As Igrejas novamente contra Israel

 

Os libelos de sangue são revividos, pelo qual o Estado de Israel é considerado um mal e não tendo o direito de existir

Giulio Meotti

Há poucos dias pesquisadores do Reino Unido anunciaram que 17 esqueletos que eram de pessoas judias foram encontrados no fundo de um poço medieval em Norwich na Inglaterra. Esses judeus foram assassinados em um pogrom ou teriam sido forçados a cometer suicídio por não ceder às exigências para a conversão ao cristianismo.  Os corpos datam dos séculos 12 ou 13, numa época em que os judeus enfrentaram assassinatos, desterros e perseguições por toda a Europa. Esses 17 judeus foram mortos por causa da "substituição de teologia", a calúnia cristã mais antiga que alegava que devido à negação da divindade de Cristo, os judeus renegaram as promessas de Deus para com eles e que foram então transferidas para a Igreja.

220_13.jpg

Cerca de 10 séculos mais tarde fóruns globais cristãos estão revivendo esta demonologia teológica contra os herdeiros desses 17 judeus: que agora são os judeus do Estado de Israel. O Conselho Mundial de Igrejas, um órgão ecumênico cristão baseado em Genebra e que tem 590 milhões de adoradores recentemente promoveu uma conferência de quatro dias na cidade grega de Volos. Nem uma única palavra de crítica foi proferida contra os islâmicos que estão perseguindo os árabes que acreditam em Jesus.

Luteranos chegaram a Volos dos Estados Unidos, católicos e protestantes de Belém e Nazaré, cristãos ortodoxos da Grécia e da Rússia, palestrantes de Beirute e coptas do Egito. A conferência decidiu emitir uma declaração dizendo que o Estado judeu é “um pecado” e “potência ocupante”, acusou os israelenses de “desumanizar” os palestinos, teologicamente desmontaram a noção do “povo escolhido” e conclamaram que a "resistência" é um dever cristão.

220_14.jpg

A conferência simplesmente negou os 3.000 anos de vida judaica nas terras que se estendem entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, se colocou contra a presença de Israel, comparou como "apartheid" a barreira defensiva que bloqueou o terrorismo, atacou os lares judaicos na Judéia e Samaria invocando o nome de Deus e conceitualmente desconsiderando o Estado judeu, considerando que deveria ser uma mistura – islâmica, cristã e talvez um pouquinho judaica. Até mesmo o terrorismo foi legitimado quando falou sobre os "milhares de presos que permanecem nas prisões israelenses", proclamando que "a resistência ao mal de ocupação é um direito e uma obrigação cristã".

Copiando a retórica de Ahmadinejad

Nos últimos meses temos visto um aumento radical e perigoso de ataques contra o Estado de Israel por igrejas protestantes e católicas. Embora nos EUA existam muitas entidades cristãs que apóiam Israel, os grupos mais estreitamente ligados à opinião pública mundial, à burocracia européia, à indústria da mídia, às Nações Unidas e vários fóruns legais são violentamente anti-Israel e anti-judaicos. Com suas atitudes e ações estão abrindo o caminho para um novo banho de sangue judaico pela exclusão teológica dos judeus de Israel da família das nações.

O católico melquita Gregório que é o patriarca da Igreja de Antioquia proclamou que existe em andamento uma "conspiração sionista contra o islã", revivendo desta forma antigas teorias da conspiração que resultaram nos infames pogroms. Na Antuérpia, que já foi chamada de "Jerusalém Belga" o Colégio do Sagrado Coração é uma escola católica altamente respeitada e patrocinada pelo governo e que organizou o "Dia da Palestina" que estava repleto de atividades para os jovens juntamente com referências anti-semitas. Uma barraca no evento tinha a atividade "Jogue os soldados no mar" na qual as crianças atiravam réplicas de soldados judeus e de israelenses em dois grandes tanques com água.

O Pax Christi é o mais influente movimento internacional de paz católico e recentemente promoveu um boicote aos produtos de Israel "em nome do amor. "Os produtos israelenses mais odiados inclui a Ahava, a famosa empresa de cosméticos israelense, cuja loja em Covent Garden - Londres acaba de ser fechado pela empresa depois de anos de manifestações hostis. Muito estranhamente os tubos da loção Ahava para o corpo foram escolhidos como sendo um símbolo satânico dos judeus colonialistas.

