Bispo Williamson é condenado a pagar multa por negar o Holocausto
Em um processo de apelação, o Tribunal Regional de Regensburg, no sul da Alemanha, condenou à revelia nesta segunda-feira (11/07) o bispo católico britânico Richard Williamson por sedição (incitação à revolta). Após ter negado o Holocausto, a multa que o religioso de 71 anos de idade precisará pagar foi reduzida de 10 mil para 6.500 euros. A defesa de Williamson declarou sua inocência e disse que irá recorrer da sentença.
Em uma entrevista para a televisão sueca, em 2008, o bispo, que é membro da ultra-conservadora Irmandade Pio 10, negou os assassinatos em massa de seis milhões de judeus pelos nazistas, assim como a existência de câmaras de gás em campos de concentração. Por isso, já havia sido condenado em abril de 2010 a pagar uma multa de 100 parcelas diárias de 100 euros, ou seja, 10 mil euros.
Tanto o promotor quanto Williamson recorreram da decisão e, em um novo processo, a acusação havia exigido 12 mil euros de multa (120 parcelas de 100 euros). A juíza Birgit Eisvogel justificou que a atual decisão confirma o veredicto de culpado, declarado em primeira instância, mas por conta da situação financeira do acusado, a multa foi reduzida para 100 parcelas diárias de 65 euros.
Defesa
A defesa pediu a absolvição do bispo, alegando que ele não havia consentido a transmissão da entrevista na Alemanha. Segundo Eisvogel, o bispo deveria saber que a entrevista seria publicada na internet e que, por isso, também estaria disponível na Alemanha. "Sabemos que o acusado é blogueiro", disse, indicando que o religioso estaria familiarizado com a internet.
Além disso, a juíza afirma ser impossível acreditar que o religioso pensava que a televisão sueca não disponibilizaria as declarações polêmicas online. Williamson foi surpreendido pelo entrevistador com a pergunta sobre o Holocausto, mas não hesitou em falar sobre o tema durante seis minutos. "O réu sabia das possíveis consequências", afirma Eisvogel.
Igreja em crise
O caso instaurou uma crise na Igreja Católica, pois justamente na época em que a entrevista do canal sueco com a negação do Holocausto foi transmitida, o Vaticano havia acabado de anular a excomunhão de Williamson e de três outros bispos da irmandade. O Papa, no entanto, não teria tomado conhecimento da entrevista.
Desde o escândalo, Williamson não ocupa mais nenhuma função na irmandade. Ele vive em Londres e dispõe, de acordo com seus advogados, de uma mesada no valor de 300 a 400 euros.
LF/dpa/dapd/afp
Revisão: Carlos Albuquerque
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