos massacrar. Não entendemos a hipocrisia do versículo do Evangelho de Mateus 19,27 diante de uma outra passagem também do Evangelho de Mateus 11,25-30. Nesta passagem, mais especificamente nos versículos 28-30, podemos observar que Iehoshua anunciou aos seus seguidores que eles tomassem o seu jugo e recebessem a sua doutrina porque ele era manso e humilde de coração e que, desta forma, eles conseguiriam repouso para as suas almas, pois o jugo dele era suave e o seu peso era leve. Ora, se Iehoshua de Nazaré afirma anteriormente que ele é manso e humilde de coração, como, então, encontrar mansidão e humildade nele ao exigir que, caso não seja aceito como rei por outras pessoas, estas deveriam ser massacradas, como consta no Evangelho de Lucas 19,27? Onde está, então, a tolerância, a lição de humildade, a tendência em admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferenciam as pessoas umas das outras? Neste caso, os muçulmanos, os budistas, os hinduístas, os confucionistas, etc, deverão também ser massacrados, pois os fiéis destas religiões nunca aceitaram Iehoshua de Nazaré como rei. Para reforçar ainda mais a questão da suposta mansidão e humildade de Iehoshua de Nazaré, vamos examinarar as passagens dos Evangelhos de Mateus 26,47-56 e Lucas 22,36-38. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Mateus é narrada durante a prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem Judas denuncia Iehoshua de Nazaré com um beijo e, assim, entrega-o às pessoas que compunham a multidão que fora enviada pelo príncipe dos sacerdotes e anciãos do povo. Em particular, perguntamos aqui qual a necessidade de tal beijo, para que Iehoshua de Nazaré fosse reconhecido, se o mesmo já era uma pessoa conhecida do público? Mais adiante nos versículos 50 e 51 as pessoas que compunham a multidão investem contra Iehoshua de Nazaré, mas um dos seus companheiros desembainha a espada e decepa a orelha de um servo do sumo-sacerdote. Então, Iehoshua de Nazaré diz:
Jesus, no entanto, lhe disse: "Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja assim?" (Mateus 26,52-54)


Perguntamos aqui quantas vezes a igreja romana desembainhou a espada sem fornecer satisfações a alguém? Por acaso a igreja romana morreu, conforme as palavras de Iehoshua de Nazaré acima? Não. Continuou ao longo dos séculos, não só desembainhando a espada como também usando lanças. Um exemplo de tal comportamento foi o do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos. Este governador religioso disse certa vez que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada mas ele mandava desembainhar. Perguntamos também aqui, em que passagens das Escrituras Hebraicas está narrado a prisão do Mashiach? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,36-38 está narrado, com algumas diferenças, o mesmo acontecimento. O leitor deve notar que a passagem referida do Evangelho de Lucas é narrada pouco antes da prisão de Iehoshua de Nazaré. Nesta passagem, Iehoshua de Nazaré, entre outras recomendações, pede aos seus discípulos que cada um deles venda a sua capa de vestir para comprar uma espada, acrescentando que isto deveria acontecer para que se cumprisse o que foi predito pelo Profeta Isaías:
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados (Isaías 53,12)


Neste momento, alguns dos discípulos replicou mostrando que possuía duas espadas, ao que Iehoshua de Nazaré respondeu com um simples basta. Ora, se nesta passagem de Isaías está escrito que porque ele próprio deu sua vida por que, então, Iehoshua de Nazaré pede para que os seus discípulos comprem uma espada? Este dar que aparece em Isaías é condicional ou incondicional? A espada não seria, então, para lutar? Então, como fica a expressão e deixou-se colocar entre os criminosos? Alguém que precise interceder pelos culpados faria um pedido para que se comprassem espadas? Na passagem do Evangelho de Lucas 22,38 os discípulos de Iehoshua de Nazaré, conforme escrito acima retrucaram mostrando duas espadas. Alguns apologistas cristãos interpretam esta passagem afirmando que as duas espadas são os poderes material e espiritual, mas observando mais adiante no Evangelho de Lucas 22,47-51, os discípulos de Iehoshua de Nazaré perguntaram-no se eles deveriam atacar a multidão com as espadas. Como então, entender aqui as duas espadas como sendo os poderes material e espiritual? Em uma nota de rodapé da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1379 está escrito:
Basta: isto pode significar: é suficiente, ou então um movimento de humor com respeito aos discípulos: Basta disso (falemos de outra coisa)


Como esta passagem pode se referir a um tom de humor por parte de Iehoshua de Nazaré se, ao não esperar a resposta dele próprio, um dos seus discípulos, como narrado no versículo 50, tomou de sua espada e decepou a orelha direita do príncipe dos sacerdotes, e não do servo do sumo-sacerdote como narrado em Mateus 26,51? Este humor é incompreensível. Imediatamente, Iehoshua de Nazaré interveio retendo o tal discípulo pedindo para deixá-lo, e realizou uma cura na orelha do príncipe dos sacerdotes. Por quê? Será que Iehoshua de Nazaré estava com medo da multidão, já que eram muitas pessoas, e, desta forma, precisou reter o discípulo que tinha decepado a orelha do príncipe dos sacerdotes? O mais engraçado disto tudo é que alguns cristãos discordam até das notas de rodapé das próprias bíblias. Por exemplo, o presidente da Associação Cultural Montfort (http://www.montfort.org.br/), Orlando Fedeli, doutor em História pela Universidade de São Paulo, em resposta a um visitante do site de sua associação, afirma que o conteúdo das explicações escritas em notas de rodapé de muitas bíblias católicas são completamente gagá.
(http://www.montfort.org.br/perguntas/espada.html)


Segundo ele, os comentaristas destas bíblias demonstram que não são capazes de engolir espadas, que não admitem que Pedro possuía uma espada, e que Iehoshua não mandou que Pedro rejeitasse esta arma, mas pelo contrário, mandou que Pedro a guardasse, para utilizá-la , mais tarde, quando fosse o representante dele na Terra, exercendo a sua autoridade. O senhor Orlando Fedeli, baseado nos escritos dos Evangelhos,
também comentou que Iehoshua de Nazaré não mandou que o centurião romano, que era um soldado por profissão, deixasse a vida militar, a qual exigia usar a espada. Ele também afirmou que Iehoshua de Nazaré jamais proibiu que alguém fosse soldado. Por último, salientou que estas frases de Iehoshua de Nazaré doem nos pacifistas e que condenam a guerra, por princípio, que a guerra é um mal comparada com a paz, mas comparada com a injustiça, a guerra defensiva é legítima. Não foi exatamente isto que aconteceu ao longo deste dois mil anos de Era da Graça? De acordo com o que o senhor Orlando Fedeli afirmou, quantas vezes a espada foi desembainhada pela igreja romana para assassinar aqueles que pensavam diferente dela? Mais uma vez devemos nos lembrar do comportamento do Papa Nicolau V, Tomaso Parentucelli (1447-1455), que no ano de 1447 autorizou o rei de Portugal a guerrear contra os povos africanos, tomar suas terras e fazer escravos e ainda salientou que era tudo em todos, que a vontade dele é a que deveria prevalecer, e que se Iehoshua de Nazaré mandou Pedro embainhar a espada, ele mandava desembainhar. Desta forma, torna-se claro a violência da Inquisição. As discordâncias com relação ao papado e ao poder atribuído aos papas foi uma das causas que levaram à ocorrência de diversos cismas na igreja romana. O próprio Papa João Paulo II admitiu, antes da abertura do conclave, que a primazia papal tem sido um empecilho significativo em sua tentativa de aprimorar as relações com as outras igrejas cristãs, principalmente com os ortodoxos, que, segundo ele, se apartaram dos católicos desde o cisma do ano de 1054. O leitor poderá estudar este assunto na obra, em dois volumes, do teólogo e historiador católico Johann Joseph Ignaz von Döllinger, O Papa e o Concílio - Tradução e Introdução de Rui Barbosa - Editora Leopoldo Machado - Primeira Edição - Londrina (2002), a qual foi escrita no ano de 1869. De tendência episcopalista, Döllinger revelou-se contrário ao absolutismo papal, pois a sua atuação entrou em choque frontal com a igreja romana, fato que acabou acarretando a sua excomunhão, ocorrida no ano de 1871. A existência do Estado Pontifício, o Syllabus de 1864, a Teologia Neo-Escolástica, o Dogma da Imaculada Conceição e o Dogma da Infabilidade Papal são os temas que Von Dölinger aborda em sua obra, a qual assinou com o pseudônimo de Janus. Mais tarde, no ano de 1877, esta obra começou a ser traduzida para a língua portuguesa pelo escritor Rui Barbosa. Outra obra que pode engrandecer os conhecimentos do leitor é Vicars of Christ - The Dark Side of the Papacy - Crown Publishing Group - New York (1988) ISBN: 0517570270, da autoria do historiador e padre católico, Peter de Rosa.


Hoje, a maioria dos cristãos ainda não possuem noção do barbarismo e das torturas às quais foram submetidos os judeus de Portugal e da Espanha. Toda a população foi consumida pelo medo. Uma batida na porta de suas casas no meio da noite, poderia significar o início de uma morte lenta e torturante nas mãos dos inquisidores. A morte na fogueira era um espetáculo público, denominado Autos da Fé. Porém antes de serem queimadas em público, as pessoas eram torturadas privadamente. Para a tortura, em toda a Europa sabia-se que o papa possuía os melhores profissionais, que podiam obter confissões por meio de técnicas hábeis e criativas, para as quais foram inventados inclusive instrumentos próprios como a Virgem de Nuremberg, por exemplo. As pessoas cultas eram submetidas a torturas especiais como as de furar os olhos para que não mais pudessem estudar. Durante a Idade Média (anos 500 a 1700), o papado eliminou em torno de 50 milhões de pessoas, uma média de 40 mil por ano, por não se submeterem a ele.
O jugo de Roma era pesado e muito longe estava o jugo suave prometido por Iehoshua de Nazaré, se é que ele prometeu. Para qualquer um cristão ou não cristão, que conheça o Novo Testamento, as atitudes e os atos criminosos executados pela igreja romana durante a inquisição, diante do que foi narrado, estão, em alguns pontos discutidos acima, relacionados aos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, de fato. Portanto, em que pensava Roma quando aliou-se aos reis católicos da Espanha os quais decretaram a Inquisição? Em que se baseavam? Fica a pergunta. Na época, os reis da Espanha assinaram um documento dizendo que seus atos a respeito dos judeus eram uma solicitação do Criador e eles apenas foram encarregados de executá-los. Hoje, está parado no Vaticano um projeto para canonização de Isabel de Castela, maldito seja o seu nome, quem iniciou a Inquisição na Espanha. O autor do projeto é um religioso espanhol que alega ter sido Isabel uma rainha a frente de seu tempo, uma mulher de visão além de católica fervorosa. Será que a igreja romana mudou? Não. O período da Inquisição foi um período negro na história da humanidade. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A igreja romana não tem do que se alegrar. O clímax da imoralidade papal deu-se no período de 1378 a 1417, durante o qual houve mais de um papa ao mesmo tempo. Como exemplo, a França e seus aliados obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra obedeciam ao papa de Roma. Recuso-me a chamar a Inquisição de Santo Ofício ou de Santa Inquisição, pois este tenebroso acontecimento só poderia ser chamado de santo se tivesse sido inspirado pelo Eterno ou a Seu serviço. O paradoxo é que este crime contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que se declarou infalível e dona da verdade. As Cruzadas e a Inquisição mataram mais do que o nazismo na Segunda Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões de judeus. Os massacres em nome de um deus pagão vitimaram um número bem superior de pessoas classificadas de hereges, acusadas de desenvolverem uma fé contrária à da igreja romana, de não aceitarem a infalível autoridade papal e de combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância e a corrupção no clero romano. Não se tem notícia até hoje de que os assassinos do período inquisidor tenham se submetido a um tribunal internacional para responder pelos seus crimes. Um ou outro papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII, Baldassare Cossa (1410-1415), julgado e condenado pelo Concílio de Constança por 54 crimes da pior espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior virá do Eterno, Bendito Seja. O que relatamos neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a diabólica Inquisição e o que ela representou para toda a humanidade e para os judeus. Os representantes papais nunca agiram sozinhos. A igreja romana estava atrelada de tal forma aos imperadores e reis que, por vezes, não se sabia o que pesava mais em um massacre: se o motivo religioso, em que Roma defendia seus interesses, ou o político, sob a manobra dos governantes. O certo é que a parceria Igreja-Estado fabricou mais uma arma mortífera, a Inquisição. Os sanguinários inquisidores tentaram purificar a intitulada fé católica matando os que ela intitulou de hereges e, bem mais tarde, o sanguinário Adolf Hitler tentou purificar a tal raça ariana exterminando o povo judeu. Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: A igreja romana foi realmente guiada desde sua instituição, pelo Eterno? Se a resposta for negativa, então a criação da Inquisição também está plenamente justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a versão de que o Eterno guiou esta igreja desde o seu nascimento, teremos que fazer outra indagação: O Eterno justificou estes homens sanguinários para dirigirem igrejas para que estas substituíssem as sinagogas? Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores, a igreja romana põe a culpa no diabo. Por mais que desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos conter nossa perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por homens que se intitulavam, Vigários de Cristo e Infalíveis. Os crimes cometidos em nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer durante a Inquisição, foram crimes inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem ser lembrados por todos os séculos. Muitos cristãos tentam se defender ainda hoje diante dos fatos durante o tempo inquisidor argumentando que a igreja é formada por homens e que os homens erram. Mas na realidade, os homens erram desde Adão. Portanto, o problema não são os erros dos homens, mas sim o sistema religioso falso e hipócrita, as contradições do Novo Testamento, as retóricas muito utilizadas pelos filósofos gregos e etc. Eis aí apenas um esboço do que foi a diabólica Inquisição, que tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de conhecer todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante da igreja romana tem ensaiado pedidos de perdão, como no caso de Galileu Galilei. Mas nós, judeus, perguntamos: Pedido de perdão a quem? Ao Eterno? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir perdão ao Eterno em nome de um pecador. O pedido de perdão formulado pela igreja romana, através de seu líder, é na verdade um falso gesto elogiável de cunhos políticos, e que não apaga o pecado dos algozes da Inquisição. O mais engraçado disto tudo é que sites católicos tais como
http://www.cleofas.com.br/
http://www.lepanto.org.br/
http://www.montfort.org.br/
http://www.presbiteros.com.br/ e
http://www.veritatis.com.br/,
uma onda negra de desculpas repletas de hipocrisias e mentiras são escritas para um público que não conhece a história da sua religião. Neste sites, tenta-se provar com muito esforço e cinismo ridículo que acontecimentos como os da Inquisição, por exemplo, não tiveram participação da igreja romana, mas diretamente do Estado, que os números de mortos são exagerados e outras mentiras típicas da igreja romana.



