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Sexo é um assunto delicado, mas entre judeus ultraortodoxos pode ser mais sensível ainda. Para tentar quebrar um pouco o tabu que gira em torno do tópico, um terapeuta em Jerusalém elaborou um manual de sexo específico para esta comunidade.

Há apenas três ilustrações de posições sexuais básicas-e elas estão em um envelope selado colado na aba de trás do livro

Ribner nasceu nos Estados Unidos. Posteriormente mudou-se para Israel, onde há 30 anos trabalha como terapeuta atendendo judeus devotos. Ele também fundou um programa de treinamento de terapia sexual na Universidade de Bar-Ilan, em Tel Aviv.

Ele acredita que a publicação de um manual de sexo para judeus ortodoxos já devia ter sido feita há muito tempo.

Meninos e meninas ultraortodoxos estudam em escolas separadas com pouca ou nenhuma educação sexual e têm pouca interação com o sexo oposto até a noite do casamento, em que espera-se que consumam a união.

O contato físico entre homens e mulheres -até mesmo um simples apertar de mãos- só é permitido entre marido e esposa ou entre parentes próximos. Acesso a filmes e à internet é geralmente restrito.

"Nós gostaríamos que o livro fosse uma referência para que as pessoas dissessem 'eu não sei nada (sobre sexo) e quero aprender alguma coisa'", diz o psicanalista.

O The Newlywed's Guide to Physical Intimacy (Guia de Intimidade Física para recém-casados, em tradução livre), que Ribner escreveu juntamente com o pesquisador ortodoxo Jennie Rosenfeld, começa com o básico, explicando, por exemplo, como as formas dos corpos de homens e mulheres são diferentes.

Segundo Ribner, o judaísmo encara o sexo como algo positivo entre marido e mulher, e espera-se que o casal tenha muitos filhos. Mas conversar sobre o assunto é ainda um grande tabu.

"O sexo só é apropriado no contexto de casamento", diz Ribner. "Mas ninguém fala sobre assunto, tornando o diálogo algo muito difícil".

Folheie as páginas do guia e você não verá ilustrações. Mas um envelope selado colado na aba de trás adverte os leitores que dentro há "figuras sobre sexo".

O psicanalista abre o envelope e me mostra o que há dentro: três desenhos de posições sexuais básicas.

"Nós queríamos dar às pessoas uma ideia de não somente onde colocar seus órgãos sexuais, mas também suas pernas e braços", diz Ribner. "Se você nunca assistiu a um filme, nunca leu um livro, como vai saber?", indaga.

O livro tem linguagem direta, tocando em assuntos que podem ser delicados, como masturbação e sexo oral.

O livro de Ribner foi lançado no ano passado em inglês e será publicado em hebraico nas próximas semanas, tornando-o mais acessível ao público em Israel.

Quando a nova edição chegar às livrarias, deve provocar "um estrondo", acredita Menachem Friedman, professor e sociólogo que já escreveu vários livros sobre a comunidade judaica ultraortodoxa.

Read more: Coisas Judaicas דברים יהודיים: Terapeuta lança manual de sexo para judeus ultraortodoxosCOISAS JUDAICAS http://www.coisasjudaicas.com/2013/04/terapeuta-lanca-manual-de-sexo-para.html#ixzz2RurqjUkx
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Judaísmo hoje - Emmanuel Levinas por Alisa Bach

