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29/9/2010
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As marcas eternas do Holocausto. Três depoimentos
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Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36751

Na manhã de primavera do dia 28 de setembro, jovens de 13 e 14 anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Profªa Maria Gusmão Britto de São Leopoldo tiveram a oportunidade de sentir de perto os dramas e as dificuldades vividas por milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. O encontro foi organizado pelo Instituto Cultural Judaico Marc Chagal, pela Associação Beneficente e Cultural B’nai B’rith do Brasil Região Sul e pela E.M.E.F.

O painel “Holocausto. Compromisso moral e lições de solidariedade” foi um evento não obrigatório para os alunos, entretanto, todos estiveram presentes, tendo a oportunidade de escutar depoimentos de sobreviventes da guerra. Os palestrantes foram Max Wachsman Schanzer, Johannes Melis e Bernard Kats, que sofreram de formas diferentes o drama da perseguição e da morte.

Confira os depoimentos.

Em 1939 foi quando tudo começou.

Nascido em 1928 na Polônia, Max Wachsman Schanzer, vivia com seus pais, dois irmãos e três irmãs. Com o início da guerra, Max e sua família foram confinados. Ele, sua família e mais 40 mil pessoas dividiam um pequeno espaço de trabalho, vivendo em condições desumanas. “Muitas pessoas morreram de fome e de doenças”, conta. Em 1943 os judeus foram convocados para uma seleção pelos nazistas. A família Schanzer não foi. “Os policiais alemães descobriram o nosso esconderijo e separaram minha família. Meus pais foram levados direto para câmaras de gás e eu e meus irmãos para campos de concentração diferentes”, lembra Max.

O trabalho era escravo. Eram mais de 14 horas por dia de labuta e a alimentação consistia em pão e água. “Não sei como sobrevivi. Aquilo lá era uma fábrica de escravos”, conta. Além disto, em 1944, Max foi levado para outro campo de concentração onde eram fabricados tanques e armamentos. Max sofreu. “Eu trabalhava na rua passando um frio brutal. Foi quando resolvi fugir”.

A primeira tentativa de Max foi esconder-se embaixo de um colchão. Foi descoberto. Como forma de punição levou 50 chicotadas, desmaiando na chicotada número 35. No último ano de guerra, 1945, a Alemanha já estava prestes a perder e milhares de pessoas já procuravam formas de fugir, entre eles, Max. “Caminhamos dia e noite sem comida, doentes, fracos e tínhamos que escapar dos bombardeios dos americanos. Éramos 500, sobraram 80. Graças a Deus o inferno estava terminando”. No dia 07 de maio de 1945, data em que foi assinada a rendição da Alemanha, Max foi libertado pelo exército Russo.

Encerrada a guerra Max queria recomeçar sua vida. Iniciou procurando a sua família, encontrando seus irmãos. Com a tensão da Guerra Fria, em 1950, e com o temor de que todo o terror recomeçaria os europeus passaram a migrar para as Américas. “Eu escolhi como destino o Brasil. Em 1953 desembarquei em São Paulo e então viajei para o Rio Grande do Sul onde havia predominância alemã”, conta. Em 1954, Max se mudou para Porto Alegre, onde casou e teve filhos e netos. “Só tenho que agradecer ao Brasil que me acolheu com seu clima tropical e com sua paz. O Brasil é melhor país do mundo, vocês não tem ideia. Aqui é maravilhoso”, finaliza Max.

Um exemplo de solidariedade.

O segundo depoimento foi de Johannes Melis que nasceu na Holanda, país invadido em 1940 pelos nazistas. “Por ter sido invadido posteriormente, nós conseguimos nos preparar. Meu pai fez diversos esconderijos pela casa, no sótão, jardim, na despensa de batatas e embaixo da pia da cozinha. Já minha mãe fez compotas e guardou muitos alimentos”, revela Melis. Seriam necessários muitos esconderijos e muito alimento.

No decorrer da guerra, a família de Melis passou a refugiar judeus e soldados em sua casa. “Eu tremia de medo quando os soldados alemães revistavam nossa casa, pois estávamos dando refugio para muitas pessoas”, conta. Quando os aliados começaram a invadir a Europa foi quando a guerra realmente começou de verdade. Fugindo dos cada vez mais freqüentes embates, Mélis e sua família se esconderam e, descobertos pelo exército aliado, foram salvos. “Viemos então para o Brasil, onde ficamos no Rio de Janeiro e depois fomos para o sul. Não há país como o Brasil”, ressalta. Após a guerra, o pai de Johannes recebeu inúmeras homenagens de autoridades e das famílias das pessoas que a família auxiliou durante a guerra.

As marcas da guerra.

“Durante mais de 50 anos não consegui superar minhas memórias”, inicia Bernard Kats. Holandês e judeu, Bernard tinha somente quatro anos quando a guerra iniciou. Com cinco anos viu seu pai sendo arrancado de casa pelo exército nazista. “Poucas semanas depois uma carta da Cruz Vermelha chegou a nossa casa. Ela dizia que meu pai havia morrido. Até hoje vejo minha mãe na frente de casa com aquela carta na mão. Ela ficou grisalha da noite para o dia”, relembra Bernard.

Bernard teve sete endereços diferentes durante a guerra, tendo sido acolhido junto com sua irmã por uma família protestante. Todas as noites ele falava alguns ensinamentos em hebraico que foram se perdendo com o tempo. “Contudo, a família nos ensinou como agradecer e pedir amparo durante a noite”, conta. Durante o tempo em que ficou escondido na casa dos seus “pais adotivos”, como ele mesmo os trata, Berdard criou laços afetivos com a família. “Eles tinham uma filha e até hoje tenho contato muito forte ela”, revela Bernard, que após o fim da guerra conseguiu migrar para o Brasil. Hoje ele mora com sua família em Porto Alegre.

“Até hoje tenho um sentimento de culpa muito grande dentro de mim. Milhões de pessoas morreram, inclusive parte da minha família. Porque sobrevivi? As marcas da guerra seguem no meu cotidiano, desde a forma como estaciono o meu carro até a necessidade de fechar todas as janelas e persianas no chegar da noite. O nervosismo da guerra ficará para a vida inteira. Para aceitar certas coisas na vida só mesmo com o tempo”, finaliza.

As reflexões.

Questionados se contavam para seus filhos as histórias vividas na Segunda Guerra Mundial, Max Schanzer foi enfático em sua resposta. “É uma obrigação que temos em passar isso para os mais jovens. Precisamos evitar que cresçam ditadores e pensamentos ditatoriais. Não podemos reviver aquele momento da história”, ressalta.

As histórias mexeram com os jovens e adultos que acompanharam as falas com olhos vidrados e respirações silenciosas. Bastava olhar para os lados para perceber que a dor permanecia nos olhos de muitas pessoas ligadas as famílias dos palestrantes, ou então as lágrimas de jovens que não conseguiam medir a intensidade daquelas vivências. “É através deste momento que temos que refletir sobre a tolerância, sobre a aceitação, sem priorizar questões como religião ou raça. Precisamos fazer o mundo mais humano”, ressalta Ieda Gutfreind, presidente do ICJMC.

A troca de experiências entre os alunos e os palestrantes iniciou com uma apresentação de um vídeo sobre o conhecimento dos estudantes sobre o holocausto e foi encerrada com uma apresentação teatral dos alunos, que retratava as dores e a esperança de quem viveu essa terrível parte da história.

Era uma simples manhã nublada que, com certeza, ficará na memória de todos.

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O caso do Frankenpeixe - Marcelo Gleiser

domingo, 26 de setembro de 2010

O caso do Frankenpeixe - Marcelo Gleiser


A tecnologia para criar os transgênicos não vai sumir e, portanto, é preciso fazer bom uso de seu potencial

QUEM NÃO GOSTA de um bom salmão grelhado? Do jeito que as coisas vão, o salmão pode vir a se tornar mais uma espécie em perigo de extinção. A menos que cientistas criassem um salmão geneticamente modificado (GM), em reservas isoladas, que crescesse duas vezes mais rápido do que o salmão selvagem: em vez de três anos, só 18 meses até atingir a maturidade.

Esse salmão existe. Uma empresa americana dedicou dez anos ao desenvolvimento de uma espécie que combina genes do salmão chinook, que habita o Pacífico, com os de uma enguia. Nesta semana, nos EUA, vários jornais, blogs e revistas cobriram a decisão da FDA, agência que regula fármacos e alimentos no país, que parece caminhar em direção à aprovação da venda comercial do salmão GM.

Cientistas da FDA afirmam não ter encontrado qualquer problema com o novo animal. O frankenpeixe tem quantidades de ômega-3 semelhantes às de seu parente selvagem, e os teores de hormônio do crescimento não parecem ser um problema. Os críticos que temem que o peixe escape de suas piscinas de criação e cruze com o salmão selvagem podem ficar descansados: o salmão GM foi projetado para ser estéril.

O público americano está dividido. Todos querem que o salmão GM seja rotulado nos supermercados. Assim a pessoa pode escolher o que põe na boca. Alguns afirmam que se recusarão a comer um animal "feito" pelo homem. Outros não veem qualquer problema, dado que testes indicam que o conteúdo alimentício do peixe GM é o mesmo.

É difícil não pensar no romance "Frankenstein", de Mary Shelley. Mesmo que ninguém esteja criando monstros a partir de pedaços de cadáveres, chegamos a uma era na qual podemos criar novas espécies de animais. Enxertos de plantas fazem isso há tempos, mas o nível de manipulação é muito diferente.

O segredo, ao contrário do que acreditava o Doutor Frankenstein, não é a eletricidade mas a bioquímica. Mesmo assim, os medos são os mesmos dos despertados pelo romance, escrito há quase 200 anos. O monstro pede uma companheira ao seu criador. O doutor se recusa, temendo gerar uma raça de monstros capaz de aniquilar os humanos. A moral é simples: há coisas além do alcance dos homens. Será esse o caso com a engenharia genética?

De jeito algum. Já consumimos animais e plantas clonadas. As enormes pressões que os oceanos e rios sofrem com o aumento acelerado da população mundial deveriam encorajar soluções científicas para a questão da fome. Alimentos GM não são um pesadelo, embora todas as precauções devam ser tomadas antes que um produto seja lançado no mercado. O problema, claro, é que nem sempre é possível prever o que pode ocorrer a longo prazo. Existe sempre um risco.

