Em Homenagem a Vladimir Herzog e Henry Sobel Jayme Fucs Bar

Eu tinha meus 17 anos em 25 de outubro de 1975, quando o Jornalista Vladimir Herzog foi assassinado nos porões do DOI - CODI, em São Paulo. E o absurdo foi que Herzog chegou de forma voluntária, para prestar esclarecimentos sobre a acusação de ser ativista do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Foi torturado e assassinado cruelmente pelos carrascos da ditadura militar e, como era comum na época, ou o corpo desaparecia ou simulavam a morte por suicídio ou ataque cardíaco.
Nessa época, já como ativistas do Hashomer Hatzair do Rio de Janeiro, fizemos uma reunião sobre o tema com outros jovens da minha idade, na nossa sede na Tijuca, sobre a situação comunitária de aceitar ou não a resolução oficial que Vladimir Herzog tinha se suicidado na prisão! Me lembro do impacto que tivemos como jovens de achar que não poderia existir uma voz na comunidade que pudesse falar em voz alta a verdade que Vladimir Herzorg foi assassinado cruelmente!
Não podíamos julgar ninguém, pois esse era um período obscuro de trevas e de medo, que cada brasileiro e brasileira vivia! Medo de ser mais um Herzog nos porões do DOI CODI .
Mas dentro desse abismo obscuro de medo e insegurança, sempre aparece, nos momentos difíceis do Judaísmo, uma Luz que nos ilumina e traz esperanças!
Essa luz foi Henry Sobel, um jovem rabino de 31 anos, que se negou a aceitar a versão oficial dos carrascos da ditadura Militar de que Vladimir Herzog tinha se suicidado. A Farsa era total e absoluta e o DOI CODI divulgou uma foto de Herzog pendurado por um cinto amarrado ao pescoço na prisão.
Henry Sobel enfrentou a ditadura sem ter medo das consequências e decidiu ir contra tudo e contra todos da comunidade judaica, que temiam confrontar com as autoridades do regime Militar.
E contrariando a versão oficial e as pressões internas, Sobel enterrou Herzog como um judeu assassinado e não como um judeu que se suicidou.
Esse ato foi um desafio claro à versão oficial do regime Militar instalado no Brasil, e uma Luz que incentivou muitos jovens judeus e judias a ser parte da luta contra a Ditadura, resgatando o direito a dignidade ao povo brasileiro e a restauração da democracia, com o fim do regime militar.
“Remova os sapatos de seus pés, porque o local onde você pisa é solo sagrado” Shemot 3:6.
O Rabino Sobel e Vladimir Herzog, tornaram com seus pés o solo sagrado aqui na terra e serão para sempre, lembrados como exemplos na luta pela liberdade e pelos direitos Humanos.
Henry Sobel e Vladimir Herzog que seus nomes e suas memórias sejam para sempre guardados na árvore da vida!

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