Judaísmo é, embora pensando universalmente, uma forma muito específica do monoteísmo: uma contribuição de posição própria, inconfundível ao pensar religioso monoteísta. Como tal, esse pensar está ainda atual e vivo.1 O Judaísmo é uma estranha e “inusitada ligação de textos e pessoas humanas”.2 É que todas as religiões mundiais se baseiam em livros santos, mas, no Judaísmo, a relação de pessoa humana e texto é inusitada enquanto todos os judeus estão sendo exortados dia e noite, como está sendo dito no livro de oração, por estudo pesquisar a vontade e a tarefa de Deus continuadamente pesquisar de novo. Essa ligação de judeus e Toráh se renova em tempos da crise e perseguição, sendo a base da auto-afirmação judaica. Levinas se volta contra isso: “que a voz de Israel no mundo seja, no melhor caso, percebida como a voz dum precursor, como a voz do Antigo Testamento, que nós judeus, conforme um pronunciamento de Buber, nem estaríamos legitimados considerar nem como testamento nem como antigo, e que não veríamos na perspectiva do Novo Testamento… Para que a união entre pessoas humanas de boa vontade, que desejo, não aconteça no abstrato e no mais ou menos, permito-me … persistir nos caminhos especiais do monoteísmo judaico. A especialidade deles não põe em perigo o monoteísmo, mas sim o promove.”3 É satisfatório poder dizer, a partir a vista de hoje e do diálogo cristão-judaico continuado, que essa exigência está consideravelmente cumprida. Levinas, porém, se preocupa com uma explicação filosófica de mensagens judaicas centrais e do exame do conteúdo de valores destas para a sociedade moderna. Escreve com filósofo, não com rabino, sobre o Judaísmo. O seu desejo é fazer universalmente compreensível essa mensagem em conceitos de filosofia, quer dizer independentemente de questões de fé. Significado do monoteísmo judaico Trata-se, nessa palavra de “monoteísmo” ainda de outra coisa do que de testemunhagem pelo Deus único e supremo. Segundo Levinas, monoteísmo é, não só um credo ou dogma, mas sim uma exortação uma chamada ao indivíduo. Em muitas variações, Levinas formula a sua idéia básica ao monoteísmo judaico no sentido de que religiosidade judaica coincida com ética. Nisso – não numa aquemidade de primeiro plano – consiste a especialidade do monoteísmo judaico. Mas a palavra designa uma totalidade de significações, de cujo fundo a sombra do divino, além de cada teologia e de todo o dogmatismo, cai aos desertos de barbaridade: seguir ao Altíssimo, manter a fidelidade somente ao Único, desconfiar ao mito … seguir ao Altíssimo, porque nada é mais alto que o andar em direção à co-pessoa humana, que o cuidado das “viúvas e órfãos, estranhos e pobres” … o trauma da minha escravatura no Egito funda a minha humanidade … na responsabilidade pelas outras pessoas humanas jaz a minha humanidade … daí o conceito duma criatura, a qual tem a chance de se salvar, sem cair no egoísmo da salvação…4 “Egoísmo da salvação” – essa versão radicaliza a recusa ampla de ascese, meditação desviada do mundo e introspecção extensiva como caminhos à fé, as quais são mais fortemente pronunciadas em outras religiões. Também o Judaísmo conhece o aprofundamento na oração, a aproximação mística ao Altíssimo na estase e a auto-reflexão. Tudo isso, porém, não constitui, para Levinas, a essência da mensagem judaica. Poder-se-ia dizer com Levinas: o Divino está na relação humana é presente experimentável na responsabilidade constitutiva, mútua de uns aos outros para essa relação. Racionalidade Com isso, Levinas está em contradição a correntes místicas, também hassidicas do Judaísmo, sendo para ser agregado à interpretação especificamente racionalista do Judaísmo, como esta está ancorada tradicionalmente na sua pátria lituânia. Aí agia, no século 18, o gaôn célebre de Vilna, o par histórico do Baal Shem Tob, do fundador do haçidismo. Levinas foi também denominado por Gershom Sholem como “Litvak” genuíno – alcunha judaica para iluministas judaicos. Para o Judaísmo, o fim da educação consiste em estabelecer, entre a pessoa humana e a santidade de Deus, uma relação e manter a pessoa humana firme nessa relação. Mas todo o seu esforço … consiste em compreender essa santidade de Deus num sentido que se distinga do significado numinoso dessa palavra… O Judaísmo desencantou o mundo, distinguiu-se desse desenvolvimento pretenso das religiões do entusiasmo e do Santo. Está longe o Judaísmo cada volta ofensiva dessas formas de elevação humana. Vê nelas a essência da idolatria… O Deus dos judeus não é o sobrevivente dos