Peixes criados em cativeiro, transgênicos ou não, também consomem outros peixes. Talvez devêssemos comer outros tipos de peixe, como a vegetariana tilápia. (Ou virar vegetarianos.) De qualquer modo, os alimentos GM não irão desaparecer. Como toda descoberta científica, uma vez que a caixa é aberta, não pode ser mais fechada. O jeito é termos cuidado com nossas criações e não deixar que a sede de lucro das corporações tomem as decisões por nós.
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Em Defesa da Democracia

Em defesa da Democracia

Personalidades lançam manifesto em defesa da democracia Entre os que já assinaram o documento estão Hélio Bicudo, Carlos Velloso, José Arthur Gianotti, Ferreira Gullar e Carlos Vereza 21 de setembro de 2010 | 21h 53 SÃO PAULO - Num momento em que o governo do presidente Lula se dedica a investidas quase diárias contra a liberdade de informação e de expressão e critica a imprensa por divulgar notícias sobre irregularidades na Casa Civil, um grupo de personalidades de diferentes setores - entre eles juristas, intelectuais e artistas - decidiu lançar um “Manifesto em Defesa da Democracia”, cuja meta é “brecar a marcha para o autoritarismo”. O ato público será realizado nesta quarta-feira, 22, ao meio dia, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Entre seus signatários estão o jurista Hélio Bicudo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho. “Em uma democracia, nenhum dos poderes é soberano”, diz o manifesto em sua abertura. Nos seus 14 parágrafos, ele aponta desvios e abusos do governo federal. “Hoje, no Brasil”, diz o texto, “os inconformados com a democracia representativa se organizam para solapar o regime democrático.” Mais adiante, considera “inconcebível” que “uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita”. ‘Ameaça concreta’. O historiador Marco Antônio Villa, da Universidade Federal de São Carlos e um dos signatários do manifesto, decidiu aderir porque vê nos recentes atos do governo “uma ameaça concreta” à democracia no País. “É uma preocupação geral com o que está ocorrendo no País, e hoje (ontem) o Lula mais uma vez reforçou”, disse, em referência às críticas do presidente à imprensa, feitas em viagem ao Tocantins. “O manifesto é uma síntese dessas preocupações.” Caso um eventual governo Dilma consiga eleger três quintos do Congresso, advertiu, “eles conseguirão fazer mudanças constitucionais a seu bel-prazer. E se você tiver uma parte da legislatura formada por ‘Tiriricas’, corremos sério risco. Nada melhor para um Executivo autoritário do que um Legislativo desmoralizado”. Para Villa, “é preciso de um grito de alerta”. Ele acredita que “há muitas pessoas que comungam dessa preocupação” e que o manifesto funcionará como forma de agregá-las. “Não se pode achar que ataques, ameaças e agressão fazem parte da política”, diz. O cientista político Leôncio Martins Rodrigues, que também subscreveu o documento, avalia que as ameaças à democracia têm origem na postura do presidente, opinião também manifestada por José Arthur Gianotti. “Lula não pode misturar as funções de homem de Estado e líder partidário. Ele também é meu presidente, independentemente do meu partido”, afirma Gianotti. Leia abaixo o texto do manifesto: "SE LIGA BRASIL" "MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA "Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. "Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo. "Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático. "É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais. "É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos. "É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle. "É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade. "É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há "depois do expediente" para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no "outro" um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado. "É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses. "É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo. "É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário. "Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo. "Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade. "Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos."

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Um Pouco Sobre alguns valores de Sucot - Jayme fucs Bar

Um Pouco Sobre alguns valores de Sucot

Jayme Fucs Bar

Sucá é derivada da palavra schach que, em hebraico, significa cobertura, relembra os 40 anos de êxodo dos judeus no deserto após a sua saída do Egito. Este foi um período em que o povo judeu não tinha terra própria, nem solo cultivável e sendo assim foi um povo nômade que viveu em cabanas frágeis e temporárias.

A Sucá tambem simboliza a fragilidade da vida , a simplicidade e a necessidade de uma vida mais modesta menos individualista, menos consumista e competitiva, nos lembrando da fragilidade dos bens materiais e do nosso afastamento da natureza.

A sucá erguida ao ar livre é constituída de folhagem, onde possamos ver o céu e as estrelas. Ela devera ser construida pelo trabalho conjunto do grupo, da familia ou comunidade. Esse Ato de costruirmos Juntos a sucá nos relembra a necessitade da ajuda mutua, onde o Talmud nos explica que o mandamento da sucá, Taassé veló min Heassui o que quer dizer, em hebraico: faça você mesmo as coisas e não espere que os outros as façam por você! Ou melhor não fique de lado olhando as coisas acontecerem assuma responsabilidades e “mão na massa”!

A Festa da Sucá é a base do judaísmo pratico, que não se concretiza com pensamentos e palavras, mas apenas com atos, onde devemos juntos produzir com nossas mãos não somente valores materiais, mas também produzir sociedades humanas, Estado Judeu, Comunidades judaicas de principios praticos de moral,ética, e de respeito a liberdade do outro.

Sucot também é conhecida como a festa da colheita porque coincide com a estação das colheitas em Israel, quando chega a chuva que traz a tão preciosa e esperada água , representando a vida de todos os seres desse planeta. Sucot comemora o final do ano agrícola, começo do outono, onde colocamos em nossas sucot um ramalhete com 4 espécies de planta que simboliza o que somos em nosso interior humano .

Etrog ( fruto Cítrico) Representa a Inteligência do ser Humano

Lulav ( a Palmeira) Representada a bondade e o amor oculto em cada ser Humano

Hadas ( a Mirta ) Representa a Carência Humana e o mêdo ao desconhecido.

Arava (o Salgueiro ) Representa as dificuldades humanas por sermos seres incompletos,inacabados.

Estas 4 espécies de plantas juntas e unidas faz Sucot uma festa judaica de grande importância, pois é a festa que valoriza a vida, a natureza, e procura refletir sobre a liberdade do interior humano. Essa é também a festa que nos aproxima um pouco mais da essência do que seja D"us , que esta dentro de cada um de nos, dentro da na natureza, dentro de tudo que seja vida , porem os frutos das esperanças, da paz, do fim da violência, da solidariedade e justiça serão somente colhidos em função dos nossos atos humanos.

Chag Sameach!!

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Quão rara é a vida? - Marcelo Gleiser

domingo, 19 de setembro de 2010

Quão rara é a vida?

Marcelo Gleiser http://marcelogleiser.blogspot.com/



Estamos aqui não porque o Universo seja propício à existência, mas apesar de sua hostilidade a nós

NO DOMINGO PASSADO, escrevi sobre as recentes afirmações de Stephen Hawking. Para ele, a ciência demonstrou que Deus não é necessário para explicar a criação. Outro argumento que Hawking usou é que o Universo é especialmente propício à vida, em particular à vida humana. Mais uma vez vejo a necessidade de apresentar um ponto de vista contrário. Tudo o que sabemos sobre a evolução da vida na Terra aponta para a raridade dos seres vivos complexos. Estamos aqui não porque o Universo é propício à vida, mas apesar de sua hostilidade.

Note que, ao falarmos sobre vida, temos de distinguir entre vida primitiva (seres unicelulares) e vida complexa. Vida simples, bactérias de vários tipos e formas, deve mesmo ser abundante no Cosmos.

Na história da Terra -o único exemplo de vida que conhecemos-, os primeiros seres vivos surgiram tão logo foi possível. A Terra nasceu há 4,5 bilhões de anos e sua superfície se solidificou em torno de 3,9 bilhões de anos atrás. Os primeiros sinais de vida datam de pelo menos 3,5 bilhões de anos, e alguns cientistas acham que talvez possam ter 3,8 bilhões de anos. De qualquer modo, bastaram algumas centenas de milhões de anos de calma para a vida surgir. Não é muito em escalas de tempo planetárias.

Esses primeiros seres vivos, os procariontes, reinaram durante 2 bilhões de anos. Só então surgiram os eucariontes, também unicelulares, mas mais sofisticados. Os primeiros seres multicelulares (esponjas) só foram surgir em torno de 700 milhões de anos atrás.

Ou seja, por cerca de 3,5 bilhões de anos, só existiam seres unicelulares no nosso planeta. O que aprendemos com esses estudos é que a vida coevoluiu com a Terra. O oxigênio que existe hoje na atmosfera foi formado quando os procariontes descobriram a fotossíntese em torno de 2 bilhões de anos atrás. Estamos aqui porque oxigenaram o ar.

Devemos lembrar que seres multicelulares são mais frágeis, precisando de condições estáveis por longos períodos. Não é só ter água e a química correta. O planeta precisa ter uma órbita estável e temperaturas que não variem muito. Só temos as quatro estações e temperaturas estáveis porque nossa Lua é pesada.

Sua massa estabiliza a inclinação do eixo terrestre (a Terra é um pião inclinado de 23,5), permitindo a existência de água líquida durante longos períodos. Sem a Lua, a vida complexa seria muito difícil.

A Terra tem também dois "cobertores" que a protegem contra a radiação letal que vem do espaço: o seu campo magnético e a camada de ozônio. Viver perto de uma estrela não é moleza. Precisamos de seu calor, mas ele vem com muitas outras coisas nada favoráveis à vida.

Quem afirma que o Universo é propício à vida complexa deve dar uma passeada pelos outros planetas e luas do nosso Sistema Solar.

Ademais, o pulo para a vida multicelular inteligente também foi um acidente dos grandes. A vida não tem um plano que a leva à inteligência. A vida quer apenas estar bem adaptada ao seu ambiente. Os dinossauros existiram por 150 milhões de anos sem construir rádios ou aviões. Portanto, mesmo que exista vida fora da Terra, a vida inteligente será muito rara. Devemos celebrar nossa existência por sua raridade, e não por ser ordinária

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SUKÁ E VULNERABILIDADE
O QUE OS JUDEUS TEM A ENSINAR SOBRE SEGURANÇA

Rabino Nilton Bonder

...A questão da segurança é uma preocupação crescente nas grandes cidades em nosso país.