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Parte VII

O nome Sefarad aparece nas Escrituras Hebraicas quando o profeta Obadias escreve:

Os exércitos de Israel deportados ocuparão as terras dos cananeus até Sarepta. Os deportados de Jerusalém em Sefarad possuirão as cidades do sul. Subirão, vitoriosos, o monte Sião para julgarem a montanha de Esaú; e ao Senhor pertencerá a realeza. (Obadias 20-21)

 

Em outras palavras, o termo em hebraico Sefarad corresponde a região onde está localizada a Espanha atual. A palavra que designa sul, na língua hebraica, é Negeve. Particularmente, esta profecia ainda não se cumpriu e que os judeus sefaraditas deverão ocupar as planície do sul do Estado de Israel. O termo sefaradita, hoje, corresponde a todo judeu que teve sua ascendência na Espanha e de lá foram para Portugal, Brasil, Turquia, Marrocos e norte da África. A população da comunidade judaica chegou a representar mais de 20% da população ibérica. Os judeus cresceram e prosperaram durante séculos. Durante este período de tempo passaram a dominar a Ciência, a Medicina, a Astronomia, a Matemática, o Comércio e deram origem aos primeiros banqueiros para empréstimos de dinheiro, inclusive para o próprio Estado. No dia 1 de novembro de 1478, o Papa Sisto IV, Francesco della Rovere (1471-1484), assinou a bula Exigit Sincerae Devotionis Affectus, através da qual foi criada a Inquisição na Espanha. Esta bula se referia às petições dos reis católicos, enfatizando normas quanto a difusão das crenças e dos ritos mosaicos entre os judeus convertidos ao Cristianismo em Castela e Aragão, ao mesmo tempo, autorizava os reis a nomear três inquisidores. Estes inquisidores eram de alto nível intelectual, pois incluíam prelados, religiosos ou clérigos seculares com mais de quarenta anos, bacharéis ou mestres em teologia, além de licenciados ou doutores em direito canônico. Eles deviam atuar nas principais cidades do reino e nas dioceses. Em outras palavras, iniciou-se uma prática regular que confirmava e legitimava a Inquisição espanhola como um tribunal eclesiástico, funcionando com poderes confiados pelo papa.

No início, o estabelecimento da Inquisição em Sevilha era modesto. Depois iniciou-se a detenção de centenas de acusados durante o primeiro mês de atividade, entre os quais se encontravam os cristãos-novos, ou seja, os judeus que eram obrigados a renunciar o Judaísmo para assumir, publicamente, a fé católica, tornando-se, assim, um novo converso. Daí o nome cristão-novo para diferenciar daquele que já era católico, o cristão-velho. Entre os cristãos-novos encontravam-se os mais ricos e nobres da cidade. Mas, muitos entre eles fugiram para outros países, como Itália, Portugal e Norte da África, evitando assim os tribunais da Inquisição que os julgariam como rebeldes, crime de infidelidade, heresia e apostasia ao sistema romano. Cada mês que se passava, novos inquisidores eram sendo nomeados, aumentando o cerco contra os judeus. A situação agravou-se ainda mais quando na noite do dia 13 de março de 1490 foi assassinado o Inquisidor-Mor Pedro de Arbués na Catedral de Saragoça. No dia seguinte uma ordem foi dada para que os conversos fossem assassinados. Os responsáveis pelo homicídio foram executados e esquartejados e o inquisidor assassinado tornou-se um santo mártir. O ódio e a perseguição se acentuava cada vez mais contra os judeus conversos. Alguns realmente se convertiam ao Catolicismo. Outros diziam conversos e continuavam os ritos e a prática do Judaísmo secretamente. E a maior parte, recusava-se a aceitar a conversão forçada e fugiram para outros países. A Inquisição na Espanha iniciou-se no ano de 1478 e durou até o ano de 1834. Em Portugal, ela iniciou-se no ano de 1536 e durou até 1821 e a Inquisição Romana foi reorganizada no ano de 1542 e foi abolida no ano de 1746. No início do século XIX, a Inquisição começou a ser abolida em diversos Estados Italianos. No Brasil, a Inquisição compreendeu o período de 1591, quando o país recebeu pela primeira vez a visita do Inquisidor oficial da Corte Portuguesa, até o ano de 1821. Mas, se considerarmos que desde o descobrimento os judeus aqui chegaram já em número significativo nas expedições do judeu Fernando de Noronha no ano de 1503, podemos afirmar que o período inquisitorial no Brasil durou mais de 300 anos.

Nos séculos XIII e XIV, até ao século XV, a igreja romana crescia e com isto a pressão sobre a conversão dos judeus também crescia, pois para os judeus serem batizados e aceitar o Catolicismo, era sinônimo de garantir um futuro aparentemente seguro, mesclando-se com os mouros, visigôdos, fenícios, romanos e celtas que também habitavam na Península Ibérica. Desta forma, um filho de cristão-novos já nascia e vivia alheio às tradições e costumes judaicos. A história nos mostra que muitos netos e bisnetos dos judeus conversos terminavam se tornando frades e padres, pois abraçavam a religião com grande obstinação, fato este peculiar à raça hebréia. O famoso Padre Vieira que fez parte da história do Brasil é um exemplo desta assimilação. Os judeus sefaraditas começaram a sofrer um processo assimilativo, tornando-se cidadãos comuns, assassinando suas raízes judaicas, abandonando a celebração do shabat e passaram a freqüentar as missas dominicais, quando não se tornavam também filhos de Maria. Mas, isto não ocorria com todos aqueles que se tornavam cristãos-novos. Uma boa parte assumia o Cristianismo somente como faixada externa e tornava-se católico relapso, passando apenas pelo batismo e daí para frente não assumia nenhum compromisso. Grande parte destes judeus vieram mais tarde para colonizar o Brasil. Até hoje na sociedade brasileira este tipo de católico é muito comum. E, finalmente, uma outra parte não significativa praticava o Criptojudaísmo, não assumindo interiormente a fé católica.

Estes também foram vítimas dos processos inquisitoriais. Lisboa ,portugal.

A terminologia pejorativa de marranos, que quer dizer porco marrão, era atribuído a estes judeus. Em meados do século XV começou a surgir na Espanha sintomas de causa e efeito das chamadas conversões forçadas. O elemento judeu converso tornava-se um problema cada vez maior para o Estado, pois passaram a ser um perigo disfarçado. O povo espanhol sabia que muitos deles eram convertidos superficialmente, no intuito de receberem proteção, direitos sociais e econômicos disponíveis aos cristãos. Um fato historicamente marcante aconteceu quando surgiu Tomás de Torquemada, grande perseguidor dos judeus. Tomás de Torquemada nasceu em Valladolid no ano de 1420 e morreu em Ávila no ano de 1498. Ele era sobrinho do Cardeal Juan de Torquemada (1388-1468), e confessor do reis Fernando e Isabel. No dia 12 de agosto de 1483, ele foi nomeado inquisidor-mor dos reinos de Castela e Leão, e logo a seguir teve sua jurisdição estendida a Aragão, Valência, Catalunha e Majorca. No ano de 1484, ele estabeleceu um código de processo de 28 artigos, mais tarde publicado sob o título de Compilación de las Instrucciones del Oficio de la Santa Inquisición - Madrid (1576). Esta compilação foi promovida pelo Inquisidor General D. Fernando de Valdes (1483-1568), quem deu a ordem para que fosse guardada em Madrid, no dia 2 de setembro de 1561, segundo consta no final do texto, o qual compreende 81 capítulos que relatam a respeito dos procedimentos inquisitórios, segundo acordo efetuado pelo Conselho Geral da Inquisição. Informações a respeito deste manuscrito bem como uma fotografia escaneada de sua capa podem ser obtidas na página

http://www.rarebooks.nd.edu/exhibits/
inquisition/images/31/

Tomás de Torquemada foi um verdadeiro carrasco e carniceiro que, a tal extremo levou o zelo inquisitorial, que os massacres comandados por ele tiveram que ser contidos pelo Papa Alexandre VI, Rodrigo de Bórgia (1492-1503). Ele foi o inspirador da medida de expulsão dos judeus da Espanha e, mais tarde o seu nome tornou-se símbolo de intolerância e fanatismo. No ano de 1469, Isabel casou-se, então, com o rei Ferdinando Aragão, em Portugal. O trio da crueldade estava formado e dez anos mais tarde os reinos estariam unidos, tendo uma causa comum, a Inquisição. Neste período havia vários decretos proibindo os judeus conversos a ocupar cargos públicos, bem como de usar ou valer-se de qualquer outro privilégio do Estado. A partir do ano de 1480, o trio Torquemada, Ferdinando e Isabel puseram em prática certas táticas de inquisição contra os judeus e conversos, instituindo os diabólicos Autos de Fé, levando estes judeus a uma degradação desumana, mostrando seu lado covarde e perverso. Surgia nesta época artefatos engenhosos para os mais variados tipos de tortura contra estes judeus. Os judeus não possuíam outra alternativa a não ser serem torturados para declarar-se judeu e optar pela confissão da maldita fé romana para escapar da morte. Os mais ricos conseguiam se livrar da morte mediante uma quantia exorbitante de dinheiro. Várias proibições aos judeus surgiram nesta época. Como muitos deles eram profissionais, não poderiam exercer suas funções de médico, advogado, tão pouco usar jóias de ouro, prata, nem seda ou até mesmo deixar a barba crescer. Os judeus não podiam receber dinheiro e nem mercadorias de qualquer espécie. Realmente, os judeus viveram terríveis momentos no período que foi de 1480 até o ano de 1492. Nestes doze anos, a miséria da comunidade judaica espanhola foi exposta ao ridículo. Já havia uma emigração deste povo para Portugal, onde a situação para estes judeus era mais amena. Finalmente, o Decreto de Expulsão dos judeus da Espanha ocorreu no dia 31 de março de 1492, promulgado pelos reis católicos. A Espanha foi envolvida por uma consciência de nacionalidade. A mácula da invasão, que por mais de sete séculos lhe inflamara o solo, desaparecia, e assim, o orgulho de sua força resultou como conseqüência uma espécie de limpeza étnica de estranhos elementos. Aos que tinham esta compreensão dos acontecimentos, a expulsão dos judeus, em seguida à dos árabes, aparecia como emancipação necessária. Assim,os Reis Fernando e Isabel, renegando o proceder dos primeiros tempos do seu reinado, e tendo ordenado a expulsão, praticaram não só um ato de fanatismo sob a égide de obedecerem à imposição do sentimento nacional. A repercussão no reino vizinho foi imediata, onde causas idênticas geraram descontentamento igual nas classes populares. Conforme dados históricos obtidos na obra intitulada História dos Judeus em Portugal - Livraria Pioneira Editora - São Paulo (1971), da autoria do historiador alemão, Rabino Meyer Kayserling, o destino e o número de judeus decorrentes da expulsão da Espanha foram: Turquia: 90.000 judeus, Holanda: 25.000 judeus, Marrocos: 20.000 judeus, França: 10.000 judeus, Itália: 10.000 judeus, América do Norte: 5.000 judeus, Portugal: 120.000judeus. Assim, o número total de judeus decorrentes do edito de expulsão foi de cerca 280.000. O número de judeus que morreram procurando um lar foi em torno de 20.000 e o número dos que foram batizados e permaneceram na Espanha foi em torno de 50.000.