deuses míticos.5 Intelectualidade O Judaísmo se abre somente por estudo continuado e fatigante de textos da Bíblia e do Talmude. O Judaísmo é, portanto, uma “religião para adultos”, sendo uma religião que exige um treinamento intelectual extenso. Muito duramente – mas inteiramente em continuação de entendimentos da tradição, Levinas formula: “O iletrado não pode ser verdadeiramente piedoso.” O monoteísmo judaico deve: … ser procurado na Bíblia circundada das suas fontes, onde ela, comum à tradição judaica e cristã, ela conserva a sua fisionomia especificamente judaica. Mencionei a tradição oral da exegese, a qual se sedimentou no Talmude e nos comentários deste. O modo que fundou essa tradição, perfaz o Judaísmo rabínico… O Judaísmo como realidade histórica – brevemente: o Judaísmo – é rabínico.6 Pertenças étnica, nacional e cultural por si só não podem fundar identidade judaica. Um Judaísmo popular de sentimento corre perigo, voltado para trás, de chegar a ser sentimental e somente repetir um judaísmo passado. .O outro caminho – o único, o íngreme – se oferece a fontes, aos livros antigos, difíceis, esquecidas, num estudo duro, penoso e rígido. A identidade judaica está inscrita nesses documentos antigos.7 Nisso, Levinas não trata, de jeito nenhum, dum estudo historizador, dum entendimento dos textos a partir do tempo destes. Está convencido da possibilidade de reformular as afirmações dos textos antigos no diálogo com a modernidade – isso quer dizer com os conhecimentos da filosofia com o seu conteúdo de essência. Judaísmo de tratados carunchosos em contraposição a Judaísmo dos judeus? Porque não! Ainda não se sabe qual dos dois é o mais vivo. Os livros verdadeiros são só livros e mais nada? Não é que são também a brasa que dorme embaixo da cinza, como segundo Rabbi Elieser as palavras dos sábios? 8 Religiosidade Judaica é Ética Levinas nega um desenvolvimento de fé à ética, no Judaísmo fé e ética é uma coisa só. A relação moral (quer dizer a relação inter-humana; a autora) une então ao mesmo tempo a autoconsciência e a consciência de Deus. A ética não é conseqüência duma visão de Deus, é essa visão ela mesma. A ética é uma ótica, assim que tudo o que sei de Deus e tudo o que posso ouvir da Sua palavra e Lhe posso dizer razoavelmente, deve encontrar uma expressão ética.9 Oração e liturgia servem à educação e auto-educação, da corroboração do indivíduo pela comunidade. Mas sem justiça não significa nada. Só justiça é que efetua a proximidade a Deus. O piedoso, isso é o justo. Justiça é o termo que o judeu prefere a termos sentimentais.10 Que a relação ao Divino conduz sobre a relação às pessoas humanas e coincide com a justiça social é exatamente o espírito da Bíblia judaica.11 Rituais Em referência a Maimônides, Levinas descreve o significado dos rituais do Judaísmo como educação e autodisciplina. Rituais não são sacramentos – tomados por si não efetuam nada. Nesse ponto, Levinas se contrasta claramente do seu contemporâneo ortodoxo Yeshayahu Leibovits, o qual descreve os rituais, além da sua compreensibilidade e dum sentido formulável ou dum condicionamento histórico, como mandados por Deus e absolutamente obrigatórios, para assim dizer como axioma não iludível e não questionável de vida judaica. Para Levinas trata-se, não de obedecer a ordens divinas - as palavras ‘obediência’ e ‘serviço’ não se encontram nos seus ensaios ao Judaísmo -, mas sim ‘fidelidade’ aos textos, autodisciplina e educação ao agir ético como mensagem essencial do Judaísmo. O caminho que conduz a Deus, conduz então ipso facto – e não além disso – à pessoa humana; e o caminho que conduz à pessoa humana nos leva à disciplina ritual, à auto-educação. A sua grandeza jaz na sua regularidade diária… A lei é esforço.12 Ele mesmo cumpria as suas obrigações judaicas meticulosamente: orações caseiras, governo kósher de casa, participação nos cultos divinos. Esse ritualismo, porém, não deve ser confundido com ortodoxia e dogmatismo. Nada era mais alheio a Levinas que fidelidade cega na letra – mas era aderente da disciplina e da confrontação contínua com as mensagens judaicas que contêm uma vida ritualizada. O ritualismo tão característico para o Judaísmo condiciona certa artificialidade na vida cotidiana e afasta o judeu na sua existência natural da natureza. Essa distância à natureza, porém, o mantém como que na “presença do Altíssimo”.13 O porte ao Ateísmo No pensar judaico, a separação de Deus, o ateísmo, está pensado junto e está sendo aceita como modo de viver possibilitado por Deus e expressão