por Marcos Wasserman – Pouca gente sabe que existem algumas poucas cidades no mundo com um perigoso potencial de irradiar forças energéticas negativas, com preocupantes influências sobre certos seres humanos. A cidade de Jerusalém é uma delas. E isto é conhecido como a “Síndrome de Jerusalém” ou “Febre Jerosolimita”. Que negócio é esse?
É um fenômeno raro e dele sofrem turistas que chegam a Jerusalém, sejam eles judeus, cristãos ou muçulmanos. São pessoas que têm uma certa predisposição de natureza psíquica, embora também outros tantos, e que jamais tiveram qualquer sinal de transtorno mental, seja de que natureza for, mas que podem ser vítimas da tal febre que, na verdade, nem febre é, porque não pode ser medida com termômetro.
Chega um turista em Jerusalém e, sem que ninguém se dê conta de como e por quê, ele entra em órbita, tocado por alguma inspiração pseudodivina. Alguns, subitamente, veem-se iluminados, sentido-se a reencarnação de algum santo ou de alguém extremamente identificado como o acólito de algum messias, que estaria para chegar a qualquer momento. Não faltam os afetados por alucinações.
O referido transtorno foi clinicamente descrito ainda em 1930 por psiquiatras locais. Alguns fatos são trágicos e, outros, até cômicos. De vez em quando, a imprensa noticia que um turista qualquer despiu-se em plena rua e, descalço, saiu correndo pela cidade afora, gritando em alguma linguagem incompreensível, até ser detido pela polícia e levado para alguma clínica para receber um calmante.
Lembro, uma vez, ter lido uma história de outro que foi aos extremos de, após se desfazer de seus vestimentos, ter provocado em si mutilação de tal natureza que o impedirá de ter filhos. Um caso perigoso foi o de um turista australiano que, em 1969, ateou fogo na Mesquita de Al Aqsa, causando um pandemônio na cidade, que poderia levar a uma guerra santa.
Já nos ocorreu, também, termos sido solicitados por alguma mãe aflita, que, nos telefonando do exterior, implorava que fôssemos a Jerusalém buscar seu filho por lá desaparecido. E, de fato, após algumas horas, conseguimos localizar o rapaz andando pelas ruas, num caminhar de sonâmbulo, um verdadeiro zumbi, completamente alucinado. Com bons modos, ele foi convencido a sair da cidade e voltar para seu país de origem.
Outro caso recente que nos foi dado tratar, desta vez com uma conotação diferente dos casos acima referidos, sendo de se pasmar com o que aconteceu.
Um brasileiro nos telefonou de Jerusalém, em tom histérico, contando que havia sido espoliado em todas as suas economias por um árabe-cristão. A meu convite, ele veio encontrar-se comigo e desfiou a sua história.
Também cristão, ele vinha pela primeira vez na vida visitar a Terra Santa, e estava deslumbrado com Jerusalém, ao caminhar pelas ruas da Cidade Velha e respirar a atmosfera mística e religiosa da cidade, quando, ao chegar a um dos seus portões, foi abordado por um cavalheiro muito simpático, que se ofereceu para acompanhá-lo e guiá-lo. Juntos, foram rezar em uma mesma igreja, dando início a uma pretensa amizade.
Nosso interlocutor, quase chorando, narrou o processo persuasivo pelo qual passou, no sentido de emprestar a esse seu novo amigo uma quantia para ajudar a filha dele, que estava hospitalizada. Entrementes, em retribuição, foi ele convidado a deixar seu albergue e ir passar o resto dos dias em Jerusalém na residência do amigo.
Daí para frente, sentindo-se num estado de sublimação espiritual, foi o nosso visitante contando como entrou num processo de sentimentos de fraternidade universal. Como resultado, a medida em que lhe era solicitado aumentar seus empréstimos, não teve dúvida em usar o seu cartão de crédito, sacando todo o dinheiro que tinha em suas contas bancárias e, assim, sem se dar conta, eliminou totalmente suas economias.
Ouvi a história, e era difícil acreditar que uma pessoa madura, normativa, um simples turista crente, que veio se imbuir da santidade jerosolimita, tenha ficado praticamente reduzido a zero em suas finanças.
Fiquei extremamente tocado com a situação dessa pessoa que, de inocente turista, acabou-se transformando numa vítima de uma espoliação. Segundo as características da história que me foi contada, o assunto tinha algumas nuances que poderiam ser característica da área criminal, pelo que aconselhei-o a dar queixa na polícia.
Não vou esquecer a fisionomia dolorida daquele homem, que repetia, a cada instante, que ele não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Era como se tivesse vivido um pesadelo, pois como, sendo pessoa culta, de um bom nível intelectual, tinha se deixado levar a uma situação desastrosa por razões que não podia explicar.
O leitor que pretende viajar para Israel e visitar Jerusalém não deve se assustar com o que estamos comentando. A Síndrome de Jerusalém não ocorre com frequência. Cerca de 4 milhões de turistas visitam a cidade anualmente e o fenômeno atinge a apenas algumas dezenas de pessoas no período.
Os guias de turismo estão prevenidos e atentos a qualquer manifestação estranha de algum turista. Nos hotéis, quando um turista pede para que lhe forneçam e lhe costurem um lençol branco em forma de túnica, eles já sabem que hora de chamar uma ambulância.
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