Isto levou as elites brasileiras a vasculhar o mundo em busca de soluções eficazes e criativas.

A contribuição "judaica" tem ficado por conta das engenhocas produzidaspela industria israelense e dos serviços oferecidos por egressos doMossad. Estes últimos adaptaram sua expertise à verdadeira guerrilhaurbana que travamos nas ruas e no cotidiano de nossas vidas.

Esquecemos,no entanto, que existem dois modelos judaicos que abordam a questão dasegurança e que falam legitimamente pela tradição. Refiro-me às duasestruturas de cobertura existentes na tradição judaica -- a Suká* e aChupá**. Uma fala metafórica e metafísicamente da relação do ser humanocom D'us (ben-adam la-makom); a segunda da relação entre seres humanos(ben-adam le-chaveró).

A suká é uma estrutura que deve terparedes definidas mas cuja cobertura deve ser frágil e permitir queatravés dela se veja as estrelas do céu e os raios do sol. A chupá, porsua vez, não pode ter paredes definidas mas sua cobertura é compacta.

Asuká representa a relação com o Criador e a percepção de que asobrevivência não advém de estruturas rígidas, mas de uma flexibilidadeque nada tem de frágil. Como se numa história às avessas da dos "TresPorquinhos", a casa que cai com o sopro do lobo é justamente a que érígida. A suká, permite a passagem do sopro; tomba para um lado e paraoutro e se apruma novamente. A mensagem metafísica de sua cobertura sóagora começamos a compreender com os novos avanços científicos. Sobrenós se extende uma enorme suka de ar, uma atmosfera que é cobertura e épermeável ao mesmo tempo. O Criador faz com que sobre nossas cabeçascoletivamente haja um filtro e que suas qualidades de conter e permearsejam apropriadas -- caso permeie de mais esta suká (sem ozônio, porexemplo) não é kasher; caso retenha de mais esta suká (efeito estufa,por exemplo) não é kasher.

A mensagem é clara: a segurança advémdo equilíbrio que aparenta ser fragil mas que é, na verdade, fértil eviril. O bunker, por mais profundo que seja, não protege. Sua coberturarígida não é simbólica de proteção, mas de desequilíbrio e precariedade.A segurança advém deste equilíbrio e este equilíbrio da maneira pelaqual definimos nossas paredes. Se nossas paredes não incluem todos osque devem incluir então a suká da qual falamos não possui o tamanhomínimo para ser kasher. Definir as paredes e o que estas incluem temrelação direta com a capacidade da cobertura representar um equilíbrioapropriado.

A chupá, por sua vez, depende de um teto rígido. Elasimboliza uma intimidade que na dimensão do indivíduo necessita dedensidade para definir e caracterizar. Não há relação humana que suportea não presença ou a indiferença do amante, do amigo ou do concidadão.

Épreciso um teto para representar os compromissos produzidos peloencontro de um "eu" com um "tu", como diría Martin Buber. No entanto, asegurança do amor ou da amizade definida por esta cobertura só épossível sem paredes. Na liberdade e na possibilidade de crescimento dooutro, no livre acesso para além desta cobertura, é que há segurança emtermos humanos. Mesmo a paz entre dois indivíduos não se faz de um teto,de um acordo. É fundamental que as paredes sejam abertas. Quanto maisparedes mais ciúmes e mais desconfiança. Na verdade, só existe um tetorígido e compacto sobre a cabeça quando é possível a inexistência deparedes. O teto se faz sólido por aquilo que ele não exclui.

Alição é clara: a segurança é uma relação. O que nos preserva na naturezaé uma relação entre as graças que permitem a vida e a diversidade doque incluimos como parceiros em seu recebimento. O eco-sistema e suadiversidade mínima é a área mínima para que o teto da suká possa nossuprir a segurança necessária. O que nos preserva em sociedade, poroutro lado, é uma relação de chupá entre os nossos compromissos e asnossas liberdades. O vazio das paredes laterais é o requisito mínimopara que a cobertura tenha uma solidez que represente segurança.

Nossomundo social é um mundo que depende das quedas dos muros e de menosgrades para o estabelecimento de uma grande chupá sobre os sereshumanos. Já na dimensão da sobrevivência se exige a criação de novasfronteiras que demarquem com paredes a inclusão de todos os seres eelementos necessários para que um teto proveja proteção e exposição aomesmo tempo. A chupá é uma lente ou uma antena -- intensifica aexperiência humana e a transmite ao Criador. A suká é um filtro -- fazcom que a força da vida nos chegue em proporção adequada.

Qualquer outra proposta pode trazer tudo -- menos segurança.
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Perdão,que tal pensar no Kipur?

Perdão, que tal pensar no Kipur?

Paulo Blank

Rio de Janeiro, 5771.

De maneira provocadora os antigos cabalistas costumavam dizer que o seu saber começava onde acabava o conhecimento dos filósofos.

Com isto afirmavam que sabiam o segredo de ultrapassar o conhecimento do mundano e alcançar o conhecimento da transcendência .

E se invertermos a equação?

O saber do cabalista termina ( ao começar) onde acaba o dos filósofos. Ali onde a mística alça o seu olhar aos céus, é também a fronteira do conhecer do humano do homem.

De um lado teríamos os homens que pensam os humanos e do outro os humanos que pensam para além dos homens.

Nesta divisão de mundos os pensadores do humano no homem poderiam encontrar na religião dimensões que os místicos não percebem na religiosidade?

Buscado a arte de viver ao invés do conhecimento de deus a religião judaica

se transformou num manancial inesgotável de sabedoria.

Os preceitos que muitos praticam como caminhos para serem premiados e protegidos, são então transformados em sapiência-Hohmá. Desta maneira a religião ganha um vigor que a maior parte de seus praticantes não pode perceber.

Muitos buscam encontrar a sabedoria- Hohmá- em tradições como o Budismo ignorando que o budismo é ,antes de tudo,uma religião sábia e não uma sapiência sem religião. Tornou-se comum milhares de israelenses irem para a Índia em busca de espiritualidade.

Será que a religiosidade de Israel deixou de fornecer a sapiência que hoje é chamada de espiritualidade na medida em que o rigor dos preceitos ofusca a compaixão dos ensinamentos?

Já ouvi de um rabino o mesmo auto-engano ao afirmar que é possível ser budista é judeu. Cabe perguntar se isto não reflete a falência da transmissão da sapiência-espirutalidade do judaísmo a um público que se limita a uma ritualização sem sabedoria?

Falar de espiritualidade não é o mesmo que o considerá-la crença em espíritos e outros mundos que nos esperam com prêmios ou castigos.

Será que a espiritualidade do Iom Kipur foi ocultada pela misticismo cheio de temor que o dia passou a despertar entre os judeus? Mitos e crendices terão acobertado os ensinamentos que este dia pode oferecer ao humano em sua busca de construir caminhos de vida?

Será que tradições externas se misturaram à visão de Israel e ofuscaram os seus valores transformando em dia de temor e tremor uma prática mais rica e menos culpada?

Afinal, o problema da culpa diz mais respeito ao imaginário cristão do que à construção mental do judaísmo.

Para Sair Da Roda Do tempo repetitivo.

O sentimento de culpa aprisiona o humano num passado que nunca para de se repetir. Um tempo congelado.

Nisto ele se parece ao medo. O medo também nos aprisiona em um cercado de segurança difícil de sair.

A culpa é a melhor maneira de se acomodar ao presente e não fazer nada para transformar o passado.

A culpa é diferente da responsabilidade.

A responsabilidade é a maneira como a mente toma posse de seu passado trazendo o degelo a um tempo que permanecia imóvel.

A primeira saída do tempo praticada no Kipur é o Kohl Nidrei

Kol Nidrei

Todas as minhas promessas

Em nome da yeshiva do alto

E da yeshiva terrena

Com o conhecimento do O Lugar

E o conhecimento da comunidade

Nós nos permitimos

Orar junto aos transgressores

Portanto todos os votos

Juramentos e proibições

Que impusemos às nossas almas

Desde o ultimo Iom Kipur até este de agora

E desde o Iom Kipur de hoje até o próximo

De todos estes juramentos

Eu me arrependo,

E todas as interdições

Passam a ser permitidas, abandonadas, anuladas,

Invalidadas e consideradas inexistentes,

Nossas promessas não serão mais promessas

Nossas juras não serão mais juramentos

Segundo historiadores responsáveis o Kol Nidrei foi uma prática criada no século 13 pelo rabino Meir de Rotemberg na Alemanha.

Esta prática estava relacionada a um preceito talmúdico: “o jejum de purificação do qual estão ausentes malfeitores não é válido como jejum” Isto inspirou aquele Rav medieval a permitir a presença dos malfeitores e daqueles que transgrediram os limites da comunidade mesmo que eles não o pedissem[1]

É preciso considerar que, mais que do que uma permissão, existe aí um convite. Mais do que um convite existe aí um pedido aos malfeitores para que validassem o jejum da comunidade com a sua presença.

Não é disto que nos fala o Talmud?

Uma comunidade que exclui seus malfeitores corre o risco de se considerar pura. O malfeitor destrói esta pretensão e convida cada presente a perceber o quanto ele não é um absolutamente diferente deles mesmos.

O convite ao malfeitor faz pensar em uma dimensão de responsabilidade pelos excluídos e o dever de trazê-los para perto das roupas lustrosas e das honrarias distribuídas aos membros da comunidade em cada Iom Kipur.

A expiação deixa de ser um ato místico para se transformar numa empreitada do nosso lado. Mas não do lado Dele. Era assim que o Rabino Haiim de Volozhin costumava diferenciar quando falava do homens, do nosso lado, e Deus,do lado dele.

Do nosso lado é onde se desenrola o drama de uma pessoa em busca da transformação de uma consciência que sofre preocupada com homens que sofrem sem consciência da possibilidade de transformação.

Ato doloroso porque não conta com a escuta de alguém que acompanhe o esforço com gestos e palavras de consolo. Gesto solitário no meio de uma comunidade. Pura responsabilidade pela transformação pessoal onde a presença do malfeitor anula qualquer perdão antecipado.