Em Portugal os judeus possuíam favorecimentos da corte e eram protegidos pela fidalguia, a qual lhes tirava grandes soldos e rendimentos, além do mais, Portugal era o país vizinho mais próximo da Espanha, o qual possuía semelhanças da língua e costumes. Por isto, Portugal recebeu o maior número de judeus. Logo que foi decretado o edito de expulsão, chegou a Portugal o último Gaon de Castela, Rabino Isaac Aboab, pedir a D. João II, uma licença para se acolher em Portugal juntamente com seiscentas famílias. Entre eles se encontrava Abraham bar Samuel Abraham Zacut (1450-1522), que passou a ser médico de D. Manoel. Ele se estabeleceu no Porto, onde veio a falecer mais tarde. Segundo o escritor judeu português, Samuel Usque, autor da obra intitulada Consolação às Tribulações de Israel - Editora Calouste Gulbenkian - Lisboa (1989), foram pagos 2 escudos por cada judeu como imposto de entrada no país. Sobre o número de refugiados, são igualmente discordes as informações. Samuel Usque, que provavelmente citou tal informação por parte dos seus contemporâneos, menciona apenas as seiscentas famílias, sobre as quais versa o contrato. A obra de Samuel Usque foi publicada no ano de 1552 na cidade italiana de Ferrara. Porém, na obra do Rabino Meyer Kayserling, citada acima, consta que Abraham Zacut afirmou que o número total de judeus foi mais de 120.000, número este que não difere do número de 20.000 mil casais de judeus, como relata o escritor humanista Damião de Goes (1502-1574) em sua obra intitulada Chronica do Serenissimo Rei Dom Emanuel - Lisboa (1566). Livro a disposição na página http://bnd.bn.pt/od/hg-6770-a/
index-html/gt_toc.html
. Nesta obra, Damião de Goes relata que estas 20.000 famílias judias eram compostas de dez a doze pessoas. O historiador e eclesiástico Andrés Bernáldez (1450-1513), padre da povoação de Los Palacios, autor da obra intitulada Memorias del Reinado de los Reyes Católicos - Editada por Manuel Gómez Moreno y Juan de Mata Carriazo - Madrid (1962), afirma que o número de judeus que fugiram decorrentes do edito de expulsãoforam de: Bragança: mais de 3.000 judeus, Miranda: mais de 30.000 judeus, Vilar Formoso: mais de 35.000 judeus, Marvão: mais de 15.000 judeus, Elvas: mais de 10.000 judeus. Assim, um total de mais de 93.000 judeus que, com as que escaparam por vias ignoradas, puderam preencher o quadro dos 120.000 judeus que vieram para Portugal, somando-se a outro grande número que já viviam em Portugal antes do Edito de Expulsão. Historiadores estimam que o total de judeus que passaram habitar em Portugal chegava a quase ¼ da população portuguesa da época. Outra versão da obra de Andrés Bernáldez foi publicada em Valencia no ano de 1780. A obra é intitulada de Crónica de los Señores Reyes Católicos Don Fernando y Dõna Isabel de Castilla y de Aragon - Contexada com antiguos manuscritos y aumentada de varias ilustraciones e enmiendas - Valencia - En la imprenta de Benito Monfort - Año MDCCLXXX. Esta obra, escrita pelo cronista Hernando Del Pulgar (1430-1493), foi escaneada e está a disposição para leitura e download na Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes na página

http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/
12582063008039393087624/thm0000.htm
.

No dia 24 de dezembro de 1496, caiu sobre os judeus portugueses o decreto de expulsão, pois o rei venturoso, D. Manuel, da coroa portuguesa, casou-se com a princesa de Castela, viúva de D. Afonso. Assim, as exigências impostas pela Inquisição na Espanha passaram a vigorar também em todo o reino português. Da mesma forma que na época de D. João II, começou a surgir dificuldades para a saída de religiosos que não desejavam mudar de fé. A fronteira terrestre do lado da Espanha é fechada, e pelo mar estes religiosos ficaram impossibilitados de fugir de navio, pois o Governo não tinha colocado navios a disposição para estes refugiados. Seguiu-se, então, uma série de conversões voluntárias, batismos forçados, etc. Desta forma, fechou-se a porta à emigração em 1499, e iniciou-se a era dos cristãos-novos. Confinados em judiarias, os judeus eram obrigados a se integrarem em famílias portuguesas contra sua própria vontade. A resistência dos coagidos, por menor que fosse, foi em vão. Mesmo assim, houve perseguições e as inquisições do Santo Ofício duraram por mais de três séculos.Várias atrocidades foram cometidas contra estes judeus, que tinham seus bens confiscados, saqueados, sendo suas mulheres prostituídas e atiradas às chamas das fogueiras e as crianças eram deportadas órfãs para as ilhas da colônia portuguesa. Segundo narração de Samuel Usque em sua obra citada, uma das atitudes mais miseráveis de D. João II, no intuito de compelir os imigrantes judeus à conversão, ou de, pelo menos, trazer os ainda inocentes à fé cristã, foi a de ordenar que todas as crianças judias de dois a dez anos fossem removidas dos lares de seus pais, e transportadas à ilha de São Tomé, que havia sido descoberta, cujos moradores eram lagartos, serpentes e outros animais selvagens. A situação estava insuportável no ano de 1499. Um milagre precisava urgentemente acontecer. Os portugueses pareciam ser mais perspicazes do que os espanhóis, pois ao invés de expulsar os judeus, ainda os proibia de deixar o país, a fim de não desmantelar a situação financeira e comercial daquela época, pois os judeus eram prósperos nas finanças, muito desenvolvidos na Medicina e principalmente, na Astrologia e Navegação. Os judeus sefarditas, então, eram obrigados a viver em uma situação penosa, pois, por um lado, eram obrigados a professar a fé cristã, seus bens eram privados devido a falsas acusações, viviam humilhados e confinados em guetos naquele em Portugal. Os judeus também não poderiam retornar à Espanha, pois já haviam sido expulsos no ano de 1492, e seguir em mar aberto também era impossível, pois o oceano Atlântico era imenso. O milagre do Mar Vermelho se abrindo, como registrado na Torá Shemot, precisava acontecer novamente. Naquele momento de crise, perseguição e desespero, o Eterno, Bendito Seja Ele, abriu uma porta para os judeus. Assim, o navegador português Pedro Álvares de Cabral, atravessou o oceano Atlântico com a sua esquadra e, no dia 22 de abril de 1500, o Brasil foi oficialmente descoberto. Finalmente, após esta apresentação, o leitor desta obra, caso seja um descendente de judeus marranos e cristão-novos, está diante de duas alternativas. A primeira alternativa seria ignorar tudo o que foi escrito até agora e continuar a viver no estado religioso em que se encontra, ou seja, alheio às promessas do Eterno à Casa de Israel e continuar acreditando em Iehoshua e no Novo Testamento. A segunda alternativa é, caso o judeu descubra suas raízes judaicas, ele deverá, segundo as Escrituras Hebraicas, se identificar e restaurar suas raízes, quanto ao seu estilo de vida, pois devemos lembrar que o Eterno tem um chamado irrevogável para os filhos da Casa de Israel e que nas Escrituras Hebraicas encontramos uma série de mandamentos, estatutos e ordenanças específicos para o povo judeu. Assim, caso o retornado seja descendente de judeus, disser não a este retorno, não estaria indiretamente dizendo não ao chamado irrevogável do Eterno para os da Casa de Israel, pois o Judaísmo não possui uma fórmula para indicar nada a ninguém, a não ser deixar que cada um faça sua própria avaliação e posicione-se segundo sua própria decisão. Assim, mesmo que ele continue com sua vida cristã jamais deixaria de ser judeu, mas professar as duas religiões ao mesmo tempo não pode ser jamais admitido, pois as duas religiões são muito diferentes. Todos nó somos livres e a escolha pertence a cada um. O amor do Eterno, Bendito Seja Ele, nos permite viver no livre arbítrio. Assim, que cada judeu marrano ou judeu descendente de cristãos-novos tome a decisão que julgar melhor.

Mas, o que queremos dizer com tudo o que foi relatado até agora? Caro leitor, independente de você ser judeu, cristão ou ateu, é necessário que se entenda o que o Eterno, através das Escrituras Hebraicas, promete aos judeus o retorno à Terra Prometida, retorno que já aconteceu no dia 15 de maio de 1948, dia em que surgiu o Estado de Israel. Os judeus fiéis a Torá puderam observar naquela época que tal estado surgiu sem eles, os judeus, acreditarem em Iehoshua. Os judeus estão corretos há mais de dois mil anos em não aceitar os ensinamentos deste homem e nem terem vínculos com ele. Os fatos que passaram a se desenvolver em Israel, desde este dia, tem sido o relógio do Eterno, marcando o tempo da vinda da Era Messiânica. O mundo, hoje, não passa um dia sequer sem fornecer alguma notícia do conflito em Israel. As atenções estão voltadas para lá o tempo todo e isto está se tornando cada vez mais notável, pois Israel procura paz, mas não encontra. Os árabes bem como qualquer ser humano não pode oferecer uma paz duradoura e definitiva a ninguém, pois esta é a tarefa do Mashiach ou da Era Messiânica. Devemos lembrar que o Mashiach é chamado em Yieshayahu (Isaías) 9,1-6 como o Príncipe da Paz, e só nele Israel e a humanidade conhecerá a eterna paz. Os cristãos, quando lêem os capítulos 12 e 13 do Livro do Profeta Zacarias, tentam provar, mais precisamente através do versículo10, que o espírito de boa vontade se refere a Iehoshua de Nazaré:

Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que traspassaram, como se fosse um filho único; chorá-lo-aõ amargamente como se chora um primogênito! (Zacarias 12,10)

Na realidade, o povo judeu inteiro, nas Escrituras Hebraicas, é tratado escritural mente na forma singular. O povo judeu, devido a ser o primeiro povo a professar uma crença em um único Criador, passou a ser perseguido até hoje. Além disso, os seguidores do Cristianismo foram os que mais perseguiram os judeus e ainda o fazem até hoje. As lamentações, como narrado em Zacarias, serão feitas pelos povos que perseguiram e que ainda perseguem aos judeus. Estes povos reconhecerão finalmente as mentiras pelas quais Israel se tornou culpado. Os cristãos, em particular, ainda acusam os judeus de terem assassinado Iehoshua e desmerecem a Israel com o famigerado anti-semitismo em suas igrejas, as quais chamam de Casa do Senhor. É impressionante como há dois mil anos de rejeição a Iehoshua de Nazaré por parte dos judeus, os cristãos ainda têm dificuldade para entender que nós, judeus, devemos continuar a sermos judeus e ninguém modificará isto. Os cristãos acreditam que os judeus só reconhecerão Iehoshua de Nazaré quando os membros da igreja cristã assumirem a responsabilidade de pregar, afirmam que é urgente que todos eles levantem as bandeiras a favor da nação de Israel e pela redenção do povo judeu, que não há diferenças entre judeus e não-judeus e que todos devem esperar o retorno de Iehoshua. Teólogos e apologistas cristãos, por ignorância, citam uma passagem muito interessante da Epístola de Paulo de Tarso aos Hebreus, que diz respeito a uma Nova Aliança:

Ao nosso Sumo-sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas. Porque, se a primeira tivesse sido sem defeito, certamente não haveria lugar para outra. Ora, sem dúvida, há uma censura nestas palavras: Eis que virão dias - oráculo do Senhor - em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova. Não como a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito. Como eles não permaneceram fiéis ao pacto, eu me desinteressei deles - oráculo do Senhor. Mas esta é a aliança que estabelecerei com a casa de Israel depois daqueles dias: imprimirei as minhas leis no seu espírito e as gravarei no seu coração. Eu serei seu Deus, e eles serão meu povo. Ninguém mais terá que ensinar a seu concidadão, ninguém a seu irmão, dizendo: "Conhece o Senhor", porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior. Eu lhes perdoarei as suas iniquidades, e já não me lembrarei dos seus pecados (Jer 31,31-34). Se Deus fala de uma aliança nova é que ele declara antiquada a precedente. Ora, o que é antiquado e envelhecido está certamente fadado a desaparecer. (Hebreus 8,6-13)

O problema nesta passagem é que ela não tem nada a ver com a profecia de Yirmeyahu (Jeremias) onde está escrito que:

Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá. Será diferente da que concluí com seus pais no dia em que pela mão os tomei para tirá-los do Egito, aliança que violaram embora eu fosse o esposo deles. Eis a aliança que, então farei com a casa de Israel - oráculo do Senhor: Incurtilhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o meu povo. Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados (Yirmeyahu 31,31-34)

Esta passagem de Yirmeyahu, literalmente citada na Epístola aos Hebreus 8,6-13, interpretada como um dos cumprimento das palavras do Eterno, deu origem a expressão Novo Testamento, como se um Velho Testamento houvesse existido. Por acaso, algum judeu tendo morrido em favor de outros judeus, deixou alguma herança sua em um documento intitulado de Testamento? De forma alguma. Outros problemas, porém, também surgem aqui. Um deles é que na época de Iehoshua não mais existia a Casa de Israel, independente, que constituiu o Reino Setentrional da Terra Santa, mas apenas a Casa de Iehudah (Judá). A Casa de Iehudah permanecia em evidência, graças às promessas Divinas de preservar a Casa de Iehudah, como descritas em Hoshea (Oséias) 1,1-7; 4,15-19 e 11,1-11. As nove tribos de Israel haviam se dispersado, restando apenas as tribos de Levi, Yehudah e Benyamin, desde a época do rei Rechavam (Roboão), filho de Shlomoh (Salomão), como relatado no Capítulo 12 do II Livro das Crônicas. O Profeta Yirmeyahu, todavia, fala de uma Nova Aliança a ser feita exatamente com as Casas de Israel e de Iehuda. Daí ser necessário observar que esta profecia somente poderia acontecer quando se cumprisse uma outra profecia, a saber, a da restauração das Casas de Israel e Judá, e sua subseqüente reunificação, conforme consta em várias outras profecias. Portanto, quando Iehoshua entrou no cenário judaico, no primeiro século da era comum, já não havia a Casa de Israel, mas unicamente a de Iehuda, formada por alguns judeus da tribo de Benyamin, a qual se encontrava sob o domínio romano. Desta forma, a origem do chamado Novo Testamento, que segundo ensinam, é a Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, não tem sentido algum, porque, não existindo a Casa de Israel, não poderia Iehoshua ser o mediador desta Nova Aliança apenas com a Casa de Iehudah. A restauração das duas casas é algo a ser compreendido com a restauração das Tribos Perdidas, que é uma das missões do Mashiach, como descritas em Yieshayahu (Isaías) 49,1-6. Para compreender plenamente esta questão, é mister recordar-se que a vinda do Mashiach de Israel, o Descendente de Yishay, pai de David, como predito em Yieshayahu 11,1-12, somente ocorrerá após a Segunda Grande Teshuvah, isto é, a Segunda Reunião dos Judeus, após a segunda destruição do Beit HaMikdash (Templo Sagrado), evento que Iehoshua predisse falsamente em Mateus 24,1-2. Portanto, se Iehoshua predisse a destruição do Segundo Templo Sagrado, ele não pode ser o Mashiach, pois o Mashiach somente virá após esta destruição. Além do mais, a vinda do Mashiach somente ocorrerá após o fim da Grande Diáspora, que iniciou com a destruição do Segundo Templo. Assim, recomendamos o estudo da passagem de Yieshayahu 11,1-12. De fato, entre os grandes eventos preditos, para a vinda do Mashiach, está o retorno dos judeus à Terra Santa e a reunificação das Casas de Judá e de Israel preditas também pelos profetas Yirmeyahu 3,18; 50,4-5 e Yiechezkel 37,15-28. Outro evento marcante será o domínio de Israel sobre o Monte Moriah, lugar em que será edificado o Terceiro Templo Sagrado, terminando os dois mil anos ou os dois dias preditos pelo profeta Hoshea:

"Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra."(Hoshea 6,1-3)

Nesta época, quando os filhos de Israel retornarem à Terra Santa e, ali, restabelecerem os sacrifícios, no Terceiro Templo Sagrado, este será o penhor da Nova Aliança, que será uma Aliança de Paz. Recomenda-se que se estude as passagens de Hoshea 3,1-5 e Yiechezkel 37,15-28. De acordo estas análises, a passagem da Epístola aos Hebreus 8,6-13 é uma farsa que, sem dar-se conta do alcance e do tempo específico do cumprimento das profecias, apresenta divagações em que se confundem contradições e sofismas diversos. Um exemplo adicional desta passagem contraditória é a questão de um ser humano poder ser ensinado por outro, após a plena implantação da Nova Aliança. Os cristãos esquecem que no texto de Jeremias 31,31-34, foi predito que:

Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos - oráculo do Senhor -, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. (Jeremias 31,31-34)

Assim, quando a Aliança do Mashiach estiver em operação, a Humanidade adquirirá tão elevado conhecimento da Torá, que todos os seres humanos serão igualmente integrados à plenitude Divina e tudo funcionará para o bem comum. Recomenda-se o estudo das passagens de Yieshayhu 11,1-16 e Salmo Hb22,1-31. Através destas passagens chegamos a conclusão de que ninguém precisará mais de instrutores, pregadores, líderes religiosos e nem tão pouco de aparições de santos ou santas, como existem hoje. Nenhum homem dominará outro homem para a desgraça, como ocorreu na trajetória histórica das igrejas cristãs em todo o mundo. Ao aplicar este texto de Jeremias à Epístola aos Hebreus 8,6-13, Paulo de Tarso tentou, sem sucesso, conceder um sentido profético a esta passagem. Desta forma, ficou exposta uma fraude Neo-Testamentária do conhecido proselitismo cristão que tanto preconceito e desgraça espalhou pelo mundo.

Um exemplo do proselitismo cristão consta no Evangelho de Mateus 28,16-20. Nesta passagem, Iehoshua recomenda aos seus discípulos para que façam discípulos em todas as nações, batizando-os e ensinando-os a obedecer a tudo que ele ordenou. Nas passagens dos Evangelhos de Lucas 14,25-35 e de Mateus 10,37-38, Iehoshua chega no limite do absurdo, pois ele afirma que quem quisesse se dirigir a ele precisaria odiar pai, mãe, esposa, tudo o que possuir e até a sua própria vida, para ser seu discípulo. Além disso, ainda afirma que quem perder a sua vida por amor dele reencontrá-la-á. Os apologistas cristãos se esforçam ao máximo em explicar que o ódio presente no versículo citado significa amar menos, como está explicado na nota marginal da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - página 1369. Outra explicação que os apologistas cristãos fornecem é que, nesta passagem, Iehoshua ensina que toda mudança gera alguma conseqüência. Segundo eles, a partir do momento que passamos a compreender nossos defeitos e buscamos modificar nossas atitudes, é certo que os que convivem mais próximos de nós sentirão esta mudança e, assim, muitas vezes por ignorância ou por desconfiança, tais pessoas começam a questionar a nossa nova forma de agir. Desta forma, se, por exemplo, uma pessoa se excedia ao ingerir produtos alcoólicos, mas após começar a freqüentar uma casa de ensino religioso, adquiriu consciência de que era hora de interromper tal costume porque aquele produto estava fazendo mal para o organismo e para o espírito, então, é neste momento que a pessoa começaria a amar menos a sua vida, ou seja, sentir a reação das pessoas que o rodeiam durante a modificação dos hábitos, modificações estas que as pessoas não testemunhavam anteriormente. Portanto, segundo os apologistas, se a pessoa for perseverante ao decidir mudar a sua vida por causa da bebida, do fumo, do adultério, da desonestidade ou da violência, com certeza sentirá que deverá amar cada vez menos tais vícios devido a mudança que precisará fazer. Mas, caso não esteja firme em seus propósitos, a pessoa se destruirá. Desta forma, explicam os apologistas, que Iehoshua exige discípulos perseverantes, que mudem de comportamento por causa do excesso de bebida alcoólica, da desonestidade, do adultério, etc., e isto significa odiar pai, mãe, esposa, tudo o que possuir e até a própria vida para ser seu discípulo. Embora a lição de vida interpretada pelos apologistas, em parte, esteja correta, há um pequeno equívoco: Se, como vimos, a Nova Aliança, como predita em Jeremias 31,31-34, proíbe o ensino de cada um ao seu próximo e ao seu irmão, como é possível na Era Messiânica o Mashiach ensinar, formar discípulos e exigir que para alguém se tornar discípulo dele, seria necessário modificar o comportamento inadequado por causa do excesso de bebida alcoólica, da desonestidade, do adultério e etc? Assim, como é possível identificar o Novo Testamento com a Nova Aliança judaica? O mesmo equívoco surge na passagem do Evangelho de Mateus 10,34-36. Nesta passagem, Iehoshua afirma que ele não veio para trazer paz, mas a espada, a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e que os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. Os apologistas cristãos tentam explicar nesta passagem que a espada significa a luta que cada pessoa trava contra o homem velho que existe dentro de cada um de nós, e que esta luta não é fácil de ser vencida. Segundo eles, este homem velho é a nossa personalidade egocêntrica e orgulhosa. Assim, esta luta requer muito esforço próprio e, somente após esta luta, é possível a paz de espírito, a tranqüilidade de consciência que procuramos. Conseqüentemente, todo o restante será melhorado, seja no âmbito emocional, mental, profissional ou familiar. Embora esta interpretação apresentada pelos apologistas cristãos, em parte, esteja correta, há também o mesmo equívoco apresentado anteriormente. Como a Nova Aliança, predita em Jeremias 31,31-34, estabelece a proibição do ensino de cada um ao seu próximo, como é possível então que somente na Era Messiânica o Mashiach convidar uma pessoa a melhorar de vida? Além do mais, na perspectiva profética, não serão os judeus que procurarão os gentios, nos dias finais da História, mas os gentios é que procurarão os judeus, para servirem ao mesmo Criador, após a construção do Terceiro Templo Sagrado, no Monte Moriah, em Yierushalayim. Para isto, devemos estudar Yieshayahu 2,1-5; 56,1-8 e Zecharyah 8,20-23. Na realidade, no tratado talmúdico do Pirkê Avot do Rabi Eleizer, Capítulo 6 - Mishná 6, é ensinado que a Torá é maior que o sacerdócio ou a realeza porque a realeza é adquirida junto com 30 condições e o sacerdócio é adquirido com 24 condições. Mas para alguém adquirir a sabedoria proveniente do estudo da Torá, são exigidas 48 condições: estudo, escutar atentamente, articular verbalmente o que foi estudado, ter percepção ou compreensão do coração, reverência, temor, modéstia, alegria, pureza, servir aos sábios, possuir vínculos estreitos com os colegas, debater perspicazmente com os alunos, sobriedade, ter conhecimento do Tanach e da Mishná, reduzir ao mínimo a atividade comercial e a ocupação com questões mundanas, ser tolerante ao mínimo no prazer mundano, dormir pouco, conversar pouco, sorrir pouco, ser lento para a ira, ter um bom coração, ter fé nos sábios, aceitar o sofrimento, ser consciente do seu próprio lugar, ser feliz com o que tem, fazer uma cerca em torno de suas palavras, não reivindicar créditos por suas realizações, ser amado, amar ao Eterno, amar às suas criaturas, amar os caminhos da retidão, amar a justiça, amar a repreensão, manter-se afastado das honrarias, não ser arrogante, não ter prazer ao proferir decisões da Halachá, compartilhar o fardo com o seu próximo, julgar favoravelmente considerando sua inocência antes de sua culpabilidade, colocar-se no caminho da verdade, colocar-se no caminho da paz, ser meticuloso no estudo, perguntar e responder, escutar aprendendo e somar ao seu conhecimento adquirido, aprender para ensinar, aumentar a sabedoria de seu mestre, compreender adequadamente o sentido daquilo que se aprende, e citar uma idéia ou conceito citando o nome do seu autor. Os cristãos não podem continuar nesta ignorância a respeito das profecias quanto a Israel. Chegou a hora dos descendentes dos judeus marranos e cristãos-novos restaurarem as raízes judaicas de sua fé. Os cristãos precisam estudar as Escrituras Hebraicas no contexto do pensamento judaico e não no contexto ocidental. Os cristãos precisam entender que o Novo Testamento é um conjunto de livros que estão repleto de filosofias gregas e acrescidas de características de divindades cultuadas por outros povos. Por outro lado, o povo judeu precisa retornar para sua Torá, para o Tanach e para o Talmud, com o objetivo de conhecer quais as eternas profecias que estão reservadas para eles.11419591690?profile=original

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Mentiras a sequencia

Por outro lado, é muito interessante a narrativa dos acontecimentos durante a última ceia, como relatado no Evangelho de Mateus, em que Iehoshua de Nazaré responde aos seus discípulos sobre quem o iria trair:

Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. Durante a ceia, disse: “Em verdade vos digo: um de vós me há de trair.” Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: “Sou eu, Senhor?” Respondeu ele: “Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. O Filho do homem vai, como está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!” Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: “Mestre, serei eu?” – “Sim”, disse Jesus. (Mateus 26,20-25)

O autor desta passagem do Evangelho de João tenta relacionar esta última com a passagem do Salmo Hb 41,10, mas tal passagem se trata de uma queixa de Davi a respeito da traição de Aquitofel. Diante disto, torna-se claro que a passagem do Salmo Hb 41,10 não é uma profecia, mas uma oração oriunda de um fato histórico: A Conjuração de Absalão. Desta forma, é impossível relacionar tal fato a Iehoshua de Nazaré, como insistem os apologistas cristãos para poder dar suporte aos seus dogmas. Como mencionado anteriormente, Davi foi traído por Aquitofel, conforme narrado em II Samuel 15,12.31. O destino da vida de Aquitofel foi enforcar-se, como é narrado em II Samuel 17,23. Outras passagens que relatam suicídio nas Escrituras Hebraicas são encontradas em Juízes 9,50-57; I Samuel 31,1-7; II Samuel 17,23 e I Reis 16,15-20. As passagens de Mateus 27,1-10 e Atos dos Apóstolos 1,15-20 parecem ser inspiradas em II Samuel 17,23, mas narradas de forma diferente. Em Mateus 27,5 está relatado que Judas Iscariotes, após se retirar da presença dos príncipes dos sacerdotes e anciãos, foi se enforcar. Entretanto, em Atos dos Apóstolos 1,15-18 está relatado que Judas Iscariotes, após tombar para frente, arrebentou-se pelo meio e todas as suas entranhas se derramaram, mudando-se, desta maneira, a versão de Mateus 27,5 a respeito da morte de Judas. Desta forma, o autor desta passagem do Evangelho de Mateus transferiu a forma de como Aquitofel morreu para Judas Iscariotes, de modo que o Salmo Hb 41,10 obtivesse respaldo de uma profecia quando, na realidade, se trata de um fato histórico. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 15,23-25 com referência ao Salmo Hb 35,19 e Salmo Hb 69,5

João 15,23-25: “Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Sal 34,19; 68,5).”

Salmo 35,19-21: Não se regozijem de mim meus pérfidos inimigos, nem tramem com os olhos os que me odeiam sem motivo, pois nunca têm palavras de paz: e armam ciladas contra a gente tranqüila da terra escancaram para mim a boca, dizendo: “Ah! Ah! Com os nossos olhos, nós o vimos!”

Salmo 69,5: Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça os que me detestam sem razão. São mais fortes que meus ossos os meus injustos inimigos.