da liberdade querida por Deus da pessoa humana. Ateísmo não é idolatria. Nesse ponto, na concepção da pessoa humana como “crida livre” (Schiller), pensar judaico e filosofia ocidental se tocam. Faz honra alta ao Criador ter colocado um ser nos pés que O afirma, de pois de que O tivera combatido e negado no deslumbramento do mito e do entusiasmo; faz alta honra a Deus ter criado um ser para busca-lO ou O ouvir de longe, perante o fundo da separação, do ateísmo… O monoteísmo supera e abrange o ateísmo, mas está vedado àquele que não tiver alcançado a idade da dúvida, da solidão e da revolta.14 Universalidade e Singularidade Apesar da singularidade e separação ritual, o Judaísmo pensa universalmente. Levinas compreende a seleção formulada no Judaísmo – com a tradição rabínica – como aceitação duma responsabilidade especial pelo mundo. Levinas define universalidade como segue: Uma verdade é universal quando valer para cada ser doado de razão. Uma religião é universal, quando estiver aberta a todos. E nesse sentido o Judaísmo, ligando o Divino à moral, entendeu-se sempre como universal.15 Levinas descreve a relação o povo judaico a outros povos na base da sua formulação filosófica da relação geral do “eu” ao “outro”. O seu ponto de partida é a percepção da diferença – distinção - fundamental e inabolível dum “eu” e do “outro”. Cada pessoa humana é, como “eu” perante o outro um entidade assim concluída que o “outro” não pode ser nem conhecido nem compreendido. O “outro” é sempre um indivíduo desconhecido e absolutamente inconhecível. O outro representa perante o eu, não só o outro “eu”, mas também qualquer outro “eu” – o “terceiro”. No outro, o mundo se opõe ao eu. Com isso, a relação do eu ao outro chega a ser a base da relação humana em geral a à base absoluta da ética. A base da relação humana é, com isso, o encontro dum “eu” com o “outro” inconhecível. Nesse encontro está contido já desde sempre um apelo: cada eu experimenta no encontro com o outro o apelo fundamental, ético: “Não me mates!”. Levinas recusa a idéia da igualdade de todas as pessoas humanas, respectivamente do ser igual de todas as pessoas humanas a favor da diferença, da distinção como base do humano. O reconhecimento e a aceitação do “outro” inconhecível e a aceitação do apelo pelo outro constituem o eu como indivíduo ético. O reconhecimento do outro é obrigação moral iniludível, a qual está devida sem qualquer preparação por parte do outro. A intuição fundamental da moral consiste talvez em perceber que não sou igual ao outro, e isso no sentido muito estrito que segue: vejo-me obrigado perante o outro e, por conseqüência diss, estou, a respeito de mim, infinitamente mais exigente que a respeito dos outros. “Quanto mais justo eu for, tanto mais severamente será julgado sobre mim”, diz um texto do Talmude. Daí, não há consciência moral, a qual não seja consciência dessa posição extraordinária que não seja consciência da seleção. A reciprocidade é uma estrutura que se baseia numa desigualdade original. Para que a igualdade possa ingressar no mundo, as pessoas humanas precisam estar capazes de exigir mais de si mesmas que de outros, sentir que têm responsabilidade da qual depende o destino da humanidade, e se destacar nesse sentido da humanidade. Essa “posição de parte dos povos” – da qual fala o Pentateuco – está realizada no conceito de Israel e da singularidade deste. Trata-se duma singularidade a qual condiciona a universalidade. E se trata mais duma categoria moral do que do fato histórico de Israel, também quando o Israel histórico tiver ficado de fato fiel ao conceito de Isarel…16 A relação humana no centro do pensar, não paisagens ou lugares Essa concepção contradiz à ligação do povo judaico à terra somente à primeira vista. A origem do Judaísmo. A origem do Judaísmo jaz na terra de ninguém, no deserto. A promissão da terra se liga à realização da tarefa ética. Embora Levinas mesmo não se mudasse para Israel, era um defensor fervoroso do retorno do povo judaico a Israel, vendo nisso uma chance fantástica para a regeneração do pensar e fé judaicos. Não obstante, acentua o sem-pátria e não-ligação local dos judeus como o essencial, a saber a pressuposição da liberdade. A pessoa humana começa no deserto, onde habita em tendas e onde adorava a Deus num templo que se deixa transportar. No decorrer de toda a sua história, o Judaísmo se lembra (d)essa existência – livre perante as paisagens e as arquiteturas. A festa das Tabernas e a forma litúrgica dessa comemoração e o profeta Zekaryóh [Zacarias] anuncia, para os tempos messiânicos, a festa do Tabernáculos como festa de todos os povos. A liberdade perante as formas da existência sedentárias é possivelmente o modo humano de estar no mundo. Para o Judaísmo, o mundo chega a ser inteligível por uma face humana, e não por casas, templos e pontes.17 Messianismo Redenção é, segundo a interpretação do Judaísmo por Levinas, é algo que a pessoa humana mesma realiza – não um acontecimento futuro por graça divina, mas sim a coroação do desenvolvimento humano. A pessoa humana pode o que deve, pode dominar as forças inimigas da história, realizando um reino messiânico, um reino de justiça como os profetas o anunciam, o esperar pelo messias é a própria duração do tempo.18 Levinas se esforça muito para uma explicação do mundo de pensamentos complexo dos rabinos para a era messiânica e para o mundo por vir – dois tempos a serem inteiramente a distinguir. De um lado, os rabinos defendem a expectativa da era messiânica por graça divina e independente de méritos humanos, enquanto segundo opinião diferente a entrada da era messiânica depende da preparação humana, finalmente então do pensar e agir políticos das pessoas humanas. No complexo do pensar messiânico, a linha divisória entre os pólos racionalidade e liberdade humana de um lado e, com isso, da possibilidade duma vitória de fim último de injustiça e maldade. No outro pólo está a convicção da vitória do bom no fim último – a fé na graça divina. Nesse lado, que era o prevalecente na Idade Média judaica, quando os judeus não tinham possibilidade de intervir no andamento da história, domina uma distância crítica a política e história, uma passividade, a qual diminuiu na era da emancipação. Essa mudança histórica do pensar messiânico – andando com a entrada dos judeus na história e política – não é reversível. No entanto, Levinas afirma a possibilidade real da pessoa humana para trazer a era messiânica, no sentido duma utopia realizada. Judaísmo e pensar bíblico e rabínico estão ainda atuais Judaísmo é uma cultura que agradece ao mundo moderno pelo menos tanto quanto à antiguidade grega e romana: o desencanto da religião e exatamente a formulação da ética como sentido do existir. De fato, o Judaísmo pertence … à atualidade viva, ao lado da sua contribuição em conceitos e livros, graças a homens e mulheres que, como pioneiros de empreendimentos grandes e vítimas de abalos históricos grandes, estão ligados, em linha reta e ininterrupta, com o povo da História Santa. A tentativa de reinstalar na Palestina um estado e de reencontrar as intuições criadoras de outrora, não é imaginável fora da Bíblia.19 A biografia de Emmanuel Levinas 1906 12 de janeiro, nascido em Kaunas, Lituânia. Educação na tradição judaica e no ambiente de língua russa. 1914-1918 Freqüentação da escola secundária em Kharkov. Para judeus naquele tempo uma distinção. 1923 Começo dos estudos de filosofia em Estrasburgo. 1928/29 Estudos com Husserl e Heidegger em Friburgo. 1930 Dissertação sobre a fenomenologia de Husserl. Traduz Husserl ao francês. 1931 Naturalização na França. 1932 Casamento com a estudante música e amiga de juventude Raissa Lévy. 1934 Professor na Aliança Israelita (sefardita). 1935 ocupação com a “Estrela da Redenção” de Franz Rosenzweig. 1940 Cai, como furriel francês, no cativeiro de guerra alemão; campo em Fallingbostel. Sua mulher e filha sobrevivem escondidas num mosteiro. 1945 Libertação e notícia da sua família na Lituânia. 1946-1963 Diretor do seminário para formação de professores da Aliança Israelita. 1960 Começo das suas preleções de Talmude anuais. 1961 Começo da sua atividade de ensinar nas universidades de Poitiers e Nanterre, desde 1973 na Sorbonne. 1961 Sai a sua primeira grande obra “Totalidade e Infinidade”. Partindo das filosofias de diálogo de Franz Rosenzweig e Martin Buber, Levinas desenvolve uma filosofia de ética, a qual abandona a ontologia tradicional, enquanto ele analisa a relação ao “outro”. 1974 Sai a sua segunda grande obra “Além do Ser ou diferente de que ser acontece”. 1995 Emmanuel Levinas morre em 25 de dezembro. Notas 1 a 19: no fim do texto alemão! ________________________________________ Texto alemão Tradução:Pedro von Werden SJ - Rua Padre Remeter, 108 - Bairro Baú - 78.008-l50 Cuiabá, MT – BRASIL - pv-werden@uol.com.br
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A páscoa se comemora a noite com uma refeição festiva. E é nesta mesa que estão dispostas referencias universais, simbólicas e filosóficas que atingem todos os povos e culturas.