Do nosso lado começamos o Kol Nidrei convidando o malfeitor a nos ajudar na desconstrução da roda do tempo abolindo as promessas e as juras que fizemos ou venhamos a fazer.

Se o perdão pode tornar o tempo reversível a promessa pode congelá-lo.

As promessas imobilizam o momento em que são ditas. Desta maneira criam um debito permanente da pessoa com ela mesma. Se o passado é culpa o futuro se transforma em um debito a ser cobrado.

O débito das promessas seqüestra as possibilidades e as aberturas do futuro.

Ao anular os momentos congelados pelas promessas libertamos o futuro das cadeias de nossas juras e nos preparamos para vivê-lo em toda a sua potência de possibilidades e espantos.

Deste momento em diante o futuro se transforma no absolutamente diferente de mim. Por ser radicalmente diferente também não imagino que tenha qualquer possibilidade de controle sobre ele.

O futuro é tão radicalmente diferente de nos mesmos quanto o são os nossos filhos.

Vivendo as possibilidades viveremos sem inocência ou benevolência o resultado de nossos atos. No espaço do futuro o malfeitor não é penetra. É convidado de honra. O perdão não é esquecimento. É tempo que se move no fluir das escolhas.

Um lugar onde o perdão não esta garantido é também um lugar onde não existe condição para a infantilizar o humano. Será esta a tal da religião para adultos sob o constante risco do ateísmo do qual tantas vezes nos fala o mestre Emanuel Lévinas?

Saindo da roda do tempo repetitivo talvez possamos escrever e assinar em baixo uma pagina nova em nossas vidas

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O Globo, Mundo, 12 de set de 2010 (página 40)

A nova Terra Prometida


Judeus voltam à Alemanha 6 décadas após Holocausto

Graça Magalhães-Ruether

Correspondente • BERLIM


Um clima de festa tomou conta das cinco sinagogas de Berlim nos últimos dias, por ocasião do Rosh Hashaná, a celebração do ano novo judaico, entre quarta e quinta-feira. Sessenta e cinco anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a cultura judaica volta a florescer na Alemanha com a chegada em massa de judeus. Diferentemente dos anos 1960 e 1970, quando a migração judaica dirigia-se sobretudo a Israel, a preferência dos judeus da Europa Oriental tem se dividido, nos últimos anos, entre a Terra Prometida e a Alemanha. Só da antiga União Soviética chegaram cerca de 200 mil desde a queda do Muro de Berlim. Hoje, 85 cidades alemãs contam com sinagogas — e só Berlim e Munique, juntas, contam com 16 templos.


Para alguns judeus mais velhos, com a festa da semana passada parecia que a roda da História havia girado, e o judaísmo era vivido na capital alemã como foi até 1933, quando viviam na cidade 120 mil judeus, integrando as elites artística, científica e intelectual, como o filósofo Walter Benjamin e o físico Albert Einstein.

— O judaísmo voltou a florescer não só em Berlim, mas em toda a Alemanha — celebra Maja Zeder, porta voz da comunidade judaica de Berlim, filha de judeus da Ucrânia.


Até 1933, viviam na Alemanha meio milhão de judeus. Apenas pouco mais de 20 mil sobreviveram ao regime nazista. Depois de 1945, viviam no país sobretudo judeus em trânsito à espera de uma chance de ir para Israel.


As pequenas comunidades judaicas que começaram a se organizar, ao longo das décadas, chamavam a atenção, mas muitos de seus membros eram criticados por quem decidiu partir por viverem na Alemanha.


Maioria veio da antiga URSS

A situação começou a mudar com a abertura do regime comunista da antiga União Soviética. Depois de um acordo fechado pelo chanceler federal Helmut Kohl e o líder soviético Mikhail Gorbachev, os judeus soviéticos passaram a ter permissão para emigrar para a Alemanha. Com a oferta de ajuda financeira e o sonho de uma vida melhor, sem discriminação, houve uma evasão em massa.


Hoje, 80% dos judeus da Alemanha vêm da antiga URSS, o que causou uma revolução cultural para os próprios judeus alemães. Com os imigrantes do leste, surgiram também novos hábitos e uma nova cultura, com mais ortodoxos e até ultraortodoxos.


Em comum com os outros imigrantes, os judeus têm apenas o fato de ter de aprender o alemão — 99% desses imigrantes têm formação universitária, o que torna mais fácil a integração no mercado de trabalho e na sociedade local.


A normalização da Alemanha, antes o “país dos criminosos nazistas”, começou para os judeus com a queda do Muro de Berlim em 1989. Esse novo país, surgido dos escombros da guerra, nada tinha em comum com o país que exterminara 6 milhões de judeus.


Há dez anos, o judeu berlinense Heinz Berggruen, o maior colecionador de arte do século XX, que havia deixado a cidade em 1936, praticamente doou à sua cidade natal a sua coleção, uma das maiores de Picasso da Europa. Com um valor calculado em G 375 milhões, os quadros, hoje pendurados no Museu Berggruen, no centro de Berlim, foram vendidos à prefeitura por apenas G60 milhões. O filho de Berggruen, Nicolas, um empresário de 48 anos, resolveu voltar à cidade do seu pai, falecido em 2007. Ele comprou a maior cadeia de lojas de departamento da Alemanha, a Karstadt, proprietária da famosa Kaufhaus des Westens (KaDeWe), ameaçada de falência, salvando 35 mil empregos.


Ações como a da família Berggruen ajudaram a aumentar a admiração dos alemães pelos judeus.


— Aqui nós nos sentimos em casa, e antissemitas são apenas os neonazistas, uma minoria inexpressiva — minimiza Eleonora Shakhnikova, a encarregada de integração da Comunidade Judaica de Berlim.


O primeiro plano dos imigrantes era, quase sempre, ir para Israel, em reação a qualquer tipo de antissemitismo.


Mas, como a receptividade foi boa, e o medo do conflito no Oriente Médio, grande, quase todos resolveram ficar na Alemanha. Antissemitismo Shakhinikova diz ver apenas quando o time de futebol da comunidade, o Macabi, ganha de alemães não judeus.


Aí vem a gritaria da plateia: “judeus!” Muitos judeus que já viviam na cidade reclamam, porém, da “russificação” da vida judaica em Berlim. Os ultraortodoxos separam os homens das mulheres nas sinagogas e os homens não apertam as mãos delas como forma de saudação. Além disso, muitos judeus do Leste Europeu são ateus.


Mas Maja Zeder diz que a preocupação com a integração dos novos imigrantes é enorme. Os judeus contam com escolas próprias para integrar também as crianças que ainda não aprenderam a falar alemão.


Para ela, a imagem dos judeus na sociedade alemã é hoje muito positiva.


Se há protestos quando são construídas novas mesquitas, no caso das sinagogas há apenas aprovação.


Já Eleonora lembra que os imigrantes continuam se sentindo russos, ucranianos, em suma, soviéticos.


— Os mais velhos têm uma mentalidade soviética.


Mas é nos mais novos que o judaísmo aposta em seu renascimento na Alemanha.



Jovens judeus querem nova identidade não vinculada ao genocídio


BERLIM. A nova geração de judeus na Alemanha quer pôr um ponto final no passado de vítima. Depois que a presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Charlotte Knobloch, de 77 anos, sobrevivente do Holocausto, resolveu deixar o cargo este ano, jovens nascidos no pós-guerra assumiram a liderança, lutando por uma nova imagem do judaísmo no país — positiva e, em muitos casos, cômica. Todos os candidatos à sucessão nasceram depois de 1950 e refletem a nova tendência entre os jovens judeus.


Oliver Polak, de 33 anos, é um dos principais representantes dessa nova geração irreverente e sem medo de quebrar tabus. Ele faz sucesso como cômico explorando o humor sobre seu próprio povo. Uma de suas piadas que faz a plateia explodir em risos tenta explicar, no seu estilo, por que os judeus são circuncidados.

A sua explicação é que as mulheres judias não gostam de nada que não seja em 20% reduzido.


Essa nova geração, que conhece o Holocausto apenas por relatos de parentes e livros de História, quer reinventar o judaísmo, de uma forma positiva, descontraída, evitando também uma associação automática com Israel.


David Tichbi, de 28 anos, integrante da comunidade judaica de Hamburgo, afirma que para a geração jovem o tema Holocausto não é mais a coisa mais importante.


— Até agora, os judeus concentravamse em discutir o passado nazista, como fazia o conselho central dos judeus. Mas os jovens querem também uma outra identidade — afirma David, neto de um sobrevivente do Gueto de Varsóvia.


Nascido em Kischinev, na Moldávia (então parte da URSS), há 39 anos, Nicholas Werner é outro porta-voz dessa nova geração. Ele veio para Berlim há nove anos e começou a trabalhar no setor de jornais para imigrantes judeus. Seu grupo, Werner Media Group, edita seis jornais, entre eles o preferido dos imigrantes da antiga União Soviética, o “Jüdische Zeitung”, que aborda até temas complicados, como a relação entre os judeus que vivem na Alemanha com Israel. (G.M.R.)


'Os alemães mudaram, não há problemas'


Semen Kleyman

BERLIM. “Sobrevivi ao Holocausto por coincidência.


Em agosto de 1942, os nazistas deportaram milhares de judeus da minha cidade, Winnyzya, a 200 quilômetros de Kiev, na Ucrânia.


Meu pai, minha irmã e meus dois irmãozinhos foram deportados.


Eu tinha 16 anos e não estava em casa. Tive a sorte de ser escondido por uma família russa. Lutei no Exército Vermelho e depois da guerra estudei odontologia.


Há cinco anos, eu e minha mulher, médica, seguimos nossos dois filhos e viemos para Berlim, em busca de uma vida melhor.


Não há problema em viver aqui, os alemães mudaram.”

(G.M.R.) SEMEN KLEYMAN é um dentista judeu nascido na Ucrânia.


'Aqui vivemos melhor nossas tradições'

Eleonora Shakhinikova

“Os judeus vivem melhor na Alemanha do que nos países da antiga URSS. Sonho visitar Israel, mas não cogito viver lá por causa do conflito com os palestinos.