O rei Davi teve um grandioso reinado, porém turbulento, mas jamais deixou de se ocupar do estudo da Torá. Conta-se que todos os dias, sempre após o término de suas funções de rei, passava a noite estudando e depois da meia noite, começava a compor cânticos, súplicas e louvores ao Eterno, Bendito Seja, até o amanhecer. Desta reverência ao Eterno surgiu sua obra sagrada chamada Salmos. Durante as batalhas e muitas vezes em fuga, na aflição e na angústia do deserto, sentia a alegria da proximidade com o Eterno e com a presença da Shekinah fluíam de seus lábios os versículos. Davi era descendente da tribo de Judá, portanto predestinado a ser rei. As tragédias de seu povo eram as suas próprias tragédias. A palavra Salmo em hebraico é Tehilim que significa Hino, porém a palavra hebraica mais usada é Mizmor. Portanto, os Salmos são cânticos, louvores ao Criador, pedidos de perdão, súplicas que revelam o sofrimento e as alegrias do rei Davi e de seu povo, incluindo as guerras, tanto com o rei Saul como com o rei Absalão, seu filho. Os Salmos também narram a vida deste povo no deserto, nos oásis, suas tendas, os pastores que orientavam seus rebanhos, as imagens de Jerusalém, com seus palácios e torres do magnífico Templo Sagrado. Davi, nos Salmos, deixa o temor aos céus e ao estudá-los a alma do homem se comunica com as forças superiores, originando a Teshuvah, ou seja, o retorno do homem ao Eterno. O trabalho espiritual realizado com os Salmos provoca a regeneração do homem, e eles se tornam uma riqueza espiritual para ele. O Eterno inspirou estes sentimentos, para que seus filhos tenham ante Ele a atitude de veneração e respeito necessária a todo aquele que deseja unir o céu com a terra e galgar os degraus da luminosa Escada de Jacó.

De acordo com a tradição os Salmos, na versão grega, atribui 73 Salmos a Davi, 12 a Asaf, 11 aos filhos de Coré, e os outros a Salomão e Moisés. Portanto o Livro dos Salmos consta de cinco partes ou livros, tal como a Torá. Moshê transmitiu à humanidade a Torá, ou seja, a palavra do Eterno, segundo o Judaísmo. Alguns Salmos são de difícil entendimento ou de verificar a continuidade entre um e outro, súbitas exclamações, uns rogando por salvação, outros mostrando a aflição do momento, mas nestes instantes de dor ou de angústia vemos a fé, a alegria e o louvor ao Criador. Davi compôs o Salmo 6 estando muito doente, doença esta que enfraquecia seu corpo, mas como homem íntegro e dedicado ao Eterno, aceitou as suas dores como meio de libertar a sua alma do pecado e da agitação. Portanto este salmo é a súplica de um doente ao Criador. O Salmo 8 anuncia a libertação para o mundo, a redenção para todos os males físicos e morais, e a restauração para toda a decadência física. O Salmo Hb 23 foi composto por Davi quando ele estava fugindo do rei Saul e seu exército, e se refugiou em uma floresta estéril e seca, mas o Eterno, Bendito Seja, não o abandonou. O Salmo Heb 91 foi composto por Moshê, que o dedicou à tribo de Levi.

Em João 15,23-25 existe algo que não condiz com a realidade. Trata-se da expressão está escrita na sua lei, a qual é atribuída a Iehoshua de Nazaré. A palavra Lei refere-se a Torá, e a profecia citada em João 15,23-25 não se encontra na Torá, mas no Salmo Hb 35, mas, na realidade, não se trata de uma profecia. Este salmo é uma oração de agradecimento que Davi fez ao Eterno, por ter ficado livre de Abimelec, que o perseguia, e para se livrar dele Davi se fingiu de louco. Em particular, os versículos 12-23 representam um grande ensinamento centrado no temor ao Eterno. Trata-se de reconhecer que Ele é poderoso, e que o homem não pode substituí-lo. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Esta é a luta que constrói a paz. Nesta luta o Eterno toma partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, o Eterno se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem. Com certeza, este salmo demonstra tratar-se de um fato relacionado ao próprio Davi. Ainda em relação a este salmo, Davi pede ao Eterno que o livre e traga destruição sobre os seus inimigos (Versículos 1-10), lamenta o ódio não justificado de seus inimigos contra ele (Versículos 11-16) e volta a solicitar ao Eterno livramento e justiça (Versículos 17-28). Em relação aos versículos 1-10 deste salmo, perguntamos aqui: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem destruídos? É provável também que este salmo tenha sido compôsto em uma época em que Davi estava sendo perseguido por Saul (I Samuel 24,15). A oração que Davi faz não está direcionada contra o próprio Saul, pois Davi poupara a sua vida, mas a oração é destinada contra aqueles que fomentavam o ciúme doentio que Saul sentia de Davi. Foi um fato histórico vivido por Davi, não uma previsão para uma ocorrência futura. Já o Salmo Hb 69 mostra o desespero de Davi durante a perseguição (Versículos 1-12), seu desejo de punição para seus inimigos (Versículos 13-28), e sua declaração de louvor (Versículos 29-36). Em relação aos versículos 13-28 deste salmo, perguntamos mais uma vez: Por que Iehoshua de Nazaré também não pediu para que os seus inimigos fôssem punidos? Portanto, nenhuma das duas citações dos salmos mencionados em João 15,23-25 trata de uma profecia. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 17,12 sem referência aos livros proféticos

João 17,12: Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incubiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56 e Marcos 14,47-50, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 17,12 que possa se enquadrar nela. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 18,8-9 sem referência aos livros proféticos

 

João 18,8-9: Replicou Jesus: “Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.” Assim se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 71,12).

Esta passagem do Evangelho de João é idêntica a de Mateus 26,55-56, Marcos 14,47-50 e João 17,12, ou seja, não é informada qual profecia se refere esta passagem. Nada pode ser encontrado nesta passagem de João 18,8-9 que possa se enquadrar nela, e nem tampouco se conhece a existência da Escritura Jo 71,12. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,23-24 com referência ao Salmo Hb 22,19

João 19,23-24: Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será.” Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sal 21,19).

Salmo Hb 22,19: repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.

A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 27,35 e pode também ser realizada com o Estudo de Mateus 26,30-35 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 19,31-36 com referência a Êxodo 12,46 e Zecharyah 12,10

João 19,33-36: Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água. O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais. Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Êxodo 12,46). E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zac 12,10).

Êxodo 12,46: O cordeiro será comido em uma mesma casa: tu não levarás nada de sua carne para fora da casa e não lhe quebrarás osso algum.

Zacarias 12,10: Suscitarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de de boa vontade e de prece, e eles voltarão os seus olhos para mim. Farão lamentações sobre aquele que transpassaram, como se fosse um filho único; chora-lo-ão amargamente como se chora um primogênito!

É incrível como os apologistas tentam relacionar determinadas passagens dos livros proféticos como sendo profecias, quando na realidade não são. Na realidade são fatos históricos e não profecias relacionadas a algum evento futuro. A passagem de Êxodo 12,46 não pode ser tomada isolada do seu contexto, pois desta forma estaríasse distorcendo o seu real sentido, como fizeram e fazem os apologistas cristãos para que passagens como estas se moldem ao que desejam. Portanto, vamos iniciar a partir do versículo 43:

 

O Senhor disse a Moisés e Aarão: “Eis a regra relativa à páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela; todo escravo adquirido a preço de dinheiro, e que tiver sido circuncidado, comerá dela, mas nem o estrangeiro nem o mercenário comerão dela.” (Êxodo 12,43-45)

Somente a partir daqui é que devemos prosseguir com o versículo 46, já citado. Nesta passagem estão as determinações do Eterno a respeito de como os judeus deveriam celebrar a Páscoa, com instruções bem específicas a respeito dos cordeiros, que deveriam ser mortos para serem comidos durante a celebração. É em relação a estes cordeiros, que o Eterno determina que nenhum dos seus ossos deve ser quebrado (Examinar os capítulos 1-11,16,17 e de 21-22 do livro de Levítico relatam como devem ser efetuados os sacrifícios expiatórios). Diante disto, os apologistas cristãos utilizam esta passagem do Evangelho de João para afirmar que, através de sua morte, Iehoshua de Nazaré passou a ser interpretado como o cordeiro pascal mencionado em Êxodo 12,43-45, e que foi morto para expiar o pecado de todos os judeus e não-judeus. Para demonstrar que isto não é verdade devemos saber que

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Amasias tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar. Reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadã, e era de Jerusalém. Fez o bem aos olhos do Senhor, mas não com um coração inteiramente devotado. Desde que se sentiu seguro de seu poder real, mandou matar aqueles servos que tinham assassinado o rei, seu pai. Mas não mandou matar os filhos deles, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, onde o Senhor ordena: Os pais não serão mortos por seus filhos, nem os filhos por seus pais: cada um morrerá por seu próprio pecado. (II Crônicas 25,1-4)

“Perguntais por que não leva o filho a iniqüidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a eqüidade, e, como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá. É o pecador que deve perecer. Nem o filho responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará sua justiça, e ao mau a sua malícia. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer. Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.Terei eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva? E, se um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.” (Ezequiel 18,19-24) É recomendado que se estude todo o capítulo 18 do livro de Ezequiel.

Mas nenhum homem a si mesmo pode salvar-se, nem pagar a Deus o seu resgate. Caríssimo é o preço de sua alma. Jamais conseguirá prolongar indefinidamente a vida e escapar da morte, porque ele verá morrer o sábio, assim como o néscio e o insensato, deixando a outrem os seus bens. O túmulo será sua eterna morada, sua perpétua habitação, ainda que tenha dado a regiões inteiras o seu nome, pois não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate. (Salmo Hb 49,8-13)

Diante do que observamos acima, um pai alcoólatra e com sífilis, certamente irá transmitir aos seus filhos as conseqüências do pecado, mas não o pecado em si. Um pai ou uma mãe aidética transmitirá a enfermidade para o filho no ventre, mas não o pecado em si. O que se transmite, hereditariamente, são os efeitos do pecado e não o pecado em si. Mas a atitude de cada pessoa é de responsabilidade dela. A Torá nos ensina que:

 

Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. (Deuteronômio 24,16)

Observamos, assim, que o Eterno não permite que os filhos, que não possuem culpa, herdem as maldades dos pais, em termos espirituais, a ponto de morrerem por causa de seus antepassados. Por ironia, vale a pena acrescentar o que o próprio Iehoshua de Nazaré afirmou a respeito dos sacrifícios:

Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: “Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?” Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” (Mateus 9,10-13)

Atravessava Jesus os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para come-las. Vendo isto, os fariseus disseram-lhe: “Eis que teus discípulos fazem o que é proibido no dia de sábado.” Jesus respondeu-lhes: “Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros, como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição? Ora, nem a ele nem àqueles que o acompanhavam era permitido comer esses pães reservados só aos sacerdotes. Não lestes na lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, eu vos declaro que aqui está quem é maior que o templo. Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do homem é também senhor do sábado.” (Mateus 12,1-8)

“Vinde, voltemos ao Senhor, ele feriu-nos, ele nos curará; ele causou a ferida, ele a pensará. Dar-nos-á de novo a vida em dois dias; ao terceiro dia levantar-nos-á, e viveremos em sua presença. Apliquemo-nos a conhecer o Senhor; sua vinda é certa como a da aurora; ele virá a nós como a chuva, como a chuva da primavera que irriga a terra.” Que te farei, Efraim? Que te farei, Judá? Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa. Por isso é que os castiguei pelos profetas, e os matei pelas palavras de minha boca, e meu juízo resplandece como o relâmpago, porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,1-6)

Assim, diante da passagem porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos. (Oséias 6,6) , citada por Iehoshua de Nazaré em Mateus 9,13 e em Mateus 12,7, como, então, os apologistas cristãos ensinam que a morte de Iehoshua de Nazaré foi um sacrifício expiatório pelos pecados cometidos pelos judeus e não-judeus antes e depois dele? O cordeiro mencionado em Gênesis 22,13, que tomou o lugar de Isaac, foi chamado de cordeiro do holocausto. Etimologicamente, a palavra holocausto significa elevação, o que ascende, em referência à fumaça que se desprende do sacrifício, uma vez inteiramente consumido. Como mencionado em Deuteronômio 24,16 cada um morrerá pelo seu próprio pecado, pois somente o Eterno é quem pode perdoar os pecados.

Desta forma, para que Iehoshua de Nazaré fôsse o cordeiro do holocausto, como desejaram os apologistas cristãos, seria necessário transformá-lo em Filho de Deus. Para isto, seria necessário que estes apologistas ensinassem que Maria, mãe de Iehoshua de Nazaré, o concebeu por ação do Espírito Santo, ou seja, sem ter relações sexuais com José, seu esposo, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Assim, a virgindade de Maria passou a constituir um dogma da igreja romana.