As muitas interpretações do significado do termo hebraico “pessach” (passar por cima) nos remete à origem comum de todos os seres humanos. Quando a morte pula as casas para poupar os seus habitantes, a mensagem poderia ser lida de múltiplos ângulos distintos.

Se alguém pudesse encontrar uma síntese para a páscoa poder-se-ia sugerir ousadia e superação.

“Passar por cima” é uma expressão usada por motoristas hostis, arrivistas aflitos, estados totalitários, tubarões do mercado e representantes do capitalismo selvagem para demolir quem quer que se interponha a sua frente.

A superação que está contida no simbolismo do pessach tampouco tem algo a ver com esmagar a memória para poder ir em frente. A pílula da amnesia seletiva, saudada como iminente inovação psiquiátrica jamais nos traria um destino melhor. Esquecer é uma trapaça inconsequente e de proporções políticas perigosas conforme previu o escritor Aldous Huxley.

O lema que se generalizou em nossa quase homogênea cultura ocidental não poderia ser mais claro: se algo está no caminho remova-o, se não puder retira-lo, empurre, se não puder deslocá-lo, arranque-o e depois passe por cima.

Não é exatamente esse o espírito da páscoa que os hebreus e também cristãos comemoram nesta semana.

A ousadia chamada êxodo, que há 3.459 anos Moisés liderou, têm escopo mais sensível e universal. Ousar significa tomar risco e desafiar o estabelecido. Se há guerra deve-se usar o conflito não para dominar, subjugar ou submeter ninguém a nada, mas para alcançar a liberdade. Para nunca mais sofrer como estrangeiro, e, talvez, nunca mais tomar ninguém forasteiro.

Para escapar das escravizações sucessivas que nos ameaçam todo dia é preciso vigília. É necessário desviar das armadilhas, dos vícios de pensamento e ação. Além disso, a páscoa comporta uma aspiração utópica: ninguém mais precisaria ser estrangeiro em lugar nenhum.

E o mais peculiar é que isso depende de nós. Exclusivamente.

Nenhum mundo se tornará melhor enquanto os conflitos e a memória destes não forem usadas para a conquista da liberdade.

Portanto, sair da condição de escravos não é só uma batalha política ou revolução dos costumes. É a essência da luta travada para se aproximar da virtude conhecida como honestidade e a radicalização da lealdade ao si mesmo.

Povos escravizados e escravizadores podem hoje, como em nenhum outro momento histórico da humanidade, olhar para a extensa linha cronológica que construímos desde que nos tornamos bípedes e falantes. No gráfico panorâmico seria possível enxergar erros evitáveis e acertos prorrogáveis. Não se trata de revisão teórica para reaprender história, mas de uma educação sentimental que envolva todas as histórias.

Tudo para que nossa memória coletiva seja outra.

Outra memória, outra coletividade, outra sociedade e uma nova paz.

Nesses dias ázimos, de restrição, sem fermento e sem pão podemos pensar melhor se valeu a pena ter se expandido desordenadamente e vivido para acumular. Quanto será que nos custou ter diluído a extrema originalidade da herança mosaica? Pois como chamar lançar-se e ao povo numa aventura através do deserto? Ousadia que veio para mudar tudo para sempre. Assim como a narrativa do êxodo, a ousadia precisa de transformação.

Se ao menos cada mesa de seder pudesse ser um palco para sentir a luta contra nosso impertinente desejo de ser donos da verdade. Se notássemos melhor que essa é uma noite que bem à nossa volta, estão todos juntos, os de hoje e os de ontem, os atuais e os ancestrais.

Narrar a história dessa imigração maciça significa renovar a motivação original. A própria razão para que a tradição mereça permanecer viva.

Só permanecer ousando pode garantir isso.

E então não haverão mais estrangeiros porque todas as casas terão o endosso da incondicional hospitalidade.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. É autor de “A Verdade Lançada ao Solo” (Ed. Record)

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