A tragédia dos judeus no Leste Europeu foi dupla. Eles foram dizimados pelos nazistas, e os sobreviventes continuaram discriminados pelos locais.


Há seis anos, deixei São Petersburgo e vim para Berlim com minha mãe e um tio. Vivemos melhor nossas tradições aqui do que onde nascemos.”

(G.M.R.) ELEONORA SHAKHINIKOVA, 40 anos, é filóloga judia russa e trabalha com integração dos imigrantes judeus


'Não hesitei quando soube que podia vir'

Alla Shamailova

“Os judeus são ainda mais discriminados nos países muçulmanos da antiga URSS, como a minha pátria, o Azerbaijão.

Quando soube da possibilidade de emigrar para a Alemanha, não hesitei, vim embora com meus dois filhos em 2006. Sou professora de russo, e depois do fim do comunismo a procura pelo idioma diminuiu muito.

Mas tive sorte de conseguir um emprego na comunidade judaica, onde apoio novos imigrantes e os oriento sobre como conseguir alugar apartamento e matricular-se em cursos de alemão. Estou feliz aqui.”

(G.M.R.) ALLA SHAMAILOVA, de 38 anos, é professora de russo


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Hawking e Deus: relação íntima - Marcelo Gleiser

Hawking e Deus: relação íntima - Marcelo Gleiser



É lamentável que físicos como Hawking divulguem teorias especulativas; ele está querendo ser Deus


http://marcelogleiser.blogspot.com/
Stephen Hawking, o famoso físico da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, está mais uma vez ocupando manchetes e blogs pelo mundo afora. A razão é a publicação de seu livro "O Grandioso Design" ("The Grand Design"), com Leonard Mlodinow, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).

A atenção é consequência da afirmação feita por Hawking de que a física resolveu a questão da origem do Universo e que, portanto, Deus não é necessário. Na verdade, isso não passa de mais uma batalha numa guerra um tanto longa e inútil.

Em seu bestseller "Uma Breve História do Tempo", publicado em 1988, Hawking escreveu: "Se o Universo é contido em si mesmo, sem borda ou fronteira, não teria começo ou fim: simplesmente seria. Neste caso, qual o lugar de um criador?"

Mais adiante: "Se descobrirmos uma teoria completa, filósofos, cientistas e o público leigo tomariam parte na discussão de por que o Universo e nós existimos. Se encontrarmos a resposta, seria o grande triunfo da razão humana, pois, então, conheceríamos a mente de Deus".

Hawking afirma que tem novos argumentos que colocam Deus para escanteio de vez. Será?

A ideia dele, que já circula de formas diferentes desde os anos 70, vem do casamento da relatividade e da mecânica quântica para explicar a origem do Universo, isto é, como tudo veio do nada.

Primeiro, usamos as propriedades atrativas da gravidade para mostrar que o cosmo é uma solução com energia zero (o "nada" de onde tudo vem) das equações que descrevem sua evolução.

Segundo, como na mecânica quântica (que descreve elétrons, átomos etc.) tudo flutua, o Universo pode ser resultado de uma flutuação de energia nula a partir de uma entidade que "contêm" todos os Universos possíveis, o multiverso.

Nosso Universo é o que tem as propriedades certas para existir por tempo suficiente -quase 14 bilhões de anos- para formar estrelas, planetas e também vida.

Em meu livro "Criação Imperfeita", publicado em março, argumento exatamente o oposto. Descrevo como afirmações que defendem a existência de uma "teoria de tudo" são incompatíveis com a física.

As teorias que Hawking e Mlodinow usam para basear seus argumentos -teorias-M, vindas das supercordas- têm tanta evidência empírica quanto Deus.

É lamentável que físicos como Hawking estejam divulgando teorias especulativas como quase concluídas. A euforia na mídia é compreensível: o homem quer ser Deus.

O desafio das teorias a que Hawking se refere é justamente estabelecer qualquer traço de evidência observacional, até agora inexistente. Não sabemos nem mesmo se essas teorias fazem sentido. Certas noções, como a existência de um multiverso, não parecem ser testáveis.

Ademais, a existência de uma teoria final é incompatível com o caráter empírico da física, baseado na coleta gradual de dados. Não vejo como poderemos ter certeza de que uma teoria final é mesmo final.
Como nos mostra a história da ciência, surpresas ocorrem a toda hora. Talvez esteja na hora de Hawking deixar Deus em paz.

Leitores interessados podem ver uma comparação entre meu livro e o de Hawking no blog do jornal "New York Times": http://ideas.blogs.nytimes.com/2010/09/07/not-so-grand-design/
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O Perdão é uma perda muito grande


O Perdão é uma perda muito grande.

Benjamim Mandelbaum autor deste artigo, tem sido uma das maiores perdas da minha vida. Morreu fazem já alguns alguns anos. Fomos amigos e companheiros durante mais de trinta deles. Era pessoa original que conseguia como ninguém juntar várias dimensões de sua vida em uma prática judáica autêntica e livre. Imaginem que na foto que ilustra a capa do livro "Os carbonários" do Alfredo Sirkis, o Benjamim é o cara que aparece atirando uma pedra num PM em uma passeata de estudantes. Psiquiatra, psicanalista,estudioso de filosofia, da mística e da cabala,sempre foi um homem mergulhado no seu tempo.

Se vivo fosse,tenho certeza,estaria conosco na empreitada do Judaismo Humanista. Encontrei esta maneira de fazer o meu Mazkir Neshamot dedicado ao grande amigo trazendo-o para junto de nós neste primeiro artigo de outros tantos que espero publicar.

Dizia Hellio Pellegrino que um homem só morre totalmente quando deixamos de falar dele. Assim,ambos, Helio e Benja,permanecerão vivos entre nós por mais alguns momentos.

21/08/00 Benjamin Mandelbaum Z"L

As palavras têm vida própria, que vai muito além de sua etimologia e significado.

Para nos contactarmos com esta vida precisamos abrir o coração. Isto pode ser feito,

baseando-se na tradição hassídica, dançando e cantando com as letras. Sabemos que o

hebraico é uma língua sagrada em sua essência. Mas não impede, muito pelo contrário, que

possamos sacralizar outros idiomas, que longe de ser uma profanação, trata-se de

reconhecer a própria presença divina, Schechiná, em tôdas as línguas. Para além da lógica

formal, o sentido só pode ser encontrado através do próprio sentido.

A palavra perdão poeticamente pode ser tomada como aumentativo, um perdão, nos

apontando para uma grande perda. Que perda é essa? é a perda da ilusão de perfeição. Só

se pede perdão, ou se é pedido, através da admissão do erro, do engano, do equívoco, da

falha ou do mal feito. Desse modo, o perdão é a fragmentação narcísica, quando a imagem

de perfeição se parte em cacos, como a Schevirá. Quebrando a idealização da imagem

onipotente do ego se revela a essência verdadeira do ser. O perdão é o parto de si . É

preciso o desapego ao ego para chegarmos verdadeiramente a si, ao self. No perdão as

perdas dão cria.

Aprendemos com a Cabalá a encarar a necessidade da perda. Na própria criação do

universo, o Tzim-Tzum é a perda necessária, que se dá por contração divina, para que o

Ayn, o Nada, seja criado, abrindo espaço para o Sem Fim de Ayn Sof e sua Luz Sem Fim,

Ayn Sof Aor, iluminarem a Árvore da Vida na constituição do Any, o Eu do ser humano.

As perdas1 fazem parte da tradição judaica, no aprendizado de como lidar com elas.

Antes de Yom Kipur, no dia 9 do mês de Av, relembra-se grandes perdas. Desde a

destruição dos Templos Sagrados, dos diversos sacrifícios humanos, dos vários desterros ,

inquisições e holocaustos. Trata-se de um verdadeiro processo de despojamento, que se

intensifica até chegarmos ao dia do Yom Kipur, dia da ex-piação, purificação.

Nos dias intensos revemos perdas, realizamos rituais de purificação, como o

Tachlich ou da Capará, que visam a obtenção do perdão ex-piatório purificador no dia

santo. A vivência do dia mais intenso é primariamente de mortificação do corpo na

afirmação que a vida se alimenta de vida. A grande imagem egóica sofre no período de 24

horas de jejum um processo de retificação, realizando um Tikun à sua verdadeira dimensão.

O corpo físico se afirmando pela sua negação se descobre como resultante de um ato do

amor divino. Teshuvá é retorno do Any ao Ayn.

1 Na tradição de quebrar o copo na cerimônia do casamento encontramos laços partidos presentes nos

novos laços unidos. No momento de alegria intensa da união, contatamos também com as nossa perdas,

como na partida dos filhos de seus lares paternos ou de pessoas que não estariam ali presentes. Não se

trata de um masoquismo, mas de uma polarização dos momentos de perdas e ganhos. Lembrar da tristeza

no momento maior de alegria é para que nos momentos que houver o predomínio da tristeza da perda

possamos elaborá-la e lembrarmos da nova união que ela encerra e que prenuncia a alegria Vindoura. O

problema não é a perda mas o que fazemos com ela. Realizá-la e encará-la com humildade ao invés de

humilhação é o aprendizado básico do processo de aceitação para transmutá-la, tal como na reverência do

Cadish, a prece do luto pela perda de um ente querido, que é um hino de louvor e exaltação a D”s que

ameniza a nossa dor.

2

Este jejum purificador é piedoso e diferente de alguma outra prescrição de jejum,

como a de um ato médico. É também um ato de fé coletivo e difere da mera restrição do

jejuar sozinho em casa. A própria identidade do ser individual é ali colocada na sua

dimensão cultural e comunitária, transcendente na espiritualidade, que culmina no Schemá

com o toque do Schofar.

O Itzcór dos enlutados é uma das rezas mais assistidas deste dia, muito embora ela

esteja presente também em outros dias santos. É que neste dia do perdão as perdas se

evidenciam. Percebemos nossa pequenez cósmica. Somos cordas de areia no tempo.

