Sou o líder espiritual dos judeus do Uganda (Abayudaya), em África. Somos poucos em número, mas somos uma comunidade judaica forte, espiritual e profundamente religiosa. Somos mais de 600. Nascido em 1969, tenho 34 anos. Com a minha mulher, Tzipoprah, viajei até Los Angeles, na Califórnia, onde estudo no Colégio Rabínico da University of Judaism. Estamos muito longe da nossa terra. Quando tinha apenas dois anos, Iddi Amin Dada, lendário pela sua crueldade e corrupção, tomou o poder e a presidência do Uganda pela força das armas. Entre 1971 e 1979, quando finalmente o seu regime foi derrubado, Amin tornou ilegal a nossa observância religiosa e proibiu que nos declarássemos judeus. Deu-nos três alternativas: a conversão ao islão ou ao cristianismo, abjurar por completo ao judaísmo ou a morte. Enquanto muitos do nosso povo sucumbiram à primeira alternativa convertendo-se, a minha família e outras continuaram a celebrar o Shabbat e outros mitzvot em segredo. Na maior parte das vezes, celebrávamos os serviços religiosos nos quartos, onde podíamos adorar o nosso Deus de forma sussurrada. Em 1989, aos 20 anos de idade, foi preso conjuntamente com outros três judeus. Fomos apanhados quando mobilizávamos a nossa juventude para aprender a tradição judaica e a língua hebraica, e quando reconstruíamos a nossa sinagoga, destruída durante o regime de Iddi Amin. Sofremos às mãos dos líderes muçulmanos e cristãos locais, que não estavam interessados na existência de uma comunidade judaica. Para se ser judeu no Uganda é necessário suportar intimidação, opressão e insultos. Debatemo-nos com restrições no acesso a serviços sociais administrados por muçulmanos e cristãos. Mas o Uganda não é um desafio só nosso. Eu não pareço judeu aos olhos dos outros, mesmo da comunidade judaica internacional, e muitas vezes me perguntam, “como se tornou judeu?” e “quem o converteu?” Apesar de ter enfrentado situações que colocaram a minha vida em risco durante os meus 34 anos enquanto judeu no Uganda, sou também apenas mais um membro de um povo especial – os judeus – que tem resistido durante muitos séculos de ódio e opressão e continuam a dizer shalom ao mundo.” Gershom Sizomu, judeu do Uganda, actualmente a estudar na Ziegler School of Rabbinic Studies da University of Judaism, em Los Angeles. Testemunho retirado do livro I Am Jewish: Personal Reflections Inspired by the Last Words of Daniel Pearl, 2004. [A comunidade Abayudaya, de judeus do Uganda, foi fundada em 1919 por Semei Kakungulu. Um tribunal rabínico (beit din), composto por rabinos conservadores, efectuou a “conversão em massa” dos membros da comunidade Abayudaya em Fevereiro de 2002, “legalizando” a situação dos judeus do Uganda aos olhos da comunidade judaica internacional.] A visitar: A History of the Abuyudaya Jews of Uganda / Kulanu: The genesis of the Abayudaya Community / Kulanu: Visiting the Ugandan Miracle / The Jews of Africa – The Abayudaya of Uganda / Abayudaya: Music from the Jewish People of Uganda / Abayudaya: les juifs noirs de l’Ouganda / Economist.com | Uganda’s Jews / Jewish Post of New York Online – The Jews of Uganda / The Jewish Journal Of Greater Los Angeles – Out of Africa, Into the Valley / Moving Heaven And Earth (documentário).
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