Com o passar dos séculos, os cristãos, através do Símbolo Apostólico, confessaram que Iehoshua de Nazaré nasceu da Virgem Maria. Bem mais tarde, através do Credo Niceno-Constantinopolitano, os cristãos passaram a afirmar que Iehoshua de Nazaré se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. Inácio de Antioquia (50-117), também chamado Theophorus (ho Theophoros), atestou que o Filho de Deus verdadeiramente nasceu de uma Virgem. Uma das primeiras discussões a respeito de Iehoshua de Nazaré começou com o teólogo líbio e sacerdote no Egito, Arius de Alexandria (250-336) . Segundo ele, o Filho de Deus, o Verbo, o Logos, era mera criatura do Criador, e não co-eterno com Ele e de Sua mesma substância. Embora repleta de Platonismo, assim como os escritos de Paulo de Tarso, sua doutrina sustentava que só o Criador é eterno, imutável, incriado, divino. Para ele, o Filho é a primeira das criaturas, a mais excelente delas, e de uma substância diferente da substância do Criador. Não há Trindade, no pensamento ariano de tal forma que o Filho é uma criatura excelsa que se encarnou em Iehoshua de Nazaré, tomando o lugar de sua alma. Mas a Encarnação na visão ariana não significa que o Criador assumiu natureza humana, mas apenas a natureza da matéria, ou seja, da carne humana, deixando de lado a alma, que, segundo ele, era mera animação do corpo de Iehoshua de Nazaré, função esta do Filho, do Verbo. Por fim, Arius ensinava que Iehoshua de Nazaré não era o Criador quem assumiu a tal carne humana, uma vez que o Filho também não é o Criador. Tanto sucesso teve esta teologia de Arius, que Jerome (340-420), o tradutor da Bíblia para o latim (a Vulgata), chegou a afirmar que o mundo todo passou a ser ariano. Ao longo das discussões em torno das idéisa de Arius, destacou-se Athanasius (296-373), Bispo de Alexandria. Na época em que iniciou seu apostolado em prol da fé na divindade do Filho, Athanasius de Alexandria era diácono, secretário de Alexandre (?-326), Patriarca de Alexandria. Devido aos seus trabalhos teologais, alguns pontos da religião cristã começaram ser definidos através de dogmas no Concílio de Nicéia, no ano de 325. O Filho e o Criador, segundo as decisões dogmáticas do concílio, são consubstanciais, isto é, possuem a mesma substância, são ambos divinos. Assim, Iehoshua de Nazaré foi interpretado não como um simples homem animado por um outro ser espiritual, mas ele é o mesmo que este ser espitual. Mais do que isto, não apenas Iehoshua de Nazaré é uno com ele, como é uno com o Criador. Iehoshua de Nazaré é o próprio Criador. Ele não é um modo de agir do Criador, como ensinavam os sabelianistas, os quais negavam a Trindade para demonstrar a Unidade, mas uma outra pessoa, distinta, embora igualmente divina, e ainda que não seja um outro Criador. O Concílio de Nicéia foi o primeiro sínodo geral, e nele se proclamou a Trindade e a Unidade no Criador, conforme foi reafirmado mais tarde nos concílios de Constantinopla, Éfeso, Calcedônia e Florença. Em particular, o Concílio de Calcedônia, no ano de 451, declarou que Iehoshua de Nazaré nasceu de Maria Virgem. No ano de 553, o II Concílio de Constantinopla declarou que Iehoshua de Nazaré encarnou-se da gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria. O Concílio de Latrão preconizou como verdade a Virgindade Perpétua de Maria, no ano de 649, afirmando que seria condenado aquele que não confessasse, segundo os Santos Padres, que a santa e sempre Virgem e Imaculada Maria seja, no sentido próprio e segundo a verdade, Mãe de Deus que concebeu do Espírito Santo, o próprio Deus Verbo nascido do Pai antes de todos os séculos, sem o auxílio de sêmen, e deu à luz sem corrupção, permanecendo virgem antes, durante e depois do parto. Na Bula Papal intitulada Cum Quorumdam Hominum, datada de 7 de agosto de 1555,

o Papa Paulo IV, Gianpetro Caraffa, (1555-1559), afirmou que Maria é Sempre Virgem, isto é, que é virgem antes, durante e depois do parto de Iehoshua de Nazaré. Liderando a Contra-Reforma, este papa implantou os guetos judeus, primeiramente na Itália e, depois, no Império Austríaco. Assim, como podemos comprovar, a divindade de Iehoshua de Nazaré não passa de uma decisão puramente humana.

Para finalizar, a análise de João 19,31-36já foi realizada no Estudo de Mateus 26,30-35. Porém vale a pena acrescentar, em relação à passagem de Zacarias 12,9-13, que o primeiro ato exigido para os judeus retornarem para o Eterno é reconhecê-lo como Único e Absoluto. Isto explica o significado da expressão voltarão os seus olhos para mim. O segundo ato exigido é reconhecer os pecados de idolatria cometidos. Como mencionado no Estudo de Mateus 26,30-35, o termo transpassado designa o próprio povo judeu que, devido aos seus pecados cometidos, sofreu a punição do exílio. Portanto, está claro que o termo transpassado é o próprio povo judeu e não uma profecia a respeito de Iehoshua de Nazaré. Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João.

Estudo de João 20,6-9 sem referência aos livros proféticos

João 20,6-9: Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

 A análise desta passagem do Evangelho de João já foi realizada no Estudo de Mateus 16,21-23 , no Estudo de Mateus 17,21-22 , no Estudo de Mateus 20,17-19 , no Estudo de Mateus 20,24-28 , no Estudo de Marcos 8,31-33 , no Estudo de Marcos 9,30-32 , no Estudo de Marcos 10,32-34 , no Estudo de Lucas 9,22 , no Estudo de Lucas 9,43-45 , no Estudo de Lucas 18,31-34 , no Estudo de Lucas 24,5-8 , no Estudo de Lucas 24,25-27 , no Estudo de Lucas 24,44-49 e no Estudo de João 2,22 . Assim, torna-se evidente mais uma fraude no Evangelho de João. 11419591475?profile=original

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Segue-se agora um extrato da Confissão de Conversão Obrigatória de um Judeu ao Cristianismo.

Eu, aqui e agora, renuncio a todo rito e observância da religião judaica, detestando todas as suas mais solenes cerimônias e dogmas, os quais outrora eu guardei e mantive. No futuro, eu não praticarei nenhum rito ou celebração relacionada com essa religião, nem qualquer costume do meu erro passado, prometendo não busca-la ou cumpri-la. [Eu] prometo nunca retornar ao vômito da superstição judaica. Nunca mais eu realizarei nenhum dos ofícios das cerimônias judaicas as quais eu fui ligado, nem nunca mais as apreciarem. [Eu] evitarei todo relacionamento com outros judeus, e manterei meu círculo de amizades entre apenas outros cristãos. [Nós não] nos associaremos com os judeus amaldiçoados, que se mantém sem batismo. Nós não praticaremos a circuncisão carnal, ou celebraremos a páscoa, os sábados, ou outros dias de festas relacionadas com a religião judaica. Com relação à carne de porco, prometemos observar a seguinte regra: De que se devido a um antigo costume, não somos capazes de come-la, não iremos por melindre ou erro, recusar as coisas que são cozidas com ela. E se em todos os pontos tratados acima fomos achados culpados de qualquer forma. [então] aqueles entre nós que forem achados culpados, ou perecerão pelas mãos de nossos companheiros, por fogueira ou apedrejamento ou, [se nossas vidas forem poupadas], perderemos imediatamente nossa liberdade, e vocês nos entregarão juntamente com toda nossa propriedade a quem lhes convier para a escravidão perpétua. [Eu] renuncio a toda adoração dos hebreus, à circuncisão, todos os seus legalismos, pão na levedado, a páscoa, o sacrifício de cordeiros, as festas das semanas, os jubileus, as trombetas, a expiação, os tabernáculos, e todas as outras festas hebraicas, seus sacrifícios, orações, aspersões, purificações, expiações, jejuns, sábados, luas novas, comidas e bebidas. E [eu] renuncio a todo costume e instituição das leis judaicas. Em uma palavra, eu renuncio a absolutamente tudo o que é judeu. Juntamente com os antigos, eu
excomungo também os rabinos chefe e os novos doutores malignos dos judeus. Se eu me desviar do caminho reto em qualquer modo e profanar a santa fé, e tentar observar a qualquer rito da seita judaica, ou se eu enganar a vocês, de qualquer forma, nos juramentos desse voto. Então que caiam todas as maldições da Lei sobre mim. Caiam sobre mim, sobre minha casa, e todos os meus filhos, todas as pragas que feriram o Egito, e para o horror de outros, que eu sofra em acréscimo, o destino de Data e Abirão, ou seja, que a terra me engula vivo, e depois de eu ter sido privado desta vida, serei ainda entregue ao fogo eterno, na companhia do diabo e seus anjos, compartilhando com os habitantes de Sodoma, e com Judas a punição do fogo; e quando eu chegar diante do tribunal do temível e glorioso juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, possa eu ser contado naquela companhia a quem o glorioso e temível juiz, com semblante ameaçador dirá: Apartai vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.

A história comprova que, nós, judeus, continuamos rejeitando Iehoshua de Nazaré e o Cristianismo.

Por que?

 Porque nós somos simplesmente judeus, vivemos o Judaísmo e temos nossas próprias convicções.

 Quando nós, judeus, somos sistematicamente questionados por não aceitarmos Iehoshua de Nazaré, respondemos com argumentos que, embora sejam bastante violentos, têm o objetivo de apenas esclarecer a posição judaica.

 Ao longo desta série de textos tornar-se-á inevitável, com esclarecimento histórico, que algumas denominações religiosas se sintam atacadas.

Não depreciamos as outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão o Judaísmo não faz proselitismo como muitas denominações religiosas.

Para isto, vamos começar analisando o Novo Testamento.

O chamado Novo Testamento é constituído
de 27 livretos dos quais, quatro, os Evangelhos, são supostos relatos sobre a vida e os supostos ensinamentos de Iehoshua de Nazaré, 21 cartas, cuja autoria é atribuída aos primitivos discípulos de Iehoshua de Nazaré, porém, a maioria teria sido ditada pelo apóstolo Paulo, um judeu convertido posteriormente à seita dos nazarenos. Há um livro chamado de Atos dos Apóstolos, relatando alguns fatos e atividades dos discípulos após a morte do seu líder, e um livro místico, chamado Apocalipse. Tais livros formam o fundamento do Cristianismo e são apresentados à humanidade como a última Palavra do Eterno, em substituição à Torá e aos Profetas. No entanto, a patente contradição do chamado Novo Testamento com a Torá, por si só, já é suficiente argumento para refutar sua origem Divina, pois está escrito:

Vossa justiça é eterna é justiça eterna; e é firme a vossa Lei. (Salmo Hb119,142)

Assim, os cristãos devem concordar que qualquer luz de conhecimento posterior ao que foi revelado do Sinai deve, necessariamente, concordar com os escritos do maior profeta do Eterno, Moshe Rabênu (Moshe, nosso Mestre), sobre quem a mesma Torá declarou:

Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face. (Ninguém o igualou) quanto a todos os sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer na terra do Egito, diante do faraó, de seus servos e de sua terra, nem quanto a todos os feitos e às terríveis ações que ele operou sob os olhos de todo o Israel. (Torá Devarim) deuteronômio: 34,10-12).

 Ver também Torá (Shemot 33,11 )êxodo e Torá (números)Bamidbar 12,6-8.



Quando este texto foi escrito, ressaltando a autoridade Divina, conferida a Moshê, de forma preponderante, Israel ainda não existia como Estado.

 Só mais tarde, portanto, o Eterno, inaugurou a era dos profetas.

A expressão não se levantou mais, no verbo passado, é dada como fato consumado e definitivo, a ressaltar a impossibilidade de surgir, no futuro, um profeta mais qualificado do que Moshê.

A partir de então, todos os profetas do Eterno fundamentaram seus anúncios nas palavras que foram reveladas a Moshe, subordinando-se à autoridade daquele que também foi considerado pela própria Torá como o primeiro rei de Israel conforme escrito na Torá Devarim (Dt: 33,5.)

Existem centenas de fraudes no Novo Testamento quando comparado com a Torá, assim como, também internamente, os Evangelhos, as Epístolas de São Paulo, os livros dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse entram em contradição entre eles e quando a perspectiva profética do Tanach é posta em análise e confronto com o entendimento dos autores do Novo Testamento.

 É impossível não perceber, desde logo, que fraudes pessimamente arquitetada foram levadas a sério nos escritos testamentários, pelo menos como atualmente conhecidos. Em razão da fé cega de muitos cristãos, este assunto não é enfrentado como deve, salvo se por uns poucos teólogos de mente mais aberta, pois, do contrário, seria posta em evidência a grande questão embutida neste cenário de erros grotescos, a saber, que a figura de Iehoshua de Nazaré como mais um falso messias.

 Urge esclarecer, desde logo, que podemos distinguir três etapas históricas na origem primitiva do Cristianismo, todas excludentes entre si, dos ensinos propagados, tendo-se como paradigma a doutrina de Iehoshua de Nazaré, como subtendida dos relatos evangélicos.

 A primeira etapa é a própria seita dos nazarenos, também conhecida por O Caminho conforme escrito em Atos dos Apóstolos 9,2; 19,9 e 22,4, a qual ainda se identificava com o Tanach, conforme esclarecido por Paulo, após a sua "conversão" à seita, como está escrito em Atos dos Apóstolos 24,5 e 14; 26,22 e 28,23. Aos poucos, porém, Paulo rompeu com os nazarenos, estabelecendo uma divisão teológica irreversível, que, na prática deu origem ao Paulinismo (Segunda Etapa do Cristianismo), como está escrito em

 I Coríntios 1,12-16. Paulo desafiou a autoridade dos primeiros apóstolos, como Pedro, a quem considerava hipócrita, por apegar-se às tradições judaicas como está escrito em Gálatas 2,11-14.

Por fim, surgiu o Constatinismo (Terceira Etapa do Cristianismo), quando as mudanças estruturais pregadas por Paulo encontraram o campo fértil para o sincretismo com as religiões greco-romanas, sendo tal amálgama apresentado como a religião do nazareno, a qual espalhou-se pelo mundo, a partir de Roma.

Neste sentido, registra-se que o Novo Testamento, tal como hoje é conhecido, não pode ser visto como uma obra terminada dos primeiros discípulos de Jesus, mas como uma produção literária que foi forjada e distorcida durante uma época de fortes contendas religiosas e políticas, tanto da parte do Império Romano, em decadência naquela época, quanto da parte dos clérigos e autoridades religiosas, já empenhadas em disputas pelo poder mundano. No Império Romano, é destacada a figura do Imperador Constantino I,

O Grande, o imperador-sacerdote do deus-sol, ao qual eram dedicadas as festas saturnais do fim de ano (pelo calendário romano) em que incluíam também o Natalis Solis Invicti (Dia do Nascimento do Sol Vitorioso), posteriormente comemorado também como o Natal ou Nascimento de Iehoshua, no dia 25 de dezembro. Para enfatizar sua adoração a este deus, Constantino I, por meio do conhecido Edito de Milão promulgado no dia 7 de março de 313, transferiu o culto dos cristãos primitivos (judeus seguidores de Iehoshua - membros da seita dos nazarenos), ainda realizado no shabat, para o primeiro dia da semana, então conhecido como Dia do Sol, posteriormente chamado de Domingo (em latim: Dia do Senhor) pelos cristãos.