Como é difícil pedir perdão! Certo Yom Kypur, após conseguir pedi-lo a D’s,

percebi que ainda não o tinha dado a mim mesmo. Eu senti que Ele em sua clemência

magnânima poderia até me haver concedido o perdão, mas eu não conseguiria recebê-lo,

pois ao não me perdoar meu coração ainda estava fechado. Por isso temos o auxílio do som

sagrado do Shofar, trombeta da alma para abrir as trancas do peito, não só as celestes, mas

terrestres também como Josué fez para abrir os portais de Jericó, rumo a terra prometida.

Lembrei-me de meus tempos de jovem na sinagoga junto a meu pai, achando que

aqueles que não compareciam nos serviços religiosos regulares, eram todos hipócritas, pois

na semana seguinte já não estariam mais ali. Embora houvesse realmente uma certa dose de

falsidade, hoje, talvez por me encontrar do outro lado, revejo a coerência total e absoluta

que advogava então. A dificuldade do perdão residia na impossibilidade de prometer

convicta e totalmente que não mais pecaria, o que não poderia fazê-lo em sã e sincera

consciência.

O pedido de perdão, como ato de amor, só pode se dar apesar de. Não como

promessa, mas como compromisso. Não é por outra razão que exatamente a primeira prece

do Yom Kipur é o Kol Nidrei, que versa sobre todas as promessas feitas não cumpridas e

das que vindouramente faremos.

Paradoxal condição humana esta nossa que, sabendo-se imperfeita busca o

aperfeiçoamento, mesmo sabendo que não atingirá a perfeição. É tão terrível aquele que

vive preso ao seu sonho quanto àquele que não o possui ficando prisioneiro da realidade. No

caminho do Dia do Perdão trata-se ainda de se verificar perdas, falhas e descontinuidades do

re-ligare. A Teshuvá é arrependimento e retorno de uma contra-mão indevida.

Uma lâmpada que não voe ou apite obviamente não está com defeito, pois não é

feita para isso, mas é sinal de sua própria imperfeição. Aceitarmos nossa própria

humanidade em sua imperfeição é o primeiro estágio para podermos atingir o perdão. É o

próprio amor que clama o perdão. Tal como a si mesmo, não é nenhum favor perdoar ao

outro, já que nós mesmos lucramos imediatamente ao sentirmos, nossos corações e mentes

mais leves.

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Outra experiência de tempo.

Outra experiência de tempo.

Paulo Blank

É bem possível que a primeira experiência de tempo seja um intervalo de pânico.

Quando somos bebezinhos o afastamento da mãe é vivido como um súbito abismo. Berrando e gritando queremos recuperar no imediato do agora o bem estar que vivíamos dois segundos atrás. Uma verdadeira catástrofe dos sentidos se instala naquele momento de paz.

De tanto experimentar o ir e voltar da sensação de bem-estar –acalmando- o-pânico-que-rompeu-com-o-bem-estar-anterior, a mente constrói a sensação do intervalo. A experiência bem sucedida do ir e voltar transforma o abismo em intervalo.

Entre catástrofes e concertos vamos construído uma sensação que mais tarde aprendemos a chamar de depois.

Se o intervalo ganha o corpo ele permite o surgimento de uma vivência que na idade adulta chamamos de esperança. Esperança é um sentimento de saber que o pânico do abismo pode ser acalmado com a chegada do depois.

Depois, é uma noção que requer uma mente sofisticada. Depois é o fundamento do que chamamos tempo. O modo em que experiência de tempo influenci a mente marca a relação mais, ou menos aflitiva, com tudo que for separação, aproximação, distância, amar e medo de amar.

É bem possível que a maior parte de nossos sofrimentos emocionais esteja ligada à forma como foi vivida e construída esta experiência chamada tempo.

É importante perceber que o intervalo é vivido dentro de uma descontinuidade feita de inúmeros intervalos, de cortes abruptos e reconstruções súbitas. Ou seja, na vida humana nunca houve uma experiência de continuidade em estado puro.

A continuidade é uma ilusão da mente na medida em que ela se sobrepõe às inúmeras rupturas e intervalos que formam o sentimento chamado tempo.

2

A idéia da progressão de uma vida organizada se inspira nos objetos que nos rodeiam. A vida dos objetos nos ajuda a não perceber a descontinuidade dentro da aparência de continuidade.

É mais ou menos como certas casas que visitamos e onde os móveis e os objetos estão sempre limpos, brilhantes, no mesmo lugar, criando a sensação de um tempo estável. A não ser que um vaso se quebre.

É bom relembrar que desde as primeiras vivências já estamos experimentando o descontinuo, o súbito, a ruptura e a sua reconstrução tão inesperada quanto a catástrofe que a antecedeu.

Mas, se afastarmos a mente desta certeza e olharmos a vida das pessoas ao redor com certo distanciamento, o que veríamos?

Poderíamos perceber a permanente diversidade de afetos e acontecimentos que nos circundam e aprender a viver sem a visão do tempo em linha reta?

É preciso insistir nesta descontinuidade. Para que? Para que possamos aceitar os intervalos do tempo que não sucumbe à ilusão do Sou. O Sou quer abarcar tudo. Impor-se a tudo. O Sou é.O Sou quer ser o todo do mundo.

Os acontecimentos súbitos instauram o novo num de repente tão inesperado quanto a sarça que ardia no deserto por onde passava determinado sujeito chamado Moisés sem imaginar o que veria alguns passos depois.

Quando Moisés se dirigiu à voz que lhe comandava a ida ao Faraó do Tempo Embalsamado perguntando de quem ela era, ouviu de maneira nítida o inicio da grande diferença:. Ehieh Asher Ehieh. Serei o que Serei.

Um Deus fora do tempo e das formas acabava de ser introduzido na mente humana através do acontecimento do deserto que se move e se transforma sem parar. Tão móvel em seu movimento quanto o fogo da sarça que não queimava.

3

A Torah diz que a vida foi dada para que vivamos. Dei-te a vida para

que vivas, assim é que é dito em palavras de Serei o que Serei. O que faz supor que pode existir outro tipo de vida.Uma vida do não viver?

Vida em hebraico é HaiiM, palavra plural. Tantas vidas em uma só vida, diz Fernando Pessoa.

Para que Deus possa ser Ehieh a vida precisa ser HaiiM. Não viver na vida vivida é viver na contenção de um Eu cheio de Sou. Totalizado. Sem lugares para outros e sem outros lugares para si. Uma vida no singular.

A mente reluta. As culturas gregas e romanas traduziram o diálogo do deserto como: Sou O Que Sou! Um ser sem intervalo é tão assertivo quanto os valores que alimentam as nossas vidas até os dias de hoje. A tradução é sempre traição.

Um ensinamento talmúdico diz que cada instante tem o seu anjo único. Outro nos fala que a cada instante novos anjos são criados para louvar a Deus e desaparecer. Cada instante tem a sua oportunidade. Sua qualidade diferente. Seus acasos. Cada instante é um intervalo por onde o Machiach pode penetrar na história fazendo a vida acontecer diferente.

Como diz Guershom Sholem: “estes anjos antecipam o apocalipse no coração da história”. No meio do dia a transformação radical. O abismo que já vivemos no passado se transforma na esperança de um de repente. Talvez por isto a toda hora apareçam novas previsões de uma grande catástrofe capaz de inaugurar outra história.

De repente um ano novo. De repente Rosh Hashaná.

De repente, não mais que de repente. Outra história.

Conta-se que certo sujeito procurou um Rav em Jerusalém e lhe disse que teve um sonho onde via o Machiach sentado na porta de Roma. O Rav entendeu o seu sonho e disse-lhe que fosse correndo até aquela cidade imperial e procurasse o homem entre os pobres e os leprosos sentados perto das muralhas na entrada da cidade. Do lado de fora. Ou seja, fora da cidade organizada que vive o seu dia a dia cercada de poder e certeza num

tempo próprio fora do tempo Como acontece no shopping-tempo sempre iluminado dos dias de agora.

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Chegando às muralhas de Roma viu um homem que correspondia ao seu sonho. Aí aconteceu o seguinte dialogo:

- Você é o Machiach?

- Sim

- Então quando você vai chegar?

- Hoje

O homem afastou-se voltou para Jerusalém. Assim que o viu entrando o Rav perguntou.

- O que ele disse?

Desanimado o viajante contou-lhe o acontecido:

-Perguntei quando ia chegar ele respondeu hoje, estava caçoando de mim.

- Infeliz é a geração que não aprendeu a escutar- respondeu o Rav.

Escutar o sussurro do tempo é perceber que no agora do intervalo de cada instante o tempo súbito pode irromper no coração humano. Irrupção de um absolutamente novo dentro das passagens de nossas vidas. Vidas organizadas num tempo que evolui em direção a um ponto que nunca para de quase chegar.

O que o Rav tentou ensinar ao viajante foi a idéia de que as mudanças não acontecem em linha reta. Quando o Machiach disse “hoje” ele não estava brincando. No entanto, para percebê-lo e dar-lhe passagem, é preciso estar aberto para escutar quando formos conversar com algum Machiach acampado do lado de fora de nossas muralhas.

Shaná Mehudeshet para todos nós.

Um ano renovado para todos nós.

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Shabat no Rio dia 10 confirmado

Amigos

Estaremos reunidos na casa do Mauro e Marialva Band para nosso Shabat de formação judaica e
reunião de amigos. Como combinamos, faremos uma leitura da Parashá de semana, que no caso é
a Parashá Haazinu, e extrairmos seus ensinamentos.
Até agora 10 pessoas confirmaram sua presença.

O endereço poderei mandar por e-mail ou telefone, a partir de amanhã.

Vale lembrar que a proposta do grupo não se restringe aos aspectos essencialmente religiosos, havendo
ampla interpretação conforme a visão de cada um, religiosa ou não.

Shaná Tová e até sexta.
Bernardo Furrer
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Esponjas, homens e criacionismo - Marcelo Gleiser

Esponjas, homens e criacionismo -





Cientistas às vezes têm de aceitar que não veem o filme inteiro. O desafio é destrinchar a história com o que temos

RECENTEMENTE, GENETICISTAS obtiveram um resultado notável: as esponjas (forma de vida multicelular mais antiga que conhecemos) podem ter entre 18 mil e 30 mil genes, números comparáveis aos dos humanos, das moscas e de incontáveis outras espécies.

