Diário de Guerra 32 - Foda-se — Jayme Fucs Bar

Diário de Guerra 32 - Foda-se — Jayme Fucs Bar
Os judeus são o único povo do mundo que foi relegado pela eternidade a estar no banco dos réus da história. Sempre existem indivíduos, grupos, organizações, partidos políticos e até países que os acusam do grande delito de existirem.
Em muitas ocasiões, o veredito dessas acusações é a pena de morte, pois para essas pessoas a melhor fórmula de solucionar o problema dos judeus como "o mal da humanidade" é o seu extermínio.
A lista das acusações contra os judeus é enorme, difícil de contar o número de páginas que ocupariam, muitas ficaram amareladas no percurso da história.
O réu, ou seja, os judeus, não têm direito a advogado ou qualquer tipo de defesa, nem mesmo precisam de provas, o martelo do juiz já foi ouvido em público, e o réu recebeu sua sentença.
Entre as acusações estão a de matar Deus (Jesus), de negar Maomé e o Alcorão, de ter pacto com o diabo, de propagar as pestes no mundo, de usar sangue de criança para fazer pão, de ter inventado o capitalismo, o comunismo, o socialismo, a maçonaria; são imperialistas, colonialistas, genocidas, ricos e exploradores, dominam a economia, roubam as terras dos palestinos.
Agora Jesus deixou de ser judeu e passou a ser palestino. O judaísmo é uma invenção e nunca existiu. Sionismo é racismo e apartheid. Os judeus tramam uma conspiração para dominar e escravizar o mundo. Os judeus inventaram as atrocidades cometidas pelo Hamas em Israel em 7de outubro de 2023.
O Hamas é a resistência ao plano dos judeus de exterminar os palestinos. Mulheres e meninas judias podem ser estupradas, pois isso faz parte do pacote da “resistência palestina”. Sendo assim, incentivar o genocídio dos judeus é legitimo, seja nas escolas seja nas universidades, na verdade, em qualquer lugar. Crianças e civis judeus israelenses não são reféns, e sim prisioneiros de guerra.
Chega! Cansei. Sinto náusea. Essa lista poderia seguir e segui até ocupar milhares de páginas. O ódio contra os judeus, as mentiras e a reinvenção da história sobre os judeus é interminável.
Tenho 65 anos. O tempo me dá uma vantagem: faz-me entender que, com esse tipo de gente, qualquer argumentação está perdida. Não se trata de ser pessimista, e sim de ser realista, aceitar. Aqueles que nos acusam de tudo isso e mais não estão dispostos a procurar saber de fatos ou verdades. Estão com a cabeça e o coração tomados pelo ódio, ao ponto da histeria. Parece que esse ódio está enraizado no DNA das pessoas. É um sentimento muitas vezes inexplicável, até mesmo por aqueles que nos odeiam.
A história do antissemitismo sempre se repete. Muitos acreditavam que depois do Holocausto, a humanidade pudesse aprender algo, mas não é verdade. Um sábio judeu que viveu na Idade Média, e era rabino, filósofo e médico, chamado Maimônides, em sua época definiu que essas manifestações de ódio aos judeus são como "A DOENÇA DA INVEJA".
Talvez para vocês a conclusão de Maimônides pareça simplista, mas não! Neste difícil período em que nós, judeus e judias, estamos vivendo , aprendi que quanto mais você justificar e provar a inigualável contribuição do povo judeu à humanidade em todos os setores, mais essa doença da inveja parece aumentar e corroer o interior dessas pessoas.
Nem adianta apresentar documentações, fatos e processos históricos. Ninguém vai querer saber. E o pior é que as pessoas chegam a delirar de cólera e inveja quando são confrontadas com a proeza que o Estado de Israel conseguiu em somente 75 anos. Trazer ao mundo uma enormidade de inovações, científicas e tecnológicas, para todos! Aí é que você enlouquece essas pessoas.
Maimônides tinha toda a razão, essas pessoas estão contaminadas pela doença da inveja, que parece ser um mal sem cura.
Cheguei a uma conclusão. Não precisamos justificar nada, nem tentar dar explicações, muito menos pedir perdão por algo que não fizemos. Não querem nem saber. Nós, judeus, temos que nos concentrar em continuar lutando para garantir nossa sobrevivência, e deixar muito claro para quem nos ameaça, que ele também estará ameaçado, que quem desejar nos exterminar também será exterminado.
Temos sim que saber ampliar o diálogo e a coexistência com todos aqueles que nos respeitam e desejam viver num mundo de paz e tolerância, e respeitam o nosso direito de existir. Para aqueles, cujas mentes já estão irreversivelmente contaminadas pela loucura da doença da inveja e do antissemitismo, minha palavra é simplesmente Foda-se!
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