 


Dois marcos principais estão associados com o formato do
Novo Testamento atualmente conhecido.

O Primeiro Marco foi Concílio de Nicéia, iniciado no ano de 325. Este concílio foi convocado pelo imperador Constantino I, que o presidiu na sua abertura, mesmo sendo um pagão, pois jamais este imperador converteu-se ao Cristianismo, conforme relato fantasioso da igreja romana.

 Ele exerceu o cargo de sacerdote do deus-sol até que, no seu leito de morte, no ano de 337, o bispo de Roma procedeu ao ritual de conversão, quando ele nem sequer podia manifestar-se sobre se esta era sua vontade ou não. Neste concílio, foi aprovado, além da autoridade política dos bispos, o cânon do Novo Testamento, quando foram rejeitadas centenas de escritos tidos por sagrados por muitos cristãos fora de Roma e que eram compostos de relatos evangélicos, cartas dos apóstolos e também dos primeiros discípulos, hoje rejeitados. Também naquela ocasião, por meio do voto, foi aprovada a divindade de Iehoshua de Nazaré, que, a partir de então, passou a ocupar, oficialmente, o papel de segunda pessoa da trindade, abrindo-se a partir daí a oportunidade para o estabelecimento do culto mariano.

Pois Maria, genitora de Iehoshua de Nazaré, logo seria alçada ao papel de Mãe do Criador, já que, segundo esta doutrina, Iehoshua de Nazaré sendo Criador, sua genitora seria a mãe do Criador, como se pode verificar ainda hoje em muitos cultos religiosos. Pela importância do papel do imperador Constantino I,

 O Grande, na formação da nova religião, que, na verdade, é uma fé essavita (oriunda de Essav, irmão de Jacov, pai dos romanos e italianos), cujo objetivo é perseguir Israel, o Cristianismo pode ser chamado de Constatinismo. Através do imperador Constantino I, O Grande, foi possível elencar, durante o Concílio de Nicéia, as doutrinas principais da nova religião romana, de onde se espalharia pelo mundo, deixando um rastro de sangue jamais visto até hoje. De forma ainda mais marcante, o Constatinismo é a religião do Anti-judaísmo, como ficou bem claro no decorrer dos últimos dois mil anos, pois, para justificar sua própria existência, a nova religião romana renegou as suas origens judaicas, oriundas dos seguidores de Iehoshua de Nazaré, e decidiu destruir os judeus para que se consumasse o que ficou conhecido como Teologia da Substituição. A premissa desta teologia é que uma vez que a igreja surgiu, ela deverá substituir as sinagogas e, para isto, os judeus devem ser exterminados porque representam um entrave para a supremacia do Cristianismo, conforme uma das passagens do Novo Testamento:



“Com efeito, irmãos, vós vos tornastes imitadores das igrejas de Deus que estão na Judéia, das igrejas de Jesus Cristo. Tivestes que sofrer da parte dos vossos compatriotas o mesmo que eles sofreram dos judeus, aqueles judeus que mataram o Senhor Jesus, que nos perseguiram, que não são do agrado de Deus, que são inimigos de todos os homens, visto que nos proíbem pregar aos gentios para que se salvem. E com isto vão enchendo sempre mais a medida dos seus pecados. Mas a ira de Deus acabou por atingi-los. (I Tessalonicenses 2,14-16).”

Em uma nota marginal da Bíblia da Editora Ave Maria - Edição 119ª - Página 1512, em referência ao versículo 16 desta passagem, está escrito: Atingi-los: porque os judeus eram agora rejeitados por Deus.
Esta teologia serviu de pretexto máxime pela mentira de que foram os judeus que assassinaram Iehoshua de Nazaré, para respaldar a tese de ser a vontade do Eterno toda a sorte de perseguição aos judeus, nestes quase vinte séculos da chamada Era da Graça do Cristianismo.

O Segundo Marco desta história deturpada pelos doutores em teologia da igreja romana, como bem sabido dos estudiosos, está ligada ao Bispo Dâmaso (Papa Dâmaso), que determinou a São Jerônimo que iniciasse um procedimento a uma reforma do Novo Testamento, para eliminar os conteúdos judaicos, retirando as possíveis dúvidas sobre a origem de Iehoshua, a quem nenhum livro de História daquela época se referiu, e retirando passagens que retratassem a humanidade de Iehoshua. Em sua obra intitulada Retractationis, Jerônimo confessa sua resistência em obedecer à ordem papal e principalmente suas crises de consciência em ter cumprido uma missão que resultou no maior fraude do que aquela perpetrada pelo Concílio de Nicéia. Sobre a farsa a que fora levada pela ordem papal,
Jerônimo escreveu ao Papa:

De velha Obra me obrigais a fazer nova Obra. “Quereis que, de alguma sorte, me coloque como árbitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo mundo, e, como diferem entre si, que eu distinga os que estão de acordo com o verdadeiro Texto Grego. É um piedoso trabalho, mas é também um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido. Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar, depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um “sacrílego”, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir e corrigir alguma coisa nos antigos Livros? Um duplo motivo me consola dessa acusação: O primeiro é que Vós, que sois o Soberano Pontífice, me ordenais que o faça; O segundo é que a verdade não poderia existir em coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovação dos maus.” (Consultar Obras de São Jerônimo da autoria de León Denis).

Por isto, quando um cristão não estuda o Novo Testamento com o devido cuidado, o grau de sua ignorância começa atingir grandes proporções. Para saber se o Novo Testamento é ou não de inspiração divina, devemos comparar com a Revelação do Sinai, pois qualquer luz de conhecimento posterior ao que foi revelado do Sinai deve, necessariamente, concordar com os escritos do maior profeta do Eterno, Moshe Rabênu (Moshe, nosso Mestre), sobre quem a Torá declara:

Não se levantou mais em Israel profeta comparável a Moisés, com quem o Senhor conversava face a face. (Ninguém o igualou) quanto a todos os sinais e prodígios que o Senhor o mandou fazer na terra do Egito, diante do faraó, de seus servos e de sua terra, nem quanto a todos os feitos e às terríveis ações que ele operou sob os olhos de todo o Israel. (Torá Devarim 34,10-12).Dt,

Foi assim que, depois de muitas distorções, o Novo Testamento transformou-se em uma coletânea de textos contraditórios, espúrios, com acréscimos atualmente denunciados como invenções nas várias versões das bíblias hodiernas, cujas edições atuais registram entre parêntesis ou em notas marginais a denúncia de fraudes. É significativo analisar que, em razão de tais mentiras e embustes, um número incalculável de seres humanos foi morto, ou assumiram o papel de mártires de uma fé cujas bases de sustentação são o engodo, a credulidade, a falsificação de fatos históricos e a deturpação dos textos sagrados dos judeus, utilizados de forma contraditória, o que serviu para prática de tramas e deboches.

Na verdade, os cristãos, sem perceberem que são vítimas de uma falsidade histórica, ainda admiram-se de os judeus até hoje não aceitarem Iehoshua de Nazaré como seu Messias. Este cenário está mudando hoje, pois muitos cristãos, especialmente os descendentes dos convertidos à força durante a Inquisição, os B’ney Anussim, estão retornando para o Judaísmo através do estudo da Torá, a revelação dada aos judeus no Sinai e do estudo dos livros proféticos (Torá (Dt) Devarim 4,5-8 e Tehilim (salmo)147,19-20).

A partir de agora vamos tornar conhecido do público o que o Cristianismo precisou fazer para sustentar a sua fé decadente.

 Para isto, deve ser lembrada a passagem de um discurso realizado por Paulo de Tarso em sua I Epístola aos Coríntios:

Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível.

 Para os judeus fiz-me judeu, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, fiz-me como se eu estivesse debaixo da lei, embora o não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da lei.

 Para os que não têm lei, fiz-me como se eu não tivesse lei, ainda que eu não esteja isento da lei de Deus – porquanto estou sob a lei de Cristo -, a fim de ganhar os que não têm lei. Fiz-me fraco para os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. E tudo isso faço por causa do Evangelho, para dele me fazer participante. (I Coríntios 9,19-23)

Desta forma, é possível entender as monstruosidades praticadas por fiéis, apologistas e líderes das igrejas

Cristãs em todo o mundo, pois torturaram e assassinaram milhões de pessoas. Assim, como ensina Paulo de Tarso, elas fizeram de tudo para se manterem no poder. E, finalmente, é possível entender a origem dos milhares de denominações religiosas cristãs espalhadas, ainda hoje, em todo o mundo.

Desejamos a todos os leitores que entendam que muito do que foi e ainda é ensinado contra a Torá, o shabat, a alimentação kasher, as festas, as tradições etc, é oriundo de um ódio contra aquilo que possui origem no Eterno, Bendito Seja. Começaremos o nosso estudo analisando as profecias presentes nos escritos dos Evangelhos, pois os cristãos afirmam que tais escritos são Palavras de Salvação. Mas, devemos salientar que aqueles que ensinam que o Antigo Testamento é uma preparação para o Novo Testamento devem se lembrar que este último deve estar de acordo com o que foi previsto pelos profetas de Israel, mas mostraremos que isto não é verdade. Para enriquecer este pensamento, devemos nos lembrar de um dos discursos de Paulo de Tarso em sua II Epístola aos Coríntios:

Em posse de tal esperança, procedemos com total desassombro. Não fazemos como Moisés, que cobria o rosto com um véu para que os filhos de Israel não fixassem os olhos no fim daquilo que era transitório.

 Em conseqüência, a inteligência deles permaneceu obscurecida. Ainda agora, quando lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece abaixado, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado. Por isso, até o dia de hoje, quando lêem Moisés, um véu cobre-lhes o coração. Esse véu só será levantado quando se converterem ao Senhor. Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor. (II Coríntios 3,12-18)

Mostraremos que este véu não está posto sobre os olhos de nós, judeus, mas, ao contrário, tomaremos passagens dos livros proféticos presentes nos Evangelhos que, a priori, parecem fazer alusão a Iehoshua de Nazaré, mas que na realidade não fazem, e mostraremos, durante o nosso estudo, que são os cristãos que possuem um imenso véu nos olhos. Para salientar isto citamos a continuação do discurso anterior de Paulo de Tarso:

Por isso, não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus.

Pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus. Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de Deus. (II Coríntios 4,1-4)

Desta forma, nós, judeus, vamos mostrar, através dos Evangelhos, as passagens dos livros proféticos presentes nos mesmos que
foram incluídas fora de seu verdadeiro contexto para que se acreditasse na messianidade e divindade de Iehoshua de Nazaré, representando, assim, autenticais falsificações.

Se esta atitude foi de fato um ato de fraude, distorção, malícia, desespero da parte dos autores dos Evangelhos ou costume do povo da época que, ao produzirem seus escritos, desejavam mostrar ou provar algo, não convém nesta obra questionar.

Outro objetivo deste estudo é tornar conhecido um engano cometido (ou até malícia) pelos cristãos de uma forma geral: a de afirmarem que os judeus não aceitam Iehoshua de Nazaré devido aos dois mil anos de perseguição cristã. Desta forma, apologistas cristãos ainda tentam remover do conhecimento público o real motivo da rejeição a Iehoshua de Nazaré por parte de nós, judeus: As fraudes presentes nos Evangelhos.

Bibliografia

Martin Luther - On the Jews and Their Lies, Translated by Martin H. Bertran, Fortress Press - Philadelphia (1955)

Manual de la Historia Judia – Desde los Origines hasta Nuestros Dias - Simon Dubnow - Translated by Salomon Resnick – Editorial S. Sigal - 4ª Edition - Buenos Aires (1955) ISBN: ?????

Bíblia Sagrada - Editora Ave Maria - Edição 119ª

Mordechai Moré s’t(Marcos Moreira Da silva s,T) Presidente da fisba ( federação Israelita Sefaradita  benei Anussim)e Roshe(líder da sinagoga casa de Israel)  da beit Israel são Paulo são Mateus.


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Saiba mais…

Publican el manuscrito del suicidio de Stefan Zweig - AURORA

El novelista austríaco Stefan Zweig se suicidó en 1942 para acabar con su vida "en el momento apropiado" tras haber visto a Europa, su "patria espiritual", entonces inmersa en la Segunda Guerra Mundial, "destruirse a sí misma", según la nota que dejó.

El manuscrito, redactado en alemán, fue publicado en Internet por la Biblioteca Nacional de Israel, con motivo del 70 aniversario de la muerte del literato, periodista e intelectual judío.

Zweig huyó a Brasil en 1936, tres años después de que los nazis hubiesen subido al poder en Alemania y dos antes de que invadiesen su país natal.

El escritor ingirió un veneno letal con su mujer, Lotte, en la ciudad de Petrópolis, a 66 kilómetros de Río de Janeiro.

En la nota, encabezada con el portugués "declaraçao" (declaración) y luego desarrollada en alemán, Zweig explica que dice adiós a este mundo "de propia voluntad y con la mente clara" y agradece a Brasil su hospitalidad.

"Cada día he aprendido a amar más este país, y

no habría reconstruido mi vida en ningún otro lugar después de que el mundo de mi propio lenguaje se hundiese y se perdiese para mí, y mi patria espiritual, Europa, se destruyese a sí misma", escribió.

Pero, continua, rehacer una vida pasados los sesenta años de edad requiere "poderes especiales", cuando "su propio poder se ha gastado tras años de errar sin hogar".