Como as esponjas existem há pelo menos 500 milhões de anos, muitos pensam que elas formam o tronco da árvore da vida que leva aos animais. Não somos, portanto, apenas descendentes dos macacos. Nós e todas as outras espécies viemos das esponjas, primas dos objetos porosos que usamos no banho.

Estranho imaginar que seres tão simples sejam nossos ancestrais.

Afinal, esponjas não têm pele ou neurônios. No entanto, sabe-se que as esponjas têm genes responsáveis tanto pelas proteínas usadas na comunicação entre as células nervosas, por exemplo. Está tudo lá, numa espécie de hibernação genética.

A descoberta incita uma questão importante. De onde veio todo esse aparato genético das esponjas?

Se adotarmos uma postura reducionista para a evolução da vida, é natural supor que as primeiras formas de vida eram simples. Isto é, com um número reduzido de genes.

O pulo em complexidade de alguns genes para milhares não é trivial.
Criacionistas vão adorar. "Como essa complexidade foi atingida sem a intervenção de um engenheiro?"

Prevejo que argumentos criacionistas, como o baseado na existência implausível do olho, serão revisados para incluir a complexidade genética das esponjas, degraus abaixo na escada evolutiva.

Biólogos não terão dificuldade para rechaçar esse argumentação.

Não se pode usar dados necessariamente incompletos para se construir um argumento de caráter definitivo.

O processo de investigação científica é cumulativo. Darwin foi atacado pelos "elos perdidos" no registro de fósseis. Seus críticos queriam uma progressão continua das formas de vida, feito num filme, sem os pulos que necessariamente existem.
Esse tipo de continuidade é impossível por ao menos duas razões.

Primeiro, é inocente querer que os fósseis de todas as espécies que existiram no passado tenham sido preservados até o presente. Alguns são destruídos e outros não se fossilizaram. Mesmo que todos tivessem sido fossilizados, achá-los seria impossível, já que jazem espalhados pelas entranhas da Terra.

Segundo, devemos considerar a hipótese do equilíbrio pontuado de Niles Eldredge e Stephen Jay Gould, segundo a qual a evolução da vida não pode ser separada da dramática história da Terra.

Cataclismos globais, como a queda de um asteroide ou grandes erupções vulcânicas, redefiniram a evolução da vida. É de se esperar que existam descontinuidades. Achar que a complexidade das esponjas é evidência de algum criador é como pegar um filme na metade e não admitir que metade já passou.

Como não têm esqueleto, as esponjas não se fossilizam. É plausível que tenhamos perdido muito do filme. Outras formas de vida, com genética mais simples, talvez protoesponjas, devem ter existido. Como em arqueologia ou em cosmologia, temos de aceitar que nunca veremos o filme inteiro. O desafio é destrinchar a história com as partes que conseguimos ver. A beleza da ciência é que podemos fazer isso.
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um plebiscito mortal

Um Plebiscito Mortal

Sérgio e Angela estão levando uma conversa interessante na qual resolvi me intrometer. Vi que a Ângela anda lendo o KUZARI a quem chama de sionista ( isto no sec. XI?). Aí achei que seria interessante relembrar como a conversa com o rei Kazar foi retomada centenas de anos depois pelo grande sábio israelense Yeshaaiau Leibowitz.

O seu artigo de 1953/4 “Depois de Kivia” ( Leahar Kivia) foi escrito após a destruição da aldeia de Kivia por um grupo de soldados do Tzahal chefiados por Ariel Sharon. Eles foram enviados para a Jordania numa ação de retaliação a um ataque terrorista que causou algumas mortes em israel. Foi depois desta ação que despertou uma crise internacional que Yeshaaiau publicou o artigo desencadeando uma intenso discussão em Israel.

Chocado com acontecimento onde foram mortos crianças,velhos e mulheres,os assassinos tinham fugdo da aldeia, o sábio relembrou em seu desabafo aquilo que o rei Kazar respondeu ao protagonista judeu do debate medieval cirtado pela Angela. O personagem que encarna o sábio Judeu ( Pag 93 e 94 da edição da Sefer) afirma que a proximidade com Deus deve ser aquilatada “com base em nosso estado de degradação,mais do que tivéssemos logrado grandeza neste mundo”. Embora a tradução brasileira seja meio truncada, Yeshaaiu nos ensina em hebraico o sentido da resposta dada pelo Kuzari e de quebra permite entender melhor o original medieval.

Na mesma medida em que Halevi enaltece o sofrimento judaico e o dá como mérito da proximidade a Deus e não aos valores de força e poder, o próprio autor coloca na boca do Kuzari uma resposta instigante. Vejamos como Halevi debate com o seu próprio argumento enaltecedor.

"Isto seria correto se vocês aceitassem este estado de miséria de livre vontade. No entanto este não é o caso: se pudessem destruir os seus inimigos, seguramente o fariam" Ou seja, enquanto povo dominado e “fora da historia”, um povo meta-histórico como ensinou Franz Rozenzwieg, os judeus viviam em uma encubadeira sem poderem testar o seu poder de dominar e destruir. Foi quando saímos desta situação privilegiada é que nos vimos sem o conforto da falta de liberdade que permitia orgulhar-se dos valores da própria tradição. Como hoje continuamos fazendo.

Com a entrada na história as coisas tomaram outro rumo nos transformando em testemunhas de que Halevi/Kuzari tinha uma visão sofisticada da realidade psicológica do ser humano.

Hoje, dia 5/6 de setembro, em Israel o Rabino Ovadia chefe da comunidade Sefaradi e influente líder político, aquele que disse que os seis milhões de mortos da Shoá tinham almas de pecadores reencarnadas em seus corpos, ele esta sendo o foco de um novo debate racista. O Rav declarou dias atrás em sua sinagoga, arrancando gritos de exaltação e améns fervorosos em profusão, que o povo palestino a quem chamou de “ismaelitas” deveria morrer em sua totalidade por obra e graça dos poderes de Elohim.

Tomando ao pé da letra este pedido vindo de uma figura tão venerada por sua sapiencia e religiosidade, podemos considerar que dentro de poucos dias os judeus participarão sem o saber de um enorme plebiscito ao longo de suas orações: deve ou não Hashem Itbarach destruir o povo palestino em sua totalidade bemeherá beiamenu?

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Caro amigo Arthur Rotenberg, presidente da Hebraica

Tenhoimensa admiração e gratidão por todos os que fizeram e fazem da Hebraica o meu centro de gravidade e o lugar de referência na infância de todos os meus filhos (e agora também dos netos), e especialmente por aqueles que, como você, têm se dedicado a torná-la pluralista e aberta a todas as formas de prática do judaísmo, cultural ou religioso.

Ditoisso, e sendo eu um dos muitos incluídos no termo pluralista que usei acima, sinto-me no dever de contribuir para a construção coletiva de uma visão sobre o nosso papel na questão que julgo ser a mais importante para a identidade judaica em nossos dias e para as novas gerações: o futuro de Israel, como país democrático, e em paz com o futuro Estado palestino, ambos se fortalecendo perante as pressões do jogo das grandes potências (especialmente da China, no seu eixo China-Irã, mas também dos Estados Unidos, nem sempre benfazejos, e que um dia podem cair nas mãos de forças totalitárias, quem sabe o futuro? os alemães previam o nazismo?).

Sejaqual for o futuro, não podemos nos esquecer do tamanho da população muçulmana no mundo, e dos conflitos internos ao islamismo, entre correntes modernizantes e correntes fundamentalistas e retrógradas. Quem sabe qual será a correlação de forças nessa imensa população daqui a 5, 10, 20 anos?

Nessaperspectiva, chamo a atenção para o que considero um deslize sério (alguns acharão que estou buscando pelo em casca de ovo), numa pequena frase no olho do artigo "Soma de esforços para compreender Israel".

Eisa frase, que me provocou profundo "nisht guit" (pág 74 da edição de setembro)
:
"
É possível reverter aaparente posição pró-palestina dos meios de comunicação?"

Minha objeção é simples: trata-se de uma expressão que induz, de forma insidiosa, a contraposição entre o pró-palestino e o pró-israelense, excluindo outras possibilidades.

Ora, sou dos muitos judeus que desejam bem estar, paz, justiça e pleno usufruto de todos os direitos humanos ao povo palestino. Então sou pró-palestino, certo? Claro. Isso me faz ser anti-israelense? Nunca. Sou contrário não a posições pró-palestinas, mas sim à demonização e à deslegitimação de Israel, assimcomo sou contrário à demonização do islamismo e dos palestinos, como vejo acontecer em grande parte da imprensa mundial.

Trata-se,a meu ver, não de combater posições pró-palestinas, mas, ao contrário, de reconhecer a legitimidade dos interesses e das narrativas do povo palestino, num diálogo em que Israel seja também escutado quanto à sua legitimidade e às suas narrativas. Muitos judeus e palestinos estão engajados nesse sentido, no mundo todo, sem se tornarem reféns do sensacionalismo nomal da mídia. E eu acredito que a Hebraica faria bem em não se submeter de forma acrítica ao esforço de Relações Públicas do governo israelense, um esforço de comunicação unidirecional centro-periferia, de Israel para cá. Informação sim, mas filtrada dos vieses que encobrem as responsabilidades israelenses na imagem negativa de Israel (para ter certeza de que não se trata apenas de conspiração na mídia, basta assistir a filmes premiados no Festival do Cinema Judaico de vários anos na própria Hebraica, e visitar o site do B´Tselem, a mais importante organização de direitos humanos em Israel, formada por israelenses e palestinos.

Pensoque a maneira de conscientizar a nossa juventude sobre como defender o Estado de Israel é combater o auto-engano da mensagem insidiosamente embutida naquela frase, e envolver a juventude num processo de debates em que todas as visões sejam ouvidas, e não hegemonizado pela visão particular de uma coalizão particular que ocasionalmente governa Israel. Certamente essa visão imbuída de uma polaridade entre israelenses e palestino (sugerida no termo pró e contra) não é a visão de ao menos 30 a 40% da própria população israelense e também fração semelhante da população palestina, como mostraram diversas pesquisas sobre o apoio às negociações em Oslo, em Taba, e à iniciativa de Genebra.