220_15.jpg

Atualmente a maior parte das campanhas de desinvestimento contra Israel são induzidas e promovidas por grupos cristãos, como a Organização Inter-igrejas holandesas e pelo grupo católico irlandês Troicaré, ambos financiadas pela UE. A Igreja Unida do Canadá, uma denominação muito popular e tradicional cristã a pouco decidiu boicotar seis empresas (Caterpillar, Motorola, Ahava, Veolia, Elbit Systems e Chapters/Indigo) e o bispo sul-africano Desmond Tutu convenceu a Universidade de Johanesburgo para cortar todas as suas ligações com entidades educacionais de Israel.
No ano passado a Igreja Metodista da Grã-Bretanha votou pelo boicote contra bens e serviços israelenses produzidos na Judéia e Samaria. O Pax Christi católico também está liderando uma campanha glorificando Mordechai Vanunu, que alardeia um programa nuclear de Israel e que se converteu ao cristianismo.

220_16.jpg

La Civiltà Cattolica, a revista do Vaticano que é revisada pelo secretário de Estado da Santa Sé antes da sua publicação, em janeiro publicou editoriais chocantes sobre os refugiados palestinos. Adotando a palavra de propaganda islâmica "Nakba" recentemente invocada pelas multidões árabes quando invadiram as fronteiras de Israel, o jornal declarou que os refugiados são uma conseqüência de "limpeza étnica" por Israel e que "os sionistas foram capazes e utilizam e exploram habilmente o sentimento ocidental de culpa pelo Shoah para lançar as bases do seu próprio estado". De fato a retórica de Ahmadinejad é assustadoramente similar.

Israel é um ‘Implante Estrangeiro’

O relacionamento de Israel com o Vaticano é diferente como, por exemplo, de Jerusalém com a Albânia ou Luxemburgo, porque a Igreja Católica tem mais de um bilhão de adeptos e uma autoridade moral global. No sínodo de Roma o arcebispo Cyrille Salim Bustros um clérigo escolhido pelo Papa Ratzinger para preparar as propostas finais do 44º Sínodo, negou o direito bíblico do povo judeu à terra prometida. "Nós cristãos não podemos falar sobre a Terra Prometida para o povo judeu. Não há mais um povo escolhido" disse Bustros, revivendo a "substituição de teologia".

220_17.jpg

Edmond Farhat, um Núncio Apostólico maronita que é uma espécie de embaixador do Vaticano, descreveu a situação de Israel no Oriente Médio como sendo de um "implante estrangeiro" que é rejeitado e que nenhum especialista "é capaz de curá-lo".

Em outra local o atual patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, que foi nomeado pelo Papa Ratzinger para representar a comunidade católica em Israel e na Cisjordânia, está patrocinando um movimento contra a "judaização de Jerusalém". Com certeza, neste momento estas novas políticas anti-Israel pelos grupos cristãos mais poderosos está dando novo alento à doutrina medieval pela qual os judeus foram demonizados por centenas de anos.

As últimas escavações na Inglaterra sugerem que os judeus foram jogados juntos de cabeça para baixo, as crianças após os pais. Cinco deles mostraram seqüências de DNA que sugerem que eram membros de uma mesma família judia. Cerca de 10 séculos mais tarde, cinco judeus de uma mesma família judia, os Fogels de Itamar, foram mortos em suas próprias camas. Um famoso padre italiano, Mario Cornioli, escreveu uma justificação subliminar das mortes logo após massacre: "O que é Itamar? Uma colônia israelense ilegal construída em terra roubada".

As calúnias mudaram de linguagem, mas ainda apontam para uma sentença de morte para o povo judeu: Israelenses, como Lúcifer, foram os escolhidos de Deus, mas foram expulsos por sua rebeldia e maldade, e agora merecem de serem apagados da chamada "Terra Santa" prossegue o argumento. De Norwich até Itamar, os mártires judeus são uma marca eterna e heróica nesta horrível libelo teológico de sangue.

220_18.jpg

Giulio Meotti é jornalista do Il Foglio e autor do livro ‘A New Shoah: The Untold Story of Israel’s Victims of Terrorism  (Um Novo Holocausto: A História Não Contada das Vítimas Israelenses do Terrorismo’.

 

Enviar-me um e-mail quando as pessoas deixarem os seus comentários –

Para adicionar comentários, você deve ser membro de JUDAISMO SECULAR HUMANISTA.

Join JUDAISMO SECULAR HUMANISTA

Tópicos do blog por tags

  • e (5)

Arquivos mensais