"Prefiero, pues, poner fin a mi vida en el momento apropiado, erguido, como un hombre cuyo trabajo cultural siempre ha sido su felicidad más pura y su libertad personal. Su más preciada posesión en esta tierra", argumenta antes de desear a todos sus amigos que "vivan para ver el amanecer tras esta larga noche".

La nota fue recogida por la policía brasileña, que tuvo que recurrir a un doctor judío local para traducirla del alemán.

El médico pidió entonces quedarse con el original por su significado histórico, pero la policía se negó, porque lo necesitaba como evidencia en el caso.

El mismo doctor compró la nota veinte años después a un policía jubilado y en los noventa la donó a la Biblioteca Nacional de Israel, ubicada en Jerusalén. EFE

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OLGA BENARIO

E OLHA QUE NO RACHA DE 1992 ELA FOI BARRADA NA PORTA DO TEATRO ZACARO PELO ROBERTO FREIRE A E SUA TROUPE.RISOS

MAS É BOM QUE A OLGA SEJA VISTA E LEMBRADA. QUEM SABE ELES NÃO COMEÇAM A VER OS ANUSSINS TAMBEM? COMO VC DISSE NESSE AR TEM AVIÃO KKKKKKKAS COISAS ESTÃO MUDANDO

SHALOM

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AICA - Ativistas Independentes da Causa Animal

11419591861?profile=originalOntem, 12/02/2012 em nossa  Sinagoga Teshuvá, em Curitiba tivemos a 1ª Reunião dos Ativistas Independentes da Causa Animal. Esse grupo visa auxiliar na organização das manifestações que deverão acontecer em Defesa dos Animais a partir de agora.

O grupo se formou a partir de 22/01, na Manifestação CRUELDADE NUNCA MAIS, quando vimos a necessidade de organização devido ao grande número de participantes.

 

A PRÓXIMA MANIFESTAÇÃO SERÁ DIA 28 DE ABRIL, CONTRA A VISSECÇÃO DE ANIMAIS, OU SEJA , CONTRA A UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS EM EXPERIMENTOS DE LABORATÓRIOS.

 

É O JUDAISMO HUMANISTA DO PARANÁ  TENTANDO CUMPRIR COM NOSSO PAPEL EM PROMOVER O TIKUN OLAM.

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Plantas Relvantes para o Judísmo

Olá a todos, sou botãnico do Jardim Boânico do Recife e estou reestrurutrando o Jardim Ecumênico desta instituição. Lá existe espaços para várias religiões importantes no Brasil. e portanto, do Judaismo, por enquanto tive dificuldades com as planta, mas to pensndo nas do Sukat, q são muito relvantes pelo pouco que vi na internet. Mas peço ajuda quanto as plantas e como conseguí-las (viveiros q vendem em recife, próximo ou na net). E também q me mandassem uma descriçao do judaísmo para colocar nas placas. Agradeço a todos. Não tenho religião, mas tenho mente aberta p ouvir o q cada umadelas tem para me dizer1

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Muito além de Olga por Jacques Gruman: Blog da REA

É curioso. Um filme que retrata a vida de uma revolucionária, Olga, de Jayme Monjardim, foi exaltado por setores da comunidade judaica que nunca esconderam suas predileções conservadoras. Olga Benário Prestes virou celebridade instantânea, personagem cult, irmã judia. Que elixir milagroso destruiu preconceitos ideológicos e jogou Olga nos braços dos inimigos de suas idéias? Como diria o Barão de Itararé, há algo no ar além dos aviões de carreira.

A situação é semelhante, por exemplo, ao caso de Che Guevara. A imagem do guerrilheiro desfila nas camisetas de milhões de jovens que não fazem a menor idéia de quem foi aquele cabeludo-barbudo. A exibição da foto sedutora do rebelde com causa e jeitão de hippie esconde a ignorância dos consumidores de boas grifes. O mesmo com Olga. Quando se ressalta uma duvidosa identidade judaica, abafa-se o seu traço principal: a militância permanente, começada na adolescência, pela destruição do capitalismo. Falar da companheira de Prestes sem colocar em primeiro plano esta identidade política é falsificar a verdade histórica.

Moacyr Scliar escreveu sobre a “irmandade espiritual” que une mulheres “judias e revolucionárias” como Olga, Emma Goldman e Rosa Luxemburgo”.[1] Olhando de perto, entretanto, constata-se com facilidade que nenhuma destas três figuras extraordinárias tinha a mais remota ligação com qualquer vertente do judaísmo. Nenhuma inspirou-se em conhecimentos judaicos para formular teorias políticas ou atuar na sociedade. Nenhuma demonstrou sequer um vínculo afetivo com a história e as tradições judaicas.

É claro que, sob o ponto de vista “técnico”, eram judias, pois nasceram de ventres judeus. Também se pode argumentar que, no caso de Olga, os assassinos não tiveram a menor dúvida sobre sua identidade judaica. Os racistas “sabem”. É o pertencimento definido de fora, pela segregação. Será que genética e preconceito são suficientes para definir quem é judeu? Duvido.

Olga Benário Prestes (1908-1942)

É um exercício interessante abrir as trajetórias de Olga, Emma e Rosa para se tentar detectar rastros de identidade judaica. Olga Benário, nascida em Munique, foi criada dentro de uma típica família alemã de classe média. Não recebeu nenhum tipo de educação judaica, formal ou informal. Dentro de casa, não se celebravam as festas judaicas.  Muito cedo mergulhou na política, paixão que nasceu da leitura dos processos de trabalhadores defendidos por seu pai, Leo Benário. Com 16 anos, saiu de casa para morar em Berlim com Otto Braun, jovem dirigente comunista. A partir de então, sua vida se confunde com a atividade revolucionária.

Olga não teve relação familiar harmoniosa. Repudiava a vida fútil de sua mãe e tinha sérias divergências políticas com o pai. Ruth Werner[2] relata uma passagem em que Olga, então em Moscou, comenta que só teve um verdadeiro lar quando se hospedou na casa de uma família de operários, em Munique. É sintomática a maneira carinhosa como se dirigia a dona Leocádia, mãe de Luiz Carlos Prestes. Chamava-a sempre de “mamãe”, revelando a descoberta de um carinho antes desconhecido no convívio familiar. Não se conhece qualquer passagem da vida de Olga que se possa associar ao judaísmo. Sua deportação para a Alemanha nazista, gesto odioso da ditadura Vargas, teve motivação política. O fato de ser judia foi, seguramente, apenas uma cereja no bolo totalitário, um agravamento da “culpa”, mas não sua causa.

Emma Goldman (1869-1940)

Emma Goldman, anarquista, foi presença marcante da esquerda não-bolchevique nas três primeiras décadas do século passado. Nasceu na Lituânia em 1869 e sua família, ao contrário da de Olga, praticava a religião judaica, freqüentando a sinagoga aos sábados e nas chamadas grandes festas. Raramente, porém, falavam com os filhos sobre isso. Emma diz que suas primeiras idéias sobre Deus e Diabo, pecado e punição, vieram através dos criados russos de seus pais.[3] O ambiente doméstico era-lhe tremendamente opressivo, pois muito cedo, mostrou que não se satisfaria com o papel de objeto-de-cama-e-mesa reservado para as mulheres de seu tempo. O pai, a quem Emma atribui uma “presença aterrorizante”, queria casá-la à força quando tinha quinze anos. Encontrando resistência, jogou no fogo os livros de estudo da filha, dizendo que as meninas não precisavam estudar tanto. Bastava que soubessem preparar um bom guefilte fish e uma boa massa e dar aos seus maridos muitos filhos. A mãe era fria com os filhos. Quando Emma se aproximou da puberdade e sentiu, aflita, a primeira menstruação, levou uma bofetada da mãe (“Isso é necessário para uma moça quando se transforma em mulher, para se proteger da desgraça”).

Aos 16 anos, enfrenta a ira paterna e vai morar nos Estados Unidos. Em 12 de novembro de 1887, cinco líderes operários são enforcados em Chicago, na esteira dos acontecimentos que levam à criação do Dia Internacional do Trabalho. O impacto em Emma foi tremendo. Ela começa a ligar-se a círculos anarquistas e, em pouco tempo, sua militância decola. Dá conferências, ajuda a editar jornais, formula idéias originais. Dedica sua vida à emancipação dos trabalhadores em geral e das mulheres em particular. Afirma que o casamento tradicional é um arranjo econômico e uma prisão. O verdadeiro amor prescinde do aval de rabinos e sacerdotes.

Em 1917, empolga-se com a revolução dos sovietes e viaja à URSS. Desencanta-se, porém, com a nascente burocracia e a intolerância com as diferenças políticas. “Minha idéia sobre a revolução não é a de um extermínio contínuo das dissidências políticas”. Exila-se na França e, nos anos 30, colabora com os anarquistas espanhóis durante a guerra civil. Morre no Canadá, em 1940, e seu corpo é levado para os Estados Unidos e enterrado junto dos operários enforcados em 1887. Nenhum de seus movimentos, nenhuma de suas posições públicas, nenhum de seus legados teóricos, nada, enfim, tem sequer um sopro judaico. A longínqua história familiar, limitadora e repressiva, serviu-lhe apenas de contraponto para formulações libertárias.

Rosa Luxemburgo (1871-1919)

O caso de Rosa Luxemburgo é o mais complexo dos três. Nascida Rozalia, na cidade polonesa de Zamosc, foi a caçula de cinco irmãos. Mesmo sem receber educação religiosa, teve algum contato com tradições judaicas, principalmente através de sua mãe, Lina. Ao longo da infância e da adolescência aprendeu o que era ter ascendência judaica. O sistema de cotas nas escolas polonesas impôs-lhe a exclusão. Este sentimento, ao lado do defeito físico que aparece aos cinco anos de idade (quando passou a coxear), criam na jovem Rosa uma férrea vontade de se sobressair. Era a forma de contrabalançar as desvantagens que tinha, a social e a física. Nasce, assim, um personagem robustecido, que, de acordo com sua biógrafa Elzbieta Ettinger[4], ajudou a encobrir sua insegurança. Nos anos de escola, lembra Elzbieta, tornou-se conhecida como “forte”, um epíteto que lhe agradava mais do que “manca” ou “judiazinha suja”.

Em dezembro de 1881, Rosa, então com 12 anos, testemunha um pogrom em Varsóvia. A experiência é traumática e jamais cicatriza. Ela terá sempre dificuldades com as multidões (traço exótico para uma oradora vibrante, que cansou de falar para as massas).

Rosa não era apegada a nenhum dos pais. Ainda Elzbieta, em passagens fundamentais:

“As preocupações deles – os filhos, a casa, a vida cotidiana –, suas preferências pequeno-burguesas e seu judaísmo transparente embaraçavam-na (…). Se, quando adulta, Rosa Luxemburgo desdenhou de seu meio, foi porque, já como adolescente, tivera dificuldades com ele. Cresceu acostumada com as implicações do anti-semitismo, mas não com a noção de que este lhe dizia respeito. Ela se acreditava polonesa, ainda que ninguém mais o fizesse (…) Torcia o nariz para os homens com peiot, barbas compridas e caftans longos (…) Queria, como os poloneses, que eles fossem embora. Quando outros a associavam a estes judeus, acreditava ser por ignorância ou maldade.”

Ao ligar-se a um círculo socialista clandestino, teve o prazer de escolher um grupo, o seu grupo, no qual todos a tratavam como igual. A partir daí, todo o passado de ligação com rudimentos judaicos (sempre externos) desaparece. Tal como Olga e Emma, envereda pela luta revolucionária e tudo o que pensou e criou sequer tangencia o judaísmo.

Surge, inevitável, a dúvida: o engajamento revolucionário dissolve a identidade judaica? Basta lembrar Isaac Deutscher para saber que não. Deutscher jamais esqueceu os anos no shtetl polonês onde cresceu e estudou a religião judaica. Rompeu mais tarde com ela, mas procurou formas alternativas de identidade judaica que, até hoje, permanecem vivas. Escreveu e proferiu palestras sobre temas judaicos, visitou Israel e posicionou-se sobre o sionismo. Harmonizou, com sensibilidade, marxismo e judaísmo.

Em alguns lugares da Itália, celebrou-se durante muito tempo um dia que comemorava o estabelecimento de guetos.[5] Este aparente paradoxo se explicava pela garantia que as muralhas davam aos judeus para preservarem suas tradições. Não havia chance de ceder às tentações dos goim. O novo, o diferente, que estava do outro lado do muro, ficava na mesma categoria do ameaçador. No Brasil, não há guetos. Temos ampla liberdade de opção existencial, política, religiosa. Esta é, por definição, uma via de mão dupla: somos livres para entrar, mas também para sair. Se valorizamos isso, precisamos respeitar as escolhas de Olga, Emma e Rosa, que trilharam caminhos fora do judaísmo. Isso não as diminui. O que desmerece sua memória é forçar identidades apenas pela via do DNA ou da torpeza anti-semita.

http://espacoacademico.wordpress.com/2012/02/04/muito-alem-de-olga/


* JACQUES GRUMAN, Diretor da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação, do Rio de Janeiro. Publicado na REA, nº 43, dezembro de 2004, disponível em http://www.espacoacademico.com.br/043/43cgruman.htm

[2] WERNER, Ruth. Olga Benário: a história de uma mulher corajosa. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1990.

[3] GOLDMAN, Emma. Living my life. Dover Publications, 1970, New York.

[4] ETTINGER, Elzbieta. Rosa Luxemburgo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.

[5] ROTH, Cecil. Pequena história do povo judeu. São Paulo: Fundação Fritz Pinkuss, 1964.

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