Será que esses 30-40% dos palestinos não se vêem como irmãos dos 30-40% israelenses? Portanto,ser pró-palestino no caso deles tem sido a atitude de cidadãos fiéis ao Estado de Israel, como o maestro Daniel Barenboim, os cantores Shlomo Gronich e David Deor, de toda a frente em torno do Shalom Achshav e de muitos outros, como tem nos mostrado muitos dos filmes que a própria Hebraica tem sido generosa em nos trazer.

Explicopor que decidi fazer esta carta de forma aberta. Fui encorajado pela assertividade da sua carta de Chag Sameach, que critica o anonimato. Faço-a às claras, com o interesse, que penso ser positivo, de contribuir para o fortalecimento do senso de identidade judaica de nossos jovens, coerentemente com o excelente artigo sobre as "Cartas a um Jovem Casal", do rabino Jonathan Sacks (pág 43) que nos diz sabiamente: "Quando os judeus se rebelam contra o judaísmo (Spinoza, Marx, Freud), eles o fazem de uma forma que transforma o mundo". Acho que devemos nos rebelar contra a mensagem de palavras-problema e frases-problema, como a de que ser pró-palestino é ser contra Israel.

Aofazer a carta de forma aberta, quero abrir essa discussão em tempo real, e não deixá-la morrer num fluxo tradicional de "Cartas do Leitor", que poderia abafá-la como ocorria nos tempos pré-internet. Nesse mundo em rápida transição para uma nova civilização, as opiniões hoje começam a se formar horizontalmente.

Torçopara ver o momento em que a revista Hebraica abra sua forma de publicação tradicional para o debate em tempo real na rede social dos seus associados.
Enquanto isso não ocorre, que tal um debate presencial na Hebraica sobre essas questões, com sábios de várias correntes da nossa comunidade: Sobel, Rattner, Barat, Weitman e tantos outros?

PS: sobre palavras-ponte e palavras-problema, sugiro que a Hebraica publique o artigo de Paulo Blank: “Eu vi Barghouti”, que está neste link darede Judaísmo Humanista. O artigo ajuda a entender por que considero a frase "posição pró-palestina dos meios de comunicação" uma frase que não é inocente, e sim inadequada e perigosa.

Aceite,por favor, um forte abraço de admiração e meus desejos de um Ano Novo com muitos novos exemplos de dedicação sua ao fortalecimento de nossa comunidade e às suas contribuições para nosso país.


Sérgio Storch
www.twitter.com/sergiostorch
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/792706-marina-afirma-que-nao-daria-audiencia-a-ahmadinejad.shtml#anc714629

A candidata a Presidência da República pelo PV, Marina Silva, criticouna noite desta quarta-feira a política externa do governo Lula frente aolíder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. "Não daria a audiência dada aoAhmadinejad, que causou um estranhamento nas democracias ocidentais e naChina também", afirmou.

Em entrevista ao "Jornal da Globo", a candidata disse que em um eventualgoverno orientaria a política externa do país por meio de princípios eque não faria "nenhum movimento para favorecer qualquer atitude que não acooperação pacífica dos povos".

"A defesa dos direitos humanos, a defesa da democracia, isso é umprincípio. Quando você orienta a política externa por princípios, vocêse relaciona com quem quer que seja, mas não relativiza os princípios eaí os teus interesses comerciais, os teus interesses particulares nãosão tratados apenas no caso a caso."

"Ninguém pode ser criticado pelo diálogo, mas não se pode fazer em nomedo diálogo um movimento político que acaba favorecendo um ditador, quenão respeita direitos humanos, que tem presos políticos e que tem comoobjetivo fazer a bomba atômica". Para Marina, não deveria ter sido dado otipo de atenção dispensado pelo governo a um país que diz que o "Estadode Israel deve ser riscado do mapa".

Questionada sobre o desenvolvimento do Acre durante o governo Lula, doqual foi ministra do Meio Ambiente, Marina comparou o Acre a São Paulo eRio de Janeiro. Segundo a candidata, muito foi feito e "não haviaestado de direito" no Acre.

"Difícil é imaginar que o Estado mais rico do país tenha uma situaçãocomo a que eu vi na favela da Mata Virgem", disse em relação a SãoPaulo. "Por isso que eu estranhei que no programa de José Serra eletenha apresentado uma favela virtual", criticou.

A candidata também criticou o que chamou de "guerra entre vermelho eazul" ao citar os seus concorrentes Dilma Rousseff e José Serra.

A candidata defendeu o plebiscito para a decisão sobre o aborto. Paraela, é necessário haver um debate qualificado e "não o debate raivoso,onde os que são contra o aborto ficam tachando as outras pessoas",afirmou.

Sobre o agronegócio, Marina defendeu o aumento no uso da tecnologia para evitar o desmatamento de novas áreas.

"Aqui em São Paulo, a produção agrícola e a produção de carne têmaltíssima tecnologia. Por que não pensar em fazer o mesmo na Amazônia?Por que quando é o Cerrado, a Amazônia, o Pantanal, a caatinga, aspessoas acham que podem fazer de qualquer jeito? Esse não é o melhorcaminho".

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O IDIOTA (Eu conheço este filme...)

Conta-se q numa cidade do interior, um grupo de pessoas se divertia c/o idiota da aldeia.
Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar, onde se reuniam e ofereciam a ele aescolha entre 2 moedas: uma gde de 400 Reis e outra menor, de 2.000 Reis.

Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o q era motivo de risos p/tdos.
Certo dia, um dos membros do grupo, chamou-o e lhe perguntou se ainda ñ havia percebido q a moeda maior valia menos.
-Eu sei - respondeu - Ela vale 5 vezes menos, mas no dia q eu escolher aoutra, a brincadeira acaba e ñ vou mais ganhar minha moeda.
Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa:
A 1ª: Quem parece idiota, nem sempre é.
A 2ª: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A 3ª: Se vc for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
Mas a conclusão mais interessante é:
"A percepção de q podemos estar bem, msm qdo os outros ñ têm uma boa opinião a nosso respeito.
Portanto, o q importa ñ é o q pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.
O maior prazer de uma pessoa inteligente é bancar o idiota, diante de um idiota q banca o inteligente."

Arnaldo Jabor

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Judaismo humanista?... Será isto?...

1.- Nos dias que antecedem a qualquer data festiva do calendário judaico - principalmente Rosh Hashaná (Ano Novo), quando se preparar para o evento e sair para comprar uma camisa de seda que combine com a calça comprada em New York na DKNY ou um sapato italiano ou uma bolsa de Gucci ou um corte de linho irlandês para as camisas ou uma jóia de Cartier ou um cruzeiro pelos fiordos da Noruega ou a moto para o filho ou o carro para a filhoca ou finalmente o chalê em Chamonix ou coisa parecida, lembre que nesses dias nascidos para festejar com alegria, na cidade em que você reside há muitos judeus vivendo em estado de extrema necessidade, e que mesmo querendo não podem comprar a roupa básica ou os livros escolares do filho ou os sapatos da filhoca ou os remédios para a artrite ou pagar o aluguel ou arranjar emprego ou coisa parecida.

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2.- Quando decidir o que fazer com o dinheirinho que sobrou ou com o lucro inesperado da venda de ações ou com os alugueres recebidos dos apartamentinhos de temporada ou com o dinheiro extra apurado na venda dos saldos da loja ou com os juros recebidos dos depósitos que tem nos Bancos de Miami ou Bahamas, de Cayman ou Montevidéu, pense que há muitos judeus - certamente algum que você conhece - que perderam o emprego ou que ficaram sem casa ou que estão ameaçados de despejo, e que muitos pararam de pagar o seguro de saúde e que não todos podem mandar os filhos ao dentista ou que por causa de tudo isso e de mais ainda estão pensando em acabar com a própria vida ou coisa parecida.

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3.- Quando descobrir que ainda que seja um gesto solidário ele é insuficiente, pois não basta com mandar um quilo de feijão ou dois pacotes de arroz ou tres quilos de matzá ou alguma roupa de criança velha e rasgada a alguma instituição de caridade ou uns trocados na caixinha da sua sinagoga - esmola que representa um milionésimo daquilo que poderia dar sem atrapalhar as finanças próprias - ou quando entender que doando dinheiro para que algum líder político financie a sua nababesca campanha eleitoral às suas custas, ou para que algum líder comunitário viaje como um nababo a Israel ou até a Cuba com o falso pretexto de visitar aos “coitados” judeus de lá às custas dos dinheiros que poderiam ser usados em benefício dos necessitados de cá, ou para que outros construam mais um andar na casa de fim de semana, não ajuda aos judeus carentes, mas pelo contrário, soma riqueza à riqueza dos ricos, então poderá desfrutar de uma festa realmente feliz. Caso contrário fará como a maioria, usando e abusando do egoismo para usufruir sem partilhar, para aproveitar sem dividir, para olhar para o outro lado, o que, convenhamos, é a marca registrada do gênero humano, ainda que eu espere e deseje que vocês sejam a exceção que confirma a regra.

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4.- Chega de esmolas e de chás de beneficiência. Basta de sentar nas coberturas e de lá remendar a vida daqueles aos que a vida não lhes sorriu. É hora de parar de jogar no lixo as sobras da opulência própria e investir um pouquinho de nós na construção da infra-estrutura da solidariedade, porque com uma lata de goiabada ou um pacote de feijão ou um litro de óleo ou coisa parecida você poderá pensar que cumpriu com a sua parte, mas eu lhe digo que não, porque o feijão e o óleo e a goiabada ou a matzá são a minúscula peneira com que se quer cobrir o sol. Todos podemos fazer muito mais.

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5.- A felicidade própria não pode fechar os olhos à infelicidade alheia. Vamos abri-los e também os bolsos. Qualquer instituição séria dará prazeirosamente o endereço de alguma família judia que está esperando há muito tempo a sua visita com uma oferta de emprego que lhes devolva a dignidade, com uma proposta de ajuda na educação dos filhos, com um empurrão que lhes proporcione a chance de escapar às garras da miséria.

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Vamos lá, gente. Chega de fingir que ajudamos. É hora de mostrar que o fazemos. Vocês nem imaginam a felicidade que produz constatar os resultados de nossas ações. É só ver para crer.

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Bruno Kampel

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