Chozrim LaKikar (Voltamos à Praça), realizado nesse primeiro de novembro, foi mais um dos encontros no qual a presença se fez válida. Ele contou com a presença de jovens, senhores e senhoras que acreditam na paz através do diálogo. Milhares de pessoas encheram, no último sábado, a Praça Rabin – local onde o ex-primeiro ministro foi assassinado há 19 anos. O ato, organizado pela família de Yitzhak Rabin, contou com a presença do partido israelense Meretz, ativistas da ONG Paz Agora e outras organizações, como Mulheres Fazem Paz, Amigos da Terra e Futuro Azul e Branco.

Certos aspectos do ato nos chamaram a atenção. Artigos, matérias em jornais e publicações no Facebook, nas semanas que antecederam o evento em memória a Yitzhak Rabin, transmitiam a sensação de tristeza. No entanto, percebemos que se tratava de muito mais que uma concentração em homenagem ao ex-primeiro ministro. Tratou-se de uma manifestação em prol da paz, que só será alcançada com o retorno das negociações, legado que Rabin nos deixou.

image (2)Para ilustrar o clima de esperança – e não de tristeza – houve apresentações de artistas israelenses famosos, como Avraham Tal e Mashina, no decorrer do evento. Fomos surpreendidos também pela presença do grupo de hip-hop Hadag Nachash. Além do hit – e praticamente novo hino da esquerda – Zman Lehitorer (Hora de Acordar), a banda tocou uma das suas músicas mais famosas: Shirat Hasticker (Canção dos Adesivos). A letra mostra as diferentes correntes de pensamento da sociedade israelense através de adesivos, em sua maioria políticos, e cita, em muitos momentos, lemas da extrema direita no início dos anos 90. Entre eles, escutamos o peculiar “morte aos valores”. O trecho gera uma reflexão: a quem o crime de Ygal Amir foi direcionado, afinal? Somente a Rabin ou também aos valores que ele defendia?

Nesse aniversário de 19 anos do assassinato de Yitzhak Rabin, sentimos a obrigação de ir ao lugar no qual três tiros foram disparados: um contra o primeiro ministro, um contra a democracia e outro contra a paz. O primeiro projétil foi fatal. Apesar de debilitadas pelo conflito cada vez mais sólido entre israelenses e palestinos, as duas outras vítimas perduram na sociedade.

Por mais complexo que o conflito possa ser, uma questão é evidente: Israel e Autoridade Palestina (AP) têm falhado na busca por um acordo. Enquanto Israel, por exemplo, não interrompe a construção de novos assentamentos, temos uma AP que consente com a permanência de ramos extremistas no poder, principalmente em Gaza.

Como ativistas do movimento juvenil Hashomer Hatzair e como moradores do país desde fevereiro deste ano, tivemos muito contato com temas como paz, justiça social, respeito e irmandade entre os povos. Presenciar a operação Margem de Proteção tornou mais evidente para nós a necessidade de se firmar um acordo de paz que suspenda as trocas de fogo que tanto flagelam. Os cartazes do partido Meretz levantados na manifestação não nos permitem mentir: “Se não há paz, vem a guerra”.

Nesse sentido, oradores da manifestação nos deram uma perspectiva positiva acerca da resolução desse doloroso e complexo conflito. Shimon Peres, ex-presidente, lembrou a todos na praça: “Melhor uma paz fria do que uma guerra quente”. Caso seja firmado um acordo – objetivo principal exigido do atual governo de Israel no evento – presume-se que esse não seja perfeito de imediato.

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Assim como a educação que o movimento Hashomer Hatzair defende como meio de alcançar a paz, um acordo não criará utopias repentinas. Exigirá esforço e compromisso de ambas as partes e funcionará como disparador de um processo evolucionário e gradual em direção à paz. O primeiro passo, para o governo israelense é encontrar a parcela do povo palestino que está disposta a dialogar e a fazer um acordo.

Yigal Amir, há 19 anos, cometeu um atentado contra Rabin, mas seus ideais sobreviveram. Mesmo que o processo de paz tenha permanecido congelado por anos, os valores de Rabin persistem cada vez mais fortes. Muki Tsur, renomado historiador israelense, nos deu essa certeza em uma palestra do programa Shnat Hachshará: “ideias não são pessoas. Elas não nascem e não morrem. Passam, de geração em geração, com a possibilidade de serem reinterpretadas e renovadas. E a ideia da paz nunca esteve tão viva”.

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